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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

ÁREA PENAL – 4º ANO

PROF. EDSON ROBERTO REIS

1. Organização judiciária

1.1. Conceito

Organização judiciária é a estrutura, é o organograma do Poder Judiciário, não


só de seus órgãos, mas como os mesmo funcionam. É a totalidade de órgãos e instituições
mantidos pelo Poder Público, a fim de que, segundo princípios e regras legais, se cumpra a
administração da Justiça.

1.2. Art. 92, CF

I STF Ministros (11)


II STJ Ministros (33)
III os Tribunais Regionais Federais
IV os Tribunais e juízes do trabalho TST
TRT
VT
V os Tribunais e juízes eleitorais TSE
TER
Juizes Eleitorais
VI os Tribunais e juízes militares
VII os Tribunais e juízes do Estado

1.3. Estadual

Tribunal de Justiça - desembargador 2ª instância

Juízes de Direito 1ª instância


Juizados Especiais (cíveis/criminais)

1.4. Ministério Público

Está inserido em todos os tribunais. Faz parte do Poder Executivo


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1.5. Advocacia

Regulamentada pelo Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94)

1.6. Procuradorias

Territorialmente, o Estado divide-se em: circunscrições, comarcas e distritos

1.7. Organização judiciária estadual em 1ª instância

1) Tribunal do Juri e Economia Popular


2) Juízes de Direito
3) Juízes Substitutos

Varas: cíveis e criminais

Vara do Tribunal do Juri, para crimes dolosos contra a vida tentados ou consumados, Vara
das Execuções penais,

Varas cíveis especializadas: fazendárias, família e sucessões, registros públicos etc.

1.8. Organização judiciária estadual em 2ª instância

1) Tribunal de Justiça;

Sobre o Tribunal de Justiça: é composto por desembargadores; é sediado na


capital dos Estados; tem o tratamento de Egrégio e seus membros de Excelência; divide-se
em área criminal e civil.

1º Grupo 2º Grupo 3º Grupo

1ª Câmara 4ª Câmara 7ª Câmara


2ª Câmara 5ª Câmara 8ª Câmara
3ª Câmara 6ª Câmara

Cada câmara possui entre 7 e 9 desembargadores. O tratamento dispensado


às câmaras é de Colenda.

Quando é distribuído um recurso para alguma câmara, sorteia-se dentre os


desembargadores da mesma, ( três), que irão julgar, quais sejam: o relator, o revisor e o
terceiro juiz.

Como são três os desembargadores votantes, poderemos obter dois possíveis


resultados:

3 x 0 => v.u. (votação unânime) -> não cabe recurso


3

2 x 1 => v.m. (votação por maioria) -> cabe embargos infringentes.


| |
| |-> votos vencidos
|-> votos vencedores

Quando há embargos infringentes, dois desembargadores entram na análise e


decisão do recurso, obtendo-se, portanto, apenas 3 x 2.

Sobre os recursos :

Apelação civil : 15 dias;

Apelação criminal: 5 dias para recurso (aviso que vai recorrer) e 8 dias para arrazoar (razões
de discordância).

1.9. Prazos - Contagem

Exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do término

1.10. Prazos da defesa

Defesa Prévia: 3 dias


Fase do Art. 499: 24 hs
Alegações Finais:3 dias
Apelação: 5 dias para interposição e 8 dias para as razões

A regra geral, quando a lei não estipular prazo, será de 5 dias para a manifestação da
parte.

1.11. Expressões práticas jurídicas

1) petição inicial - é encaminhada sempre ao Cartório Distribuidor;


2) contestação - resposta ao pedido inicial, portanto ato posterior à petição inicial, que é
encaminhada sempre ao Cartório do Protocolo, devendo conter sempre a numeração do
processo e a especificação da Vara e das partes (ex.: processo 100/03 / 5ª Vara Cível / autor
: fulano réu: beltrano ).
3) Despacho -> dá andamento, impulsiona o processo;
4) Peça Tempestiva -> apresentada dentro do prazo;
5) Peça Intempestiva -> apresentada fora do prazo;
6) Cota nos autos -> manifestação por escrito nos próprios autos das partes ou do MP;
7) Entranhamento -> juntada de peças aos autos
8) Desentranhamento - > retirada de peças dos autos
9) Vista dos autos -> possibilidade da parte ver os autos ou retirar o processo do cartório
para sua manifestação.
10) Contradita: possibilidade de impugnação de testemunhas pelas partes;
11) Tríduo: 3 dias
12) Quinquídeo: 5 dias
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13) Oitiva : ouvida


14) {Ofício / Vara}
| |
| |-> gabinete do juiz
|-> cartório da vara

2. (Lei 8.906/94) - ESTATUTO da Ordem dos Advogados do Brasil

QUESTÕES

01. QUAL É O TIPO DE AÇÃO QUE NÃO É ATIVIDADE PRIVATIVA DA ADVOCACIA?


A impetração de Habeas corpus em qualquer instância ou tribunal não é
atividade privativa da advocacia (art. 1º, § 1º, Lei n. 8.906/94).

