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BISSCHOP, Pierre H.

; PT, Dip OMI1; Tradução: Lisandro Antonio Ceci

Artigo Original

Dor na Virilha:
Um Problema Diagnóstico Diferencial
Resumo Abstract
Dor na virilha é uma queixa comum na prática diária, frequente- Pain in the groin is a common complaint in daily practice, often
mente associada a esportes e atividades de força. É realmente um associated with sports and strengthening activities. It is indeed one
dos fenômenos de overuse mais encontrados em alguns esportes of the most encountered overuse phenomena in certain specific
específicos, por exemplo, futebol e corrida. Porém, vários pacientes sports, f. ex. soccer and running. Quite some patients however
que se queixam de dor na virilha pertencem ao grupo de pessoas complaining of groin pain belong to the group of non-sportive
não esportistas. Nestes casos será aparentemente mais difícil achar people. In those cases it will apparently be more difficult to find a
uma causa clara para os sintoma do paciente. clear cause for the patient’s symptoms.

A Virilha do nervo ilioinguinal. As duas lacunas são externo (se insere parcialmente no ligamen-
separadas pelo arco iliopectineo. to inguinal) e interno (origina-se parcial-
Anatomicamente a virilha é uma região O canal inguinal é delineado mente na EIAS e no ligamento inguinal, e
complexa. Ela compreende a parte distal caudalmente pelo ligamento inguinal, an- as fibras inferiores cursam como o múscu-
da parede abdominal, a dobra inguinal, a teriormente pela aponeurose no músculo lo cremaster distalmente), o músculo trans-
face anterolateral e anteromedial da coxa abdominal obliquo externo, posteriormente verso do abdome(originado parcialmente
incluindo a área adutora anterior. pela fáscia transversal abdominal (com na EIAS e no ligamento inguinal), o mús-
As estruturas ósseas nesta área com- medialmente the falx inguinalis) e culo reto abdominal (inserção: sínfise
preendem o púbis, o anel ósseo em torno cranialmente pela borda inferior do mús- púbica) e o facultativo músculo piramidal
do forame obturatório, a parte anterior do culo transverso abdominal. A abertura in- (inserção: púbis). Os flexores de quadril
ílio (com a espinha ilíaca antero superior – terna do canal é construída por uma aber- incluem o músculo sartório, que se origina
EIAS), o acetábulo e a parte proximal do tura na fáscia transversal. Esta é o anulo da espinha ilíaca antero superior e o mús-
fêmur, incluindo a cabeça femoral, o colo inguinal profundo. A abertura inguinal ex- culo reto femoral que tem sua origem na
femoral e o trocânter menor. terna é formada por uma divisão da espinha ilíaca antero inferior. O músculo ílio
As estruturas artogênicas nesta região aponeurose do músculo abdominal obliquo psoas atravessa a lacuna muscular e se in-
são: a sínfise púbica – a junção condro- externo – o anulo inguinal superficial. O sere no trocânter menor. No grupo dos
ligamentar entre ambos os ossos púbis e canal inguinal contém em homens o adutores existem o músculo pectíneo que
as articulações da coxa com uma forte cáp- funículo espermático e em mulheres o li- tem sua origem na eminência ílio púbica, o
sula articular, reforçada por ligamentos gamento redondo do útero. Existe vários músculo adutor longo (origem: ramo su-
intracapsulares. vasos linfáticos nesta região. perior do púbis), o músculo adutor curto
O ligamento inguinal cursa desde a es- A bursa iliopectinea é uma grande bursa (origem: ramo inferior do púbis), o múscu-
pinha ilíaca antero superior ao tubérculo que se localiza na face anterior da articula- lo obturador externo (percorre desde a
pubiano. Entre o ligamento e a face anteri- ção do quadril, sob o músculo iliopsoas, e borda medial do forame obturador até a
or da pelve, lateralmente, existe a lacuna frequentemente tem uma conexão com a fossa trocanteriana),o músculo adutor mag-
muscular – esta contém o músculo iliopsoas, cavidade articular. no (origem: ramo inferior do púbis, ramo
bem como o nervo femoral, nervo cutâneo O aparato muscular na área da virilha inferior do isquio até a tuberosidade
femoral lateral e alguns ramos do nervo pode ser classificada em três grupos. Os isquiatica).
genito femoral – e medialmente a lacuna músculos abdominais que descem até a A inervação sensorial da parte distal da
vascular – com a artéria femoral, as veias região da virilha são o abdominal obliquo parede abdominal origina-se dos nervos
femorais, vasos linfáticos e alguns ramos

1
Fisioterapeuta - Bélgica, diplomado em Medicina Ortopédica de Cyriax – Lecture Senior
Secretário da Orthopaedic Medicine International (OMI), professor Internacional do Método de
Medicina Ortopédica de Cyriax e professor da Escola de Terapia Manual e Postural –
Fisioterapia Salgado – Brasil.

