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A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR:


GARANTIAS E DESAFIOS

GUSMÃO, Sara Soares; ¹


OLIVEIRA, Sila de Sousa; ²

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FRANCISCANO – IESF/MA


___________________________________________________________________
RESUMO

Este artigo tem como objetivo geral refletir sobre a valorização, as garantias e
desafios no processo de inclusão das pessoas com deficiência no ensino
superior, para tanto, sugere-se analisar as diversas literaturas que tratam do
tema a luz de teorias contemporâneas, sugerir estratégias adotadas para
garantir a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior. A
metodologia baseia-se na taxonomia de Vergana (2014) e é explicativa e
bibliográfico. Para março teórico utilizou-se CASTANHO (2006), CAVALCANTE
( 2011) MAZZOTA (2005), SASSAKI ( 2007), SILVA (2010) Sendo assim as
políticas públicas é de total relevância para o enfrentamento da exclusão social
das pessoas com deficiência.
PALAVRAS-CHAVES: Deficiência. Inclusão. Ensino Superior. Políticas
Públicas

1 INTRODUÇÃO
Este trabalho trata-se sobre a inclusão de pessoas com deficiência no
ensino superior, garantias e desafios, mostra as dificuldades e desafios que as
pessoas com algum tipo de deficiência sofrem no dia a dia e como se dá o
processo de inclusão dessas pessoas no ensino superior, para que assim
possam ter seus direitos garantidos e adquiridos e alcançar integração,
cidadania, emancipação e inclusão social.
__________________________
¹Aluna do curso de Pós-graduação Iato sensu em Docência do Ensino Superior-Iesf/Paço do Lumiar- MA;
Graduada em Serviço Social Pitágoras/São Luis – MA. e-mail : sara.soares.18@hotmail.com: 14/08/2014
a 26/06/2018
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²Aluna do curso de Pós-graduação Iato sensu em Docência do Ensino Superior-Iesf/Paço do Lumiar-


MA;Graduada em Direto Pitágoras / São Luis-MA. e-mail: eu_advogada@hotmail.com: 10/02/2014 a
13/03/2019
Dessa forma, parte do seguinte problema científico: como proceder para
garantir a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior, tendo em
vista os desafios da contemporaneidade?

Para tal proposta, traçou-se o objetivo geral que é valorizar as garantias


e desafios no processo de inclusão das pessoas com deficiência no ensino
superior
A pesquisa baseia-se conforme vergara (2014) quanto aos fins é
descritiva, explicativa e aplicada. Descritiva, porque visa descrever os desafios
das pessoas com deficiência, e as dificuldades para serem inclusos e terem
ensino de qualidade e explicativa porque busca uma relação causa e efeito
para a atual situação de inclusão de pessoas com deficiência no ensino
superior, aplicada por se tratar de um problema concreto que precisa de
elaboração de uma proposta para ser resolvido. Quanto aos meios é
bibliográfica em face da necessidade de se recorrer a uma vasta literatura,
livros periódicos, revistas, hipertextos, entre outros, para a elaboração do
marco teórico do trabalho
A escolha dessa temática se dá pela necessidade e relevância desse
assunto, que é a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior, pois
observa-se no cotidiano inúmeros casos de pessoas com deficiência que
sofrem preconceitos e exclusão, sendo a maioria no próprio ambiente que
convive. Portanto, se pretende analisar de forma mais profunda esse contexto
de inclusão e quais são os programas para o enfrentamento. Analisar as
diversas literaturas que tratam do tema, à luz de teorias contemporâneas;
Sugerir estratégias adotadas para garantir a inclusão de pessoas com
deficiência no ensino superior.

