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32 REVISTA UN ICA ·12/02/20 11


TERRA
DEMOG RAFIA

• • •
o Homem,
um caso
de sucesso
Já est ivemos à beira da exti nção,
fomos dizim ados por gu erras,
fomes, epidemias e catást rofes
naturais, mas triunfámos: em breve
seremos 7000 m iLhões . E agora ?
TEXTOS DE VIRCiLI O AZE VEDO
ILU STRAÇOES DE FILIPE COELH O I ORM AKETE
INFOGR AFIAS DE ANA SERRA

- - - arre de Tóq uio, 10 de de- melhor - de uma Terra superpovoada no


zembro de 2010, 21 horas. fut uro, num momento em que rodas as es ti-
O elevador abre as pon as mativas apon tam pa ra que, algures e ntre o
no último andar e sigo rapi- final deste ano e o pr in cípio de 2012. a popu-
damente co m os visitantes lação do pla neta atinja os sete mil milhões
para as janelas panorámi- de habi tan tes.
cas da rival laranja c branca Façamos as contas. O Japão tem uma
da Torre Eiffel. O céu está área de 378 mil km2 , a noresta espalha-se
limpo, o tempo está frio e seco, e a vista é pelas zonas montanhosas e ocupa 80% do ter-
desl umbrante. A maior cidade do mundo ritório. No que sobra, que corresponde ape-
não tem fim. Olho em todas as direções, para nas a 3/4 da área de Portugal, tem de caber
a zona do Palácio Im perial, para as pontes tudo: 127 milhões de pessoas, cidades, habita-
sobre o rio Sumida , para Ginza. Shinjuku, Ue- ções, in fraestru turas, fábricas , wrres de es-
no, Asakusa, Yanaka, Akasaka, Haraj uku, critórios, terrenos agrícol as. Ou seja, todos
Shibuya, Aoyama ... e o mar de luzes e néons os espaços têm de ser aproveitados até ao
onde vivem e t rabalham 36 mil hões japone- último metro Quadrado. e a conquista de ter-
ses estende-se até à linha do horizonte. De ras ao mar surge, com frequência , como a
dia, a estranha visão de uma área metropoli- única solução. É o que se pode ver em qual-
ta na que não acaba é a mesma, do alto da quer foto de satélite no recorte geométrico,
org ulhosa torre de 332,5 metros. q uadrangular , de toda a baía de Tóq uio.
Em Tóquio cabe o dobro da população de
Portugal mais a população da Hola nda , os ExpLosão demogrãfica na Ásia. Este é, cada
pri meiros paises europeus a chegarem ao Ja- vez mais, o cená rio de muitos paises da Ásia,
pão, há quase cinco séculos . É uma megaci- continente onde já se concentra mais de 60%
dade onde se concentram quase 30% dos ja- da população mundial. Só que, à exceção da
poneses e sim boliza, ta l como o próprio Ja- Coreia do Su l, Taiwan e Singapura , a capaci-
pão, um dos cená rios posslveis - talvez o dade de organização, a eficiência no uso do