02. HÁ HIERARQUIA ENTRE OS ADVOGADOS, MAGISTRADOS E MEMBROS DO


MINISTÉRIO PÚBLICO?
Não há hierarquia e nem subordinação entre advogados, membros do
Ministério Público e magistrados (art. 6º, Lei n. 8.906/94).

03. EM QUE CASO OU CASOS O ADVOGADO PODERÁ SER PRESO EM FLAGRANTE


POR MOTIVO DE EXERCÍCIO DE PROFISSÃO?
Somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão,
em caso de crime inafiançável (art. 6º, § 3º, Lei n. 8.906/94).

04. NA APLICAÇÃO DAS PENAS DISCIPLINADAS, QUAIS SÃO AS CIRCUNSTÂNCIAS


PARA FINS DE ATENUAÇÃO DA PENA CONSIDERADA?
São circunstâncias atenuantes:
a) falta cometida na defesa da prerrogativa profissional;
b) ausência de punição disciplinar anterior;
c) exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;
d) prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
Tais circunstâncias estão relacionadas no art. 40 da Lei n. 8.906/94. O mesmo
dispositivo usa a expressão “entre outras”, o que nos leva a interpretar que tais
circunstâncias mencionadas são exemplificativas, podendo o órgão julgador considerar
outras.

05. O ADVOGADO PODE SER SUBMETIDO A NOVO EXAME DE ORDEM?


Sim, em duas hipóteses:
a) se o advogado sofrer penalidade administrativa de exclusão, deve ele fazer para a
reinscrição provas de reabilitação;
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b) se o advogado sofrer penalidade de suspensão no caso de incidência em erros reiterados


que evidenciem inépcia profissional, a suspensão perdura até que ele preste novas provas
de habilitação.

06. QUAL É O INSTRUMENTO QUE DEMONSTRA A REPRESENTAÇÃO EM JUÍZO?


A procuração, que é o instrumento do mandato.

07. EM QUE CONSISTE O IMPEDIMENTO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA


ADVOCACIA?
O impedimento do exercício profissional da advocacia consiste na proibição de
representar em juízo a favor ou contra determinadas pessoas. É a proibição parcial do
exercício da advocacia. Estão descritas no art. 30, da Lei n. 8.906/94, nestes termos:
“Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:
I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a
Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;
II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a
favor das pessoas jurídicas de direito público, fundações públicas, entidades paraestatais ou
empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.”

08. CITE TRÊS EXEMPLOS EM QUE OCORRA O CANCELAMENTO DOS INSCRITOS NA


O. A. B.?
Pode ocorrer o cancelamento da inscrição na OAB:
a) por requerimento próprio do advogado;
b) por falecimento do advogado;
c) no caso do advogado passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com
a advocacia, como, p. ex., se eleger prefeito municipal.

09. QUAIS SÃO OS ATOS CONSIDERADOS COMO CONDUTA INCOMPATÍVEL COM O


EXERCÍCIO DA PROFISSÃO?
A advocacia é incompatível com as seguintes atividades:
a) chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos
legais;
b) membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos
de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos
os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração
pública direta ou indireta;
c) ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da Administração Pública direta ou
indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço
público;
d) ocupantes de cargos ou funções vinculados a qualquer órgão do Poder Judiciário e os
que exercem serviços notariais e de registro;
e) ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de
qualquer natureza;
f) militares de qualquer natureza, na ativa;
g) ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação
ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
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h) ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive


privadas.

10. A PUNIBILIDADE DO ADVOGADO, POR INFRAÇÃO COMETIDA E SUJEITA A


PROCESSO DISCIPLINAR PRESCREVE EM QUANTO TEMPO? A PARTIR DE QUE
DATA?
A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco
anos, contados da data da constatação oficial do fato (art. 43, Lei n. 8.906/94).

11. SEGUNDO O CÓDIGO CIVIL, QUAIS SÃO AS FORMAS DE CESSAÇÃO DO


INSTRUMENTO DE MANDATO?
Segundo o Código Civil, o mandato cessará pela revogação, renúncia do
mandatário, morte ou interdição de uma das partes, mudança de estado, término do prazo
de duração e conclusão do negócio (art. 1.316, Código Civil).

12. A EXECUÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PODE SER PROMOVIDA NOS


MESMO AUTOS EM QUE TENHA ATUADO COMO ADVOGADO?
Sim, conforme dispõe o § 1º , do art. 24, da Lei n. 8.906/94.

13. APÓS A RENÚNCIA DO MANDATO, O ADVOGADO CONTINUARÁ REPRESENTANDO


O MANDANTE POR QUAL PRAZO?
O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias
seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes
do término desse prazo (art. 5º, § 3º, Lei n. 8.906/94).

14. EM UMA SOCIEDADE DE ADVOGADOS LEGALMENTE CONSTITUÍDA, PODEM OS


SÓCIOS REPRESENTAR EM JUÍZO CLIENTES DE INTERESSES OPOSTOS?
Não, os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem
representar em juízo clientes de interesses opostos (art. 15, § 6º, Lei n. 8.906/94).