2. HISTÓRICO DO PROBLEMA
2.1 A História da deficiência, da marginalização à inclusão social

Historicamente, as pessoas com deficiência sofreram descaso e práticas


segregativas, sendo vistos como sujeitos que não poderiam ser escolarizados e
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incapazes de aprender, essas crenças submeteram essas pessoas a uma série


de diagnósticos e categorizações errôneas, que os aprisionavam e os
reduziram as suas próprias deficiência.
As pessoas com deficiência numa definição mais ampla podem ser
entendidas como aquelas com diferentes níveis de limitação física, sensorial
(ouvir ou enxergar) e cognitiva (mental) pessoas que foram historicamente
relegadas a uma posição de segregação na estrutura social. (SASSAKI, 2007)
O preconceito aparece presente nas mais diversas sociedades, onde
pessoas com deficiências eram tratadas com indiferença ou simplesmente
ignoradas. Na História Antiga e Medieval as mesmas eram submetidas a
rejeição ou eliminação sumária ou a proteção assistencialista e piedosa.
(SILVA, 2005)
De acordo com Teixeira (2010) No decorrer da história da humanidade,
várias atitudes frente às pessoas com deficiência foram vivenciadas. Na
antiguidade, onde atividades como artesanato, agricultura e pecuária
sobressaiam e os senhores eram os donos das terras, os indivíduos que
nasciam com alguma “anormalidade” eram abandonados até a morte, assim
como, as leis de Esparta e da Roma Antiga, que autorizava os patriarcas a
matar seus filhos defeituosos.
Segundo Amaral (1995) na segunda metade do século XX surgem
outras visões menos preconceituosas com relação à pessoa com deficiência.
No entanto, o período ainda é marcado por oscilações entre posturas
organicistas (visando o assistencialismo), interacionistas (visando à educação e
reabilitação física da pessoa com deficiência) e holísticas (visando reabilitação
biopsicossocial que considera o indivíduo como um todo).
Segundo Mazzota (2005) a evolução especial em vários países, se deu
com a criação de diversas instituições que atendiam pessoas com deficiências
sensoriais, físicas e mentais. Dá mesma forma, no Brasil no final do século XVII
e início do século XIX, por meios das ideias liberais houve o surgimento da
educação com pessoas deficiente
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência é iniciado na época
do Império com a criação de duas instituições o Imperial Instituto dos meninos
cegos, em 1854, e o Imperial Instituto de Surdos e Mudos, em 1857
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Segundo Mazzota (2005), na década de 90 muitos país assumiram a


postura de adicionar às suas práticas educativas reflexões e atitudes que
visassem a inclusão de pessoas com alguma deficiência. Dessa maneira, todos
os alunos devem ter oportunidades de frequentar as mesmas aulas sem
nenhum tipo de restrição, pelo contrário, respeitando e acolhendo as diferenças
No decorrer da História da Educação no Brasil e no mundo ocorreram
algumas transformações a respeito da inclusão social e educacional das
pessoas com deficiência.
Dias atuais – através deste processo histórico, pode-se ter uma visão
sobre a trajetória das pessoas com deficiência mediante a sociedade, partindo
da exclusão e marginalização à inclusão social, nos dias atuais, apesar de
ainda existir a discriminação e exclusão, ocorreram avanços significativos nas
políticas públicas q propícia acima de tudo, a melhora na qualidade de vida das
pessoas com deficiência

2. 2 Percurso das políticas educacionais de inclusão

O movimento pela educação inclusiva é mundial e constitui uma ação


política, cultural, social, pedagógica pela equiparação de oportunidades para
todos os indivíduos, cujo objetivo principal é atender as necessidades
educacionais específicas, assim como aceitar, respeitar e valorizar a
diversidade, a partir da democratização do ensino
De modo geral, as políticas públicas, no que tange à inclusão nas
instituições de ensino brasileiras, começaram a ser implantadas mais
efetivamente pelo Ministério da Educação (MEC) a partir da segunda metade
da década de 1990, sobretudo em decorrência da publicação da Declaração de
Salamanca pela ONU em 1994. Esse documento foi responsável pela difusão
de novas concepções a cerca do direito à educação no Brasil
Conhecer as políticas públicas é condição fundamental para entender no
momento da publicação, bem como o grau de abrangência na sociedade
brasileira, atentando para o fato de que somente a implantação das mesmas
não se faz suficiente, uma vez que dever ser efetivadas
A seguir, são elencadas algumas dessas políticas públicas, bem como o
ano que foram publicadas.
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1961: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que “aponta o