33
DEMOGRAFI A

100 mil m ilhões de p",o",


viveram até hoje na Terra. segundo vêirias estimativas

território e a minim ização dos impactos am -


bientais estão longe de atingir os níveis do
Japão. Além disso, a população deste país,
que rem uma das maiores esperanças de vida
da Terra (superior a 80 anos), está a envelhe-
cer e a diminui r, porque os japoneses têm
cada vez menos filhos. Na China, apesar da
limitação lega l do número de filhos por casal
(um nas cidades c dois nas zonas ru rais); na
índia, apesar dos avanços no planeamento fa-
milia r; na Indonésia, Paquistão, Bangladesh,
Fil ipi nas, Tailândia ou Vietnam e, o cresci-
mento vertiginoso da população tem sido
uma constante nas ultimas décadas.
A China é, desde os primórdios da civi li-
zação humana, o pais mais populoso do
mundo. As condi ções naturais do terri tório,
a sua biodive rsidade, o cl ima, a qual idad e Mesmo no século XX, a Revolução Chinesa mens, casamentos tardios, a umento da pros-
dos so los agrícolas, a generosidade dos doi s (1949) e as suas desastrosas experiências de tituição, do rapto e do tráfico de mul he res.
gigan tescos rios Que os atravessa m - o coletivização da agri cultu ra e de engenharia
Ama relo e o Yangtsé - , a forte coesão e o social - em especial o Grande Salto em Fren- Uma espécie que triunfou_ A história da Chi-
tale nto da etn ia domi nante, os Han (a ma ior te e a Revol ução Cu ltural - provocara m va- na é, sem duvida, um bom exemplo de como
e tnia do mundo), permit iram que a sua po- gas de fome que dizimaram milhões de pes- nós, hu manos, somos uma das espécies mais
pulação prosperasse em la rga escala. Mas o soas. Com se não bastasse, a po lítica de con - bem sucedi das à face da Terra. Enfrentámos
que mais im pressiona não são os 1354 mi- trolo de nascimentos, iniciada com De ng uma série imensa de privações e de adversi-
lhões de habitantes que hoje tem - quase Xiaoping em 1980 . evitou que a China tives- dades. destruímo-nos uns aos outros na luta
20% da população mundial - , mas aores co- se hoje ma is 400 milhões de habi tantes, se- co nstante pelo controlo dos recursos natu-
mo fo i possível chegar a estes nu meras co m gundo os cálculos feitos pela Com issão Na- rais, mas somos eternamente pe rsistentes e
ta ntas ad versidades ao longo da sua histó- cional de Planeamemo Fam iliar chinesa. viemos para ficar. Nascemos no coração de
ria. Guerras, revoltas populares sangrentas, Mas lambém teve consequências sociais ne- África, espalhámo-nos em vagas sucessivas
vagas de fo me, epidemias, inundações sem gativas: preferênc ia dos casais por rapazes, por todos os continen tes, resistimos a quatro
fim , secas gigan tescas, matavam mil hões de abortos em massa e infant icídios (de rapa ri- eras glaciares, mas ta mbém é verdade que
pessoas cada vez que ocorriam e marcaram gas), desequilíbrio dos sexos, mercado ma- estivemos quase à beira da extinção. Tudo
sistcmat ica meore a longa histó ria do país . trimon ial al tamen te desfavorável aos ho- aconteceu há 70 mil anos com a gigantesca

1000 a 10.000 casai s e m id ade fé rtil ,ob,e,;,e"memlodo omuodo


hã 70 mil anos. depOIS da supererupção do vulcão To ba (Sumatr a, Indonésia)

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7,5 mil milhões a 10 mil milhões dehab;""",
poderá ser a popuLaçao do pLaneIa em 2050

erupção do vulcão Toba, na ilha de Su matra 35 % da população mood;,l


(Indonésia). As cinzas espa lhadas pela erup- vive apenas em dois países: China e ("dia
ção na atmosfera provocaram um "i nverno
vulcânico" que levou ti uma descida de três a
cinco graus nas temperalUras médias do pla-
neta, acelerando a transição para uma era
g laciar que emergia nessa altura. Este "inver-
no vulcânico" terá durado pelo menos 200
anos e os cientistas estimam, com base em
estudos genéticos das populações aruais, que
a Humanidade tenha fi cado reduzida entre
3000 e 10.000 pessoas.
"A nivel dos animais vertebrados. somos
sem dúvida a espécie mais bem sucedida na
Terra", reconhece José Feijó, proressor cate-
drático da Faculdade de Ciências da Universi-
dade de Lisboa e comissário geral da exposi-
ção "A Evolução de Darwin" (Fundação Gul-
benkian), Que está agora no Porra depois de
ter percorrido várias cidades europeias. O bió-
logo refere apenas os vertebrados porque
"quando falamos dos inselos ou das bactérias,
a história é outra". Mas por que razão somos
tão bem sucedidos? "Pelo desenvolvimento
das capacidades cognitivas, de linguagem e
de abstração, que marcam a grande diferença
dos humanos em relação às outras espécies",
Foram estas capacidades únicas - surgi-
das depois deduas etapas import~U1tes da nos-
sa evol ução, o bipedalismo e a expansão cra-
nia na - que permitiram "a emergência de
uma cultura c de uma organização social ba-
seadas na linguagem que nos dera m vanta-
gens", explica o cientista. recordando que Mhá
genes relacionados com a linguagem que só
os humanos têm e que foram fundam en tais
na defi nição da nossa divergência com os ou-
tros mam íferos, em termos de evolução".
Mas José Feijó, que dirige também a Unidade
de Imagiologia Celular do Instituro Gulben-
kian de Ciência, assinala que"o nosso sucesso

35
DEMOGRAFI A

140 m ilhões de crianças nascem tod os os anos


e 57 milhões de pessoas morrem

co mo espéci e arrastou o sucesso de outras


es pécies a nimais que dependem de nós".