15. QUAL É O PRAZO PRESCRICIONAL DA AÇÃO DE COBRANÇA DOS HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS?
Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advogado,
contado o prazo pelo que dispõe os incisos do art. 25, da Lei n. 8.906/94.

16. O ADVOGADO SUBSTABELECIDO, COM RESERVA DE PODERES, PODERÁ


COBRAR HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS?
Sim, desde que com a intervenção daquele que lhe conferiu o
substabelecimento (art. 26, Lei n. 8.906/94).

17. COMO SE COMPÕE A O. A. B.?


São órgãos da OAB:
a) o Conselho Federal;
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b) os Conselhos Seccionais;
c) as Subseções;
d) as Caixas de Assistência dos Advogados.

18. O QUE SE ENTENDE POR PATROCÍNIO INFIEL?


Patrocínio Infiel é um crime contra a Administração Pública (administração da
justiça), previsto no art. 355, do Código Penal. Trata-se de crime próprio, somente podendo
ser praticado por advogado regularmente inscrito na OAB.
O delito consiste em trair o dever profissional, prejudicando o interesse que
alguém confiou, em juízo, ao patrocínio do sujeito.

19. O ADVOGADO PODE POSTULAR EM JUÍZO SEM QUE TENHA RECEBIDO


PROCURAÇÃO?
Sim, o advogado atuar sem procuração afirmando urgência, obrigando-se,
porém, a apresentá-la no prazo de 15 dias, prorrogável por mais 15 dias.

20. EXISTE ALGUM PROCESSO O QUAL NÃO É NECESSÁRIO A JUNTADA DE


PROCURAÇÃO?
Sim, não é necessária a apresentação da procuração em se tratando de
postulação em causa própria e impetração de “Habeas corpus”.

21. O QUE É ADVOCACIA ADMINISTRATIVA?


Advocacia administrativa constitui crime contra a Administração Pública,
previsto no art. 321 do Código Penal. Muitos funcionários públicos aproveitando-se na sua
condição de funcionário para, estando dentro da administração pública, defenderem
interesses de terceiras pessoas. Aquele que o fizer cometerá o crime de advocacia
administrativa. São sujeitos ativos deste crime os funcionários públicos (não precisam ser
advogados).

22. QUAL ÓRGÃO TEM A COMPETÊNCIA EXCLUSIVA PARA PUNIR DISCIPLINARMENTE


OS INSCRITOS NA O. A. B.?
O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho Seccional da OAB em cuja base
territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o Conselho Federal
(art. 70, Lei n. 8.906/94).

23. COMO SE INSTAURA O PROCESSO DISCIPLINAR?


O processo disciplinar se instaura de ofício ou mediante representação de
qualquer autoridade ou pessoa interessada. Tal processo é estabelecido pelo Código de
Ética e Disciplina (art. 72, Lei n. 8.906/94).

24. QUAIS SÃO AS SANÇÕES DISCIPLINARES?


As sanções disciplinares consistem em (art. 35, Lei n. 8.906/94):
a) censura;
b) suspensão;
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c) exclusão; e
d) multa.

25. O QUE CONSISTE A IMUNIDADE JUDICIÁRIA? O ADVOGADO TEM? EM QUE


CASOS?
Imunidade judicial é expressão que designa a prerrogativa atribuída aos
advogados em virtude da qual não se condieram crime de injúria ou difamação puníveis os
conceitos ou opiniões pelos mesmos emitidos em suas razões ou alegações jurídicas, juntas
ao processo, ou qualquer ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa.
É imunidade que atinge também às próprias partes. Mas, semelhante
imunidade deve ser entendida em relação aos fatos, que não aberrem da defesa, isto é, que
não ultrapassem os limites da defesa: “non ultra quam poscit litis utilitas.” (art. 6º, Lei n.
8.906/94).

3. O inquérito policial

É a investigação de fatos pretéritos visando desvendar a autoria e a


materialidade de um delito.
É realizado pela Polícia Civil (delegacia de polícia de um município e distrito
policial - no caso de várias delegacias num mesmo município).
O que pode dar início ao inquérito policial é: portaria do delegado; auto de
prisão em flagrante; requisição do Ministério Público ou do juiz; requerimento do ofendido.

4. QUESTÕES

1) Qual o prazo do inquérito policial para o indiciado solto?


Pelo art. 10 do CPP, estando o indiciado solto, mediante fiança ou sem ela, o
prazo para a conclusão do inquérito policial será de 30 dias, contado o lapso de tempo da
data do recebimento pela autoridade policial da requisição ou requerimento, ou, em geral, da
portaria.

2) Qual o prazo do inquérito policial para o indiciado preso?


Pelo art. 10 do CPP o prazo para a conclusão do inquérito policial estando o
indiciado preso será de 10 dias contados da data da prisão.

3) Quais os tipos de ações penais existentes?


Há quatro tipos de ações penais a saber: a ação penal pública incondicionada,
a ação penal pública condicionada à representação, ação penal privada e a ação penal
privada subsidiária da pública.

