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H. G.

Wells e a Conspiração Aberta


Por Rogério Reis Carvalho Mattos
28/12/2017
http://www.oabertinho.com.br
rogerio_mattos@hotmail.com

Foto de Shelagh Bidwell inspirada no livro "A máquina do tempo".

Conhecido escritor de obras de ficção científica, H. G. Wells, como muitos dos escritores desse
gênero literário, tem a fama de serem como que profetas de tempos futuros. Quando se olha
para o escritor inglês, contudo, vemos a humanidade reduzida a refém de poderes
extraterrestres e escravos do aprimoramento tecnológico, como no livro "A guerra dos
mundos", onde as bactérias derrotam os marcianos, e não a humanidade, ao todo, impotente.

Como corolário da incapacidade dos seres humanos de enfrentarem os próprios desafios, mais
complexos com o passar do tempo, Wells foi publicista das ideias discutidas nos altos círculos
do Império Britânico que o fizeram ser, além de escritor de ficção científica, também um dos
pioneiros na produção de literatura pornográfica. “Seu talento era, como ele implicitamente
descreve a si mesmo, um homem com o olhar de um proxeneta para suscetibilidade de sua
clientela depravada com fantasias sexuais não tão escondidas”.

Suas três antecipações de acordo com as ideias da elite dirigente que o patrocinava foram 1)
armas nucleares, 2) governo mundial, 3) masturbação neo-malthusiana, ou seja,
ambientalismo. Armas nucleares e governo mundial vemos agora no íntimo entrelaçamento
entre a política bélica ocidental reunida em torno da OTAN e as diretrizes de "crescimento
zero", de atentado à soberania nacional, feitas pelo sistema financeiro transatlântico, seja
através de FMI, Banco Mundial ou correlatos. São duas forças que andam juntas. Na parte
mais "estética", mais "soft" das políticas imperialistas, o ambientalismo como meio de alavancar
o "crescimento zero", como nas "tecnologias apropriadas" para a África e não projetos de
integração regional com alto grau de investimentos, para dar um exemplo.

Balcanização e não desenvolvimento dos Estado-nacionais soberanos. A prática da chamada


Guerra Fria, como no macartismo passado e como no atual, talvez ainda mais intenso (e que
sentimos como nunca aqui no Brasil). Profeta do caos, das ideias nefastas dos círculos
dirigentes internacionais. Este, H. G. Wells.