Sucesso ameaCja recursos. Os números de


que o cientista fala para demonstrar esta rea-
lidade são impressio nantes. Assim , há e m (0-
do o mundo 2000 milhões de cabras e ove-
lhas; 1500 milhões de boi s, vacas e bú falos;
1000 mil hões de porcos; 25 milhões de gali-
nhas e patos; e 40 milhões de cavalos, cam e-
los e bu rros. Tudo somado, chegamos quase
aos 4600 milhões de anim ais. Isto significa
simplesmente que "os animais domésti cos
que [em de ser ali mentados pela nossa agri-
cul tu ra são quase tantos como a população
humana". Ou sej a, o nosso sucesso como es-
pécie, que nos levará em breve a sermos
7000 milhões. trouxe problemas ambientais quanto a este desafio. ao salientar que "a quan- transgénicas. "mas no trigo isso ainda não é
e de escassez de recursos preocupantes. tidade de alimentos que é necessátio produzir possível. porque o seu genoma não está termi-
Num aITigo publicado por uma eq ui pa de até 2050 é equivalente a todos os alime ntos nado", ad ianta o professor da Faculdade de
cientistas b_i tânicos na revista "Science" em produzidos pela Humanidade desde a inven- Ciências. É um genoma complexo, dez vezes
feve reiro de 20 10, sobre o tremendo desafio ção da agriculwra, há cerca de 10.000 anos". maior que o genoma humano, e a realidade é
que será alimentar uma população humana de Dependemos basicamente de quatro pro- que "a produtividade por hectare de trigo es-
mais de 9000 milhões de pessoas em meados dutos al im entares, direta ou indiretamente tabil izou desde hã mais de uma década".
deste sécu lo (projeções da ONU), eram a pre- (através dos animais que comemos) - arroz.
sentadas estimativas bem reveladoras da situa- trigo duro, milho e soja. O problema é que as Natalidade em queda, Se a explosão demo-
ção atual. Assim, para obtermos um qui lo de áreas agrícolas não se podem expandir muito gráfi ca tem um grande impacto no nosso pla-
carne de frango precisamos cm média de um mais, devido à escassez de solos disponíveis, neta, a queda da natalidade também tem con-
quilo de cereal, mas na carne de porcojá neces- o que sign ifi ca que só há uma solução susten- sequências im portantes de natureza social,
sitamos de quatro e na carne de vaca de oito. tável, que não implica o derrube de florestas, económica e política. "A natalidade tem vi n-
Além disso, a produção de um quilo de carne a redução de habi tats naturais e da biodiversi- do a diminuir e desde 2003 que mais de me-
de vaca em regime intensivo (estábulo) conso- dad e: aum entar a produtividade por hectare. tade da população mund ial tem menos de 2.1
me cinco vezes mais água que em regime livre Esse objetivo tem sido alcançado no arroz, no filhos por mulher, a taxa de substituição ple-
(pastagens) . José Feijó é ainda mais explícito milho e na soja devido ao uso de tecnologias na de gerações", revela o demógrafo Mário

7,1 filhos por m ul her éamaiortaxadefertiUdade


do mundo. no Niger (África)

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180 mi lh ões de pessoas morreram
nas guerras que ocorreram no século XX

Leston Ba ndeira. do Instituto Universitário


de Lisboa (ISCTE). Se isso não tivesse aconte-
cido, a população mundial "atingiria os 13
mil milhões até 2065, mas agora as Nações
Unidas preveem uma estabilização nos 10
mi l milhões no fi nal do sécu lo".
A redução da natalidade "está relaciona-
da com a modernização dos comportamen-
tos demográficos", sublinha o investigador.
Nos países do Norte de Áfri ca (Magrebe), on-
de a população é mu iw jovem devido à explo-
são demográfi ca das últimas décadas, ~as po-
líticas a favor dos direitos das mu lheres es-
tão a provocar im portantes alterações so-
ciais: estudam até mais ta rde, casam-se mais
tarde porque tem mais auw nomi a e já não
acei tam os casamen tos combin ados". Resul-
tado: a natalidade caiu para dois filhos por
mulh er na Tunísia. "que sempre teve as polí-
ticas mais fa voráveis às mulh eres" .
O problema é que os jovens do Magrebe,
Ill ulheres ou hom ens, estão mais ed ucados
mas não encontram em prego. Por isso, "o
que se está a passar neste mom ento na Tuní-
sia e 110 Egito tem muito a ver com esta rea li-
dade demográfica". assin ala Mário Leston
Bandeira. Nos países muçulmanos, este movi-

- 2
- me nto de modernização dos comportamen-
l OS demográficos pode ter consequências
inesperadas no futuro. "No Irão. que atingi u
= os dois fi lhos por mulher em 2009, já há
mais mulheres do que homens nas universi-
dades." Adivinhem quem poderá chegar ao
• poder em Teerão dent ro de alguns a nos?

