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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN


Unidade Acadêmica Especializada
Escola de Música
Licenciatura em Música

Banda Braille: vivenciando novas experiências em um grupo musical


composto por videntes e deficientes visuais

HYRAM HENRIQUE CRUZ DE CASTRO

Natal
Novembro 2020
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HYRAM HENRIQUE CRUZ DE CASTRO

Banda Braille: vivenciando novas experiências em um grupo musical


composto por videntes e deficientes visuais

Monografia apresentada ao curso de graduação em Música da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito
parcial para obtenção do título de Licenciado em Música.

Orientadora: Drª. Germanna França da Cunha

Natal
Novembro 2020
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´
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HYRAM HENRIQUE CRUZ DE CASTRO

Banda Braille: vivenciando novas experiências em um grupo musical


composto por videntes e deficientes visuais

Monografia apresentada ao curso de graduação em Música da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito
parcial para obtenção do título de Licenciado em Música.

Aprovado em 19 / 11 / 2020 pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

__________________________________________

Profª. Drª. Germanna França da Cunha

__________________________________________

Profº. Dr. Ranilson Bezerra de Farias

__________________________________________

Profº. Ms. Gilvando Pereira da Silva

Natal
Novembro 2020
4

É fundamental diminuir a distância entre


o que se diz e o que se faz, de tal forma
que, num dado momento, a tua fala seja a
tua prática.
Paulo Freire
5

Agradecimentos

A Deus, criador de todas as coisas.


À minha mãe Eliete e minha tia Dalcy
pelo apoio incondicional e por acreditar sempre.
Aos meus familiares pelo incentivo e compreensão.
Aos professores Germanna Cunha e Ranilson Farias
pelo apoio recebido durante toda a minha formação musical.
À Escola de Música e todas as pessoas que a tornam tão especial.
A todas as pessoas que contribuíram para a realização desse trabalho.
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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo discorrer sobre o trabalho realizado pela Banda Braille,
grupo musical da Escola de Música da UFRN, buscando relatar as experiências e os
desafios encontrados no desempenho das atividades do grupo, e de que forma essa
vivência contribui para o desenvolvimento dos seus integrantes. A escolha do objeto deste
estudo deu-se pelo envolvimento do pesquisador com o conjunto, e seu interesse em
investigar as práticas desenvolvidas em um grupo composto por deficientes visuais e
videntes. Os procedimentos metodológicos utilizados na investigação correspondem à
abordagem qualitativa e ao estudo de caso, e a coleta de dados foi feita por meio de
entrevistas semiestruturadas, fotos e postagens em redes sociais além de pesquisa
bibliográfica. Os resultados obtidos mostram que as interações construídas nas atividades
desenvolvidas pelo grupo possibilitaram o desenvolvimento tanto musical quanto
interpessoal entre todos os envolvidos.

Palavras-chaves: Banda Braille, Aprendizagem, Inclusão social.


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ABSTRACT

This research aimed to discuss the work performed by Banda Braille, a musical group of
the UFRN School of Music, seeking to report on the experiences and challenges
encountered in the performance of the group's activities, and how this experience
contributes to the development of its members. The choice of the object of this study was
due to the involvement of the researcher with the set, and his interest in investigating the
practices developed in a group composed of visually impaired and seers. The
methodological procedures used in the investigation correspond to the qualitative
approach and the case study, and data collection was done through semi-structured
interviews, photos, and posts on social networks, as well as bibliographic research. The
results obtained show that the interactions built in the activities developed by the group
allowed the development of both musical and interpersonal among all involved.

Keywords: Banda Braille, Learning, Social Inclusion


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LISTA DE SIGLAS

ADEVIRN – Associação dos Deficientes Visuais do Rio Grande do Norte


CAENE – Comissão Permanente de Apoio a Estudantes com Necessidades Especiais
CIENTEC – Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura
EMDV – Encontro sobre o Ensino de Música para Pessoas com Deficiência Visual
EMI – Encontro sobre Música e Inclusão
EMUFRN – Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio
IERC – Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte
IFRN – Instituto Federal do Rio Grande do Norte
MEC – Ministério da Educação
MPB – Música Popular Brasileira
NEE – Necessidades Educativas Especiais
PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional
PROEX – Pró-Reitoria de Extensão
PROGESP – Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas
RIA – Repositório de Informação Acessível
SEMBRAIN – Setor de Musicografia Braille e Apoio à Inclusão
SIGAA – Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas
TEA – Transtorno do Espectro Autista
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Apresentação de alunos e monitores do projeto Musicalização UP. Fonte:


Arquivos do projeto. EMUFRN .....................................................................................23

Fotografia 2 - Apresentação do Som Azul. Disponível em:


https://sembrainemufrn.wordpress.com/grupo-som-azul/ (Acessado em 28.10.2020)...23

Fotografia 3 – Apresentação do Grupo Esperança Viva no VI EMI. Disponível em:


https://emiufrn.wordpress.com/galeria/#jp-carousel-746 (Acesso em 28.10.2020)........25

Fotografia 4 – Grupo Esperança Viva. Disponível em:


https://sembrainemufrn.wordpress.com/grupoesperanca-viva/ (Acesso em 28.10.2020)
.........................................................................................................................................26

Fotografia 5 – Coral ViVendo o Canto. Disponível em:


https://sembrainemufrn.wordpress.com/coral-vivendo-o-canto/ (Acesso em 28.10.2020)
.........................................................................................................................................26

Fotografia 6 – Orquestra de Violões da EMUFRN. Disponível em:


https://sembrainemufrn.wordpress.com/orquestra-braille-de-violoes-emufrn/ (Acesso
em 28.10.2020)................................................................................................................27

Fotografia 7 – Banda Braille. Disponível em:


https://sembrainemufrn.wordpress.com/banda-brailleemufrn/ (Acesso em 28.10.2020)
.........................................................................................................................................28
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 12
2 METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO................................................................14
2.1 Pesquisa qualitativa e estudo de caso.........................................................................14
2.2 Escolha do campo.......................................................................................................14
2.3 Procedimentos da coleta de dados..............................................................................15
2.3.1 Pesquisa bibliográfica e documental .......................................................................15
2.3.2 Observação participante..........................................................................................15
2.3.3 Entrevistas semiestruturadas...................................................................................16
2.4 Termo de consentimento livre e esclarecido - TCLE..................................................16
2.5 Registros fotográficos e em áudio..............................................................................17
2.6 Organização e análise dos dados.................................................................................17
3 A EMUFRN e seus projetos de inclusão social .......................................................19
3.1 O primeiro passo .......................................................................................................19
3.2 O SEMBRAIN...........................................................................................................20
3.3 O programa Esperança Viva ....................................................................................21
3.4 As atividades do programa Esperança Viva...............................................................22
4 A Banda Braille ..........................................................................................................28
4.1 A história da banda ....................................................................................................28
4.2 Os objetivos do grupo.................................................................................................28
4.3 Os integrantes ...........................................................................................................29
4.4 O repertório e as atividades desenvolvidas ...............................................................30
5 O relato de uma experiência.......................................................................................30
5.1 Minha história na EMUFRN ......................................................................................30
5.2 Outros novos horizontes.............................................................................................31
5.3 Minha entrada na Banda Braille: experiências e desafios..........................................32
5.4 Os ensaios e apresentações.........................................................................................34
5.5 O aprendizado............................................................................................................37
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................39
REFERÊNCIAS.............................................................................................................42
APÊNDICES .................................................................................................................44
APÊNDICE A: Termo de autorização do Coordenador da Banda Braille para a realização
da pesquisa.......................................................................................................................45
11

APÊNDICE B: Termo de autorização do Coordenador do projeto Banda Braille para a


utilização do seu nome real..............................................................................................46
APÊNDICE C: TCLE referente à entrevista dos músicos integrantes da Banda
Braille..............................................................................................................................47
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1 INTRODUÇÃO

A palavra” deficiente” para muitos tem um significado muito forte, recheado de


princípios morais, e valores que são carregados de preconceitos e pensamentos simplórios
de senso comum. Por muitas vezes esses pensamentos despertam condutas repletas de
paternalismos e assistencialismos em relação aos deficientes, que são taxados de
incapazes, incompetentes e desprovido de inteligência. Tais sentimentos tem sua ênfase
recaída na ausência, na limitação, no “defeito” concebendo e alimentando ideias como
desprezo, piedade, indiferença, pena ou até mesmo a chacota.

A visão que o cego tem do mundo é de uma riqueza única,


incomparável e deve passar a ser vista como uma apreensão
integral da realidade, não uma carência de visão, não uma
castração de um órgão, mas a existência suficiente de um ser
humano completo. (Monte Alegre, 2003, p.12)

De acordo com a pesquisadora Brenda Wanda Dias Chagas Feijão (2018),


importantes eventos relacionados com educação especial no Brasil ocorreram ainda em
meados do século XIX:

Os marcos principais da educação especial no Brasil foram a


criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, hoje
denominado Instituto Benjamin Constant – IBC, e do instituto dos
Surdos-Mudos, em 1857, atual instituto Nacional da Educação de
Surdos, INES, por iniciativa do governo na época do império,
ambos estão localizados na cidade do Rio de Janeiro. No período
imperial, além desses institutos, iniciou-se o tratamento para
deficientes mentais, no Hospital Psiquiátrico da Bahia, em 1874,
atualmente Hospital Juliano Moreira (FEIJÃO, 2018).

