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RESUMO
Cada vez mais as empresas buscam métodos para melhorar seu desempenho e se tornarem
mais competitivas. O Sistema de Gestão de Time Auto Gerenciável pode trazer benefícios que
auxiliem nessa melhoria de desempenho, tais como redução de níveis hierárquicos, maior
autonomia e engajamento dos operadores, e, além disso, também promovem maior
desenvolvimento e mais oportunidades aos colaboradores. Apesar do conceito do Sistema de
Gestão de Time Auto Gerenciável não ser um conceito novo, ainda é pouco conhecido e
pouco explorado. Na implementação desse Sistema de Gestão há muitos desafios, porém, se
obtido sucesso, esse modelo de gestão pode trazer muitos benefícios a empresa e aos
colaboradores. Dessa forma, este estudo tem como objetivo descrever os principais conceitos
que formam a base do Sistema TAG, e também relatar a experiência e os desafios da
implementação desse Sistema de Gestão em duas empresas distintas, bem como os fatores
fundamentais para o sucesso dessa implementação e as melhorias obtidas.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente as empresas estão cada vez mais competitivas, o que significa que aquela
que faz mais com menos recursos está sempre na frente das demais. Sendo assim, cada vez
mais as empresas buscam métodos para melhorar seu desempenho.
O conceito de times auto gerenciáveis ou semiautônomas não é um conceito novo,
surgiu nos anos 60 substituindo a tradicional gestão de Taylor, cujo a linha de pensamentos
era o trabalho linear como linha de produção. (WILKINSON, 1998)
Podemos definir como equipes auto gerenciáveis: são grupos de pessoas que executam
trabalhos de forma independente, sem interferência de um chefe específico, tomando as
decisões e se responsabilizando por elas. (ROBBINS, 2005)
O Sistema TAG (Times Auto Gerenciáveis) tem como objetivo preparar os
profissionais de chão de fábrica através de treinamentos e capacitações para terem autonomia
na tomada de decisão e serem responsáveis pelos indicadores da sua célula de trabalho. Com a
implantação desse sistema, a empresa passa a ter menos níveis hierárquicos, pois operadores
terão atuação mais forte sem depender de supervisores e gerentes, estes por sua vez, terão
mais tempo disponível para atuação em pontos mais estratégicos da empresa.
Os dirigentes reconhecem hoje que é necessário gerir os empregados de forma
diferente: procurando desenvolver a colaboração e a inovação, promovendo o aprendizado
permanente e a partilha do conhecimento, inspirando as iniciativas de cada um pelos valores
partilhados. (PARENTE, 2009).
Além da empresa passar a ter menos níveis hierárquicos e as decisões serem feitas
mais rápidas, o Sistema TAG promove desenvolvimento dos operadores e maiores
oportunidades de crescimento.
Contudo, o Sistema TAG é muito delicado e não pode ser implementado de uma hora
para outra. Dependendo de como for feita a implementação deste Sistema, a empresa pode
não ter sucesso nessa nova forma de gestão e acabar prejudicando a companhia. Mas afinal,
quais os pontos principais para a implementação do sistema TAG em uma indústria?
Portanto, buscou-se reunir informações e estudos de caso para descrever a respeito dos
requisitos fundamentais para a implementação do Sistema TAG, mostrando fatores que
levaram algumas companhias ao sucesso na implementação.
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2 METODOLOGIA
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.2 EMPOWERMENT
O empowerment visa a construção de funcionários que sabem o valor de suas atitudes,
criando assim um funcionário e a consciência de um gerente, dando autonomia e
responsabilidade para que suas decisões sejam assertivas, elevando seus padrões de
excelência, desenvolvendo práticas como o treinamento constante, o auto feedback, o
reconhecimento de valor, o aumento de poder e confiança, o reconhecimento de erros e a
melhoria a partir dos erros. (OLIVEIRA e KROM, 2010)
No empowerment é preciso que os funcionários se responsabilizem pelas suas
decisões e os gestores não mais centralizem as informações e o controle somente em seu
poder. Com isso pode-se chegar a ter não mais empregados, mas sim como muitas empresas
atualmente gostam de chamar “sócios” ou colaboradores verdadeiramente autônomos
(ALMEIDA; PERETA, 2008).
Maximiano (1995, p.19-20) enfoca a administração participativa como:
[...] uma filosofia ou política de administração de pessoas que valoriza a
capacidade de tomar decisões e de resolver problemas. A administração participativa
aprimora a satisfação e a motivação no trabalho, contribuindo para o melhor
desempenho e competitividade das organizações.
Complementando este conceito, Park et al (2002) afirmam que a participação,
promovendo o aumento da motivação e da autonomia dos colaboradores, faz com que os
mesmos discutam mudanças e melhorias organizacionais com mais propriedade.
Para se alcançar o nível de equipes autogeridas não basta apenas dizer aos
funcionários que a partir deste momento não se tem mais chefes e são autônomos, é preciso
criar bases para que isso aconteça, e saber que não é qualquer funcionário que se adaptará a
esse modelo, pois muitas pessoas simplesmente não gostam de tomar decisões, preferem
apenas obedecer (BLANCHARD; CARLOS; RANOLPH, 1996).