1,2 fi l h O5 PO r m u l h e r é a menor taxa de fertil idade do mundo. na Coreia


do Sul e na Bósnia-Herzegovina. Portugal tem 1,3 filhos por mulher

37
Países onde vive a ma ioria da população mundial
Em m iLhões
~ Fluxos migratórios nos últimos 500 anos

AMI"RICA
Reino Unido 61,9 Alemanha 82
DO NORrE
, EUROPA ...

Jap ào 127
EUA 7,6

~
e Turq uia 75,7


México 110 ,6
Egito 84 ,S e ,rão 7S e

Paquist30 1S.',
Áf RICA

AM~RI: A
195 ,4 R D.Congo 68 • Etiópia 85

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'od',"é5;, 232 , 5

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Ãfric a do Sul 50, S •

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EVOLUÇAO DA POPULAÇAO MUNDIAL


A afirm ação da espécie humana como a mais bem sucedida da Terra fo i um processo ãrduo, penoso e por vezes muito dramático, marcado por mortes em massa
provocadas por guerras, fomes generalizadas Quando as colhei tas agrícol as corriam mal , epidemias ou pandemias de todo o género, desastres naturais
(no gráfico estão marcados al guns desses eventos). t por isso que os primeiros mil milhões de habitantes só foram atingidos em 1804 .
Mas desde então o crescim ento da popUlação tem sido exponencial, devido ~ m elhoria continua dos padrões de vida das populações.
~s mudanças profundas na agricultura e na alimentação, ~ vacinação em m assa, ~ generalização do saneamento básico e do consumo de água potáveL,
~ criação de sistem as de saúde e de proteção sociaL acessíveis a todos

Eventos de d imlnulçlo da populaç,l o 1804


Conflitos bélicos Mi l milhões 1950
• Catástrofes naturais 2 mil milhões
• Doenças
Fomes

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285 milhões -
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DEMOGRAFIA

Portugal, um país em declínio demográfico


Desde 1982 que Port ugal forte dinamismo globa l possam casar e constituir família". Dito de ou-
está abaixo dos 2,1 fi lhos por da po pulação do pla ne- t ra maneira, "o nosso declínio de mográfico é
mulher, a taxa de substi tuição m não existe entre nós. menos o problema do envelhecimento e mais
Na verdade, "Portuga l é o problema do desemprego"_ O que quer dizer
de gerações. So m os o sét im o um país em declínio de- que é também declínio social, devido ao eleva-
país mais envel hecido mográ fico", considera o do desem prego juvenil e à idade com que os
do m und o e não damos demógrafo Mário Les- jovens conseguem o primeiro emprego_ As al-
cond ições aos jovens para ton Ba ndeira . Mas es- terações profun das no acesso à idade adulta
se casarem e te rem filhos queçamos por um momento o debate sobre o mostram que ~o país perdeu o dinam ismo". As
e nvelhecimento da população POI-tuguesa, estatísticas estão aí para o provar: há me nos
sobre a sustentabilidade da segura nça socia l, de 50% das mu lheres e dos homens portugue-
com tantos reformados e m relação aos ati- ses a casar-se pela primeira vez quando che-
vos. ou sobre a capacidade de o sistema de gam à idade de casar, mas há 30 anos esse
saúde se preparar pa ra lima socied ade com valor ati ng ia os 84% a 86%. Além disso, os jo-
uma esperança de vida cada vez maior. vens casam-se cada vez mais tarde.
Na perspe riva desle professor do Instituro
Un iversitálio de Lisboa (ISeTE) - que está o sétimo pais mais envelhecido. Obviameme
envolvido nu m projeto de investigação sobre o que o caso português não é único c nem se-
envelhecimento em Portugal desde 1950 - , "o quer o mais dramático. A nossa população
nosso declínio demográfico tem a ver com a ainda não começou a diminuir, como já acon-
incapacidade de o país cria r empregos e dar tece no Japão, Alemanha, Rússia e na genera-
oportunidades aos mais jovens, de modo a que lidade dos países do Leste e uropeu. Aliás, os

- -
EVOLUÇAO DA POPULAÇAO PORTUCiUESA
A população portuguesa caminha a passos largos para a estagnação, mas Portugal já conheceu várias épocas de explosão demográlica e de correspondente
escassez de recursos, que e mpurraram muitos dos seus habitantes para a em igração. Por isso, atualmente estão espalhados pelo mundo 4 .5 milhões
de portugueses.
Braga 1'0
As 20 maiores Movimentos da população
N° de habitantes por distrito em 2009 (milhares) e variação
Matosinhos 45 Guimar:ies 52 cidades em relaçáo a 2003: as 5 maiores subidas e descidas
Porto , _ R;o T;,,,o 48 Número de habitantes 1. Faro (434) +7,2% 1. Portalegre (11 5) -5,7%
em milhares, 2001
2. Setubal (867) +5,9% 2. Évora (168) -5,3%
3.leiria (481) +2,6% 3. Guarda (169) -5,0%
4. Braga (866) +2,5% 4. Bragança (139) -4,8%
Aveiro 55 --;e·~
5. lisboa (2245) +2,5% 5. Beja (150) -4,5%
_ Coimbra 101

