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São Paulo
2014
Geancarlo Borges Caruso
São Paulo
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Serviço de Documentação e Biblioteca – SDB / Fundacentro
São Paulo – SP
Erika Alves dos Santos CRB-8/7110
É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua forma impressa como
eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos,
desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.
AGRADECIMENTOS
Introduction. Several diseases have been linked to asbestos exposure. There are
difficulties in establishing a causal relationship between these diseases and the activity
performed by the employee. The compensation claims filed by victims are processed in
the Labor Court, which analyzes the cause based on medical expertise. Objectives. To
assess the quality of legal medical investigations that examined the causal relationship
between asbestos exposure and disease. Methods. A questionnaire was created to assess
the quality of expert reports, based on Hill’s criteria of causation (1965). The 34
selected reports were evaluated independently by two experts. Inter-observer and intra-
observer agreement, and sentencing agreement with the result of expertise were
analyzed. Results. The inter-observer correlation between the overall scores was
moderate (r = 0.63004; P-value ≤ 0.001). However, the agreement between the
questions revealed that in 50% was null and in other 50% was considered weak. The
reevaluation of 6 expert reports for intra-observer analysis showed homogeneity of
answers. In 91.18% of cases, the judge accepted the result of the expert report.
Conclusions. The inter-observer agreement was considered poor in 50% of the
questions and null in the other 50%, which may reflect the low quality of the expert
reports. The intra-observer agreement was good, which pointed to the consistency of
responses to the items. The results of the expert reports show that the conclusion of the
expert has direct influence (91.18%) on the outcome of the lawsuit.
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10
1.1. A motivação e a relevância do trabalho .............................................................. 10
1.2. Asbesto: conceito, mineralogia e propriedades ................................................... 10
1.3. A evolução do uso do asbesto no mundo ............................................................. 12
1.4. O asbesto e sua utilização no Brasil ..................................................................... 13
1.5. Os primeiros estudos a respeito das doenças associadas ao asbesto ................. 14
1.6. Os primeiros estudos publicados no Brasil ......................................................... 16
1.7. As doenças associadas ao asbesto ......................................................................... 18
1.7.1. Mecanismo de ação ............................................................................................. 18
1.7.2. A asbestose .......................................................................................................... 19
1.7.3. O câncer de pulmão associado ao asbesto ........................................................ 20
1.7.4. O mesotelioma ..................................................................................................... 20
1.7.5. As alterações pleurais não neoplásicas ............................................................. 21
1.7.6. A doença pulmonar obstrutiva crônica ocupacional ....................................... 22
1.7.7. Os critérios e dificuldades no diagnóstico ........................................................ 23
1.8. As doenças associadas ao asbesto e sua relação com o trabalho ....................... 24
1.9. As ações judiciais propostas pelas vítimas do asbesto ........................................ 27
2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 30
2.1. Objetivo geral ......................................................................................................... 30
2.2. Objetivos específicos .............................................................................................. 30
3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 31
3.1. Delineamento do estudo ........................................................................................ 31
3.2. Etapas do estudo .................................................................................................... 31
3.3. População e amostragem ...................................................................................... 32
3.4. Fonte e coleta de dados.......................................................................................... 33
3.5. Equipe de trabalho ................................................................................................ 34
3.6. Desenvolvimento do instrumento ......................................................................... 34
3.7. Sistema de Pontuação ............................................................................................ 36
3.8. Pré-teste do instrumento ....................................................................................... 37
3.9. Consistência intra-avaliador................................................................................. 38
3.10. Análise dos dados ................................................................................................. 38
9
1. INTRODUÇÃO
1
O asbesto (ou amianto) é uma fibra de origem mineral que pode ser
encontrada em quase toda a crosta terrestre (CAPELOZZI, 2001). Ela é extraída de rochas
1
Os termos “asbesto” e “amianto” têm mesmo significado. No grego significam duas características deste
mineral que são respectivamente: incombustível (asbesto) e incorruptível (amianto) (TEIXEIRA, 1986).
Atualmente, as duas denominações são utilizadas de modo indiferente, sendo o termo amianto preferido
11
pelas línguas latinas e o termo asbesto pelas línguas anglo-saxônicas (NOGUEIRA, 1988). No presente
trabalho será utilizado o termo “asbesto”.
2
A principal diferença do asbesto em relação às demais variedades de silicatos não-asbestiformes é o
formato fibroso de sua apresentação, cuja relação cumprimento-diâmetro é maior ou igual a 3:1.