4) Qual é a regra geral do Código Penal?


A regra geral do Código Penal é a ação penal pública incondicionada.

5) O que é inquérito policial?


Inquérito policial é todo procedimento policial destinada a reunir os elementos
necessários à apuração da prática de uma infração penal e sua autoria.
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6) Qual é a peça que conclui o inquérito policial?


O relatório é a peça que conclui o inquérito policial.

7) A responsabilidade penal começa com qual idade?


Aos dezoito anos de idade começa a responsabilidade penal.

8) A quem a autoridade policial é obrigada a comunicar a prisão em flagrante?


Imediatamente?
A autoridade policial é obrigada a comunicar, imediatamente, a prisão ao juiz
competente (art. 5º, LXII, 1ª parte, CF). Pelo disposto no art. 5º, LXIII, 2ª parte, deve também
ser comunicada a prisão à família do preso ou à pessoa por ele indicada, a fim de que se
possibilite a estas que tomem as providências que entenderem necessárias.

9) Quem pode mandar arquivar o inquérito policial?


Somente o juiz, a requerimento do Ministério Público, poderá mandar arquivar
os autos de um inquérito policial.

10) Quem pode requerer a abertura de inquérito policial?


Podem requerer a abertura de inquérito policial: o ofendido ou seu
representante legal. O juiz e o membro do Ministério Público requisitam a abertura.

11) Pode o delegado pedir prorrogação do prazo para conclusão do inquérito policial?
Sim, segundo dispõe o art. 10, § 3º do CPP.

12) Depois de arquivado o inquérito policial, este poderá ser revitalizado?


Sim, pois, o arquivamento do inquérito policial não cria preclusão. Nada impede
que novas provas modifiquem a matéria de fato, dando ensejo ao procedimento penal. Essas
novas provas são somente aquelas que produzem alteração no panorama probatório dentro
do qual foi concebido e acolhido o pedido de arquivamento do inquérito policial.

13) Pode o Ministério Público, espontaneamente, arquivar o inquérito policial ou pedir


diretamente diligências à polícia?
O Ministério Público deve requerer com petição fundamentada ao juiz o
arquivamento do inquérito policial. Por outro lado, pode requisitar as diligências que julgar
necessárias à autoridade policial.

4.1. Roteiro para análise do inquérito policial

A. Qual a natureza da infração investigada e o tipo adequado de ação penal?

B. Qual a forma de sua instauração?

C. Houve representação ou requerimento do ofendido para sua instauração?

D. Houve requisição do juiz ou promotor? Por quê?

E. Quais as diligências determinadas pela autoridade policial?


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F. As diligências foram cumpridas?

G. Quantas testemunhas foram ouvidas?

H. Foram expedidas cartas precatórias? Com qual finalidade?

I. A vítima prestou declarações? Requereu alguma diligência? Foi atendida pela autoridade
policial nesse requerimento?

J. Foi realizado interrogatório do indiciado? Em caso negativo, porque não houve?

K. O indiciado foi alertado sobre seus direitos constitucionais antes de ser interrogado pela
autoridade policial?

L. O indiciado requereu alguma diligência?

M.Foi feita qualificação (direta ou indireta)?

N. O inquérito policial chegou a ser concluído? Em que prazo?

O. O Promotor requisitou alguma diligência?

P. Em algum momento do inquérito policial o indiciado se fez acompanhar por defensor?


Quais? O que requereu o defensor?

Q. Houve pedido de prisão temporária ou prisão preventiva por parte da autoridade policial?

R. Foi impetrado Habeas corpus visando o trancamento do inquérito policial? Em caso


positivo, qual o seu resultado?

S. Houve algum incidente digno de nota? Qual?

4.2. Modelo para requerimento para a abertura de


inquérito policial em crimes de Ação Penal Pública
Incondicionada e Ação Penal Privada (APPI) (APP)

ILMO. SR. DR. DELEGADO DE POLÍCIA DO 5º. DISTRITO POLICIAL DE BAURU - SP

(“4 dedos” de espaço)


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FULANO (qualificação), vem respeitosamente a presença de V. Sª., por


intermédio de seu advogado que a presente subscreve ( doc. 1 ), REQUERER a abertura do
competente inquérito policial em relação à BELTRANO, (qualificação civil), pelos fatos e
fundamentos a seguir articulados:

I. ...

II. ....

III. ....

Assim sendo, tendo o requerido infringido o disposto no art. _____ do Código


Penal, a instauração do inquérito policial é medida que se impõe, observando o disposto no
art. ____1 do CPP, bem como ouvindo-se, ainda, as testemunhas do rol abaixo, que
comprovarão ainda mais os fatos acima expostos.

Termos em que,
P. Deferimento.

