Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar os possíveis efeitos da convivência de plantas de E.
grandis com diferentes densidades de plantas de B. decumbens. O delineamento experimental
adotado foi inteiramente casualisado, com quatro repetições; cada parcela constou de um vaso de 60
L de capacidade. As quantidades de plantas daninhas de braquiaria mantidas no vaso foram 0, 20,
40, 80 e 160 plantas m-2 juntamente com uma muda de eucalipto. Foram avaliadas ao final de oito
meses o incremento em altura e diâmetro e massa seca das plantas de eucalipto e braquiaria. Para
todos os parâmetros estudados a comunidade infestante influenciou o desenvolvimento das plantas
de E. grandis, sendo maior a redução do crescimento a medida em que se aumentou a densidade de
plantas de B. decumbens em convivência.
Abstract
This study aimed to evaluate the possible effects of coexistence of plants of E. grandis with different
densities of plants of B. decumbens. The experimental design was completely randomized design
with four replications, each plot consisted of a vessel of 60 L capacity. The quantities of weed
braquiaria maintained in the vessel were 0, 20, 40, 80 and 160 plants m-2 along with a change of
eucalyptus. Were evaluated at the end of eight months the increase in height and diameter and dry
weight of eucalyptus trees and grass. For all parameters studied the weed community influenced the
development of plants of E. grandis, a greater reduction in growth as it increased the density of plants
of B. decumbens in coexistence.
Introdução
As florestas plantadas com a cultura do eucalipto e pinus ocupam atualmente uma área em
torno de 6,1 milhões de hectares no Brasil (ABRAF, 2009), pois a implantação de maciços florestais
de rápido crescimento constitui-se na alternativa mais viável, pois promove oferta de madeira para
atender a demanda do mercado brasileiro e mundial e protege as reservas naturais.
As culturas florestais, como qualquer população natural, estão sujeitas a uma série de fatores
ecológicos que, direta ou indiretamente, podem afetar o crescimento de árvores e consequentemente
a produção de madeira, carvão e celulose. Na implantação de uma área de E. grandis no Brasil, a
atividade mais onerosa no primeiro ano é o controle de plantas daninhas, de acordo com estudo
realizado por Toledo et al. (1996).
A intensidade de competição por fatores ambientais como água, nutrientes e luz podem
limitar o crescimento das plantas, e depende diretamente da densidade populacional do eucalipto e
da comunidade infestante de plantas daninhas (Silva, 1993). Em estudo realizado por Silva et al.
(2004) a convivência da espécie B. brizantha com E. citriodora ou E. grandis reduziu o acúmulo de
biomassa seca do eucalipto, este fato pode ser explicado pela presença das plantas daninhas nas
áreas cultivadas reduz a produtividade, tanto pela competição direta pelos fatores de produção,
quanto pela interferência sobre as plantas cultivadas, como ocorre no caso da alelopatia.
Em grande parte das áreas florestais, as populações das plantas invasoras atingem elevadas
densidades populacionais e passam a condicionar fatores que são negativos ao crescimento e
produtividade das árvores e à operacionalização do sistema produtivo (Marchi, 1995).
O presente estudo teve por objetivo avaliar os possíveis efeitos da competição de diferentes
densidades de plantas de B. decumbens sobre o crescimento e desenvolvimento de plantas de E.
grandis.
2845
XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas
19 a 23 de julho de 2010 - Centro de Convenções - Ribeirão Preto – SP
Material e Métodos
Resultados e Discussão
2846
XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas
19 a 23 de julho de 2010 - Centro de Convenções - Ribeirão Preto – SP
120
Incremento de altura de E. grandis (cm)
100
ŷ= 0,0359x2 ‐ 3,0146x + 92,422 R² = 0,95
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Conforme verificado nos resultados de altura, não houve diferenças entre os incrementos em
diâmetro das plantas de E. grandis em convivência com B. decumbens nas densidades de 20 e 40
plantas m-2, sendo 40% menor que o incremento das plantas sem convivência com plantas daninhas.
A redução do incremento em plantas mantidas em convivência com 80 e 160 plantas m-2 foi
de 63,2 e 77%, respectivamente.
De acordo com estudos realizados por Zen (1987) o diâmetro de plantas de E. grandis foi
reduzido em 38 e 35,7% em convivência com sapé (Imperata brasiliensi) e samambaia (Pteridium
aquilinum), respectivamente, aos 28 meses após plantio das mudas de eucalipto. Corroborando
estes resultados, Remor et al. (2008) verificou redução de 51% do diâmetro das plantas de eucalipto
em convivência com plantas daninhas, 12 meses após o transplantio das mudas e Bezutte et
al.(1995) também observaram que a partir de 4 plantas por m-2 o capim-braquiaria interfere
significativamente no crescimento inicial de mudas de eucalipto, reduzindo em média 28% o diâmetro
do caule e 18% na altura das plantas, 190 dias após o transplantio.