3
Os anfibólios não são mais minerados devido à restrição de seu uso; entretanto, os maiores depósitos de
crisotila em exploração apresentam contaminação geológica natural por anfibólios (ALGRANTI E DE
CAPITANI, 2014).
12
4
Com a Segunda Guerra Mundial, a questão “saúde e segurança no trabalho” tornou-se tema de segunda
ordem em relação às necessidades da produção bélica (MURRAY, 1986).
14
LINARES, 2009).
5
A Associação Internacional para Pesquisa sobre Câncer, em inglês International Association for
Research on Cancer (IARC), é a agência especializada na pesquisa sobre o câncer, da Organização
Mundial de Saúde. Está localizada em Lyon, na França. A IARC identifica fatores ambientais que
possam aumentar o risco de câncer em humanos, e classifica as substâncias segundo seu caráter de
carcinogenicidade: Grupo 1: Reconhecidamente carcinogênico para humanos; Grupo 2A:
Provavelmente carcinogênico para humanos; Grupo 2B: Possivelmente carcinogênico para humanos;
Grupo 3: Não classificável como carcinogênico para humanos; Grupo 4: Provavelmente não-
carcinogênico para humanos.
6
Este escorço histórico apresenta estudos cuja população restringia-se apenas ao mercado formal.
7
Segundo GIANNASI (1996), a revisão da bibliografia brasileira mostrava “menos de uma centena de
casos de doenças atribuídas ao [asbesto] no Brasil”, sendo a maioria de asbestose, e poucos
concernentes ao câncer de pulmão e mesotelioma relacionados ao asbesto.
17
Passados quase vinte anos, outro caso de asbestose foi publicado por
NOGUEIRA ET AL. (1975). O trabalho, intitulado “Asbestose no Brasil: um risco
ignorado”, chamou a atenção para “a possibilidade de que casos dessa doença estejam
passando despercebidos no Brasil, onde é crescente e utilização do [asbesto] pela
indústria”. Acreditava-se, já naquela época, que numerosos outros casos de asbestose
estivessem sendo subdiagnosticados no país (NOGUEIRA ET AL., 1975). Desde então,
outros estudos foram publicados por ROLLEMBERG DOS SANTOS ET AL. (1979),
QUAGLIATO JR. (1980) e LYRA ET AL. (1982).
8
Estudos mostram que a utilização do asbesto no Estado de São Paulo associa-se a padrões de
adoecimento que são absolutamente similares àqueles descritos em países que fizeram o uso intensivo
da fibra em diferentes tipos de processos (ALGRANTI, 2012).
18
9
Um micrômetro equivale ao milionésimo de metro (1 × 10-6 m), e sua abreviatura é µm.
19
10
longo período de latência , dar início a uma transformação cancerígena. Algumas
fibras podem, inclusive, migrar para o exterior da cavidade pleural e provocar placas
11
pleurais ou mesotelioma (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DA SEGURIDADE
SOCIAL, 2006).
1.7.2. A asbestose
10
Entende-se por período de latência, o tempo decorrido entre o início da exposição e o reconhecimento
da doença (ALGRANTI ET AL., 2010).
11
A toxicologia do asbesto pressupõe a compreensão das propriedades aerodinâmicas, químicas, físicas,
entre outras, que favorecem a penetração fácil e profunda das fibras no sistema respiratório. As
manifestações clínicas dependerão: das características das fibras, da duração, frequência e intensidade
da exposição e, também, das características individuais (NETTO, 2012).
12
Esta definição não engloba alterações pleurais difusas ou em placas, atelectasia redonda, derrame
pleural e cânceres, relacionadas ao asbesto (SANTOS, 2014).
20
1.7.4. O mesotelioma
13
Diante desse grau de incerteza, Castleman (2005) propõe a seguinte questão: seria o tabaco a principal
causa de adoecimento por câncer de pulmão em trabalhadores expostos ao asbesto ou seria o asbesto o
agente que mata o trabalhador tabagista?
21
Trata-se de doença que guarda relação linear com o tempo de latência e não
com a dose de exposição (ALONSO, 2000; SANTOS, 2014). Desta forma, são comuns os
relatos de casos em indivíduos com história de exposição de pequena monta ocorrida há
30 / 40 anos (SANTOS, 2014). A sobrevida média é de 6 a 18 meses, independentemente
das tentativas de tratamento. Comumente, a causa da morte é por extensão local e/ou
insuficiência respiratória. Os sintomas mais frequentes são: dispneia e dor torácica (90%
dos casos) e perda de peso (30%). No entanto, o mesotelioma ainda é uma doença
subdiagnosticada no país (CAMARGO, 2014).