Bauru, data

_____________________________
Advogado

Rol de testemunhas:

1) nome
endereço

2) nome
endereço

4.3. Modelo para abertura de inquérito policial para


ação penal pública condicionada a representação
(APPC)

ILMO. SR. DR. DELEGADO DE POLÍCIA DO 4º DISTRITO POLICIAL DE BAURU - SP -

A, brasileiro, casado, funcionário público, residente e domiciliado nesta


cidade à rua 7 de Setembro, 4-40, Centro, vem respeitosamente perante V. Sª., através de
seu procurador “infra-assinado” ( doc. 1 ), REPRESENTAR, contra do Sr. B, (qualificação),
pelos fatos que a seguir passa a expor:

I. ...
1
Ação penal pública incondicionada - art. 5º, II;
Ação penal privada - art. 5º, § 5º
12

II. ...

III. ...

Assim sendo, tendo o requerido infringido o art. ____ do CP, vem nos
termos do art. 5º, § 4º, do CPP, autorizar e solicitar a instauração do competente inquérito
policial a respeito, a fim de que possa o digníssimo representante do Ministério Público,
posteriormente, contra ele, intentar ação penal.

Como testemunhas, poderão ser ouvidas, além de outras, a critério de V.


Sª., as pessoas constantes no rol abaixo.

Rol de testemunhas:2

1) nome
endereço

2) nome
endereço

Termos em que,
P. Deferimento.

Bauru, data

_____________________________
Advogado

4.4. Fiança criminal

São requisitos essenciais da fiança criminal: o réu estar preso em flagrante


delito.

Figuram no auto de prisão em flagrante as seguintes pessoas:

• Condutor: aquele que dá voz de prisão;

• Conduzido: o autor do delito; (preso)

• Testemunhas: aqueles que presenciaram o fato.

Encaminhas à delegacia de polícia, a autoridade policial presidirá o auto de


prisão em flagrante, ouvindo as partes na seguinte ordem: condutor, testemunhas e
2
É de se observar que o rol de testemunhas, como no modelo anterior, ser acima ou abaixo da assinatura do
advogado.
13

conduzido; Devendo encaminhar ao juízo competente, em 24 horas, cópia do auto de prisão


em flagrante, junto com a nota de culpa (ciência de quem está preso).

Competência para Arbitramento da Fiança Criminal:

A fiança (direito do preso) é caução para que o preso responda o processo em


liberdade. Se o crime é apenado com detenção, a autoridade policial pode arbitrar fiança; se
de reclusão, somente o juiz, desde que a pena mínima não seja superior a dois anos. Art.
323 CPP)

Do quantum da fiança

Ela é auferida levando-se em conta a condição econômica do indiciado. Paga a


fiança, o delegado deve depositá-la em conta judicial, ou se já em juízo da mesma forma,
smepre em conta judicial em que haja correção.

Somente o réu perde o valor da fiança, quando é condenado e não cumpre a


diligência de se apresentar para cumprir a pena. Em todos os demais casos ela é devolvida
com os descontos legais (se houver).

Havendo nulidade do auto de prisão em flagrante, a autoridade judiciária


deverá relaxá-lo, colocando o preso em liberdade. Ex: casos de nulidade: (a) inversão da
ordem de oitiva;

O relaxamento do flagrante poderá ocorrer de ofício ou a requerimento do acusado.

Pode-se obter a liberdade do indiciado, também, quando não caiba fiança


criminal e relaxamento do flagrante, através do instituto da liberdade provisória.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE BAURU/SP.

PEDIDO DE ARBITRAMENTO DE FIANÇA CRIMINAL


14

ALFREDO BANDEIRA DA PAZ ,


(qualificação), vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado que a presente subscreve para expor e ao
final requerer o que segue:

O Requerente foi preso e autuado em flagrante


delito no último dia xxxx, por infração ao artigo 10, § 3º inciso IV da Lei
9.437/97 , artigo 16 da Lei 6368/76 e artigo 306 do CTB, encontrando-se
atualmente recolhido na Cadeia Pública de Bauru.

Presentes, os pressupostos autorizadores para


o arbitramento da fiança criminal, com fulcro no artigo 323 do C.P.P, por
V. Exa., uma vez que os delitos não superam 2 anos de reclusão, fato
esse que impossibilitou o arbitramento de fiança por parte do DD.
Delegado que presidiu o Auto de Prisão em Flagrante.

Termos em que, requer seja acolhida a legítima


pretensão do acusado em poder-se defender-se em liberdade, com fulcro
nos dispositivos legais a espécie, dignando-se Vossa Excelência, mandar
seja expedido o competente Alvará de Soltura.

Bauru/SP, 03.03.2003

ADVOGADO

LIBERDADE PROVISÓRIA

É o instituto de ordem constitucional, pelo qual podemos requerer que o


acusado, preso em flagrante, possa responder a Ação Penal em Liberdade.

Trata-se de um direito do réu, que comprovando os requisitos de ocupação


lícita, residência fixa e primariedade, terá o direito constitucional de responder o processo em
liberdade.

Requisitos legais:
a) ocupação lícita;
b) residência fixa;
c) primariedade e bons antecedentes;
d) flagrante estar formalmente em ordem.