direito dos “ excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema
geral de ensino”.
1999: Política Nacional para a Integração de Pessoas com Deficiência, tendo
por objetivos, dentre outros, a adaptação das instituições de ensino superior
em relação à realização das provas assegurando “ os direitos individuais e
sociais das pessoas com deficiência”.
2002: Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores da
Educação Básica, que institui no ensino superior a organização curricular
voltada para a valorização da diversidade e das especificidades de alunos com
necessidades educativas especiais; reconhecendo da Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS) e difusão do Sistema Braile.
2006: Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, com o objetivo de
desenvolver no currículo da educação básica assuntos relativos às pessoas
com deficiência, além de promover ações que viabilizem inclusão, acesso e
permanência no ensino superior.
No contexto da educação especial, quanto à acessibilidade do aluno
com deficiência e ou necessidades educacionais no ensino superior, a
realidade atual evidência um distanciamento ao acesso a esse nível de ensino,
sendo poucos os que conseguem ingressar e estes, em sua formação
acadêmica, se separam com muitas barreiras, delineando a realidade do
ensino brasileira (SIMIONATO, 2011). A busca pelo êxito de uma educação
que, de fato, seja inclusiva, conta com o respaldo legal e aponta para
possibilidades a serem discutidas a fim de viabilizar o acesso ao ensino para
todos os alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e, com isso,
uma sociedade mais igualitária.
A lei LDB 9.394/ 1996. que prevê a acessibilidade aos alunos com NEE
por meio de adaptações curriculares, com estratégias de ensino diversificadas
e processos de avaliação diferenciadas (SILVA, 2012, p. 36). De acordo com
essa autora, tal lei evidência a responsabilidade das instituições de ensino e
seu dever de realizar as adequações necessárias para garantir aos alunos com
NEE condições de aprender e se desenvolver conforme suas particularidades;
responsabilidade que se aplica a todos os níveis de ensino.
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Segundo Mendonça (2012), a Política Nacional de Educação Especial


na perspectiva da educação inclusiva, do Ministério da Educação e cultura
(MEC), de 2008, define os alunos no NEE como aqueles que apresentam
deficiências, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/
superdotacao. Para esse público, assim como para os que apresentam
transtornos funcionais específicos, ocorre a articulação entre Educação
Especial e o ensino comum, visando atender às especificidades de cada aluno.
Para Santos e Silva (2016) a perspectiva da educação inclusiva
representa uma das grandes conquistas no campo educacional em direção à
democratização e ampliação do acesso ao ensino para parcelas da sociedade
cervejadas desse direito, contribui, de forma decisiva, para o combate das
práticas discriminatórias e estigmatizantes que se traduziram historicamente
em formas de segregação e marginalização social.
Destaca-se a Portaria do Ministério da Educação n. 3.2984, novembro
de 2003, considerando o disposto na Lei n. 9.131, de 24 de novembro de 1995,
na Lei n.9.394, que assegura as pessoas com deficiência física e sensorial
condições básicas de acesso ao Ensino Superior, de mobiliado e utilização de
equipamentos e instalações das instituições de ensino, que em seu art. 1
resolve:
Determinar que sejam incluídos nós instrumentos destinados a avaliar as
condições de oferta de cursos superiores, para fins de sua autorização e
reconhecimento e de credenciamento de instituições de Ensino Superior, bem
como para a renovação, conforme as normas em vigor, requisitos de
acessibilidade de pessoas com necessidades especiais (BRASIL, 2003)
Outra lei que demarca mudança nas IES, no que diz respeito aos direitos
dos alunos com NEE, é a n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que aprovou o
Plano Nacional da educação. Está traz como diretriz a proposta de plena
integração da pessoa com NEE em todas as áreas da sociedade, com a
garantia do direito a educação
De acordo com SIMIONATO (2011), a educação especial, na
perspectiva inclusiva, muito mais que por leis, em busca de alcançar
uma sociedade democrática que luta pela igualdade de todos conforme
prevê a legislação brasileira.
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Cabe observar, a partir da análise feita, que a promulgação de políticas


públicas a favor do acesso e permanência de alunos com deficiência física na
universidade não garante condições para o seu cumprimento, uma vez que
para serem cumpridas as diretrizes devem vir acompanhadas de ações, que
possibilitem o seu acontecimento. Assim, há que se repensar a organização
estrutural da universidade a partir de suas próprias crenças, valores, e regras,
ao possibilitar uma reflexão acerca de qual aluno seja ele com ou sem
deficiência se quer formar. O repensar a universidade também deve incluir
questionamentos sobre os instrumentos utilizados, como projetos, metodologia,
recursos, estratégias de ensino e práticas avaliativas.