14
A pleura é formada por duas membranas serosas. Uma que recobre o pulmão (a pleura visceral) e outra
que recobre a face interna da parede torácica (a pleura parietal). A cavidade pleural é um espaço virtual
delimitado pelas duas pleuras e que contém uma pequena quantidade de líquido em condições normais
com função de lubrificação, facilitando o deslizamento da pleura. A principal função da pleura e da
cavidade pleural é permitir a insuflação e o esvaziamento dos pulmões dentro do tórax. O tecido pleural
é constituído por células altamente reativas com repercussões locais proporcionais ao tipo de estímulo
inflamatório que sobre elas incidem (MARCHI, MIRANDA E CHIBANTE, 2014).
22
tempo de latência do que com a carga de exposição (SANTOS, 2014). Normalmente não
causam sintomas, têm pouca repercussão funcional e frequentemente são achados
radiológicos. Possuem um período de latência superior a 20 anos (ALGRANTI E DE
CAPITANI, 2014).
Quadro 1. Doenças associadas ao asbesto e sua relação com o trabalho (adaptado de Schilling,
1984).
Classificação Doenças
Doenças pleurais pelo asbesto;
Schilling I Asbestose;
Mesotelioma – com altíssima probabilidade de acerto
(superior a 90%), esta doença, em trabalhadores adultos com
história de exposição ocupacional sugestiva, também deve ser
classificada no grupo I de Schilling. O trabalho pode ser
considerado causa necessária na etiologia deste tumor, ainda que
outros fatores de risco possam atuar como coadjuvantes.
Os cânceres (de pulmão, de laringe e de ovário) e a doença
Schilling II ou III pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) associados ao asbesto, devem
ser classificados dentro do grupo II ou III da Classificação de
Schilling, em que o trabalho é considerado como fator de risco
associado com a etiologia multicausal dessas doenças.
Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001.
26
15
Apenas a partir de 2008 que a Justiça Trabalho passou a cadastrar os processos ajuizados tendo como
motivo os acidentes do trabalho e as doenças ocupacionais, em atenção à Resolução nº 46, de 18 de
dezembro de 2007, do Conselho Nacional de Justiça.
29
2. OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar a qualidade das perícias
médicas judiciais trabalhistas, lavradas pelo perito do juízo no âmbito do Tribunal
Regional do Trabalho da 2ª Região, em sede de dissídios individuais, no período 2005
até 2013, para verificar a forma e os instrumentos adotados na abordagem do nexo
causal entre a exposição ocupacional ao asbesto e as doenças a ela associadas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
estas comarcas concentram 78% do total dos processos judiciais envolvendo o tema
desta pesquisa.
Nos quesitos 1 e 2 foi atribuído 1 ponto para cada parte. Caso a primeira
delas tenha sido considerada satisfatória pelos avaliadores, é que se pôde passar para a
análise da segunda parte do quesito. Nesta etapa sequencial, apenas o reconhecimento
de um dos itens abordados nestes dois quesitos foi satisfatório para a atribuição do
escore máximo.
37
Motivo da Resultado
Perícia Avaliador Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Soma Proporção
demanda possível
1 A 1; 2 2 2 2 2 2 - 3 13 14 92,9
1 B 1; 2; 7 2 2 0 2 2 0 2 10 16 62,5
2 A 4 2 2 2 2 2 - 2 14 14 100
2 B 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
3 A 1; 2 2 0 0 2 0 - 2 6 14 42,9
3 B 1; 2 2 0 0 2 0 - 4 8 14 57,1
4 A 7 2 2 0 0 1,5 0 2 7,5 16 46,9
4 B 8 2 0 0 0 0 0 0 2 16 12,5
têm a mesma mediana. A intensidade da associação entre estas duas variáveis foi
verificada pelo coeficiente de correlação de Spearman. Esta é a estatística adequada
para ser usada com variáveis numéricas quando suas distribuições são assimétricas e há
a ocorrência de observações atípicas (valores extrapolados entre as observações)
(DAWSON E TRAPP, 2003).