Uma vez concedido, o preso será colocado em liberdade, comprometendo-se


em comparecer a todos os atos do processo a que for devidamente intimado, sob pena de
voltar a ser recolhido à prisão.
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O Pedido será autuado em apartado ao comunicado de flagrante, já enviado à


juízo, anteriormente pelo delegado que cumpriu o prazo de 24 hs para a comunicação do
juízo.

O comunicado do Flagrante ao juízo, quando remetido ao fórum, será


distribuído para uma das varas criminais, havendo assim a prevenção do juízo para todos os
pedidos do acusado bem como para onde irá o Inquérito policial após concluído e
conseqüentemente onde tramitará a futura ação penal.

Seqüência para o pedido de liberdade provisória:


• Findo o APF;
• Nota de Culpa
• Remessa de informação
• Distribuição de informação (vara, n.º do processo)
• Certidão do Distribuidor sobre antecedentes
• Fazer o requerimento e despachar diretamente com o Juiz
• Junte-se ao MP (despacho)
• Devolver em Cartório para autuação em apenso
• Vai para o MP dar parecer
• Juiz decide
• Procuração (após, se necessário)

MODELO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA EM


BAURU - SP

Proc. n.º: 100/04

Pedido de Liberdade Provisória

Fulano de Tal (qualificação), vem respeitosamente perante V. Exa., por


seu advogado e procurador que a presente subscreve (doc. 1), com fundamento no art. 5º ,
LXVI da Constituição Federal e art. 310, parágrafo único, do CPP, REQUERER LIBERDADE
PROVISÓRIA, expondo para tanto os seguintes fatos:
16

1) O requerente foi preso e autuado em flagrante delito no último dia


xx/xx/xx, por infração ao art. 155, caput, do Código Penal, conforme consta da nota de culpa
em anexo (doc. 2);

2) O requerente é primário e de bons antecedentes, conforme denota-se


do D. V. C.3 que acompanha o flagrante, bem como atesta a Certidão do
Cartório Distribuidor de fls. 14.

Possui também, residência fixa no distrito da culpa, conforme faz prova


os documentos anexos (doc. 3/4/5), bem como, faz prova de sua ocupação lícita, pela prova
documental cosntante da declaração de emprego anexa (doc. 6);

3) Presentes, portanto, os pressupostos autorizadores para a concessão da


liberdade provisória, deve o acusado responder a presente ação penal em liberdade, uma
vez que atualmente encontra-se recolhido na Cadeia Pública local;

4) Observa-se ainda que o princípio da liberdade provisória encontra-se


consagrado em nossa Carta Magna dentre os direitos individuais, em seu art. 5º, LXVI, da
desautorizando o legislador ordinário a restringir as hipóteses de sua concessão:

Ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei


admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.

6) Como Direito Constitucional que é, a liberdade provisória deve ser


concedida ao acusado que é pessoa de bem, jovem, de boa índole, pois o cárcere, ambiente
nefasto, somente irá corromper seu caráter de pessoa amiga, companheira e trabalhadora.

7) Assim considerando, a liberdade provisória é medida que se impõe,


considerando ainda, já nesta fase, a aplicação do art. 3º c.c art. 408, § 2º, CPP, devendo o
mesmo responder a presente acusação em liberdade.

Termos em que, REQUER seja acolhida a legítima pretensão do


acusado em poder defender-se solto, com fulcro nos dispositivos legais aplicáveis à espécie,
dignando-se V. Exa., após regular manifestação do digníssimo representante do Ministério
Público, mandar seja expedido o competente alvará de soltura.

Bauru, data

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Advogado

ESPÉCIES DE PRISÃO

3
DVC: Divisão de Vigilância e Captura
17

1) – Prisões Provisórias (Cautelares)


a) Prisão em flagrante
b) Prisão Temporária
c) Prisão Preventiva
d) Prisão Resultante de Pronúncia
e) Prisão Decorrente de Sentença Penal Condenatória Recorrível

2) – Prisão Definitiva
Decorrente de Sentença Penal Condenatória Irrecorrível

3) Prisão Civil (alimentos/ depositário infiel)


Prisão Administrativa (era prevista no art. 319 CPP – revogada pela CF)
Prisão Disciplinar (Transgressões militares)

5. PRISÃO EM FLAGRANTE

Está prevista nos arts. 301 a 310 do CPP. Ocorre quando o delito está
sendo cometido ou acaba de sê-lo.
A pessoa é surpreendida no momento em que comete o delito.
Como se dá:
Através da “voz de prisão” do condutor . A prisão em flagrante é
efetivada por qualquer pessoa.
Temos, ainda, a figura do conduzido e a figura das testemunhas.

No flagrante, qual é a ordem que deve ser observada para a oitiva?


1) – Condutor
2) - Testemunhas
3) - Conduzido (interrogado)
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Em caso de inobservância dessa ordem, o que pode ocorrer?

5.1. Relaxamento do Flagrante

Não basta que o condutor tenha dado voz de prisão em flagrante para que
o mesmo se concretize, pois somente a autoridade policial (Delegado) é que
decidirá, após ouvir o relato dos fatos, sobre a prisão em flagrante ou não.