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Uma das maiores vantagens que o modelo de equipes autônomas possui é um maior
envolvimento do funcionário com o trabalho e um maior comprometimento com a
organização, o que gera um maior sentimento de valorização pelo emprego, como se ele fosse
também dono da empresa já que participa ativamente das decisões (ROBBINS, 2005).
4 RESULTADOS
4.1 CAPACITAÇÃO
Naquelas indústrias onde foi obtido sucesso na implementação do Sistema TAG foi
possível observar um forte investimento em capacitação dos colaboradores, a fim de construir
uma base sólida para o novo sistema de gestão.
Como um exemplo de implementação, podemos citar a Empresa PEPSICO. Quando se
iniciou a implementação do Grupo Semi Autônomo (GSA) - etapa que antecedeu a
implementação do Sistema TAG - o gerente da Elma Chips buscava valorizar o profissional
da linha de frente o chamado “chão de fábrica” e estimular a busca por melhores resultados
através de bonificações atreladas a metas pré estabelecidas. Foi identificado que a primeira
ação necessária à implantação do GSA foi a de alinhar o nível educacional de seus
colaboradores. E então, foi desenvolvido um plano de readequação educacional com o
oferecimento de bolsas de estudo em instituições externas, bem como uma escola em suas
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Um outro exemplo de implementação do Sistema TAG que foi obtido sucesso foi na
empresa “Foods do Brasil” onde também foi implementado os mesmos três pilares.
(NASCIMENTO; BEZERRA; MARCIANO, 2017)
Segue abaixo a descrição dos três pilares do Sistema TAG.
Querer: possui um sentido amplo de ter vontade, buscar fazer do programa um sucesso e os
objetivos atingíveis, através da compensação e reconhecimento através de programas. Dentre
os possíveis programas, existem os de Oportunidades de Carreira, que depende do esforço e
desempenho individual, onde o desenvolvimento da carreira ocorre através do controle das
responsabilidades do TAG, o programa de Remuneração Variável, no qual os operadores
recebem um adicional em seu salário com base em metas alcançadas durante o mês, entre
outros programas de reconhecimento.
Saber: é a forma como este querer será alcançado, uma coisa é certa, não basta querer tem
que saber como, para isto as informações e treinamentos são essenciais. As empresas
oferecem essas necessidades da oferta dos programas de educação que contemplam o ensino
fundamental e médio, “universidade” interna (treinamentos comportamentais e específicos
das funções), matriz de responsabilidades na qual os integrantes recebem treinamentos e
certificações específicas à sua responsabilidade durante o ano vigente, certificações
operacionais e comportamentais (treinamento técnico de operações e manutenções em
máquinas e equipamentos).
Poder: pilar que sustenta a liderança e a autonomia através da responsabilidade pelas tarefas,
dos níveis de autonomia, da figura do gerente como coach e pela avaliação de desempenho,
alinhando talentos, em que o trabalho de um ano é avaliado pelo grupo e os resultados
influenciam nos salários. (PEPSICO DO BRASIL, 2011)
dessa avaliação, os colaboradores recebem todo ano antes da avaliação, uma reciclagem do
treinamento sobre procedimentos e passos para uma avaliação eficaz e sem traumas. (HARO;
QUEIROZ; FONSECA; PRADO, 2014)
De acordo com Wellins et al (1994), os TAGs precisam estar ligadas aos objetivos
estratégicos dos negócios e se enquadrarem no atual contexto do sistema de valores de uma
organização para que a empresa tenha sucesso na implementação do sistema TAG. Logo,
estando o sistema de trabalho em times autogerenciáveis alinhado com os objetivos da
organização, Wellins et al (1994) apresentam algumas das razões pelas quais as empresas
adotam este sistema de trabalho:
a) Melhor qualidade, produtividade e serviço: Para se manterem competitivas, as
empresas precisam incluir serviço, qualidade, velocidade e contenção de custos em um único
pacote. O sucesso nessas áreas raramente decorre de grandes saltos; ao contrário, vem de
milhares de pequenos passos dados pelos indivíduos em todos os níveis da organização.
As revoluções técnicas são um deles, mas os aperfeiçoamentos diários, tanto do
produto quanto do processo, já provaram ser um catalisador ainda mais importante.
O sentido da propriedade da função resultante do conceito de equipe levou a uma
ênfase na melhoria contínua, que, por sua vez, levou a saltos surpreendentes de qualidade,
produtividade e serviço.
b) Maior flexibilidade: Os avanços da qualidade dos serviços dependem, fortemente,
da habilidade da empresa em descobrir meios de aumentar a sua eficiência de resposta aos
clientes e ao mercado; há muito que o tempo do “modelo padrão” é coisa do passado.
Os times autogerenciáveis podem se comunicar melhor, oferecer mais oportunidades,
encontrar melhores soluções e implementar ações com maior rapidez.