4. RESULTADOS
Tabela 5. Resultados das análises dos 34 laudos periciais selecionados, sobre doenças associadas ao
asbesto. TRT 2ª Região, 2005-2013
Motivo Resultado
Perícia Avaliador Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Soma Proporção
da demanda possível
1 A 1; 2 2 2 2 2 2 - 3 13 14 92,86
1 B 2 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
2 A 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
2 B 2 2 2 2 1,5 2 - 2 11,5 14 82,14
3 A 1; 2 2 0 0 2 0 - 2 6 14 42,86
3 B 4 2 2 2 1 2 - 4 13 14 92,86
4 A 1; 2 2 0 2 2 2 - 2 10 14 71,43
4 B 8 2 0 0 0 0,5 - 2 4,5 14 32,14
5 A 8 2 2 0 0 0 - 0 4 14 28,57
5 B 8 2 2 0 0 0 - 0 4 14 28,57
6 A 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
6 B 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
7 A 2 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
7 B 8 2 2 0 2 2 - 2 10 14 71,43
8 A 2 2 2 2 2 2 - 0 10 14 71,43
8 B 8 2 0 0 1,5 0,5 - 2 6 14 42,86
9 A 1; 2; 7 2 0 2 2 2 2 4 14 16 87,5
9 B 1; 2 2 0 0 1,5 1,5 - 2 7 14 50
10 A 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
10 B 4 0 1 2 1 2 - 4 10 14 71,43
11 A 1; 7 2 2 0 2 2 2 4 14 16 87,5
11 B 8 0 0 0 1,5 0,5 1,5 2 5,5 14 39,29
12 A 8 2 0 0 0 - 2 4 12 33,33
12 B 8 2 2 2 0 1 - 4 11 14 78,57
13 A 1; 2; 7 2 0 2 2 2 2 2 12 16 75
13 B 2 2 2 2 2 2 - 2 12 14 85,71
14 A 1 0 0 0 2 0 - 0 2 14 14,29
14 B 9 2 2 2 2 1,5 - 0 9,5 14 67,86
15 A 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
15 B 2; 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
16 A 2 0 0 2 1,5 0 - 2 5,5 14 39,29
16 B 2 0 2 2 2 2 - 2 10 14 71,43
17 A 4 2 2 2 2 2 - 2 12 14 85,71
17 B 4 0 1 2 2 0,5 - 0 5,5 14 35,71
Continua
41
Motivo Resultado
Perícia Avaliador Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Soma Proporção
da demanda possível
18 A 1 2 0 0 2 0 - 2 6 14 42,86
18 B 8 2 0 0 2 1,5 - 2 7,5 14 53,57
19 A 2; 7 2 2 2 2 2 2 4 16 16 100
19 B 8 2 2 2 2 2 - 2 12 14 85,71
20 A 1; 2 2 0 0 2 0 - 0 4 14 28,57
20 B 1; 2 0 0 0 2 0 - 0 2 14 14,29
21 A 1; 2 2 2 2 2 0 - 2 10 14 71,43
21 B 8 2 0 0 2 0,5 - 0 4,5 14 32,14
22 A 1; 2 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
22 B 8 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
23 A 1; 2 2 0 0 2 0 - 4 8 14 57,14
23 B 2 2 0 0 2 0 - 0 4 14 28,57
24 A 1; 2 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
24 B 1 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
25 A 1; 2 2 0 2 2 2 - 3 11 14 78,57
25 B 2 2 2 2 2 2 - 2 12 14 85,71
26 A 1; 2 2 0 0 2 2 - 0 6 14 42,86
26 B 2 2 2 2 2 2 - 2 12 14 85,71
27 A 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
27 B 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
28 A 11 0 0 0 1,5 0 - 0 1,5 14 10,71
28 B 11 0 0 2 2 0 0 0 4 16 25
29 A 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
29 B 4 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
30 A 1; 2 2 2 2 2 2 - 4 14 14 100
30 B 1; 2 2 2 2 2 2 - 3 13 14 92,86
31 A 8 2 0 2 2 0 - 2 8 14 57,14
31 B 1 2 0 0 2 0 - 3 7 14 50
32 A 2 2 2 2 2 1 - 3 12 14 85,71
32 B 2 2 2 0 2 2 - 1 9 14 64,29
33 A 8 2 0 2 2 0,5 - 0 6,5 14 46,43
33 B 8 2 0 0 2 0 - 0 4 14 28,57
34 A 10 2 0 0 2 0,5 - 4 8,5 14 60,71
34 B 10 2 0 0 2 0 1,5 3 8,5 16 53,13
Tabela 8. Distribuição conjunta dos motivos de demanda segundo Avaliador. Número de perícias
analisadas e percentual.TRT 2ª Região, 2005-2013.