5.1.1.

5.1.2. SUJEITO PASSIVO

a) - Não podem ser presos em flagrante:


- Representantes Diplomáticos ou Chefes de Estado;
- Presidente da República;
- Governadores.
b) - Podem ser presos somente nas infrações inafiançáveis:
- Senadores e Deputados Federais;
- Deputados Estaduais;
- Magistrados;
- Membros do MP;
- Advogados, no exercício da profissão .

c) - Não pode ser preso em flagrante o condutor de veículo, nos casos em


que resulte vítima, quando prestar socorro.

5.2. ESPÉCIES DE FLAGRANTE

1) Flagrante Próprio (Real) – o agente é surpreendido cometendo o


delito ou quando acaba de cometê-lo - art. 302, I e II CPP.
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2) Flagrante Impróprio (Irreal) – o agente é perseguido “logo após”


cometer o delito e é encontrado em situação presumível de ser o autor
da infração – art. 302,III CPP.
3) Flagrante Presumido – o agente é preso “logo depois” de cometer a
infração, com instrumentos/ armas/ papéis que façam presumir ser ele
o autor do delito – art. 302, IV, CPP.

4) Flagrante Preparado ou Provocado – modalidade de crime


impossível porque não há vontade livre e espontânea do infrator.

Súmula 145 – Não há crime quando a preparação do flagrante pela


polícia torna impossível a consumação.

5) - Flagrante Esperado – Não há criação de uma situação artificial .


Atividade policial que aguarda o momento do cometimento sem qualquer
induzimento ou instigação.

Exemplo: Pastor numa cidade do interior que furtava chocolate e foi


filmado.

6) - Flagrante Forjado – Não há flagrante, há criação de provas.

Exemplo: Plantar drogas no bolso de uma pessoa.

7) Flagrante Prorrogado ou Retardado – Criado pela “Lei do Crime


Organizado” – Lei 9.034/95 – art. 2.º, II.
A polícia ao invés de prender em flagrante após o delito, prorroga sua
ação para um momento mais eficaz no sentido de colher melhores
provas contra organizações criminosas.
“ O bandido pode levar ao bando”.
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A prisão em flagrante será imediatamente RELAXADA pela autoridade


judiciária em caso de vícios de forma e substância, durante a
autuação.

Exemplo: a) falta Curador ao menor de 21 anos;


b) inversão da ordem da oitiva de testemunhas
c) excesso de prazo para conclusão do Inquérito Policial que
é de 10 dias - prorrogação ?
d) nota de culpa - 24 horas

Apresentação espontânea caracteriza estado de flagrância?

Ítens importantes no flagrante


• Nota de Culpa
• Remessa de informação
• Distribuição de informação (vara, n.º do processo)
• Certidão do Distribuidor sobre antecedentes
• Fazer pedido e despachar direto com o Juiz
• Junte-se em apenso e ao MP (despacho)
• Devolver em Cartório para autuação em apenso
• Vai para o MP dar parecer
• Juiz decide
• Procuração (após, se necessário)

5.3. PRISÃO PREVENTIVA - arts. 311 a 316


21

Poderá ser decretada durante o I.P. ou Processo (Ação Penal). Antes do


Trânsito em Julgado, devendo estar preenchidos os requisitos legais
autorizadores.

PRESSUPOSTOS (devem apresentar-se simultaneamente)

- Autoria - indícios que geram a convicção e não a certeza.


- Materialidade provas por laudos/ documentos/ testemunhas, da
existência do crime.

5.3.1.1. Condições Autorizadoras

- garantia da ordem pública (paz no meio social);


- conveniência da instrução criminal (obstáculos/ameaças a
testemunhas);
- assegurar a aplicação da lei penal (fuga);
- garantia da ordem econômica (desdobramento – ordem pública; lei
antitruste).

A decisão que decreta a prisão preventiva deve ser fundamentada, não basta
simples menção do texto legal.

A apresentação espontânea não impede a decretação da prisão preventiva como


no flagrante.

Pode ser decretada pelo Juiz, mesmo após o relaxamento do flagrante

Excesso de Prazo (?)


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5.3.1.2. REVOGAÇÃO

Não mais presentes os motivos ensejadores da prisão preventiva, deverá a


mesma ser REVOGADA – não relaxada.

Da decisão que decretar a prisão preventiva não cabe recurso – cabe Habeas
Corpus.

5.3.1.3. PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 7.960/89.

Destinada à possibilitar investigações durante o I.P.(princípio da inocência?).

Art. 1.º Caberá prisão temporária:


I – quando imprescindível para investigações do I.P.;
II – quando o indiciado não tiver residência fixa ou recusar-se a identificar-se;
III – arrola diversos crimes onde a medida é cabível;

Discussão doutrinária:

- Requisitos alternativos (T);


- Requisitos cumulativos (F);

PROCEDIMENTO:
23

Art. 2.º - A medida não pode ser decretada de ofício (Juiz), depende da
representação do MP ou do Delegado de Polícia.