Embora algumas políticas públicas tenham sido efetivadas no sentido de amparar


o portador de necessidades especiais, foi a partir de 1988, com a promulgação da
Constituição Federal que a educação especial foi se propagando no país devido a ações
do poder público e entidades privadas. Em seu texto, apresenta como um dos seus
objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art. 3º, inciso IV).
Embora várias ações tenham sido postas em prática desde esse período, é em 2003
que, segundo Feijão (2018), o Ministério da Educação - MEC faz o lançamento do
Programa Educação Inclusiva:
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Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva:


direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas
de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um amplo
processo de formação de gestores e educadores nos municípios
brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização,
à oferta do atendimento educacional especializado e à garantia da
acessibilidade. (FEIJÃO, 2018).

Nos últimos anos vemos crescer o debate sobre inclusão social e essa temática
passa a ser discutida nos diversos espaços educacionais. De acordo com o pesquisador
Ítalo Soares da Silva:

(...) tornaram-se mais intensos os debates, na perspectiva de discutir


acerca das condições de ensino, da inserção dos alunos com deficiência
nos espaços educacionais, sobre as condições de trabalhos dos
profissionais e professores para atuar com esse alunado, bem como
sobre a implementação de políticas públicas que favoreçam a
aprendizagem significativa do público com deficiência. (SILVA, 2019).

Nesse sentido a área da Educação Musical, a exemplo de outras áreas da Educação


também inicia suas discussões a respeito da inclusão de pessoas com deficiência.
A Escola de Música da UFRN, desde a década de 2010, vem desenvolvendo
atividades que buscam viabilizar a inclusão social em suas práticas. Tendo como principal
idealizadora a professora Catarina Shin, a ação que iniciou como um curso de flauta doce
para pessoas com deficiência visual no ano de 2011, atualmente transformou-se no
Programa Esperança Viva e reúne várias ações entre cursos de instrumento, musicografia
Braille, grupos musicais, e eventos.
Na presente pesquisa, relato o trabalho desenvolvido pela Banda Braille, grupo
composto por deficientes visuais e videntes, buscando evidenciar a metodologia utilizada
pelo grupo para realizar suas atividades. O trabalho está dividido em seis capítulos. No
Capítulo 1, consta a presente introdução. O Capítulo 2 apresenta a metodologia da
investigação, especificando a abordagem metodológica utilizada para a realização da
pesquisa, os procedimentos da coleta de dados e os critérios de escolha do objeto de
estudo. No Capítulo 3 apresento uma contextualização histórica em forma de breve relato
sobre as primeiras ações relacionadas à inclusão social na Escola de Música da UFRN e
os projetos desenvolvidos. O Capítulo 4 apresenta a Banda Braille, objeto desse estudo,
abordando sua história e os objetivos do grupo. O Capítulo 5 refere-se a minha própria
história e minha participação na Banda Braille, experiências e desafios, além de
apresentar um relato sobre a metodologia utilizada pelo grupo em suas práticas. No
Capítulo 6 apresento as considerações finais.
14

2 METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

2.1 Pesquisa qualitativa e estudo de caso

Para a realização da presente pesquisa, optei pela utilização da abordagem


qualitativa. Sobre esse tipo de abordagem Richardson (1999) afirma que “a abordagem
qualitativa de um problema se justifica, sobretudo, por ser uma forma adequada para
entender a natureza de um fenômeno social” (RICHARDSON, apud REIS, p. 62).
Baseando-se em autores como Bodgan e Biken (1994), Martins (2008), Lüdke e
André (1986), e Stake (2009), Antônio Arley Leitão França afirma que “a pesquisa
caracterizada pela abordagem qualitativa busca compreender os fenômenos humanos,
relacionados aos indivíduos ou grupos, à luz das perspectivas atribuídas pelos
investigados, sob o olhar interpretativo do pesquisador” (FRANÇA, 2017).
Para Linda G. Reis (2015), “essa abordagem tem como objetivo interpretar e dar
significados aos fenômenos analisados sem empregar os métodos e as técnicas estatísticas
como base do processo de análise de um problema”.
Buscando relatar como é realizada a prática instrumental na Banda Braille, grupo
musical composto por videntes e deficientes visuais, optei por utilizar a técnica de
pesquisa conhecida como estudo de caso.
Sobre o estudo de caso Linda G. Reis (2015) afirma:

“é uma técnica de pesquisa com base empírica que consiste em


selecionar um objeto de pesquisa, que pode ser um fato ou um
fenômeno, um determinado caso estudado nos seus vários
aspectos. Nesse tipo de pesquisa o pesquisador e o participante
representante da situação-problema cooperam mutuamente com
o estudo” (REIS, 2015, p.57).

Antônio Carlos Gil (2010), citando Robert Yin (2005) afirma que atualmente o
estudo de caso “é encarado como o delineamento mais adequado para a investigação de
um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, onde os limites entre o
fenômeno e o contexto não são claramente percebidos” (GIL, 2010, p. 37).

2.2 Escolha do campo

A banda Braille foi o universo escolhido para essa pesquisa. A minha


proximidade com o grupo foi um dos fatores fundamentais para essa escolha. Atuando
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como baterista do grupo desde o ano de 2018, tive a oportunidade de observar e vivenciar
a prática musical coletiva de videntes e deficientes visuais e a metodologia utilizada para
o seu desenvolvimento.
Na pesquisa, além apresentar um relato sobre a Escola de Música e seus projetos
de inclusão social, busco discorrer sobre a minha experiência no grupo evidenciando a
metodologia de trabalho utilizada. Compreendendo a Banda Braille como um importante
espaço para a formação musical e humana dos indivíduos envolvidos, procurei evidenciar
também o seu importante papel em relação às práticas musicais inclusivas.

2.3 Procedimentos da coleta de dados

2.3.1 Pesquisa bibliográfica e documental

Como um primeiro passo para desenvolvimento desse trabalho realizei um


levantamento bibliográfico, buscando autores na área de música e inclusão social,
aprendizagem e prática em conjunto relacionados ao contexto de grupos musicais que
pudessem contribuir para a fundamentação da pesquisa.
Para compreender a trajetória da Banda Braille e o contexto no qual ela se
desenvolveu, realizei uma pesquisa buscando informações, dados históricos e
documentos sobre o grupo. O processamento desses dados foi importante para a
ampliação do conhecimento e a segurança das informações sobre o objeto de estudo da
pesquisa.

2.3.2 Observação participante

Segundo França (2017), “a observação é considerada uma das principais técnicas


da coleta de dados na pesquisa qualitativa, principalmente nas investigações que ocorrem
em contextos onde o ensino e aprendizagem são o foco”. De acordo com Antônio Carlos
Gil (2010), “a observação participante consiste na participação real do pesquisador na
vida da comunidade, da organização ou do grupo em que é realizada a pesquisa”.
Como participante da Banda Braille, utilizei essa ferramenta para o
acompanhamento das atividades desenvolvidas pelo grupo, entendendo que o contato
aproximado permite uma melhor compreensão do objeto estudado.
Segundo LÜDKE e ANDRÉ (1986), isso se dá porque:
16

...na medida em que o pesquisador acompanha in loco as experiências diárias


dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado,
o sentido e a importância que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas
próprias ações. (LÜDKE E ANDRÉ, apud FRANÇA, 2017, p.31)

Com o consentimento para aprofundar o campo da pesquisa estabeleci o período


letivo de 2019 para realizar as observações durante os ensaios, concertos e mesmo
momentos de descontração entre os intervalos dos ensaios. Percebi durante esse período
que o fato de ser integrante do grupo evitou qualquer desconforto dos participantes para
a realização da pesquisa.

2.3.3 Entrevistas semiestruturadas

Segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 72), a entrevista é “uma técnica de interação


social, uma fórmula de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca obter dados, e
a outra se apresenta como fonte de informação”. Bodgan e Biklen (2010), afirmam que
“a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito,
permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como
os sujeitos interpretam aspectos do mundo” (BODGAN; BIKLEN, apud MORAIS,
2015, P.48).
Para coletar dados que subsidiassem esta pesquisa utilizei a entrevista do tipo
semiestruturada que é aquela que “se desenrola a partir de um esquema básico, porém não
aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações”
(LÜDKE E ANDRÉ, apud FRANÇA, 2017, p.33).
As entrevistas foram realizadas de forma remota durante o período letivo de
2020.1, com integrantes da Banda Braille, e continham perguntas relacionadas às
atividades desenvolvidas pelos instrumentistas junto ao grupo tendo em mente que a
pesquisa buscava investigar como se desenvolvia a prática instrumental no referido grupo.

2.4 Termo de consentimento livre e esclarecido - TCLE

Uma vez que a busca por informações para subsidiar uma pesquisa pode gerar
materiais que favoreçam a exposição dos envolvidos, a exemplo de fotos e registro em
vídeo e áudio, elaborei termos de autorização e consentimento direcionados ao
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coordenador do projeto Banda Braille e aos integrantes do grupo para a realização das
entrevistas. Compreendendo a necessidade de autorização para a utilização dos dados,
mesmo que sejam utilizados apenas para fins acadêmicos, me alinho ao pensamento do
pesquisador Luiz Ricardo Silva Queirós (2013) que, em seu artigo “Ética na pesquisa em
música: definições e implicações na contemporaneidade”, esclarece:

Fontes dessa natureza retratam situações, instrumentos, performances e


outros elementos da música e de pessoas fazendo música, e, portanto,
para serem produzidos, utilizados e/ou divulgados também necessitam
de autorização. É recomendável que todo pesquisador tenha o respeito
e o cuidado devido, solicitando autorização tanto para realizar os
registros, durante a coleta, quanto para utilizá-los em publicações
resultantes do processo investigativo. (QUEIROZ 2013, p. 13)

Os textos foram redigidos tendo como modelo outros trabalhos produzidos em


programas de pós-graduação disponíveis em repositórios online.
Foram elaborados três termos sendo eles:
• Termo de autorização do coordenador do projeto Banda Braille para a realização
da pesquisa (APÊNDICE A).
• Termo de autorização do coordenador da Banda Braille para a utilização do seu
nome real (APÊNDICE B).
• Termo de consentimento livre e esclarecido referente à entrevista dos músicos
integrantes da Banda Braille (APÊNDICE C).