Avaliador b Doença Demanda Nódulos DPA +
pleural pelo não nos Câncer Asma DPA + Asbestose DPA + Asbestose + Asbestose +
asbesto (DPA) Asbestose Mesotelioma especificada pulmões gastrointestinal ocupacional Asbestose + DPOC DPOC Mesotelioma DPOC Total
Avaliador a n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %
Doença pleural pelo asbesto (DPA) - - - - - - 1 2.9% 1 2.9% - - - - - - - - - - - - - - 2 5.9%
Asbestose - - 2 5.9% - - 2 5.9% - - - - - - - - - - - - - - - - 4 11.8%
Mesotelioma - - 1 2.9% 5 14.7% - - - - - - - - - - - - - - 1 2.9% - - 7 20.6%
Demanda não especificada 1 2.9% - - - - 3 8.8% - - - - - - - - - - - - - - - - 4 11.8%
Nódulos nos pulmões - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0 0.0%
Câncer gastrointestinal - - - - - - - - - - 1 2.9% - - - - - - - - - - - - 1 2.9%
Asma ocupacional - - - - - - - - - - - - 1 2.9% - - - - - - - - - - 1 2.9%
DPA + Asbestose 1 2.9% 4 11.8% 1 2.9% 3 8.8% - - - - - - 2 5.9% - - - - - - - - 11 32.4%
DPA + Asbestose + DPOC - - 1 2.9% - - - - - - - - - - 1 2.9% - - - - - - - - 2 5.9%
DPA + DPOC - - - - - - 1 2.9% - - - - - - - - - - - - - - - - 1 2.9%
Asbestose + Mesotelioma - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0 0.0%
Asbestose + DPOC - - - - - - 1 2.9% - - - - - - - - - - - - - - - - 1 2.9%
Total 2 5.9% 8 23.5% 6 17.6% 11 32.4% 1 2.9% 1 2.9% 1 2.9% 3 8.8% - - - - 1 2.9% - - 34 100.0%
Tabela 9. Distribuição conjunta dos motivos (casos com mais de 1 motivo agrupados pela primeira
descrição) de demanda segundo Avaliador. TRT 2ª Região, 2005-2013.
Tabela 10. Distribuição conjunta dos motivos (casos com mais de 1 motivo agrupados pela segunda
descrição) de demanda segundo Avaliador. TRT 2ª Região, 2005-2013.
Pontos Interavaliadores
considerados Kappa P-valor Concordância
Quesito 1 0,3704 0,0735 Não
Quesito 2 0,3245 0,0464 Fraca
Quesito 3 0,1845 0,4575 Não
Quesito 4 0,2194 0,0731 Não
Quesito 5 0,3390 0,0044 Fraca
Quesito 6 * - - Não
Quesito 7 0,2653 0,0158 Fraca
* Resultados empíricos
Foi selecionada uma amostra composta por 6 laudos, dentro do universo dos
34 avaliados, para a realização do teste de consistência. Nesta oportunidade, cada
avaliador reanalisou o mesmo laudo, e essas análises foram comparadas com o objetivo
de verificar a consistência do avaliador.
Tabela 13. Resultados do teste de consistência, realizado em agosto de 2014. TRT 2ª Região, 2005-2013.
Motivo
Resultado
Consistência Perícia Avaliador da Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Soma Proporção
possível
demanda
1 28 a 11 0 0 0 1,5 0 0 1,5 14 10,71
1 28 b 11 0 0 2 2 0 0 0 4 14 28,57
2 24 a 1 2 2 2 2 2 4 14 14 100,00
2 24 b 1 2 2 2 2 2 4 14 14 100,00
3 8 a 2 2 2 2 2 2 0 10 14 71,43
3 8 b 8 2 0 0 1,5 0,5 2 6 14 42,86
4 19 a 2;7 2 2 2 2 2 2 4 16 16 100,00
4 19 b 8 2 2 2 2 2 2 12 14 85,71
5 3 a 1;2 2 0 0 2 0 2 6 14 42,86
5 3 b 4 2 2 2 1 2 4 13 14 92,86
6 25 a 4 2 2 2 2 2 4 14 14 100,00
6 25 b 2 2 2 2 2 2 2 12 14 85,71
Tabela 15. Distribuição conjunta dos motivos de demanda segundo avaliação. Avaliador “A” e “B”.