PRAZO:

05 (cinco) dias, podendo ser prorrogada por mais 05 (cinco) dias;


30 (trinta) dias, podendo ser prorrogada por mais 30 (trinta) quando se tratar de
crimes hediondos.

*** Prazo exíguo para tentar-se medida judicial visando sua revogação
(Advogado atento para os requisitos).

A soltura do investigado se dará no último dia, independentemente de alvará de


soltura.

PRISÃO DECORRENTE DE PRONÚNCIA E DA SENTENÇA PENAL


CONDENATÓRIA

Duas possibilidades em que o réu deverá recolher-se à prisão, salvo se for réu
primário e tiver bons antecedentes para poder apelar.

Súmula 09 do STJ – A exigência da prisão provisória, para apelar, não


ofende a garantia constitucional da presunção de inocência.

Hoje, o entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante é no sentido de


que na prisão provisória, recolher-se à prisão para apelar, somente se justifica se
estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP, que justificaria a
decretação da preventiva.
24

5.3.1.4. LIBERDADE PROVISÓRIA (prisão em flagrante)

Requisitos: primariedade; residência fixa; ocupação lícita.

Para a prisão em flagrante


• Nota de Culpa
• Remessa de informação
• Distribuição de informação (vara, n.º do processo)
• Certidão do Distribuidor sobre antecedentes
• Fazer pedido e despachar direto com o Juiz
• Junte-se ao MP (despacho)
• Devolver em Cartório para autuação em apenso
• Vai para o MP dar parecer
• Juiz decide
• Procuração (após, se necessário)

5.3.1.5. LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA

3 hipóteses:
a) o agente se livra solto (art. 321 CPP);
b) o fato esta acobertado por excludente de ilicitude (art. 310 “caput” – Ex.:
legítima defesa);
c) estão ausentes os motivos que justificariam a prisão preventiva

Aqui, a pergunta que se faz é a seguinte: Caso o réu não estivesse preso por
força do flagrante, deveria ser decretada sua prisão preventiva?
Em caso de resposta negativa, ser-lhe-á concedida a Liberdade Provisória.
25

Ora, se ausentes os requisitos da prisão preventiva, quais seriam os outros


requisitos que deve-se comprovar para o réu aguardar em liberdade?

Requisitos: primariedade; residência fixa; ocupação lícita.


Como comprovar tais requisitos?

Como se processa na prática o pedido de liberdade provisória?

Bem, findado o auto de prisão em flagrante, o delegado expede a Nota de


Culpa ao acusado, onde constam os motivos da prisão e o delito cometido. É a
ciência ao réu do fato criminoso a ele imputado.

- O Delegado remete ao Juízo a informação da prisão em flagrante


acompanhado de uma cópia do A. P. Flag.
- Essas informações sofrem distribuição e cai para uma das Varas
Criminais, onde houver.
- Essa distribuição torna prevento o Juízo, sendo possível saber-se a
Vara e o nº do Processo.
- O distribuidor certificará a existência de antecedentes em relação ao
réu.
- Dirigindo-me ao Distribuidor, saberei então qual o Juízo que deverei
endereçar meu Pedido de Liberdade Porvisória.
- Levo meu Pedido de Lib. Provisória em mãos para que o juiz despache
o dê regular processamento.
- O juiz determinará a juntada em apenso e abrirá vista ao MP.
- Retorno com o pedido ao Cartório para que o mesmo seja autuado e
remitido ao MP.
- O MP “opina”, os autos voltam conclusos ao Juiz que decidirá pela
soltura ou não do ausado.
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6. DA LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA

A fiança trata-se de um “direito do indiciado” e não de faculdade da


autoridade.

É bastante usual em delitos de uso de entorpecente (art. 16 Lei 6368/76) e


desacato (331), pela autoridade policial.

A autoridade policial poderá arbitrar fiança em qualquer delito apenado com


detenção.

O juiz poderá arbitrar fiança em crimes apenados por reclusão em que a pena
mínima cominada não seja superior a dois anos.

Regra : Delegado - Detenção

Juiz : - Reclusão (2 anos)

Ex.: crime de furto qualificado, a pena mínima é de 2 anos de reclusão.

Posso pedir o arbitramento da fiança ao Juiz ?

Valor da fiança ? Encontra-se previsto nos artigos 325 e 326 do CPP (levará em
conta situação econômica)
O MP, somente se manifesta no pedido após a prestação da fiança (333).

O valor da fiança será sempre restituído, independentemente do resultado da


Ação Penal, (absolvição/condenação).
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- Observações:

a) - é necessário juntar-se ao pedido a procuração/ a Nota Culpa / documentos


comprovantes dos requisitos / a comprovação dos antecedentes será feita pela
Certidão do Distribuidor.

c) - Não devo adentrar no mérito do delito, contudo, posso dar pinceladas de


mérito, apontando determinados pontos de depoimento para justificar melhor
meu pedido.

d) - E finalmente, se deferida a “Liberdade Provisória”, o indiciado se


compromete a comparecer a todos os atos processuais desde que devidamente
intimado, sob pena de revogação do benefício.

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