2.5 Registros fotográficos e em áudio

Segundo Robert Yin, “provas observacionais são, em geral, úteis para fornecer
informações adicionais sobre o tópico que está sendo estudado” (YIN 2001, p 115).
Os registros fotográficos utilizados nessa investigação foram obtidos dos acervos
do Sembrain e de acervos particulares.
As entrevistas foram documentadas em áudio, sendo realizadas via telefone e
aplicativo WhatsApp.

2.6 Organização e análise dos dados

De acordo com Bodgan e Biklen (1994), essa fase da pesquisa corresponde ao


“processo de busca e de organização sistemática de transcrição de entrevistas, de notas
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de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados” (BODGAN e BIKLEN,


apud FRANÇA 2017, p. 41).
Após a realização das entrevistas, iniciei a organização das informações passando
posteriormente para a fase de aprofundamento do estudo do tema e interpretação dos
dados.
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3 A EMUFRN e seus projetos de inclusão social

3.1 O primeiro passo.


Foi no ano de 2007 que o cantor e violonista Luiz Carlos Ferreira e sua esposa
Oneide Maria dos Santos Leão procuraram a professora Catarina Shin Lima de Souza
com uma proposta inovadora para a EMUFRN. Luiz Carlos atuava como freelancer,
tocando e cantando em bares e restaurantes locais, além de ser constantemente contratado
para se apresentar em eventos. Embora fosse bastante ativo musicalmente, ele sentia falta
de algo que, em sua opinião, o tornaria um profissional mais completo: ele sentia a
necessidade de ler e escrever música.
De acordo com Souza (2010), o instrumentista e sua esposa, que eram deficientes
visuais, a procuraram “com o objetivo de estudarmos a possibilidade de realizarmos um
curso de musicografia Braille na Escola de Música da UFRN”.
Após a análise e aprovação da proposta em reunião plenária, foi criado um grupo
de estudos que se reuniria semanalmente para desenvolver a atividade. Além de Luiz
Carlos e Oneide, integravam esse grupo cinco professores e dois alunos da Escola de
Música, além de uma aluna do curso de Pedagogia.
Passado esse primeiro momento, a professora Catarina Shin busca direcionar os
seus estudos e pesquisas para o universo da educação inclusiva, obtendo o seu título de
Mestre em Música no ano de 2010 pela Universidade Federal da Bahia na área de
Educação Musical.
No ano de 2011, a professora coordena a ação de extensão intitulada “Curso de
Flauta Doce para Pessoas com Deficiência Visual”. O projeto seria realizado no período
de 30 de setembro a 02 de dezembro, com a abertura de quinze vagas, e a equipe
proponente pretendia suprir uma lacuna na formação de pessoas com deficiência visual.
Alguns dos objetivos propostos eram musicalizar pessoas com deficiência visual por meio
da flauta doce, desenvolver a leitura e escrita musical Braille, introduzir e aprofundar
conhecimentos sobre a flauta doce e execução instrumental, iniciar um grupo de estudo
sobre educação musical para pessoas com necessidades educacionais especiais, e
oportunizar a desmistificação de estereótipos e preconceitos relacionados aos deficientes
visuais por meio da convivência dessas pessoas nos ambientes da Escola de Música.
O projeto foi reeditado para execução no período de março a novembro de 2012
sendo feita a divulgação para o público do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos
20

do RN – IERC, e da Associação dos Deficientes Visuais do RN – ADEVIRN. Este ano a


Escola de Música além de ceder o espaço para a realização das aulas disponibilizou o
transporte para deslocamento de alunos no trajeto IERC – EMUFRN – IERC.
Em 2013, o projeto é apresentado com o nome “Flauta Doce para pessoas com
deficiência visual e Grupo Esperança Viva”. Esse grupo, formado a partir do curso, já
vinha atuando desde 2012 em apresentações locais e teve seu nome escolhido pelos
próprios alunos. A partir de 2014, o Grupo Esperança Viva passa a ser registrado em um
projeto específico de mesmo nome.
Esses primeiros projetos eram coordenados pela professora Catarina Shin que em
sua equipe contava com o apoio de professores, alunos do curso de Licenciatura em
Música, servidores e participantes externos que se dividiam entre as funções de
ministrantes, monitores e colaboradores.

3.2 O SEMBRAIN
As atividades destinadas a um público portador de necessidades especiais foram
aos poucos se multiplicando. Lideradas pela professora Catarina Shin e sua equipe, e
apoiadas pela UFRN elas foram pouco a pouco exigindo uma maior atenção e
demandando um maior volume de trabalho. Observou-se a necessidade de maior suporte
e fortalecimento das ações voltadas para a política de inclusão social. Nesse sentido, em
4 de dezembro de 2014, por meio de uma parceria da Escola de Música com a Comissão
Permanente de Apoio a Estudantes com Necessidades Especiais (CAENE/UFRN) é
inaugurado o SEMBRAIN – Setor de Musicografia Braille e Apoio à Inclusão.

O Setor de Musicografia Braille e Apoio à Inclusão (SEMBRAIN),


da Escola de Música, é o setor responsável pela prestação de
serviços de suporte técnico e articulação de projetos de ensino,
pesquisa e extensão na área da música e educação musical especial
e inclusiva. A criação desse setor se configurou como um
importante passo para o fortalecimento das ações que vem sendo
desenvolvidas na UFRN em relação à política de inclusão voltada
para as pessoas com deficiência e outras necessidades educacionais
específicas em seus diversos contextos.
(https://sembrainemufrn.wordpress.com. Acesso em 28 de outubro
de 2020).

O SEMBRAIN conta com o apoio dos servidores (professores e técnicos


administrativos) e alunos para a realização de suas atividades, e com a parceria de setores
como a CAENE, o Laboratório de Acessibilidade da UFRN e o Repositório de
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Informação Acessível (RIA) no sentido de desenvolver ações relacionadas à inclusão


social para pessoas com necessidades especiais. Os objetivos do Setor são:

Fortalecer a política de inclusão na EMUFRN em comunhão com o


que reza a legislação nacional e o Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI) da UFRN.
Oferecer campo de estágio e pesquisa para os acadêmicos da Escola
de Música, fortalecendo o currículo dos alunos no que tange a
teoria e a prática na área da educação musical para pessoas com
deficiência e outras condições específicas.
Desenvolver, ampliar e estimular a produção do conhecimento
científico da área da educação musical especial e inclusiva.
Desenvolver produtos e serviços acessíveis na área da educação
musical especial e inclusiva.
A partir das demandas sociedade, promover ações de extensão,
articuladas ao ensino e à pesquisa, visando contribuir com o
desenvolvimento de uma cultura cada vez mais inclusiva no meio
acadêmico e social.
Articular parcerias institucionais e interinstitucionais visando
desenvolver ações que contribuam para a inclusão educacional e
social das pessoas com deficiência.
(https://sembrainemufrn.wordpress.com. Acesso em 28 de outubro
de 2020).

3.3 O programa Esperança Viva

No ano de 2018 a UFRN lança o EDITAL 08/2018 UFRN/PROEX - APOIO A


*PROGRAMAS* DE EXTENSAO 2018 (Novas propostas de PROGRAMA e renovação
para 2019). Nesse período, observando a necessidade de uma maior articulação entre as
ações desenvolvidas na área de inclusão social e acessibilidade o SEMBRAIN resolve
concorrer ao edital inscrevendo o Programa Esperança Viva que pretendia reunir todas as
atividades relacionadas a essas áreas. Com esse Programa pretendia-se viabilizar o
diálogo entre sociedade e Universidade, estabelecer um espaço para melhor entender as
necessidades do público, e ver como suprir as suas demandas de modo mais eficaz. O
projeto é aprovado para ser executado no período de 11 de março a 20 de dezembro de
2019. O Programa estava focado em atividades que buscassem:

a integração social (nos seus mais diversos contextos) das pessoas


com deficiência e ou NEE por meio da música;
a capacitação de profissionais para um atendimento de qualidade
às pessoas com deficiência e/ou NEE, seja em contextos de educação
especial ou inclusiva;
a integração das ações de extensão ao ensino e à pesquisa;
a acessibilidade (física, comunicacional, atitudinal, curricular, e de
conhecimento);
o fortalecimento da política de inclusão da UFRN e, mais
especificamente, da EMUFRN. (Programa Esperança Viva –
SIGAA/UFRN. Acesso em 28.10.2020)
22

O Esperança Viva se propunha também a realizar cursos de capacitação para dar


treinamento aos integrantes de sua equipe visando propiciar um melhor atendimento às
pessoas com deficiência atendidas pela Escola. Alguns dos temas propostos eram:

Como lidar com a pessoa com deficiência;