Nesta Visão:

Para oferecer um ensino de qualidade a todos os educandos,


inclusive para os que têm alguma deficiência ou problema que afete a
aprendizagem(...) a instituição de ensino precisa reorganizar sua
estrutura de funcionamento, metodologia e recursos pedagógicos, e
principalmente, conscientizar e garantir que seus profissionais estejam
preparados para essa nova realidade (GLAT; BLANCO, 2007, p.30

A adoção de um ensino de qualidade pressupõe uma política que


compreenda a pessoa com deficiência em sua totalidade, ultrapassado
concepções reducionistas no que diz respeito à sua condição. Uma
universidade inclusiva possibilita o acesso e a permanência de todos os alunos

2.2.1 Princípios Constitucionais aplicáveis ás Pessoas com Deficiência

Segundo Silva (2010) Pessoa com deficiência possui suas garantias


fundamentadas principalmente pelo princípio da igualdade, sendo este princípio
a base de toda sociedade moderna, fazendo-se presente em todas as normas
nacionais e internacionais.
A Assembleia Geral dos Direitos do Homem preceitua que:
Art. 1º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para
com os outros em espírito de fraternidade.
Art. 2º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as
liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção
alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião,
de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna,
de nascimento ou de qualquer outra situação.
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A Constituição Federal de 1988 abrange amplamente a garantia à


igualdade quando dispõe em seu artigo 5° caput que: de Moraes enaltece que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)

Alexandre de Moraes enaltece que “A Constituição Federal de 1988


adotou o princípio da igualdade diretrizes, prevendo a igualdade de aptidão,
uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos tem direito
de tratamento idêntico pela lei, em consonância com critérios albergados pelo
ordenamento jurídico”... (MORAES,2003, P.64)

Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcante, estabelece que

Em face o princípio da igualdade, a lei não deve ser fonte de privilégios


ou perseguições, mas um instrumento que regula a vida em sociedade,
tratando de forma equitativa todos os cidadãos. Da aplicação do
princípio da igualdade surge para o legislador a obrigação de criar
condições que assegurem igual dignidade social em todos os aspectos.
(CAVALCANTE, 2011, p. 20)

Assim, verifica-se que este princípio é base do direito brasileiro, porém


sendo apenas por um, o princípio da dignidade da pessoa humana, conforma
explora a Autora:

É guia não apenas de regras, mas de quase todos os outros princípios


que informam e conformam o modelo constitucional positivado, sendo
guiado apenas por um, ao qual se dá a servir: o da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição da República). (FERRARI,
2011, p 578)

O princípio da igualdade pode ser dividido igual normal em igualdade


formal e igualdade material. A igualdade formal, como aduz Luiz Eduardo
Amaral de Mendonça “não admite tratamento diferenciado, seja ele
consubstanciado em privilégios, seja em discriminações. (MENDONÇA,2010).
Segundo Mendonça (2010) a igualdade material, assegura o tratamento
uniforme de todos os homens, resultando em igualdade real e efetiva de todos,
perante todos os bens da vida.
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Neste viés, o Estado terá que tomar todas as medidas para assegurar a
igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência, “a fim de
possibilitar ás pessoas com deficiência viver de forma independente e participar
plenamente de todos aspectos da vida(...)”. (MARTINS,2013, p.541)
Não obstante, Sérgio Pinto Martins aduz que:
“(...) os Estados tomarão as medidas apropriadas para assegurar às
pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com
as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e
comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e
comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao
público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural.”.
(MARTINS, 2013, p. 541)

Sergio Pinto Martins, indaga que “a proteção aos deficientes, por


intermédio da legislação é uma forma de dar dignidade ao ser humano,
permitindo também que essas pessoas possam ser cidadãos e exercitar a
cidadania. ” Ainda ressalta que “deve ter o deficiente a possibilidade de
igualdade de oportunidades para poder.”. (MARTINS, 2013, p.542).