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espinhais T11 e T12. A área em torno da EIAS férico. articulação do quadril, principalmente da
é inervada pelo nervo iliohipogástrico ( L1- Condições ao nível do myelum não base de um corpo livre. Uma sensação
L2). A parte anterior e proximal da coxa é apresentam especificamente queixas na constante de fraqueza indica fraqueza mus-
inervada pelo ramo cutâneo do nervo região da virilha. Esta é uma opção im- cular e ocorre seguindo problemas
femoral e do nervo genitofemoral. A parte provável. neurogênicos ou músculotendinogenicos,
antero lateral da coxa é suprida pelo nervo A combinação de dor e parestesia deve, com ou sem atrofia muscular.
cutâneo femoral lateral, a parte medial pelo em uma primeira instancia, atrair a aten-
nervo obturador. A inervação da articula- ção para um problema de raiz nervosa, seja Avaliação clínica no caso de
ção do quadril é feito pelos ramos articula- ela torácica baixa, lombar ou sacral. A cau-
res da maioria dos nervos do plexo lombar sa mais provável aqui deveria ser uma dor na virilha
e sacral (L2-S3). interação disco radicular em uma destas Neste artigo iremos enfocar no princi-
A inervação motora dos músculos ab- regiões. As queixas são segmentares e por pal sintoma pelo qual o paciente se consul-
dominais é feita principalmente dos ramos isso, são sentidas em um dermátomo. ta, nomeado dor.
musculares originados na torácica baixa e Lesões de nervo periférico principal- A história irá determinar, por um lado,
plexo lombar alto. Os flexores de quadril mente apresentam somente parestesia, mas a diferenciação entre condições gerais ou
são inervados pelo nervo femoral e os queixas sobre dor não são totalmente im- ortopédicas e, por outro lado, o exame fun-
adutores principalmente pelo nervo obtu- possíveis. A parestesia é sentida no territó- cional subsequente.
rador. rio de um nervo em particular. Em
A vascularização de todo o quadril e fenomenos de encarceramento a localiza-
virilha ocorre principalmente pela artéria ção da compressão irá determinar os es-
Condições gerais vs.
ilíaca externa ( via artéria femoral) e tam- quemas das queixas. Plexopatias e com- Condições ortopédicas/
bém parcialmente da Artéria ilíaca interna pressão dos principais nervos periféricos
(via Artéria obturatória) apresentam-se com o “fenomeno de
neurológicas
As vísceras que são encontradas na área liberação”(a parestesia ocorre após a com- Em muitos casos a diferenciação entre,
da virilha são o apêndice, o ureter, os ová- pressão cessar!). por um lado, condições viscerais e, por
rios, o íleo, os testículos e o epidídimo. Compressões distais apresentam outro lado, desordens ortopédicas e neu-
anestesia mais que parestesia e os sintomas rológicas serão baseadas na impossibilida-
de de detectar uma relação entre os sinto-
ocorrem durante o período de compressão.
Queixas na região da virilha mas e as atividades, movimentos e/ou pos-
turas.
Os principais sintomas dos quais o pa- A maioria das condições do sistema
ciente queixa-se são: dor, parestesia, dimi-
Edema
locomotor são relacionadas com a ativida-
nuição de sensibilidade, edema, limitação Edema na região da virilha tem quase de (“desordens atividade-relacionada”) e
de movimento e fraqueza. Estes sintomas sempre uma origem local e é frequente- isso deveria aparecer durante o
podem ocorrer isoladamente ou combina- mente relacionada a condições ao nível do questionamento do paciente. O examina-
dos. Certas combinações específicas já pos- canal inguinal. dor tem que levar em conta de que não
suem um valor diagnóstico. existe regra absoluta: existem patologias
internas que podem apresentar queixas em
Limitação de movimento uma ou outra atividade e também proble-
Dor Limitação de movimento do quadril
mas locomotores menores podem algumas
vezes causar sintomas bastante não espe-
Um paciente com dor na virilha não pode ser subjetiva ou objetiva. O pacien- cíficos.
aponta para uma estrutura específica, te pode ter a sensação de que os movi- A triagem irá geralmente ter sido feita
mas localiza os sintomas em uma certa mentos estão limitados, porém nada obje- no consultório do médico, mas quando o
área na região da virilha. A descrição da tivo é detectável. A “limitação” é então fre- fisioterapeuta tem alguma dúvida durante
dor pode tanto ser bastante vaga e nes- quentemente o resultado de dor e medo a avaliação do paciente, é melhor se man-
te caso é frequentemente referida de subsequente de mover até o final da am- darmos o paciente de volta para o médico
uma lesão situada mais proximalmente plitude. Limitação objetiva de movimento para uma avaliação geral.