H.G. Wells, que foi chefe da Inteligência Exterior britânica durante a Primeira Guerra Mundial e
avô espiritual da Conspiração de Aquário, foi um protegido do grande darwinista T. H. Huxley,
fundador, junto com Cecil Rhodes, da organização de inteligência britânica Mesa Redonda. A
Mesa Redonda é uma das sociedades secretas “abertas” vinculada aos Guelfos Negros, mais
conhecidos como a Casa de Windsor. Outra é a Sociedade de Carpócrates, diretamente
relacionada com a rainha Isabel II, ela mesma guelfo negro por parte de sua avó, a rainha
Vitória. O membro mais importante da Mesa Redonda britânica foi o barão Harold Anthony
Caccia, cuja família é uma das mais antigas da Nobreza Negra. Por sua vez, a Nobreza Negra
veneziana estava relacionada com uma organização secreta chamada OC (Organização
Cônsul), controlada pela organização Thule, que funcionava como “organização matriz” de uma
miríade de partidos, sociedades, unidades paramilitares e grupos terroristas. As “maiores”
criações da Sociedade Thule foram o partido nazista e seu degenerado líder, Adolf Hitler.
Wells, o romancista, era membro de um grupo da elitista oligarquia britânica, o Clube dos
Coeficientes. Tanto a Mesa Redonda, mais tarde, como os membros do grupo dos coeficientes
tinham como objetivo estabelecer um “império feudal dirigido por uma aristocracia que
controlasse os conhecimentos e a tecnologia e os utilizaria para governar a uma população de
ignorantes e drogados escravos de plantação” (...)
O grupo Bilderberg era, de fato, uma extrapolação natural do Clube dos Coeficientes. Milner
expôs sua visão do futuro durante um encontro celebrado em 1903, mais de meio século antes
da fundação do grupo Bilderberg. Destacou o seguinte:
“Deve haver uma aristocracia, não privilegiada, mas compreensiva e com determinação, ou do
contrário a humanidade fracassará [...] E aqui é onde surge meu peculiar conflito com a
democracia. Se a humanidade em geral é capaz de alcançar um elevado nível de educação e a
liberdade para criar que se requer, muito mais capazes serão os melhores e mais enérgicos
membros dela [...] A solução não reside na confrontação direta. Podemos derrotar a
democracia porque compreendemos como funciona a mente humana, o espírito da pessoa.
“Necessitamos da imaginação construtiva do vasto grupo de pessoas poderosas, inteligentes,
empreendedoras e influentes entre as que se difunde no poder hoje em dia, para alcançar a
cultura de uma aristocracia consciente, sumamente seletiva, de mentalidade aberta e dedicada,
que me parece que será a seguinte fase necessária do desenvolvimento dos assuntos
humanos. Eu vejo o progresso humano não como um produto espontâneo de gentes ou de
mentes incultas, que se veem empurradas pelas necessidades elementares, mas como um
resultado natural, porém complexo, de intricadas interdependências humanas, de energia e
curiosidade humanas liberadas que se movem por prazer, paixões e motivações humanas
modificadas e redirecionadas pela literatura e a arte” (...)
Entra em cena H. G. Wells. A partir de 1894, Wells escreveu dezenas de romances de ficção
científica e mais de setenta contos para a Pall Mall Gazette, propriedade dos Astor, uma família
da Nobreza Negra Veneziana. Essa mesma família, anos mais tarde, patrocinaria Hitler, junto
com outros destacados oligarcas americanos e britânicos. Sua obra mais importante foi, sem
dúvida, ​A guerra dos mundos​. De novo o tema da invasão da terra por parte de seres
superiores tecnologicamente, neste caso procedentes de Marte. A tese do argumento é
simples: o homem, espécie quase animal, corre perigo de desaparecer ante a invasão de uma
força superior. O futuro é uma espiral dantesca que nos levaria ao inferno. Finalmente o
homem derrota os marcianos, mas não graças a sua criatividade ou imaginação, mas pela
ação natural das bactérias, que são a forma de vida mais inferior que existe.
Os patrocinadores da ficção científica deixavam bem claras suas intenções: os homens eram
bestas, a tecnologia resultava impotente e o produto mais acabado da larga luta levada pelo
homem para governar seus assuntos segundo a lei do progresso, o Estado-nação soberano, ia
ser substituído por uma ordem universal feudalista. Assim, pois, “o método fundamental para
‘calar’ a população na desapiedada supressão dos poderes criativos da razão, essa
capacidade mental do homem que habitualmente aparece na forma de descobrimentos válidos
da Física, que revolucionam os axiomas anteriores”. Sem dúvida, havendo tanto em jogo, se
necessitava algo mais que Wells para transformar uma vibrante população estadunidense que
tinha aspirações de grandeza em um curral cheio de gado humano domesticado. A estratégia
era simples e eficaz: retardar a criatividade em todos os terrenos e desacelerar o ritmo dos
avanços econômicos e científicos. (ESTULIN, 2011, p. 263-5 e 266)

H. G. Wells foi um dos primeiros propagandistas de uma “Nova Ordem Mundial”, ou seja, de um
governo internacional comandado por uma elite aristocrática através de organismos
supranacionais. Dentro de seu conceito de controle de natalidade de vertente neo-malthusiana
estava o que depois lorde Bertrand Russell chamou de “Destruição Mútua Assegurada” (em
inglês MAD - Mutually Assured Destruction -, palavra que em português quer dizer “louco”).
MAD implicava o bombardeio “pacífico” com bombas nucleares entre os países mais populosos
do mundo, no intuito de manter baixos os níveis populacionais da humanidade. Não foi por
outra teoria que se construiu o conceito de “guerra fria”, período tenebroso vivido durante
quase cinqüenta anos, onde o planeta temia uma guerra nuclear de conseqüências
imprevisíveis.