Discriminação por motivo de deficiência significa qualquer


diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o
propósito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou
o exercício, em igualdade 12 de oportunidades com as demais
pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais no
âmbito político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro.
(MARTINS, 2013, p. 541)
Compreende-se assim à importância de conhecer a Lei 13.146/2015 (Lei
Brasileira de Inclusão) e as estratégias adotadas quanto essa lei que foi um
marco nos avanços dos direitos das pessoas com deficiência, com destaque
para educação, buscando assim integração, emancipação, e igualdade no que
tange os direitos dessas pessoas que sempre sofreram preconceito e
discriminação.

3. A LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO

Publicada no dia 6 de julho de 2015, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI),


também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015),
destinada a assegurar e a promover em condições de igualdade, o exercício
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dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando
à inclusão social e a cidadania, representa um grande avanço na inclusão de
pessoas com deficiência na sociedade. O documento, que entrou em vigor no
dia 2 de janeiro de 2016, fixa punições para atitudes discriminatórias e prevê
mudanças em diversas áreas, com destaque para a educação.
O senador Paulo Paim (PT-RS) foi o principal responsável por iniciar o
debate da LBI no Congresso Nacional, há 15 anos, quando ainda era deputado
federal. Ao chegar ao Senado, ele reapresentou a proposta, que acabou
resultando na Lei 13.146/2015. Para o senador, a lei é uma revolução que
beneficia 46 milhões de pessoas com deficiência e vem sendo elogiada em
âmbito nacional e internacional
A LBI é uma vitória para nossa legislação e trouxe vários avanços,
garantindo que os direitos das pessoas com deficiência sejam respeitados.
Houve proibição às instituições de ensino para que não cobrem valores
adicionais de alunos com deficiência; e que 10 % das vagas em instituições de
ensino superior ou técnico sejam reservadas para alunos com deficiência, e
obriga o poder público a fomentar a publicação de livros acessíveis pelas
editoras
O MEC (Ministério da Educação), lançou a portaria Nº 20 que exige que
as faculdades estejam acessíveis seguindo a legislação em vigor. Sem seguir
essa lei, as universidades não conseguem credenciar ou recredenciar seus
cursos.
Um dos grandes trunfos da Lei Brasileira de Inclusão é a mudança de
perspectiva sobre a palavra “deficiência”. Antigamente, a visão que existia era
de que a deficiência era uma condição das pessoas. Hoje ela é entendida
como uma situação dos espaços (físicos ou sociais), que não estão prontos
para recebê-las. Na educação foi a mesma coisa. A tendência hoje é enxergar
cada vez mais a educação como “inclusiva” e cada vez menos como “especial”.
Isso significa que as metodologias, espaços e materiais devem ser capazes de
atender a todos, e não serem elaborados separadamente para as pessoas com
deficiência
Sendo assim, o capítulo da LBI sobre Educação fala muito sobre o que
deve ser feito para atingir esse objetivo. Alguns dos principais exemplos são:
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 Nas escolas inclusivas é indispensável que o conteúdo e as aulas sejam


oferecidos em Libras, como primeira língua, e em português, na
modalidade escrita, para os alunos surdos. O mesmo vale para as
escolas e classes bilíngues e para os materiais de aula (Art. 28-IV);
 A adoção de medidas individuais e coletivas que proporcionem o
desenvolvimento acadêmico e a socialização dos alunos com
deficiência. Isso facilita a integração e, consequentemente, o
aprendizado (Art. 28-V);
 Além da oferta de aulas e materiais inclusivos (em Libras e Braile), as
práticas pedagógicas também precisam ser incorporadas e preferidas
pela instituição que possuir alunos com deficiência (Art. 28-XII);
 Acesso à educação superior e a educação profissional e tecnológica em
igualdade de oportunidades e condições com demais pessoas (Art. 28-
XIII);
 Inclusão com conteúdo curriculares, em cursos de nível superior; e de
educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à
pessoa com deficiência nós respectivos campos de conhecimento;
 Acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e
demais integrantes da comunidade acadêmica as edificações, aos
ambientes e das atividades concernentes a todas as modalidades,
etapas e níveis de ensino
 Também devem ser oferecidas tecnologias assistidas que ampliem as
habilidades dos estudantes nas escolas (Art. 18-XII) ou auxiliem nos
processos seletivos e permanência nos cursos da rede pública e privada
(Art. 30-IV).
“A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados
sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de
toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus
talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas
características, interesses e necessidades de aprendizagem. ” (Art. 27)