_ Leiria 43
Ponta Delgada 46
-
E
1860

C,"·.m 82
Odivelas 51
-
o
o
, Eventos de alteriHjlo da populiHjlo
Movimentos migralõrios
4 milhões

, L"bo, S6S
-
E
• Catástrofes naturais
• Doenças
1800
3,2 m ilhões
g
Funchal 101 ,
~ 1700
~- I\I .m, d , 102 2,2 milhões

1500
Setúbal 90
1 milhão
1100
0 ,5 m ilhões

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e social
países mais envelhecidos da Terra são todos Um questão de desenvolvimento. "Na Eu ro- acrescenlando que em Portugal "a materni-
europeus, à cxccção do Japão, Que lidera o pa, a explosão demográfica perm itiu a indus- dade é um a espécie de estigma tremendo pa-
ranking mundial, logo seguido pela Alema- trialização , mas nos países pobres era uma ra as mulhe res com salários mais baixos, de-
nha. Em todo o caso, desde 1982 que Portugal ba rreira ao desenvolvimento", recorda Les- vido a uma certa falta de consciênci a social
está abaixo dos 2,1 filhos por mulher, a taxa ton Bandeira. Hoje já não é assim e "as me- e de ego ísmo dos empresários e da socieda-
de substituição plena de gerações. E desde lhores taxas de natalidade na Europa encon- de em geral ".
1950 ganhámos mais 21anos de esperança de tram-se precisamente nos países mais desen- O li vro "História da População POrTugue-
vida . As consequências estão à vista: somos O volvidos . como a França e os países nórdi- sa", coordenado por Teresa Ferreira Rod ri-
sétimo país mais envel hecido do mundo. cos". Eles deram a voha ao declín io demo- gues, investigadora da Faculdade de Ciên-
A situação está cada vel mais deseq uili- gráfiço com uma série de políticas continua- cias Sociais e Humanas da Universidade No-
brada, porq ue o nosso país está hoje com 1,3 das de apoio à família, com destaque para as va de Lisboa, antecipa o que nos espera no
filhos por mulher, tem 18% da população medidas que conciliam o trabalho com a vi- futu ro: "O processo de envelhecimenco per-
com mais de 65 anos c apenas 15% com me- da familiar. Em suma, "para se aumentar a sistirá c accntuar-sc-á nos próximos anos,
nos de 15 anos. E se a vaga de Quase meio na talidade de um país é preci so um grau de acompanhado pela intensificação provável
milhão de imigrantes dos uhimos anos não desenvolvimento económico e social eleva- de fenómenos de desertificação humana em
tivesse acontecido, a natalidade esrava ainda do". É por isso que há uma grande transfor - gran des áreas do país e do aumenco da con-
mais baixa. As restrições orçamentais que va- mação em curso em Portugal: a região com centração urbana e da lilOralização". Por is-
mos te r nos próximos anos, com cortes nos maior fertil idade já não é o None mas o Sul so, os próxim os grandes desafios "estarão re-
apoios às famíli as - que já começaram - e - o Algarve e Lisboa. Ou seja, "a queda da lacionados com o impacto económico e a SllS-
ameaças à sustenta bilidade dos sistemas de natalidade está associada à fa lta de desenvol- tentabilidade social das transformações de-
segura nça social e de saúde, poderão mesmo vimen to no Norte do país e nas regiões do mográ fi cas da população" .•
agravar o nosso declínio demográfico . interior", afirma o investigador do ISCTE,

19'1 2001 200910.637 713~:-:-=-~, 2060


9,8 m il hões 10,7 mi hões

1950 Menos jovens,


8,5 m ilhões
mais idosos
33 ,8% JOVENS (.l Sanos) "

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1932
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Dependência económica
67%
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ativa dos 15 aos 64 anos
37% e a inativa a partir

~
33% dos 65 anos
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Hoje, 1 reforma do
é sus tentado por 3 ativos.
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Dentro de 50 anos a relação
o
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será de 2 re/ ormad os
por 3 at ivos
FONTE ·THE ,000AGE' NGRE POO I " COMISSÁO EUROPE'/\

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