Recursos de tecnologia assistiva para adaptação de materiais
didáticos;
Braille e seu sistema, musicografia Braille e regras de transcrição
para diversos instrumentos;
Introdução à pesquisa em música e educação especial/inclusiva.
(Programa Esperança Viva – SIGAA/UFRN. Acesso em
28.10.2020)

Os objetivos elencados no Programa Esperança Viva compreendiam:

Fortalecer, criar e implementar metas e ações no campo da


educação musical especial e inclusiva, a fim de incluir, respeitar e
fortalecer a política de inclusão da UFRN, defendendo e garantindo
o direito à educação e cultura das pessoas com deficiência e outras
necessidades educacionais específicas, resgatando a sua dignidade
como pessoas e cidadãs que são. (...). Impulsionar projetos e ações
educacionais, formativos, culturais e inclusivos que vem sendo
desenvolvidos de modo exitoso na UFRN. Contribuir para a
formação musical, pedagógica e crítica dos estudantes e
profissionais com e sem deficiência das comunidades interna e
externa. Criar e manter um serviço permanente de adaptação de
materiais acessíveis para atendimento às necessidades dos discentes
com deficiência dos diversos cursos da EMUFRN. Desenvolver a
pesquisa na área através do incentivo á pesquisa junto à equipe
executora da ação. (Programa Esperança Viva – SIGAA/UFRN.
Acesso em 28.10.2020)

3.4 As atividades do Programa Esperança Viva

O Programa Esperança Viva reunia as diversas ações desenvolvidas sob a temática


inclusão social e educação especial. Além de cursos e eventos o Programa também passou
a abrigar, além da Banda Braille, objeto desse estudo, outros grupos musicais que
trabalhavam a inclusão. Dentre algumas ações podemos citar:
23

• Musicalização Up

Foto 1. Apresentação de alunos e monitores do projeto Musicalização UP. Fonte: Arquivos do projeto.
EMUFRN

Projeto de extensão desenvolvido na Escola de Música da UFRN que tem como


objetivo a musicalização de pessoas com necessidades de educação especial, no caso,
portadoras da Síndrome de Down. O Musicalização Up (foto 1, p.23) teve início no ano
de 2015, sob a coordenação da professora Catarina Shin e inicialmente trabalhava com
adultos. Buscando formas eficazes para a musicalização, o projeto, que atualmente atende
crianças e adultos, se utiliza de práticas musicais com jogos, cantigas de roda,
instrumentos musicais, entre outras.

• Projeto Som Azul

Foto 2. Apresentação do Som Azul. Disponível em: https://sembrainemufrn.wordpress.com/grupo-som-


azul/ (Acessado em 28.10.2020)
24

O Som Azul (foto 2, p.23) é um projeto de musicalização destinado a pessoas com


autismo. A ação teve início em 2012.2 e atende pessoas da comunidade interna e externa.
Coordenado pelos professores Alexandre Johnson dos Anjos e Catarina Shin o projeto
além de buscar atender o público específico também funciona como laboratório de ensino
e pesquisa:

Este projeto tem um potencial de benefícios enorme para todos os


envolvidos; além de desenvolver a musicalidade e criatividade dos
participantes com TEA (Transtorno do espectro Autista), amplia e
desenvolve a capacidade dos educadores e futuros educadores
musicais de atuação com mais segurança e propriedade em
ambientes cada vez mais diversos e inclusivo. (Projeto Som Azul –
SIGAA/UFRN. Acesso em 28.10.2020)

O projeto visa não só atender a esse público específico (com


deficiência), mas também proporcionar laboratório de ensino e
pesquisa para os diversos profissionais e estudantes em Música que
poderão atuar e assim já terem uma experiência prática do ensino
de música para pessoas com deficiência. (Projeto Som Azul –
SIGAA/UFRN. Acesso em 28.10.2020)

O projeto Som Azul tem como objetivos:


Capacitar docentes e discentes e comunidade externa educativa
para o atendimento educacional em música e inclusão; música e
autismo;
Oferecer cursos de música a pessoas com necessidades
educacionais especiais: * musicalização para crianças com
autismo;
Criar laboratórios de estudos, pesquisas e experiências em música
e deficiência numa perspectiva inclusiva para: pesquisar e
desenvolver uma metodologia de ensino de música para pessoas
com TEA (Transtorno do espectro Autista);
Adaptar e produzir material didático;
Pesquisar músicas e elaborar relatórios das aulas e atividades
propostas;
Formar multiplicadores para que possam ampliar e desenvolver
projetos semelhantes em outros locais e instituições;
Realizar apresentações musicais divulgando o trabalho
desenvolvido pela EMUFRN bem como para desmistificar os
preconceitos ainda existentes na sociedade em relação as
capacidades das pessoas com autismo. (Projeto Som Azul –
SIGAA/UFRN. Acesso em 28.10.2020)
25

• Encontro Sobre Música e Inclusão – EMI

Foto 3. Apresentação do Grupo Esperança Viva no VI EMI. Disponível em:


https://emiufrn.wordpress.com/galeria/#jp-carousel-746 (Acesso em 28.10.2020)

O encontro foi criado em 2013 como um desdobramento dos cursos de flauta doce
para pessoas com deficiência visual e do curso de musicografia Braille. Inicialmente
nomeado “Encontro Sobre o Ensino de Música para Pessoas com Deficiência Visual -
EMDV”, o encontro buscava discutir e refletir sobre questões inerentes ao ensino da
música para pessoas com deficiência visual. Em 2015 o evento aconteceu juntamente com
o Seminário de Música e Inclusão, apresentando atividades relacionadas a Educação
Musical e outros tipos de deficiência como autismo e surdez. De acordo com o
pesquisador Ítalo Soares da Silva (2019), em sua sexta edição realizada em 2018 o
encontro passou a se chamar Encontro Sobre Música e Inclusão - EMI (Foto 3, p.25) e a
incorporar as ações antes desenvolvidas no EMDV e no Seminário de Música e Inclusão.
Ainda segundo Silva:

“o EMI objetiva provocar entre os seus participantes reflexões e


ações que possibilitem a inclusão social das pessoas com deficiência
e outras necessidades específicas em seus mais diversos contextos:
educacional, artístico, comunicacional e tecnológico” (SILVA,
2019).
26

• Grupo Esperança Viva

Foto 4. Grupo Esperança Viva. Disponível em: https://sembrainemufrn.wordpress.com/grupo-


esperanca-viva/ (Acesso em 28.10.2020)

Grupo musical inclusivo originado a partir de um projeto de extensão da


EMUFRN que promove o ensino da flauta doce para pessoas com deficiência visual, no
ano de 2012 passa a se chamar Esperança Viva (Foto 4, p.26) por sugestão de um dos
seus integrantes. Composto por discentes, docentes, técnicos administrativos e membros
da comunidade externa, o grupo possui entre seus integrantes pessoas com e sem
deficiências e necessidades especificas. O Esperança Viva tem como objetivos quebrar
preconceitos e estereótipos e dar oportunidade às pessoas com deficiência de se
desenvolverem musicalmente além de promover a prática musical inclusiva e prover a
comunidade com um trabalho musical de qualidade e com repertório diversificado.
Paralelamente, o grupo pretende divulgar o trabalho desenvolvido pela UFRN e fortalecer
as políticas de inclusão social.
Com uma formação instrumental de flautas doce e transversal, violão, guitarra,
baixo elétrico, teclado, percussão e voz, as performances do Esperança Viva têm
repercutido de forma positiva na sociedade e o grupo vem desempenhando uma função
relevante na área da inclusão.

• Coral Vivendo o Canto

Foto 5. Coral ViVendo o Canto. Disponível em https://sembrainemufrn.wordpress.com/coral-vivendo-


o-canto/ (Acesso em 28.10.2020).
27

Formado por deficientes visuais e videntes, o grupo vocal Vivendo o Canto (Foto
5, p.26) é um coral que surgiu em 2016 como uma forma de ensinar técnica vocal aos
integrantes do Grupo Esperança Viva. O Vivendo o Canto tem como objetivos propiciar
o ensino do canto e da técnica vocal, além de desenvolver estratégias metodológicas para
facilitar o aprendizado de pessoas com deficiência visual. O grupo preocupa-se em
promover a difusão e fruição cultural buscando contribuir com a instituição no sentido de
ampliar e fortalecer as atividades relacionadas à área de inclusão social

• Orquestra de Violões da EMUFRN

Foto 6. Orquestra de Violões da EMUFRN. Disponível em


https://sembrainemufrn.wordpress.com/orquestra-braille-de-violoes-emufrn/ (Acesso em 28.10.2020)

O grupo surgiu em 2014 como uma das atividades desenvolvidas nos cursos de
violão destinados a pessoas com deficiência visual. A Orquestra de Violões (Foto 6, p.27)
fez sua estreia em 2017 no V Encontro Sobre o Ensino de Música para Pessoas com
Deficiência Visual e III Seminário de Música e Inclusão, realizados na Escola de Música.
Atualmente o grupo é formado por discentes, docentes, servidores técnico-
administrativos e pessoas da comunidade externa com ou sem deficiência visual. A
Orquestra busca ampliar o repertório para essa formação, propiciar o desenvolvimento
técnico-musical de seus integrantes, divulgar as ações inclusivas desenvolvidas na
EMUFRN, bem como reforçar a importância da realização de atividades voltadas para o
universo da inclusão social
28

4 A Banda Braille

Foto 7. Banda Braille. Disponível em https://sembrainemufrn.wordpress.com/banda-brailleemufrn/


(Acesso em 28.10.2020)

4.1 A história da banda

A Banda Braille (Foto 7, p.28) foi criada no ano de 2014 e sua origem está
relacionada às aulas de violão oferecidas pela Escola de Música para pessoas com
deficiência visual. O grupo, que era composto por docentes, servidores técnico-
administrativos, alunos do curso de licenciatura e pessoas da comunidade externa, fez sua
estreia dentro da programação cultural do III Encontro sobre Ensino de Música para
Pessoas com Deficiência Visual e I Seminário de Música e Inclusão. O evento foi
promovido pela EMUFRN em parceria com a CAENE e a Banda realizou sua
apresentação no dia 10 de dezembro de 2015.
Atualmente a Banda Braille integra o Programa Esperança Viva da EMUFRN, e
tem como coordenadores os professores Catarina Shin (coordenação geral), Ticiano
Damore (coordenação musical), e Elizabeth Kanzaki (coordenação administrativa).
O grupo desempenha um importante papel na área da inclusão social, uma vez que
integra videntes e deficientes visuais em uma prática que, rompendo as barreiras da escola
vem conquistando plateias e se destacando como grupo artístico da UFRN.

