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ANTI-ESTADISMO NO BRASIL
Introdução
2013 foi um ano marcante para a democracia contemporânea brasileira. Em junho deste
ano milhões de brasileiros ocuparam ruas e praças em protesto ao aumento no preço do
transporte público; à realização da Copa do Mundo FIFA de Futebol – que aconteceria no ano
seguinte; aos escândalos de corrupção na realização do megaevento esportivo e em outros
setores; entre diversas outras pautas e demandas sociais, como educação, saúde e segurança.
Um elemento que uniu muitos movimentos sociais naquelas manifestações, que ficaram
conhecidas como as “jornadas de junho”, foi um sentimento de oposição à autoridade do
Estado. Em 2015, novas demonstrações tomaram corpo em diversas cidades do país. Nesse
contexto, pode-se dizer que a pauta central foi a reeleição da presidenta Dilma Rousseff,
questionada por movimentos sociais de direita. Novamente foi possível identificar discursos
anti-estadistas. Essa pesquisa busca explorar esses discursos, suas fundamentações
ideológicas e como se tornaram base para a mobilização política na democracia
contemporânea brasileira.
Objetivos
Desenvolver uma genealogia do recente anti-estadismo brasileiro, expresso de formas
diferentes tanto nos protestos contra a copa do mundo FIFA em 2013 quanto nos protestos
anti-PT em 2015, ambos paradoxalmente um produto e uma contestação de uma sociedade
“governamentalizada” (Foucault, 2007) configurada por burocracias e segurança, e um regime
de redistribuição de renda com inclinação de esquerda navegando em forças contraditórias
como o boom de commodities e a neoliberalização do capitalismo global; (2) articular
sistematicamente as diferenças e similaridades entre anti-estadismo na esquerda e na direita;
(3) rastrear movimentos e ideologias anti-estadistas recentes no Brasil a uma historia
intelectual mais geral do anarquismo e do libertarianismo; (4) analisar o significado de redes
políticas e de financiamento que conectam movimentos e ideologias anti-estadistas no Brasil a
defensores e ativistas anti-estadistas (a) nos Estados Unidos e (b) na Argentina.
Metodologia
Era para ser um aumento “regular” no preço das passagens, “devido à inflação”, mas
diversos movimentos sociais ocuparam as ruas, não só pelo aumento de R$0,20 centavos, pela
crise de representatividade da democracia brasileira. Em várias cidades, o preço das passagens
voltou ao preço anterior, com um sentido simbólico para a organização política autônoma e
para as transformações que são demandadas. O transporte público nas grandes cidades é
reconhecido por sua qualidade, preços abusivos, esquemas de corrupção, oligopólios, políticas
de concessão ou “parcerias público-privadas”. Chama atenção o fato de que estas empresas
financiam campanhas eleitorais de governadores, prefeitos e vereadores, revelando
contradições fundamentais da e para a democracia brasileira. O aumento no preço por si não
pode explicar a decisão de milhões de pessoas de ocupar ruas e praças. Outras demandas co-
protagonizaram as manifestações de 2013.
O Movimento Passe Livre (MPL) foi um importante ator nesses processo,
especialmente na cidade de São Paulo, onde vem pautando o debate na direção da
Instituto de Relações Internacionais
Conclusões
A pesquisa ainda está em andamento e algumas das propostas são, demonstrar não só as
diferenças mas também as similaridades entre os discursos anti-estadistas da esquerda e da
direita; a relação desses discursos com correntes transnacionais; as características próprias,
históricas e contemporâneas do anti-estadismo no Brasil.
Referências
BAKUNIN, Mikhail. Stadism and Anarchy. New York, Cambridge University Press, 1990.
GORDON, David. The Essential Rothbard. Auburn, Ludwig von Mises Institute, 2007.