(coluna torácica baixa ou lombar, arti- é geralmente o resultado de problemas ar-
culação sacro-iliaca, vísceras), ou o pa- ticulares (ex.: Coxoartrose), mas também Localização de dor
ciente é capaz de indicar a área de dor pode seu causada pelo encurtamento de
precisamente. Neste caso é na maioria um músculo (ex.: Músculo Ílio psoas) ou O achado de onde o paciente sente a
das vezes um problema local. Os processos que ocupam espaço na virilha dor irá enfocar a razão clínica em uma cer-
dermátomos que se localizam juntos na (ex.: hérnia inguinal). ta direção. Descrições vagas com
virilha tem origem na torácica baixa (T11- sobreposição em diferentes dermátomos
), lombar alta (L1-L3) ou sacrais (S3-S 4). indica um caráter multisegmentar. A causa
12
Fraqueza se localiza em uma estrutura que tipicamen-
te apresenta referencia multisegmentar de
Parestesia No caso de um paciente descrever a
dor. Isto é mais provável na dura máter
sensação de fraqueza, temos que ter cer-
A presença de parestesia e/ou disestesia torácica baixa ou lombar. Menos provável
teza se isto é permanente ou temporário. é a ocorrência de um problema
incrimina o sistema nervoso. A causa deve Fraquezas momentâneas (“falseios”) geral- multiradicular na mesma área. Outros te-
ser buscada em algum lugar entre a medu- mente tem um caráter articular. Isto ocorre cidos moles, como a manga dural da raíz
la espinhal e o término de um nervo peri- tipicamente nos “desarranjos internos” na

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nervosa, apresentam uma referencia seg- leva a um diagnóstico suficiente. menor, outras estruturas do sistema
mentar de dor, em um dermátomo especí- locomotor podem causar referencia
fico. Em casos, uma dor bem localizada é multisegmentar de dor. A maioria dos teci-
encontrada que a causa deveria se locali- Interpretação da avaliação dos moles apresentam uma referencia de
zar em um tecido mole ou um osso (ex.:
osteoma osteóide).
clínica (razão clínica) dor puramente segmentar. Um exemplo é
a articulação sacro-ilíaca. A face anterior
Após a avaliação padronizada – histó-
da articulação é parcialmente inervada pe-
ria e exame funcional – ter sido completa,
Comportamento da dor a interpretação deve iniciar. Um resumo é
los níveis L2-L3 e consequentemente podem
referir dor na virilha.
A resposta às questões “O que faz ini- feito de respostas positivas e negativas. Os
dados vindos do exame funcional – possi-
ciar a dor/ o que aumenta a dor?” e “o
velmente um ou outro esquema ter sido
que faz a dor desaparecer/ o que diminui a
reconhecido – são comparados aos vindos
dor?” irão mostrar se a desordem é ativi-
da história. Uma imagem clínica é
dade-relacionada ou não, mas também dá Sacroileíte ou estiramento
construída e reconhecida como a figura ligamentar sacro-ilíaco
uma idéia das possíveis condições.
pertencente a uma certa condição. Exames • Dor na virilha ( e face posterior da
Um paciente com dor na virilha quan-
técnicos podem, quando necessários, con- coxa)
do sentado possivelmente existe um pro-
firmar o diagnóstico ou excluir certas pos- • Testes positivos à provocação de
blema lombar (discal, ligamentar), entre- dor. Ex: tração
síveis desordens.
tanto, fenomenos de compressão localmen- • Alguns testes lombares e do qua-
Cada desordem tem sua própria ima-
te na virilha também são possíveis. Ocor- dril positivos
gem clínica. Em certos casos isso pode ser
rência de sintomas durante a marcha e • Possível dor em testes de adução
bem simples e fácil de reconhecer, mas em de quadril isométricos
ortostatismo irá também ser causado por
outros casos isso pode ser bastante com-
um problema locomotor no quadril – arti-
plexo e difícil de interpretar, especialmente
cular ou muscular. Queixas como fisgadas
quando condições são combinadas.
súbitas (twinges), combinados ou não com
falseio e/ou bloqueio articular são quase Desarranjos Internos
patognomonicos para desarranjos internos, Desordens Queixas vindas das vísceras ficam fora
por exemplo, um corpo livre. Dor ao re- do espectro do trabalho do fisioterapeuta.