4. A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR


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Conhecer e distinguir o que é inclusão e como deve ser aplicada, é o


primeiro passo para torna-la concreta de fato. No Brasil, a década de 1990
pode ser compreendida como um marco de mudança paradigmática na política
educacional brasileira.
Decretos, Resoluções, Recomendações e Diretrizes foram promulgadas
de forma a orientar os sistemas educacionais em uma perspectiva exclusiva,
tendo como princípios a igualdade, a equidade e o atendimento a diversidade
em ambientes regulares de ensino, não só nesse âmbito, mas em um todo.
Segundo Moreira, Bolsanello e Seger (2011), da mesma forma que a
educação básica tem buscado atender os princípios da inclusão assegurando
apoios e recursos físicos, humanos e materiais aos alunos com necessidades
educacionais específicos, o ensino superior passa a incorporar essa exigência.
As pessoas com deficiência, que tradicionalmente eram expectadores,
agora entram em cena, assumindo vez e voz, chegando ao ensino superior,
ainda que de forma tímida, mas demanda novas posturas de gestores, de
professores, de alunos e da própria pessoa com deficiência. Essa questão se
torna relevante, considerando que o número de alunos com deficiência no
ensino superior tem se ampliado a preocupação em garantir seus direitos, que
não são apenas de aumentado acesso, mas também de permanência e
alcance do sucesso acadêmico, nesse nível de ensino (Guerreiro, Almeida e
Silva Filho, 2014 p.32)
O desafio que se impõe hoje a universidade brasileira é grande, pois
precisa articular a democratização do acesso a um nível de ensino que exige
processo seletivo, ao mesmo tempo, a garantia da qualidade do ensino
superior a todos os alunos inclusive aos que apresentam condições sensórias,
físicas, intelectuais, comportamentais e motoras diferenciadas e que, de
alguma forma afetam o seu processo de ensino e a aprendizagem.
Viabilizar ações institucionais nas Universidades para integrar as
pessoas com deficiência a vida acadêmica e eliminar as barreiras pedagógicas,
comportamentais, arquitetônicas e de comunicação que possam existir.
Acrescenta-se ainda a promulgação da política nacional d Brasil, 2008, que
propõe a transversalidade da educação especial também no ensino superior.
Entretanto, nem toda universidade tem cumprido as orientações e normativas
legais existentes. Trata-se de um processo que demanda mudanças complexas
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e por isso mesmo é lento, gradual e continuo. Conforme acrescentam Moreira,