4.2 Os objetivos do grupo


Sendo um grupo que trabalha a inclusão como um de seus maiores objetivos, a
Banda contribui de forma efetiva para a política de inclusão da própria UFRN.
Outros objetivos da Banda Braille são:
Desenvolver musicalmente os membros do grupo;
Realizar apresentações musicais no âmbito da UFRN ou externos.
Promover a prática de conjunto musical para os alunos
licenciandos e bacharelandos em música em um contexto inclusivo.
Realizar apresentações musicais em eventos diversos da UFRN ou
da comunidade externa.
29

Desmistificar preconceitos e estereótipos com relação ao fazer


musical das pessoas com deficiência;
Apresentar a comunidade um trabalho musical consistente e com
um repertório variado;
Divulgar a música de banda baile e o trabalho promovido pela
UFRN na área da inclusão e acessibilidade, contribuindo com o
fortalecimento das políticas de inclusão, sempre presente nos
diversos documentos oficiais, resoluções e planos de gestão da
UFRN (Projeto Banda Braille. SIGAA/UFRN. Acesso em
28.10.2020).

4. 3 Os integrantes

É natural que ao final de determinado período os discentes concluam seus cursos


e deixem a instituição para ingressar em sua vida profissional. Essa natureza transitória
permite certa oxigenação aos grupos, que a cada ano renovam total ou parcialmente os
seus componentes. Como qualquer outro grupo musical da Escola de Música, a Banda
Braille também se caracteriza pela mobilidade de seus integrantes.
No ano de 2016 a Banda era coordenada pela servidora Elizabeth Sachi Kanzaki
Ribeiro com a colaboração dos docentes Catarina Shin Lima de Souza, Cláudia Roberta
de Oliveira Cunha, Danilo César Guanais de Oliveira e Ticiano Maciel Damore, e contava
com a participação dos instrumentistas Sidney Soares Trindade no contrabaixo, Sebastião
Francisco de Lima na bateria, Josenildo Trindade na guitarra, Carlos Júnior no teclado,
Marília e Francisco de Assis Theodoro Dalvino (Chiquinho) nos vocais, José Ivanaldo da
Silva na sanfona e Gessé José de Araújo no violão.
No ano seguinte (2017) o grupo permanecia sob a coordenação da servidora
Elizabeth Kanzaki com a colaboração dos professores Eugênio Lima de Souza, Ticiano
Damore, Catarina Shin e Cláudia Roberta, e estava estruturado da seguinte forma:
Sebastiao Lima na bateria, Magna Luana Sousa Farias e Chiquinho de Assis nos vocais,
José Ivanaldo na sanfona, Sidney Trindade no teclado, Allyson Alexandre Freire na
guitarra e Monica Michelly no contrabaixo.
A formação do grupo em 2019 era Francisco de Assis (Chiquinho) e Magna Luana
nos vocais, José Silva na guitarra, Erick Firmino Rodrigo de Souza no contrabaixo,
Hyram Henrique Cruz de Castro na bateria e Sidney Trindade no teclado. Nessa
temporada a Banda Braille era coordenada pelo professor Eugênio Lima de Souza com a
colaboração dos professores Catarina Shin e Ticiano Damore e dos técnicos
administrativos Elizabeth Kanzaki e David Barbalho Pereira.
30

Atualmente a Banda Braille é composta por Catarina Shin e Ticiano Damore,


docentes coordenadores do grupo; Elisabeth Kanzaki e Agamenon de Morais, servidores
responsáveis pelo apoio logístico e administrativo; além dos instrumentistas Sidney
Trindade (teclados), Erick Firmino (contrabaixo), José Silva (guitarra), Hyram Henrique
(bateria), Magna Luana (cantora) todos discentes, e Chiquinho de Assis (cantor)
integrante da comunidade externa.

4.4 O repertório e as atividades desenvolvidas

Buscando agradar seu público, o grupo apresenta um vasto repertório onde se


destacam os trabalhos de grandes compositores da MPB, e uma coletânea de músicas
características das bandas de baile, música festiva que convida a dançar, e que remete
também a uma outra geração, trazendo consigo elementos que, de alguma forma, se
relacionam com memorias afetivas musicais, da banda e do público.
A Banda Braille, pleiteando difundir seu trabalho tanto na Universidade quanto
em locais externos, se apresenta em diversos eventos promovidos pela instituição, bem
como atende aos convites para eventos externos. Algumas dessas apresentações foram
realizadas dentro da programação da CIENTEC – Feira de Ciência e Tecnologia da
UFRN, Jornada de Diálogos sobre acessibilidade e inclusão (IFRN Santa Cruz),
Encontros sobre Ensino de Música para Pessoas com Deficiência Visual, Semanas da
Música EMUFRN, eventos da PROGESP e Centro de Educação/UFRN, eventos das
Secretarias Municipal e Estadual de Educação, entre outras.

5 O relato de uma experiência

5.1 Minha história na música e na EMUFRN

Cada um de nós constrói a sua história, que é carregada de sentimentos como


alegria e tristeza, de descobertas, conquistas, perdas e vivências. Sejam esses momentos
bons ou ruins, eles fazem parte do passado, também estão no presente, e ajudam a
construir o futuro.

Quando me recordo do começo da minha trajetória musical, me vem à cabeça o


ano de 1997 quando, por meio de um amigo, fico sabendo que a Escola de Música da
UFRN estava oferecendo vagas para o curso básico de teoria musical. Peguei mais
31

informações a respeito do curso e me candidatei a uma vaga. Lembro bem como foi a
entrevista, eu estava super nervoso. O professor fez algumas perguntas e logo em seguida
pediu para eu repetir a escala de Dó maior com ele me acompanhando ao piano. Dessa
forma se iniciou o meu caminho pela música e as minhas descobertas nesse universo
mágico.

Assim começou meu ingresso na UFRN, na turma de extensão do Curso Básico


de Teoria Musical do professor Cleobado de Oliveira Chianca. No semestre seguinte fiz
a entrevista para estudar percussão na turma da professora Germanna França da Cunha e
dessa maneira começaram os meus estudos musicais e a minha trajetória na música. No
ano de 1999 conclui o Curso Básico de percussão.

No ano de 2001 me afastei da Escola de Música, retornando apenas no ano de


2005. Fui aprovado no exame de seleção para ingressar no Curso Técnico de Música na
área de percussão e cheguei a cursar um ano e meio antes de, novamente, me afastar da
Escola e do ambiente acadêmico. Por essa época a banda de música brega que eu tocava,
chamada Belina Mamão, transferiu-se para São Paulo e fui acompanhando o grupo morar
naquela cidade, retornando a Natal no ano de 2010. Logo após meu retorno, a convite dos
professores Germanna Cunha e Ranilson Farias ingressei na Big Band Jerimum Jazz,
passando a integrar o naipe da percussão. No segundo semestre daquele mesmo ano fui
aprovado outra vez para fazer o Curso Técnico de música, concluindo o curso no ano de
2011. Esse também foi o ano que fiz o vestibular, vindo a ser aprovado para o curso de
Bacharelado em Música com habilitação em percussão. Essa foi uma experiencia
maravilhosa e foi um novo horizonte que se abriu à minha frente, um mergulho na música
de uma forma mais completa, mais profunda.

5.2 Outros novos horizontes

Já cursando o bacharelado tive a oportunidade de conhecer e me matricular em


algumas disciplinas da grade curricular da licenciatura, e isso me despertou para o lado
da educação musical. Os contacto que tive com os teóricos da educação me influenciaram
a fazer o ENEM para tentar uma vaga no curso de Licenciatura em Música.

No ano de 2011 fui aprovado na seleção e comecei a estudar. Já no primeiro ano


de curso, eu fiquei sabendo que a Universidade iria ofertar uma pós-graduação. Era uma
especialização em música em seus múltiplos contextos. Fiz o teste de seleção e fui
32

aprovado começando os estudos em paralelo ao meu curso de licenciatura. Foi em um


dos módulos dessa especialização que pude conhecer melhor e ter contacto com educação
inclusiva, e políticas de acessibilidade no ambiente escolar.