Devido à natureza dos times, os seus membros, freqüentemente, se empenham mais,
ficam mais alerta, são mais atuantes, têm mais conhecimento e, geralmente, estão mais
capacitados a reagir a condições variáveis do que as forças de trabalho organizadas de forma
tradicional.
c) Custos operacionais reduzidos: Para manter sua competitividade, muitas empresas
vêm sendo obrigadas a eliminar níveis hierárquicos da administração intermediária e da
supervisão.
Com um número menor de gerentes, muitas decisões precisam ser tomadas nos níveis
mais inferiores. OS times autogerenciáveis são um veículo para os colaboradores assumirem
responsabilidades reservadas a gerentes ou supervisores.
d) Maior rapidez de resposta à mudança tecnológica: A avançada tecnologia de
fabricação exige diferentes e maiores habilidades do trabalhador. Essa tecnologia também cria
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ferramenta TAG, por não possuir um manual de aplicação próprio, pode sofrer
incrementações dentro de cada companhia, aumentando sua funcionalidade e aplicações,
minimizando erros e conflitos, gerando maior confiança e participação dos operadores.
Demanda um alto tempo para sua total implantação, justamente para que os funcionários se
adequem às regras e que haja perfeito entendimento de como funciona. (NASCIMENTO;
BEZERRA; MARCIANO, 2017)
A implementação do Sistema de Time Auto Gerenciável pode trazer muitos benefícios
para a companhia quando bem implementado e também, benefícios para os colaboradores.
Apesar de não ter um manual de implementação do sistema TAG, há alguns pontos
fundamentais na implementação que minimizam os riscos e aumentam o nível de
assertividade na implementação: ter um bom planejamento e este deve estar em sintonia com
os objetivos gerais dos negócios da empresa, com a missão, valores e princípios da
companhia; a empresa deve oferecer um programa sólido de capacitação aos colaboradores a
fim de nivelar conhecimento e prepará-los para a nova realidade; ter papéis e
responsabilidades de cada TAG bem definidos e ter os três pilares - Querer, Saber, Poder -
bem estruturados, bem como seus programas de sustentação bem delineados (planos de
carreira, programas de remuneração variável, entre outros). Para isso, é necessário um bom
tempo de planejamento antes da execução e também envolver e conscientizar os
colaboradores a fim de evitar resistências.
Portanto, quando bem planejada e executada, a implementação do Sistema de Gestão
de Times Auto Gerenciáveis, pode trazer muitos benefícios à companhia, tais como: redução
de níveis hierárquicos, maior autonomia dos operadores, maior agilidade nas tomadas de
decisão, maior produtividade, colaboradores mais capacitados e mais engajados. Além disso,
também traz maior desenvolvimento e mais oportunidades aos colaboradores.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Mariana Rodrigues; PERETA, Maureli José. Formação de equipes
autogerenciáveis: Uma análise prática. Rio de janeiro: Enegep – Encontro Nacional de
Engenharia de Produção, 2008.
BLANCHARD, Kenneth H.; CARLOS, John P.; RANOLPH, Alan. Empowerment exige mais
que um minuto. Rio de janeiro: Objetiva, 1996.
KOUZES, James; POSNER, Barry. O desafio da liderança. Rio de Janeiro: Campos, 1997.
HARO, Aparecido; QUEIROZ, Cassimiro da S.; FONSECA, Edmaldo M.; PRADO, Vagner
J. Times Auto-Gerenciáveis - Oportunidades e Desenvolvimento Pepsico do Brasil, 2014.
LEVEK, Andrea Regina H. Cunha; MALSCHITZKY, Nancy. Coleção gestão empresarial,
Capital Humano: Liderança. Curitiba: Fae Business School e Gazeta do Povo, 2002.
MAXIMIANO, Antonio C. A. Introdução à administração. São Paulo, Atlas, 2002
MEFFE, Cesar H. Implementação de equipes autogerenciaveis em empresa do setor
automotivo: um estudo de caso. Disponível em : Acessado em 04 de Novembro de 2016.
MUNCK, Luciano. A Efetiva Formação de Equipes de Trabalho. Uma abordagem à Luz das
Mudanças Organizacionais. Dissertação (Mestrado). Engenharia de Produção. Universidade
Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1999.
NASCIMENTO, Anderson Arguelo do; BEZERRA, Rubens da Silva; MARCIANO, Wagner.
TAG: Time Auto Gerenciável em Uma Empresa do Ramo Alimentício. Revista Científica
Semana Acadêmica ISSN 2236-6717, 2017.
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http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/0020_0208_01.pd.
PARENTE, Cristina S. Estudo de caso de implantação de equipes autogerenciaveis em
empresa do ramo automotivo Disponível em :
<http://livros01.livrosgratis.com.br/cp119609.pdf>
PARK, Kil H.; BONIS, Daniel F. de; ABUD, Marcelo R. Introdução ao estudo da
administração. São Paulo: Pioneira/Thomson Learning, 2002.
ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11º ed. São Paulo: Prentice Hall,
2005.
WELLINS, Richard S.; BYHAM, William C.; WILSON, Jeanne M. Equipes Zapp!
Empowered Team. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
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WILKINSON, A.: “Empowerment: theory and practice”. Personnel Review, v.27, n.1,
p.40-56, 1998.