Na Figura 3 observa-se a curvas de massa seca de plantas de E. grandis e B. decumbens,
submetidas a diferentes densidades de convivência com a mesma. As reduções de massa seca nas
plantas de eucalipto foram significativas, sendo de 29% quando em convivência com 20 plantas de
capim-braquiaria m-2, e de até 77% com 160 plantas m-2.
Neste tratamento a diferença média da altura em comparação com a testemunha, livre de
plantas daninhas, foi de 84 cm. Quando compara-se o acúmulo de massa seca das plantas de
eucalipto com das plantas de capim-braquiaria, verifica-se que a partir da densidade de 20 plantas m-
2
, a massa das mesmas ultrapassa a das plantas de eucalipto. Pode-se também inferir que a
competição interespecífica da espécie B. decumbens não reduziu a massa seca das mesmas, até a
densidade de 160 plantas m-2, demonstrando o alto poder competitivo desta espécie.
2847
XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas
19 a 23 de julho de 2010 - Centro de Convenções - Ribeirão Preto – SP
14
Incremento de diâmetro de E. grandis
12
ŷ = 0,0048x2 ‐ 0,3994x + 10,744 R² = 0,92
10
(mm) 8
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
350
ŷ = ‐0,0077x2 + 3,1781x ‐ 0,8123 R² = 0,99
300
Massa seca de plantas (g)
250
200
150
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Densidade de plantas de B. decumbens (m ‐2 )
E. grandis B. decumbens
2848
XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas
19 a 23 de julho de 2010 - Centro de Convenções - Ribeirão Preto – SP
Literatura Citada
BEZUTTE, A.J., TOLEDO, R.E.B, PITELLI, R.A., ALVES, P.L.C.A. "Efeito da densidade de plantas
de Brachiaria decumbens sobre o crescimento inicial de Eucalyptus grandis".In: Congresso Brasileiro
da Ciência das Plantas Daninhas, Resumos... Florianópolis: 1995. p.272-273.
MARCHI, S. R.; PITELLI, R. A.; BEZUTTE, A. J.; CORRADINE, L.; ALVARENGA, S. F. Efeito de
períodos de convivência e de controle das plantas daninhas na cultura de Eucalyptus grandis.
Anais...In:1º Seminário sobre Cultivo Mínimo do Solo em Florestas. p. 122-133. 2002.
PEREIRA, A.R.; MACHADO, E.C. (1987). Análise Quantitativa do Crescimento de Comunidades
Vegetais. Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Boletim Técnico. n.114. 33 p.
PITELLI, RA.; RODRIGUES, J.J.V.; KARAM, D.; COELHO, J.P.; ZANUNCIO,I. & ZANUNCIO, C.C..
Efeitos de períodos de convivência e controle das plantas daninhas na cultura do eucalipto.
Anais...In: Seminário Técnico sobre Plantas Daninhas e Herbicidas em Reflorestamento, 1°, Rio de
Janeiro, 1988. Anais, p.11 0-124.
REMOR, M. B.; TAROUCO, C. P.; OLIVEIRA, C.; SANTOS, L. S.; LEMOS, F. D.; AGOSTINETTO,
D.; RAMIRO, G. A. Períodos de competição das plantas daninhas na cultura do eucalipto em função
de épocas de avaliação. Anais...In: XVII Congresso de Iniciação Científica e X Encontro de Pós-
Graduação, Pelotas, 2008.
TOLEDO, R.E.B. de. Faixas e períodos de controle de plantas daninhas e seus refl exos no
crescimento de eucalipto. 2002. 130p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Piracicaba.
ZEN, S.. Influência da mato competição em plantas de Eucalyptus grandis. In: Seminario sobre
Herbicidas em Reflorestamento, Piracicaba, 1986. IPEF, Série Técnica. v.4, n.12, p.25-35, 1987.
SILVA, W.; SEDIYAMA, T.; SILVA, A. A.; CARDOSO, A. A. Índice de consumo e eficiência do uso da
água em eucalipto, submetido a diferentes teores de água em convivência com braquiária. Revista
Floresta, v. 34, n. 3, p. 325-335, Curitiba, 2004.
SILVA, C. R.; GONÇALVES, J. L. M.; FOLEGATTI, B. S.; STAPE, J. L.; GAVA, J. L. Infestação de
plantas invasoras em povoamentos de eucalipto estabelecidos nos sistemas de cultivo mínimo e
intensivo no solo. Anais...In: Conferência Iufro sobre Sivicultura e Melhoramento de Eucaliptos,
Salvador, 1997, p. 234-241.
2849