Por essa época eu já tinha conhecimento do Grupo Esperança Viva, que é um


grupo que trabalha a inclusão musical, embora não tivesse muita informação sobre suas
atividades. Foi a partir de uma aula da professora Catarina Shin, onde ela apresentou o
projeto e explicou os seus objetivos, que pude conhecer melhor o grupo e como era seu
funcionamento. Fiquei bastante interessado pelo tema da inclusão musical e foi durante a
Semana da Música daquele ano que tive o meu primeiro contato real com esse universo
inclusivo, uma maravilhosa experiencia com o Grupo Esperança Viva.

Eu estava assistindo aos concertos que ocorriam nesse período da Semana da


Música, e o grupo de flautas do Esperança Viva, que faria uma participação, se encontrava
sem percussionista para acompanhá-lo na apresentação. Na ocasião, um amigo da
licenciatura que também fazia parte do grupo de flautas me convidou para acompanhá-
los tocando percussão. Foi uma experiencia maravilhosa tocar, dividir o palco com eles,
conhecer os integrantes do grupo e ter contato com músicos que também faziam parte de
outro grupo musical inclusivo que eu pouco conhecia, mas com o qual eu viria
rapidamente a me identificar.

5.3 Minha entrada na Banda Braille: experiências e desafios

Depois dessa apresentação com o Esperança Viva, o tecladista Sidney Trindade


juntamente com o professor Ticiano Damore, então diretor musical do grupo, me
convidaram a ingressar na Banda Braille, grupo composto por músicos videntes e
músicos deficientes visuais, que desempenha um papel de destaque em relação às
políticas de inclusão social desenvolvidas pela Escola de Música.

Minha experiência com a música inclusiva começou de fato com os ensaios e o


convívio com os demais integrantes da Banda Braille, e esses ensaios começaram na
segunda metade de 2018. Eu já havia tido contato com alunos deficientes visuais na minha
turma de licenciatura, que tem um estudante que é deficiente visual. Também fui aluno
de um professor deficiente visual, o primeiro professor de música deficiente do brasil.
Essa experiencia ocorreu durante o estágio de docência obrigatória no primeiro semestre
de 2018. Assim começou minha caminhada na Banda Braille.
33

No primeiro momento fizemos uma reunião. Nos apresentamos e conversamos


sobre a banda e o caminho percorrido em sua trajetória. Apesar de conhecer alguns e até
mesmo já ter tocado ou realizado alguma atividade com alguns deles, nuca havia feito um
trabalho com horas de ensaio, repertorio definido, arranjos e outros elementos inerentes
a um grupo musical. Foi uma alegria imensa conhecer os integrantes da banda. Foi um
universo de descobertas, não só no que se refere a música, mas também ao aspecto
humano, no que diz respeito às políticas de integração e de valorização de toda e qualquer
forma de inclusão da pessoa com deficiência.

A primeira experiência com os integrantes da banda, mais precisamente com os


que são deficientes visuais, foi de certa forma peculiar. Eu, a exemplo da grande maioria
da população, tive receio de não saber tratar o deficiente de forma correta, de não o
conduzir de modo adequado. Compreendia que apesar de terem grande autonomia, há
momentos que se faz necessário auxiliar em alguma situação. Esse foi um dos espectros
bem desafiadores para mim como individuo participante do grupo: perceber essas
situações e estar sempre que possível a disposição de algum integrante da banda, para
auxiliá-lo no que fosse necessário.

Tenho a convicção que durante esse processo de convivência com os componentes


da Banda Braille, meu olhar em relação a alguns aspectos complementares do fazer
musical mudou profundamente. Digo isso por simples momentos vividos como músico
nesse ambiente de pessoas videntes e deficientes. Atitudes básicas como a preocupação
com a localização espacial no palco, ter sempre o cuidado de não deixar nada que venha
a prejudicar a locomoção e a performance dos músicos, auxiliar na montagem e
desmontagem do equipamento da banda, estar sempre de olho se estão necessitando de
algo, manter-me sempre ligado e perceptivo ao que se desenvolve no momento da
apresentação. Esses são alguns dos grandes desafios, bem como ficar sempre atento e ter
a preocupação de saber todos estão prontos, preparados para a contagem inicial música.

Antes de entrar na banda eu, como baterista, fazia normalmente a contagem sem
ter uma preocupação excessiva com o resto da banda. Fazia um compasso de contagem e
todos já se mantinham atentos e sempre no campo de visão um do outro. No trabalho com
a Banda Braille, entretanto, essa prática de anos precisava ser repensada. Esse aspecto
relacionado ao fazer musical foi sem dúvida um dos grandes desafios para mim enquanto
profissional da música. A necessidade de desenvolver a empatia e de pensar o próximo
34

com certeza me fez desenvolver uma nova percepção em vários aspectos e certamente
continuará contribuindo para que a minha trajetória musical se dê de forma contínua e
sempre aberta para agregar novos conceitos e para enxergar a diversidade sob um novo
prisma.

5.4 Os ensaios e apresentações

Uma das principais etapas no processo da aprendizagem é o treinamento. De


acordo com o pesquisador Sérgio Luiz Ferreira de Figueiredo (1990) “o treinamento deve
ser uma ferramenta no desenvolvimento de habilidades e deve objetivar a realização
musical como um todo”, ainda sobre o tema ele complementa:

O treinamento deve habilitar o indivíduo no sentido de facilitar a


realização de determinada tarefa a ponto de promover urna visão
crítica no contexto geral da realização musical. Esta visão critica só
pode ocorrer quando houver autonomia. Tal autonomia deriva da
compreensão que confirma a aprendizagem (FIGUEIREDO, 1990)

O fazer musical de um grupo pode ser compreendido como um espaço de


produção coletiva, onde “cada participante se compromete com o outro e com o resultado
final” (HIKIJI, 2006, apud CUNHA, 2013), e a aprendizagem necessária a esse fazer
musical coletivo carece de treinamento objetivo para ser adquirida. Um dos principais
espaços para realização desse treinamento é o ensaio. É lá onde o grupo concebe o seu
conhecimento musical. O bom planejamento do ensaio pode influir positivamente para a
aprendizagem dos envolvidos, e a organização dos diversos pontos do processo são
fundamentais para que o grupo tenha um bom desempenho nas suas atividades.

Um dos pontos básicos para a organização é o estabelecimento de uma agenda


fixa de ensaios. Os ensaios da Banda Braille ocorrem sempre na sexta feira no estúdio da
Escola de Música da UFRN, tendo início às 8:00 horas e término às 10:00 horas. Os
ensaios podem ocorrem em dois formatos e o que vai determinar isso são as atividades
desenvolvidas durante a semana. Caso a banda tenha realizado alguma apresentação, o
próximo ensaio iniciará com uma análise da apresentação anterior, onde serão observados
alguns elementos como a aceitação do repertorio, como foi a execução das músicas, quais
as que deram certo e que tiveram uma aceitação favorável pelo público. Essa avaliação
sistemática compõe um momento reflexivo planejado para desenvolver nos alunos o
poder de observação e o senso crítico. Após cada evento o professor Ticiano Damore,
35

diretor musical do grupo, faz a análise da apresentação e põe em discussão no ensaio


subsequente para que a própria banda perceba e decida sobre o que pode, ou deve ser
mudado nas performances, o que pode permanecer e o que deve mudar no repertorio.

Nos ensaios que acontecem em dias normais, ou seja, aqueles que não sucedem
uma apresentação, podemos observar outra dinâmica. A prática em conjunto adquire um
caráter mais pedagógico. Longe de ser apenas um momento de repetição mecânica das
músicas, é uma oportunidade de aprendizado onde o aluno é levado a refletir sobre o que
está aprendendo e estimulado a encontrar soluções para os seus erros. São nesses
momentos que acontecem a escolha e montagem do repertorio, a passagem das músicas,
os ajustes nas partes harmônica e melódica, enfim, é o momento de trabalhar todos os
aspectos e deixar tudo bem definido, como o formato da música, os arranjos, o discurso
dos cantores. Nesses ensaios também são experimentadas novas músicas que porventura
possam ser incorporadas ao repertorio da banda. Após esses momentos, quando todos já
conhecem a música e o arranjo que foi definido, é preciso inseri-la no repertorio, analisar
em qual sequência vai ser colocada. Para isso, alguns fatores como a tonalidade, o ritmo,
e o estilo musical são observados.