As possíveis desordens que podem
pouso e especialmente dor noturna indica Em ordem de ser completo uma pequena
apresentar dor na virilha podem ser classi-
a possibilidade de alguns elementos infla- pesquisa é dada.
ficadas em três grupos:
matórios. Dor em atividades que aumen-
- Problemas mecânicos com dor re-
tam a pressão abdominal – tossir, espirrar e
ferida
valsalva – apontam para a coluna vertebral Dor na virilha devido a proble-
- Problemas internos
(sintomas durais em interações disco- mas internos
- Problemas locais
durais) ou para a articulação sacro-ilíaca. • Hérnia inguinal/ hérnia inguinal
O exame funcional será executado em impactada
foco do que foi encontrado durante a his- Problemas mecânicos com • (pseudo)aneurisma da Artéria femoral
• Tumores benignos, ex.: cistos sebá-
tória. Quando a imagem não é clara, um
exame preliminar será executado, inician-
dor referida ceos hydradenitis
• Lymphadenitis
do na coluna e incluindo toda a extremida- A dor referida multisegmentarmente in- • Edema linfático devido a metástases
de inferior. Este exame – de fato a avalia- dica envolvimento dural ou multiradicular. de um tumor maligno ou na imagem
ção lombar padrão – compreende testes de Dor referida segmentarmente pode ser o de um linfoma (Hodgkin ou não-
mobilidade para a duramater e raízes ner- resultado de um problema monoradicular. Hodgikin)
• Hematomas pós cardiologia invasiva
vosas lombares, testes articulares para as Os mais prováveis as interações disco-
• Apendicites/ Diverticulites
articulações vertebrais, a articulação sacro- durais e disco-radiculares, entretanto cada • Problemas ovarianos
ilíaca e do quadril, bem como testes processo ocupador de espaço no canal es-
isométricos (neurologia, músculos) e tes- pinhal pode causar queixas similares.
tes para condução sensorial e para os re- Também as vísceras e, em um grau bem
flexos. Esta abordagem deve mostrar em Quando a avaliação clínica é totalmen-
que região testes positivos aparecem (co- te negativa o examinador deve considerar
Interação disco dural ou disco
luna, articulação sacro-ilíaca, quadril) e que as seguintes possibilidades:
radicular
região pode então ser avaliada em deta- - Ureter colic
• Sintomas durais: tosse, espirro, valsalva
lhes. Em caso da articulação sacro-ilíaca ser • Sinais durais: Flexão cervical, SLR - Epididimite
• Sintomas articulares: ‘desarranjos inter- - Torsio testis
examinada, testes de provocação de dor
diretos e indiretos são usados. Um possível nos’ – fisgadas (twinges)
• Sinais articulares: esquema articular par-
exame padronizado do quadril inclui os testes
cial Problemas locais
passivos e isométricos clássicos. • Sintomas radiculares: dor radicular, As condições locais na virilha podem
Testes clínicos acessórios e/ou inves- parestesia ocorrer em 3 diferentes níveis: a parede
tigações técnicas (técnicas de imagem, • Sinais radiculares: SLR, estiramento L3,
abdominal, a região do quadril e a área do
ecografias, doppler, etc.) podem ser neces- déficit neurológico
púbis e da sínfise.
sários quando a avaliação clínica padrão não

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Desordens ao nível da Lesão de Gilmore = ruptura Necrose avascular do quadril
parede abdominal inguinal
• Dor à atividades, tosse e espirro


Meia idade
Abuso de álcool/ abuso de esteróides?
As seguintes lesões ocorrem na parte • Palpação positiva (com dedo mínimo • Dor à carga
distal da parede abdominal via escroto invertido): dilatação do • Discreto esquema não capsular> mais
- Lesão do músculo reto abdominal anulo inguinal superficial, tarde : capsular?
- Lesão do músculo abdominal obliquo impulsividade à tosse, sensibilidade • Cintilografia óssea positiva
externo. Uma lesão específica aqui é a “le-
são de Gilmore”.