Bolsanello, Seger (2011).
Uma universidade inclusiva só é possível no caminhar em busca da
mudança que vai eliminando barreiras de toda ordem, desconstruindo
conceitos, preconceitos e concepções segregadas e excludentes. É um
processo que nunca está finalizando, mas que, coletivamente, deve ser
constantemente enfrentado.
As condições de acesso e permanência do aluno com deficiência no
ensino superior não implica apenas a constituição de espaços fisicamente
acessíveis, mas também recursos pedagógicos livros, equipamentos,
instrumentos etc. informações para instruções ou capacitação aos professores
e apoio institucional.
Esse é momento histórico- social desafiador, pois tornar o ensino
superior igualmente acessível a todos os que desejam cursa-lo é uma tarefa
complexa.
Exige o delineamento de atitudes pautadas na eliminação das barreiras que
dificultam ou impedem plena participação dessa população nas diferentes
esperas sociais.
Inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior tem que estar
voltada para os aspectos que dizem respeito a tudo aquilo que envolve o
sujeito em suas relações cotidianas. E esta não pode ser pensada a partir de
ações isoladas, mas precisa congregar ações com vistas à aquisição de
produtos e tecnologias; ações voltadas às atitudes sociais e para as políticas
de inclusão de ingresso e permanência das pessoas com deficiência, assim
como relativas ao apoio que as instituições de ensino necessitam tais como no
âmbito das pesquisas que desenvolvem, no financiamento da infraestrutura
voltadas à formação e para o ensino, entre outros.
De acordo com Castanho e Freitas, (2008), diante das dificuldades
enfrentadas pelos alunos com necessidades educacionais especiais que
frequentam o ensino superior, é indispensável que a universidade ofereça uma
educação de qualidade, pois antes de lhes ser garantido um direito,
plenamente reconhecido, é um dever do estado implementar ações que
favoreçam não só seu ingresso, como sua permanência e saída do ensino
superior. Neste sentido, estas propostas estudadas contribuem para dar um
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panorama do que tem sido desenvolvido com vista à inclusão e podem apontar
caminhos para a mudança no projeto de organização universitária e na prática
pedagógica dos professores que atuam no Ensino Superior.
Embora sejam notórios os avanços em relação às últimas décadas no
que diz respeito aos direitos educacionais da pessoa com deficiência, ainda
existe uma grande lacuna entre as diretrizes legais existentes e a efetivação do
acesso e permanência dos alunos com necessidades educativas especiais,
principalmente na educação superior.
Mediante a um sistema de transformações sociais e educacionais, ainda
não houve um comprometimento efetivo do Estado, em relação ao atendimento
à pessoa com deficiência. Todavia, este atendimento ficou por conta das
instituições. Essa realidade está muito longe de cumprir com o determinam as
Leis. Caso isso venha acontecer, teremos uma educação para a
independência, com autonomia de pensar no que é humano e na formação do
ser, enquanto construtor de seus próprios conhecimentos.
A escola não pode distanciar nem do trabalho, nem do mundo, muito
menos do lazer, é preciso trabalhar em parceria, para atender as perceptivas
sociais e intelectuais. Há alguns tempos acompanho as discussões sobre o
ingresso do estudante com deficiência no ensino superior. E alguns
questionamentos foram surgindo, como por exemplo: a pessoa com deficiência
tem acesso à universidade? Como deve ser aplicado o vestibular? Ele atende
às necessidades da pessoa com deficiência? Há garantia de permanência e
eficácia destes estudantes durante o curso? A implementação de cotas tem
favorecido a inclusão deste estudante nas universidades? Como estes alunos
são identificados no ensino superior? De que forma acontece o ingresso
destes, nas universidades? Segundo Mazzoni (2003), os problemas
enfrentados pelas pessoas com deficiência nas universidades brasileiras são
pouco conhecidos e pesquisados. Mesmo com a oferta de vagas disponíveis
pelo MEC através de políticas afirmativas, a fim de promover a equidade no
ensino superior, isso não tem sido suficiente para oferecer um ensino de
qualidade para todos. Como destaca Mazonni, Torres e Andrade (1999, p.11),
O acesso à universidade para as pessoas portadoras de deficiências
compreende duas etapas bem distintas: a primeira corresponde ao curso
vestibular, e superado esta barreira, a segunda é a permanência do aluno na
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instituição em condição de estudo justa. A segunda é a mais difícil e os alunos


necessitam de uma política institucional de acompanhamento que permita
identificar suas necessidades educativas e preparar os professores para que
possam atendê-los. Muitas são as indagações sobre a aplicação do vestibular
aos estudantes com deficiência que querem alcançar o ensino superior. Não
podemos deixar de ressaltar, apesar dessas iniciativas, há uma grande
dificuldade de acesso às tecnologias assistivas e outros recursos que facilitam
a permanência destes estudantes nas universidades.
Alguns programas de ações afirmativas, que teve o apoio do MEC e,
mais especificamente o “Programa Incluir”, que visa fortalecer essas iniciativas
e estimular a implantação de novos núcleos, como podem observar, através de
seu edital de Nº 3, de 26 de abril de 2007.
O Programa tem por objeto apoiar as propostas de criação ou
reestruturação de Núcleo de Acessibilidade, na Instituição em que estes
núcleos vão atuar. Dessa forma, visa também, a acessibilidade da pessoa com
deficiência, em todos os espaços, ambientes, materiais e processos
desenvolvidos na Instituição.
Assim, o programa busca integrar e articular as demais atividades que
serão desenvolvidas, para estes estudantes, a fim de promover a inclusão da
pessoa com deficiência. As inquietações das universidades em adequar suas
estruturas para atender as pessoas, nem sempre garante apoio aos estudantes
com deficiência, embora, essas discussões estejam presentes em nosso dia,
elas possibilitam mudanças a essa parcela da população.
É possível destacar os avanços que as universidades tiveram ao longo dos
anos, perpassando pelo início do desenvolvimento da educação especial no
Brasil, desde o século XIX, até os dias atuais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi de suma importância, uma vez que possibilitou a