Para os integrantes deficientes visuais algumas estratégias foram pensadas para


facilitar o aprendizado como, por exemplo, a transcrição do material de estudo para o
Braille quando necessário, e a gravação das músicas em mp3 para a distribuição entre os
integrantes do grupo. Por vezes eles pegam as músicas de ouvido, fazendo estudos em
separado para facilitar o aprendizado das músicas. Também fazem uso do KM Play,
software que permite selecionar e repetir cada trecho musical sem a necessidade de ficar
voltando e parando para ouvir de novo a parte estudada. Tal ferramenta é muito boa no
processo de aprendizagem funcionando da seguinte forma: em uma música onde queira
aprender determinada parte, o instrumentista aciona no teclado do computador a tecla F5
no começo do trecho musical desejado e F6 na parte final. Feito isso, o programa fica
repetindo apenas os compassos selecionados permitindo que o músico consiga trabalhar
de forma bem mais prática. Uma vez que estamos falando de pessoas que necessitam de
elementos que venham a facilitar toda e qualquer forma de aprendizado, esse programa é
uma valiosa ferramenta. Eles também se utilizam de outras tecnologias para desenvolver
melhor o trabalho. Esse auxílio também é feito por meio de Whatsapp e de um aplicativo
específico para pessoas com deficiência visual, um leitor de telas chamado Talk Back.
36

Outros aspectos organizacionais de grande importância e que também são


planejados nos ensaios são a agenda da banda com a logística das apresentações e a
planificação de todo o suporte técnico necessário para a banda fazer suas performances.
É nesse momento que tudo deve ser checado, desde a organização dos cabos, tudo é
discutido no ensaio e organizado como um sistema operacional para melhor
funcionamento dos trabalhos da banda

A exemplo de outros grupos musicais, a Banda Braille ensaia com a finalidade de


realizar bem as suas apresentações, e são essas performances que dão destaque ao nome
da banda não só pela qualidade artística, mas também pela postura da banda, sempre
muito profissional. Realizar apresentações com um grupo musical de videntes e
deficientes visuais é, de certa forma, um pouco diferente do normal. Os cuidados
começam bem antes do dia do show. Um monitor está sempre responsável para fazer a
verificação das condições de palco, como por exemplo mapear e organizar o espaço de
palco e repassar as informações para os integrantes. Geralmente, como estratégia, cria-se
um raio de movimentação para o cantor e o guitarrista, os outros integrantes ficam mais
fixos, e o tecladista praticamente não se movimenta. O cantor sempre pede para marcar
uma referência no chão, assim ele terá a noção de movimentação sem esbarrar em nada e
então, são marcadas a medida de dois a três passos para os lados e para trás. Uma coisa
que aprendi com eles é que não se pode abusar do espaço, no sentido de não se poder sair
andando para todos os lados, embora o cantor tenha essa característica de querer sair
andando no palco interagindo com a plateia.

Em todos os momentos da prática instrumental o grupo conta com a presença do


diretor musical, no caso, o professor Ticiano Damore, que exerce um papel fundamental
de facilitador de todo o processo de aprendizado. Possuindo uma atuação marcante no
sentido de motivar os alunos, compartilhar experiências, e incentivar a troca de saberes,
o professor coordena ensaios contagiantes e muitas vezes divertidos, tendo criado junto
com os demais componentes, um momento de descontração durante os encontros, que foi
batizado de “banho livre”. Esse termo nomeia um momento em que se pode tocar
livremente, sem que a música esteja na relação de músicas do grupo. É nesse intervalo
que muitas vezes surgem peças interessantes para compor o repertorio. No “banho livre”
aparece de tudo: música antiga, música nova, músicas com um forte apelo emocional, que
trazem recordações.... É nesse clima de descontração que passamos os 15 minutos
estipulados para o “banho livre”.
37

No início, e devido a minha falta de experiência no trato com pessoas com


deficiência, me senti um pouco deslocado ao presenciar a forma como os demais
componentes da banda brincavam entre si, muitas vezes abordando as suas próprias
deficiências. Mas foi só uma questão de tempo para perceber que eram pessoas únicas e
que carregavam consigo uma grande força de vontade, de vencer e ultrapassar os seus
limites. O grupo, que é composto por estudantes de vários níveis que vão do curso técnico
ao mestrado, passando pela licenciatura e bacharelado, é um motivo muito grande de
orgulho para mim e sou grato pela oportunidade de conhecer pessoas incríveis.

A Banda Braille procura sempre levar alegria por meio de um trabalho que é
executado com muito carinho e respeito ao público e, acima de tudo, esse trabalho é de
alguma forma responsável por trazer à luz questões de cidadania, respeito ao próximo,
empatia entre as pessoas; e sempre com o objetivo de construir uma sociedade igualitária,
onde todos tenhamos os mesmos direitos e oportunidades.

5.5 O aprendizado

Cada um de nós é uma pessoa única, somos individualmente diferentes, e esta é a


beleza da vida: a capacidade que temos de adaptação em meio a vicissitudes que possam
se apresentar, em meio a discordâncias causadas por inúmeros fatores. Estamos sempre
procurando maneiras e estratégias de supera as diversidades.
A vivência com a Banda Braille me fez aprofundar meus conhecimentos em
relação a essa problemática. Eu era, como boa parte da população, meio indiferente, não
tinha muito conhecimento sobre o assunto, não tinha um olhar mais crítico, não tinha a
percepção de que não podemos deixar de lado, fechar os olhos e fazer de conta que esses
problemas não existem.

Os momentos com a banda, as conversas, histórias contadas e vividas pelos


integrantes ajudaram muito a compor o meu atual pensamento enquanto cidadão,
ampliando meus conhecimentos em relação ao tema inclusão. As inúmeras apresentações
em diversos ambientes, os congressos e encontros voltados para políticas de
acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência, tiveram papel preponderante na
construção desse pensamento.

Assisti a muitas palestras, muitos depoimentos; conversei com muitas pessoas


portadoras de algum tipo de deficiência. Nesses momentos eu pude perceber a
38

importância de se ter referências, o exemplo de pais, alunos, professores e pessoas


comuns, e pude ver nos olhos das pessoas a alegria de se sentir parte de um todo, de se
sentir inseridas na sociedade. As pessoas com deficiência têm muito a ensinar a esta
sociedade. Por mais que se fale e trabalhe as políticas de inclusão, por mais que as
informações estejam sempre disponíveis, sempre encontramos pessoas que não querem
ouvir, que são desprovidas de empatia, não se colocam no lugar do próximo, e nunca
prestam atenção nas pessoas que de alguma forma são excluídas.

Para mim é de grande importância fazer parte da Banda Braille, não apenas em
termos artísticos e musicais, mas, sobretudo, no que se diz respeito à minha existência,
meus conceitos e postura diante das dificuldades apresentadas pela vida. Esse é um legado
que vou carregar durante toda minha caminhada. Não obstante as pessoas tenham a
tendência de tratar indivíduos com deficiência como coitadinhos, não obstante nossa
sociedade ainda classifique pessoas como inválidas, incapazes, excepcionais e até mesmo
anormais, nada disso encontrei na Banda Braille. No grupo, encontrei pessoas
maravilhosas, pessoas fortes, aguerridas, que nos estimulam e nos encorajam com os seus
exemplos de superação. Com esse convívio, aprendi que nessa luta pela inclusão de
pessoas com deficiência, o importante é que todos estejamos juntos pelo reconhecimento
dos direitos de todos os cidadãos e pela quebra de paradigmas ainda encravados na
sociedade e que permanecem se perpetuando por meio dos costumes sociais.
39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dois anos já se passaram desde que eu ingressei na Banda Braille. Uma


experiencia que sem sombra de dúvidas me marcou como ser humano e, de certa forma,
mudou o meu entendimento em relação não apenas aos deficientes visuais, mas também
a outros tipos de deficiência. Promover, auxiliar e divulgar toda e qualquer política de
inclusão seja ela física, social ou intelectual, é importante e muito necessário para a
construção de uma sociedade desenvolvida onde tenhamos sempre pessoas na elaboração
de projetos e na concepção de ideias que venham a facilitar a criação e a implementação
de políticas de inclusão paras pessoas com deficiência. Nesse sentido, a Escola de Música
da UFRN destaca-se pelas ações que vem desenvolvendo.

Para discorrer sobre o surgimento da banda, investiguei os primeiros passos dados


pela instituição na área da inclusão social e acessibilidade, ainda na primeira década de
2000. Daquela época aos dias atuais foram-se muitos anos, e muito se realizou. A Escola
hoje destaca-se nacionalmente como um polo de desenvolvimento de ações voltadas para
pessoas com necessidades especiais. Esse trabalho, fruto da perseverança e determinação
da professora Catarina Shin Lima de Souza e sua equipe, é motivo de orgulho para toda
a comunidade da UFRN.

Nesse trabalho, além de discorrer sobre a minha experiencia nesse universo da


inclusão, busquei relatar como se dá a prática musical em um grupo composto por
videntes e deficientes visuais, evidenciando a metodologia de trabalho utilizada pela
Banda Braille em suas atividades. Ao final da observação foi possível concluir que a
prática realizada pelo grupo tem trazido resultados consideráveis para os seus
instrumentistas e para o grupo em si, e esses resultados refletem positivamente no
desempenho desses indivíduos tanto no âmbito musical quanto como pessoa.
Em relação aos aspectos musicais, esses resultados se manifestam por meio de
uma maior consciência musical e de seus elementos, tais como partituras, nomenclaturas,
conceitos e palavras, que são utilizados no ambiente musical. Tal conhecimento contribui
para elevar o nível musical da banda. Estamos em um constante processo de apreensão
de conhecimento, e na música não poderia ser diferente, esse aprendizado, estimula e
incentiva novos desafios para os integrantes da banda.
Alguns músicos da banda são alunos do curso técnico e da graduação e estão
sempre buscando evoluir. Essa evolução se dá também no âmbito pessoal. Essas
40

experiencias vividas em grupo ajudam a trabalhar elementos que são essenciais para a
formação de seus integrantes como autoconfiança, determinação, autoestima, e que, por
meio da inclusão, reafirmam a ideia de que o deficiente pode fazer o que ele quiser. Esse
sentimento vem transformando e empoderando essas pessoas, levando à quebra de
barreiras e, acima de tudo, desconstruindo o estereótipo de coitadinho, de incapaz.
Nos dias de hoje, a banda está se adaptando à nova realidade em que vivemos,
tendo que se reinventar enquanto banda. No momento realizamos nossas práticas sob a
forma de encontros virtuais. Para manter o grupo em atividade estamos gravando um
vídeo em formato de mosaico para apresentar como material produzido durante esse
período de incertezas em que nos encontramos.