- Lesão do músculo abdominal obliquo Desordens na região do quadril a esteróides monoarticular, condições
interno reumatóides, artrite séptica, artrite
Os problemas ao nível do quadril po-
- Lesão do músculo piramidal tuberculósica, condrocalcinose e gota, e ar-
dem classicamente ser classificados em dois
Uma lesão do músculo reto abdominal trite monoarticular de meia idade.
grupos: condições das estruturas inertes e
ocorre principalmente em atletas de fute-
condições das estruturas contráteis.
bol. É localizada proximalmente à sínfise
A condições inertes (lesões ósseas, de- Artrite do quadril
púbica. É relacionada a atividades, como
sordens articulares e intrarticulares, • Esquema capsular:
por exemplo carregar peso. Tosse pode ser • Rotação na >> flexão = abdução >>
bursites) irão mostrar durante os testes de
dolorosa. A imagem clínica mostra um es- extensão
mobildade passiva, tanto pela presença de
quema muscular. Diagnóstico diferencial
um esquema de limitação de movimento
deveria incluir uma lesão do músculo reto
(esquemas capsulares, esquemas não
femoral, do músculo iliopsoas e do osso Coxoartrose é uma “insuficiência ar-
capsulares), ou por estiramento no final da
púbis. ticular” com uma etiologia múltipla onde
ADM ou dor pela compressão. cada componente da articulação (cartila-
As condições das estruturas contráteis gem, osso subcondral, liquido sinovial e
Lesão do músculo reto abdominal são caracterizadas por dor aos testes capsula articular) tem uma função na
• Dor à flexão isométrica de tronco patogenese. O diagnóstico deve ser feito
isométricos combinados com dor ao
• Dor à extensão de tronco ativa clinicamente e será insensato basear-se
• Dor às atividades estiramento durante os testes passivos.
somente em radiografias. Há frequente-
• Dor à tosse? Lesões ocorrem nas seguintes estruturas:
mente pouca relação entre os sinais clíni-
Músculo iliopsoas, músculo reto femoral, cos e os achados radiológicos.
músculo sartório e os músculos adutores.
Desordens do músculo obliquo abdo- Lesões Ósseas são caracterizadas por
minal externo ou interno também ocorrem Quando um corpo livre está presente,
dor localizada e originalmente grande
em atletas, especialmente jogadores de fu- geralmente em uma articulação artrótica,
quantidade de movimentos negativos. (Está
tebol. A dor é localizada na parte antero- mas algumas vezes também em uma arti-
claro que fraturas na parte proximal do
lateral do tronco. Denovo, um esquema culação normal, a imagem de um ‘desar-
fêmur irá apresentar sinais positivos claros
muscular é encontrado e a lesão é localiza- ranjo interno’ será encontrada. Um esque-
devido a possíveis reações articulares e à
da na parte distal do ventre muscular ou ma não capsular irá desenvolver, possivel-
presença de inserções musculares).
na inserção do ligamento inguinal. mente acima do esquema capsular existen-
te na artrose. Os mesmos sintomas irão
Fraturas por stress do colo femoral também ocorrer em caso de impacto de
Lesão dos músculos abdominais oblí- • Principalmente em atletas de resis- uma lesão do labrum acetabular.
quos int./ext. tência
• Dor à rotação de tronco isométrica • Fatores de risco: erros de treinamen-
• Externo: rotação para longe da dor to, calçados inadequados, treinamen- Artrose do quadril
• Interno: rotação para a dor to em superfícies pobres, coxa vara • Dor, originalmente à carga, mais tar-
• Dor à extensão de tronco ativa • Dor à caminhada e corrida de, constante
• Dor à flexão lateral ativa para longe • Dor noturna? • Artrose precoce: esquema capsular
da dor • Avaliação: discrepância entre marcha • Artrose avançada: desvio do esque-
• Dor às atividades antálgica e sinais súbitos ma capsular: desaparecimento das
• Radiografia positiva? possibilidades de rotação ou desvio
• Cintilografia positiva lateral durante movimentos de flexão.
• End feel rígido
• Crepitação.