Só para lembrar, Thomas Malthus foi um cientista inglês que afirmou que a população da Terra
crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia em progressão
aritmética. Logo, a população do planeta deveria sempre estar em níveis pequenos para se
manter a qualidade de vida para todos. Triste sofisma, caso os mesmo argumentos, agora mais
sofisticados (neo-malthusiano) não fossem a base da maioria dos movimentos “verdes” que
conhecemos, inclusive do Fundo para a Vida Selvagem (WWF), criado pelo príncipe Felipe de
Edimburgo, oficial da elite nazista e destacado oligarca europeu. Em H. G. Wells não vemos
apenas as sementes do que seria mais tarde os movimentos ambientalistas ou as tentativas de
impor um governo mundial através de instituições como ONU, FMI ou Banco Mundial. Wells foi
um dos primeiros escritores de textos eróticos, negativo fotográfico do que mais tarde seria a
necessidade crescente de se produzir pornografia, só que de maneira mais direta. Eis os
argumentos de Wells:

O Novo Maquiavel é tudo menos erotismo descarado. O tema... salientou a dura


incompatibilidade entre o amplo interesse público com a alta, acelerada paixão imaginativa –
com considerável simpatia pela paixão... Eu não estava sendo indulgente comigo e o mundo
com a arte pornográfica ou fazendo um ataque contra nada que eu considerasse moral... Eu
estava liberando, nesses livros, uma longa acumulação de repressão. Eu estava trabalhando
com os problemas colaterais com uma habilidade total... Num mundo onde a pressão pelos
meios de subsistência foi uma condição de vida normal, é necessário compensar isso com a
remoção das restrições sexuais restantes, e por isso defendi que o sexo fácil deve ser
complementado com a adesão à propaganda neo-malthusiana. Isso eu fiz em meu
Antecipations (1900) e continuo a escrever abertamente sobre a matéria num período onde o
neo-malthusianismo foi, sem dúvida, o respeitável movimento que se tornou. (LAROUCHE,
1997)

Só que Wells não era um gênio das trevas ou algo nesse sentido. De genialidade, de
capacidade criadora, o escritor inglês era praticamente destituído. “Seu talento era, como ele
implicitamente descreve a si mesmo, um homem com o olhar de um proxeneta para
suscetibilidade de sua clientela depravada com fantasias sexuais não tão escondidas”
(LAROUCHE, 1997). Wells não foi um inventor, mas um publicista das políticas que eram
discutidas nos altos meios oligárquicos da Europa e dos Estados Unidos. São três as noções
debatidas nesses círculos, as quais Wells faz eco em seus escritos: 1) armas nucleares, 2)
governo mundial, 3) masturbação neo-malthusiana.

Para conseguir isso, os britânicos devem eliminar a existência das instituições sob as quais a
existência da civilização europeia depende. Devem fazer voltar o relógio da história, portanto.
Devem eliminar o Estado-nação, para retornar a um tipo global de Pax Romana, ou um
governo mundial aproximado a isso. Devem erradicar formas de economia que dependem do
desenvolvimento dos processos cognitivos da humanidade em geral. (LAROUCHE, 1997).

O tipo de ficção criada por H. G. Wells é a mesma que permitiu a divisão do mundo em dois
blocos hegemônicos durante o período que nós conhecemos como o da Guerra Fria. Essa
Guerra permitiu a aceitação do conceito de que todos os países do ocidente corriam o risco do
“perigo comunista”. Tal “perigo” legitimou as operações que levaram a cabo todos os golpes de
Estado, por mãos militares, por toda a América Latina. Sem saber, nós como população, que
essa mesma Guerra Fria foi cuidadosamente engendrada, já que toda tecnologia então
existente na União Soviética veio a existir por mãos ocidentais, europeias ou norte-americanas,
inclusive a tecnologia da bomba atômica. Se o governo de Hitler não funcionou como um
primeiro parâmetro de controle social que posteriormente deveria se espalhar pelo mundo, que
o controle se desse através do meio imaginário, ou se possível do factível, através do terror de
uma explosão atômica. Se as pessoas se sentiam reprimidas por um mundo que encampava
uma nova guerra depois da eclosão de dois conflitos mundiais, que se satisfizessem no uso de
drogas, da pornografia e do amor livre.

BIBLIOGRAFIA

ESTULIN, Daniel. El Instituto Tavistock. Barcelona: Ediciones B, 2011.

LAROUCHE, Lyndon. The Wells of Doom. Executive Intelligence Review, 19 de Dezembro de


1997.

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