oportunidade de aprofundar o conhecimento em relação à inclusão de pessoas
com deficiência no ensino superior. Ficou bem claro na pesquisa realizada, que
mesmo ocorrendo muitas mudanças no decorrer da história, ainda tem muito o
16

que mudar, para que de fato as pessoas com deficiência possam ser
integradas na sociedade, e alcance emancipação social
O capítulo 2 tratou a história da deficiência, da marginalização à inclusão
social, no qual foi apresentado o percurso das políticas educacionais de
inclusão e os princípios constitucionais aplicáveis às pessoas com deficiência.
Tratou-se de maneira elucidativa sobre tais temáticas que trouxeram
esclarecimentos oportunos sobre a inclusão das pessoas deficientes no ensino
superior e quais as garantias e desafios presentes na contemporaneidade
O capítulo 3 abordou sobre a lei brasileira de inclusão. Entende-se que
mesmo com a Lei 13.146/2015 ( lei brasileira de inclusão que foi um março
importante no que tange ao avanços dos direitos à inclusão das pessoas com
deficiência, ainda tem muito o que se fazer para que de fato das pessoas
com deficiência possa se sentir incluso e terem seus direitos garantidos,
principalmente na educação, a previdência e assistência social.
O capítulo 4 destacou a inclusão de pessoas no ensino superior, onde
mostra que as pessoas com deficiência que tradicionalmente eram
expectadores, agora entram em cena assumindo vez e voz, chegando ao
ensino superior.

Espera-se que este trabalho contribua de maneira positiva para o meio


acadêmico como fonte para que novos trabalhos surjam e possam ser
aprimorados dentro do contexto de políticas públicas de investimento sobre a
temática, de discussões e reflexões acerca das ações que envolvem a
educação especial no Ensino Superior, nas quais se busque, a partir da
inclusão, a garantia de direitos, a valorização e o respeito ao deficiente, no
tentando de superar as dificuldades enfrentadas, atualmente, destinadas a
inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior, e assim de fato, eles
possam usufruir de um direito, uma conquista que é deles, uma educação de
qualidade.

Theo inclusion of people with disabilities in higher education


guarantees and challenges

ABSTRACT
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Thais articie ainda tô reflect on the valuation, guarantees and challenges in the
processo do inclusion of people with disabilities in higher education, therefore, It
ia suggested tô analyze the vários literature dealing with the theme um the
theme um the light of contemporary thearies, suggesting strategies adopted tô
Ensure the inclusion of people with disabilities in higher education. The
methodology os bases on taxonomy Vergana (2014) and ia explanarory and
literature. For the theoretical framework used CASTANHO (2006),
CAVALCANTE (2001), MAZZOTA (2005), SASSAKI (2007), SILVA (2010)
therefore, público policies até of utmost relevante for tackling the social
exclusivo do people with disabilities

KEYWORD: disability.inclusion.higher education.público policies

REFERÊNCIAS

CASTANHO, D. M.; Freitas, S.N. (2006) Inclusão é prática docente no


ensino superior. Revista Educação Especial, (27), 85-92.
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Editora Altas, 2. Ed.2011.
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educação inclusiva. In: GLAT, Rosana (org). Educação inclusiva: cultura e
cotidiano escolar. Rio de janeiro: 7 Letras, 2007.

GUERREIRO, E. M. E.; Almeida, M. A.; Silva Filho J. H. (2014). Avaliação da


satisfação do aluno com deficiência no ensino superior. Avaliação, 1 (19),
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Lei n 13. 146/ 2015 de 6 de julho de 2015 ( 2015). Institui a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da pessoa com Deficiência)
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MAZZOTA, Marcos José Silveira. Educação especial no Brasil: História e


políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2005.
MELO, L.C.; Bolsanello, M. A.; Sever, R.G. 2011) Ingresso e permanência na
Universidade: alunos com deficiência em foco. Educar em Revista (41),
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SASSAKI, Romeu Kazumi. Nada sobre nós: Da integração à inclusão- Parte


1. Revista Nacional de Reabilitação, ano X, n. 57, Jul/ag.2007
SILVA, Aline Maira da. Educação especial e inclusão escolar: história e
fundamentos. Curitiba: Ibpex, 2010.

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