Sempre caminhando junto com a música, seja em qual contexto for e sempre
procurando evoluir nesse caminho em construção. É nesse contexto de evolução que a
Banda Braille desponta com um elemento inovador no ambiente acadêmico, mas não
apenas isso, a banda também leva as suas discussões a todos os ambientes da sociedade.
Trabalhar com pessoas com alguma deficiência é ensinar à sociedade que todos somos
iguais, e cada um é o que é, e que essa premissa precisa ser respeitada.

Diante desse tema, o trabalho desenvolvido não só pela Banda Braille, mas por
todos os grupos que realizam atividades de inclusão se faz necessário nesse contexto,
trazendo as discussões, desenvolvendo estratégias, levando sugestões, ou seja abrindo
espaço na comunidade para que pessoas que muitas vezes estão à margem, sejam vista e
que possam ser inseridas no berço da sociedade.

Considero que as atividades desenvolvidas pela Banda Braille, têm uma


importância fundamental na construção de uma sociedade igualitária. Com a ajuda desse
trabalho a comunidade passa a ter mais conhecimento, e o conhecimento é a fonte de
tudo. É por meio dele que o mundo se transforma e evolui. Ter um olhar mais sensível e
mais aprofundado sobre as políticas de inclusão é fundamental para a construção de um
mundo mais harmonioso, onde as diferenças não venham a ser sinônimo de segregação.

E seguindo nessa minha trajetória posso concluir que o esforço desprendido por
todos que fazem parte desse maravilhoso projeto vale muito. Não obstante seja preciso
aprimorar, fazer adequações, corrigir o curso durante o trajeto, se adaptar às diversidades
encontradas e driblar os obstáculos que porventura venham a surgir, não é apenas
necessário, é fator imprescindível a manutenção de projetos de inclusão social como esse
41

da Banda Braille. Eles são base de cidadania para a formação de uma sociedade integrada
com todos os segmentos e representações sociais, promovem a socialização, o respeito
entre as pessoas e suas diferenças. E esses são alguns elementos que ajudam a formatar
um mundo melhor, por meio de valores como o amor, a fraternidade, a empatia, e
sobretudo por saber que esses preceitos morais e sociais são inalienáveis da humanidade.
42

REFERÊNCIAS

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1988.

FEIJÃO, Brenda Wanda Dias Chagas. Estímulos musicais para o desenvolvimento de


habilidades motoras em alunos com Síndrome de Down. Monografia (Graduação) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Natal, 2018.

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a prática coral numa perspectiva de educação musical. 1990. 144 f. Dissertação
(Mestrado) – Departamento de Música da UFRGS, Porto Alegre, RS.

FRANÇA, Antonio Arley Leitão. Bandas de Música e políticas públicas: um estudo


sobre práticas educativas nas bandas do Ceará. 2017. 128 f.: il. Dissertação
(Mestrado) – Curso de Música, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017.

FREIRE, Allyson Alexandre. Banda Braille EMUFRN: relato de experiência da


prática de conjunto com deficientes visuais. 2016. Monografia. Escola de Música da
UFRN, Natal, 2016.

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GERHARDT, Tatiana Angel, SILVEIRA, Denise Tolfo. (Organização) Métodos de


pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

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2010.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia


ientífica. 7. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2010.

MORAIS, Ana Cláudia Silva. Aprendizagem musical na Orquestra Sinfônica da


UFRN. 2015. 155f. Dissertação (Mestrado em Música) – Escola de Música da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015.

QUEIROZ, Luís Ricardo Silva. Ética na pesquisa em música: definições e implicações


na contemporaneidade. Per Musi, Belo Horizonte, n. 27, 2013, p. 7-18.

REIS, Linda G. Produção de monografia da teoria à prática: o método educar pela


pesquisa (MEP) / Linda G. Reis. – 5.ed. – Brasília: Senac-DF, 2015.

SILVA, Ítalo Soares da. Encontro sobre música e inclusão da UFRN: gênese, trajetória e
discussões. In: VII Encontro Sobre Música e Inclusão. 7.2019, Natal/RN. Anais.
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SOUZA, Catarina Shin Lima de. Música e inclusão: necessidades especiais ou


necessidades profissionais especiais? 2010. Dissertação. Escola de Música da
Universidade da Bahia, Salvador, 2010.
43

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi – 2. Ed.
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<https://sembrainemufrn.wordpress.com/coral-vivendo-o-canto/>. Acesso em: 28
outubro 2020

Encontro Sobre Música e Inclusão – EMI. [Site oficial]. Disponível em:


<https://emiufrn.wordpress.com/galeria/#jp-carousel-746>. Acesso em: 28 outubro 2020

Grupo Esperança Viva. [Site oficial]. Disponível em:


<https://sembrainemufrn.wordpress.com/grupo-esp.eranca-viva/>. Acesso em: 28
outubro 2020

Grupo Som Azul. [Site oficial]. Disponível em:


<https://sembrainemufrn.wordpress.com/grupo-som-azul/> Acesso em: 28 outubro 2020

Orquestra Braille de Violões. [Site oficial]. Disponível em:


<https://sembrainemufrn.wordpress.com/orquestra-braille-de-violoes-emufrn/>. Acesso
em 28 outubro 2020

Programa Esperança Viva – SIGAA/UFRN. Acesso em 28 outubro 2020

Projeto Banda Braille. [Site institucional SIGAA/UFRN]. Acesso em: 28 outubro 2020

Projeto Coral ViVendo o Canto – grupo vocal para pessoas com deficiência visual. [Site
institucional SIGAA/UFRN]. Acesso em: 28 outubro 2020

Projeto Curso de Flauta Doce para Pessoas com Deficiência Visual. [Site institucional
SIGAA/UFRN]. Acesso em: 28 outubro 2020

Projeto Flauta Doce para Pessoas com Deficiência Visual e Grupo Esperança Viva. [Site
institucional SIGAA/UFRN]. Acesso em: 28 outubro 2020

Projeto Grupo Esperança Viva 2020. [Site institucional SIGAA/UFRN]. Acesso em: 28
outubro 2020

Projeto Orquestra de Violões. [Site institucional SIGAA/UFRN]. Acesso em: 28 outubro


2020

Projeto Som Azul – Autismo 2020. [Site institucional SIGAA/UFRN]. Acesso em 28


outubro 2020

Sembrain. [Site oficial]. Disponível em:


<https://sembrainemufrn.wordpress.com>. Acesso em: 28 outubro 2020
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APENDICES
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APÊNDICE A

Termo de autorização do Coordenador do projeto Banda Braille - EMUFRN

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA

TERMO DE AUTORIZAÇÃO

Eu, Ticiano Maciel Damore, Coordenador do projeto Banda Braille, através do


presente termo, autorizo o graduando do curso de Licenciatura em Música da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Hyram Henrique Cruz de Castro
matrícula 20170074710, a realizar sua pesquisa coletando dados necessários por meio de
observações, imagens e gravações de áudios, assim como explicitar e utilizar o nome real
da Banda Braille em todo e qualquer material de natureza acadêmico-científica
(monografia, publicações, apresentações em eventos, congressos, aulas e palestras entre
outros).
Abdico, dessa forma, dos nossos direitos, sobre o uso desses nomes, como
também, salvo resguardo qualquer tipo de contestação que porventura venha ocorrer.
Assim subscrevo este documento.

Natal, _____ de ________________ de 2020.

______________________________________________
Ticiano Maciel Damore
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APÊNDICE B
Termo de autorização do Coordenado do projeto Banda Braille, para a utilização
de seu nome real

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA

TERMO DE AUTORIZAÇÃO

Eu, Ticiano Maciel Damore, Coordenador do projeto Banda Braille, através do


presente termo, autorizo o graduando do curso de Licenciatura em Música da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Hyram Henrique Cruz de Castro
matrícula 20170074710, a utilizar meu nome real, assim como dados necessários por
meio de observações, imagens e gravações de áudio em todo e qualquer material de
natureza acadêmico-científica (monografia, publicações, apresentações em eventos,
congressos, aulas e palestras entre outros).
Abdico, dessa forma, do direito sobre o uso de meu nome, como também, salvo
resguardo qualquer tipo de contestação que porventura venha ocorrer. Assim subscrevo
este documento.

Natal, _____ de ________________ de 2020.

______________________________________________
Ticiano Maciel Damore
47

APÊNDICE C
TCLE referente à entrevista dos músicos integrantes da Banda Braille.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


GRADUAÇÃO EM MÚSICA – LICENCIATURA

TERMO DE AUTORIZAÇÃO

Eu, _____________________________________________________, portador


(a) do CPF: ___________________, através do presente termo, autorizo o graduando do
curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte -
UFRN, Hyram Henrique Cruz de Castro, matrícula 20170074710, a utilizar o material
coletado nessa entrevista, assim como minha imagem através de fotografias e gravações
de áudio coletados em todo e qualquer material referente à sua pesquisa (monografia,
publicações, apresentações em eventos, congressos, aulas e palestras entre outros), desde
que seja de natureza acadêmico-científica e que esteja vinculado à sua pesquisa de
monografia.
Abdico, dessa forma, dos meus direitos e de meus descendentes sobre essas
imagens, como também, salvo resguardo qualquer tipo de contestação que porventura
venha ocorrer. Assim subscrevo este documento.

Natal, _____ de ________________ de 2020.

______________________________________________
Músico integrante da Banda Braille

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