TRT 2ª Região, 2005-2013.
2 ª Avaliação Doença
pleural pelo Asma DPA + Asbestose
asbesto (DPA) Asbestose Mesotelioma ocupacional Asbestose + DPOC Total
1ª Avaliação n % n % n % n % n % n % n %
Doença pleural pelo asbesto (DPA) - - 1 16.7% - - - - - - - - 1 16.7%
Asbestose - - - - - - - - 1 16.7% - - 1 16.7%
Mesotelioma - - 1 16.7% - - - - - - - - 1 16.7%
Asma ocupacional - - - - - - 1 16.7% - - - - 1 16.7%
DPA + Asbestose - - - - 1 16.7% - - - - - - 1 16.7%
Asbestose + DPOC - - - - - - - - - - 1 16.7% 1 16.7%
Total (Avaliador a) 0 0.0% 2 33.3% 1 16.7% 1 16.7% 1 16.7% 1 16.7% 6 100.0%
Pontos Intra-avaliadores
considerados Q (A) P-valor (A) Q (B) P-valor (B) Homogeneidade
Quesito 1 - - - - Sim
Quesito 2 1.000 > 0,999 - - Sim
Quesito 3 1.000 > 0,999 2.000 0,5724 Sim
Quesito 6 * - - - - Sim/Não
Quesito 7 0.000 > 0,999 2.000 0,9197 Sim
* Resultados empíricos: o resultado foi Sim para o Avaliador “A” e Não para o
Avaliador “B”.
Portanto, como regra, o Juiz do Trabalho toma a prova pericial como base
de sua fundamentação, até por não ter domínio dos conhecimentos médicos necessários
para avaliar estas questões específicas.
5. DISCUSSÃO
5.1. Da metodologia
5.2. Do instrumento
descritos. Assim, o resultado final pode até ter sido atendido, mas a discussão a respeito
do tema não foi considerada satisfatória pelos avaliadores.
nas sentenças judiciais, demonstrando, ao final, preocupação com a falta de uma análise
crítica pelo juiz sobre o trabalho do perito.
Uma primeira restrição foi quanto à amostra empregada. O fato de ter sido
utilizada amostragem não-probabilística impediu a generalização dos resultados para a
população. O reduzido tamanho da amostra também foi um fator limitante para a
aplicação de alguns testes estatísticos. Amostras maiores poderiam proporcionar maior
robustez nos resultados. Ademais, a existência de poucos trabalhos correlatos dificultou
a comparação dos resultados.
6. CONCLUSÕES
Não obstante, a perícia médica não deve ser avaliada mecanicamente com o
rigor e a frieza de um instrumento de precisão. Nem sempre há certeza absoluta de que
certo fato foi o que produziu certo dano. Apesar de todos os recursos propedêuticos
disponíveis, em razão de o diagnóstico basear-se fundamentalmente em evidências, suas
interfaces apresentam um grau de incerteza.
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68
TEIXEIRA, Carlos Martins; MOREIRA, Manoel. Higiene das minas – asbestose. Belo
Horizonte: Divisão de Fomento da Produção Mineral, Departamento Nacional da
Produção Mineral, 1956.
APÊNDICE
71
Em caso positivo:
- Reconhecido por ser uma das matérias primas do processo produtivo da empresa
- Evidências epidemiológicas
Em caso positivo:
- Plausibilidade biológica
Em caso positivo:
Em sua opinião foram adequadamente consideradas para a conclusão final? (sim, não,
em parte= 8)
7. Ao Avaliador:
Objetivo:
Conteúdo:
Instruções de Preenchimento:
Questão 4: Verificar se há dados no laudo pericial que permitam deduzir como (e, se) o
perito confirmou a doença alegada. Notar que há opção “em parte” – significa que não
há dados satisfatórios no texto que permitam deduzir que o perito confirmou a doença
(Ex: no caso de duas doenças alegadas, o perito só aborda o diagnóstico de uma
delas).
Questão 5: Verificar se há dados e/ou discussão no laudo pericial sobre os critérios de:
- Plausibilidade
uma ou mais concausas (sim ou não), e se a abordagem foi adequada (sim, não, em
parte)