A lesão de Gilmore principalmente ocor-
re em jogadores de futebol e é uma ruptu- Uma necrose avascular do quadril ini-
ra inguinal devido a: cia como uma lesão óssea, mas irá termi-
- Ruptura da aponeurose do músculo nar em uma imagem mais extendida. Fra- A bursite do psoas é uma condição que
abdominal obliquo externo com dilata- turas por avulsão ocorrem (ex: no é facilmente esquecida. A avaliação clínica
ção do anulo inguinal superficial. trocânter menor), bem como tumores ós- geralmente não mostra qualquer limitação
- Ruptura da Falx inguinalis seos, tanto primários quanto metastásicos. de movimento mas dor ao final da ampli-
- Desinserção entre a falx rompida e o Artrites do quadril são caracterizadas tude nos testes passivos, geralmente flexão
ligamento inguinal. pela presença de um claro esquema e rotação externa. Um teste acessório
Uma lesão do músculo piramidal no capsular. As artrites podem ser classifica- (adução passiva horizontal) é claramente
osso púbis é muito rara. das em: artrite traumática, artrite sensível positivo.

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Fraturas por stress do púbis ocorrem em
Corpos livres na articulação do qua- Lesão do músculo Sartório atletas, principalmente em jogadores de
dril • Início súbito durante corrida?
futebol e corredores. A lesão é o resultado
• Dor à flexão e rotação externa
• Desarranjo interno: fisgadas, falseios,
isométrica do quadril
de uma sobrecarga e dá sinais positivos à
bloqueio • Dor a flexão isométrica do joelho contração daqueles músculos que se inse-
• Esquema não capsular (articulação • Palpação: osso positivo? rem no púbis. Fratura por avulsão ao nível
normal), possivelmente acima de um • Radiografia positiva? do ramo pubiano também é possível.
esquema capsular (articulação
artrótica)
lesão do adutor longo. As possíveis locali-
• End feel mole
zações são: musculotendinosas, ao nível da Fratura por stress do púbis
origem no osso púbis, ou na parte mais • Dor como resultado de atividades
repetitivas
proximal do ventre muscular. Palpação será
• Dor unilateral?
Bursite iliopectinea informativa, Palpação negativa é conside- • Dor à flexão isométrica de tronco
• Dor à atividade e a lançamento rada um sinal de alarme e devem dar aten- • Dor à adução isométrica do quadril
ção a uma possível desordem do osso púbis. • Radiografia positiva?
• Dor no final da amplitude em testes
• Cintilografia óssea positiva
passivos de acordo com um esquema
não capsular Lesão no músculo adutor longo
• Teste acessório positivo (adução hori- • Dor às atividades
• Dor à adução isométrica do quadril Osteite, necrose e periostite púbica são
zontal)
• Dor à abdução passiva do quadril fenomenos de sobrecarga. A dor é bem
• Palpação positiva localizada na região púbica e é claramente
relacionada com as atividades.
Uma lesão do músculo iliopsoas ocorre
em atletas precisamente na parte palpável
do músculo, nomeado trigono inguinal de Neuralgia Ilioinguinal pode ocorrer em
Osteíte, necrose e periostite do
Scarpa, distal ao ligamento inguinal e encarceramento do nervo ilioinguinal se-
púbis
medial à borda medial do músculo sartório. guindo cirurgia local ou como resultado de • omo resultado de movimentos
trauma, treinamento de abdominais inten- repetitivos no osso púbis ao nível da
so ou condições inflamatórias. Isso leva a sínfise
Lesão do Músculo iliopsoas queimação e dores em pontada na área • Relacionada com as atividades
• Dor à flexão isométrica do quadril (em inguinal. • Teste de compressão sacro-iliaca posi-
supino com a coxa vertical) tivo?
• Abdução passiva do quadril positiva?
• Dor à extensão passiva do quadril?
Desordens ao nível do púbis • Alteração de sensibilidade
• Encurtamento do psoas • Cintilografia óssea positiva
e da sínfise • Radiografia positiva?
Diferentes possíveis lesões ocorrem na
região do púbis: ‘estiramento’ e/ou insta-
Uma lesão do músculo reto femoral
bilidade da sínfise púbica, fraturas por stress
geralmente se localiza distalmente à EIAI Tumores ocorrem ao nível do púbis. Esta
do púbis, osteíte pubiana, necrose ,
(tendinopatia) ou na parte proximal do ven- possibilidade tem que ser considerada
periostite e tumores ósseos.
tre muscular. quando dor localizada é influenciada por
Condições da sínfise são frequentes em
testes isométricos, tanto de tronco ou do
mulheres durante a gravidez e após o par-
quadril, ou onde a palpação de estruturas
to. Esta subluxação puerperal é caracteri-
Lesão do músculo reto femoral contráteis é totalmente negativa (sinal de
zada por dor na posição em apoio unipodal
• Dor à extensão isométrica do joelho alarme).
(especialmente em prono)
ou um estalido doloroso durante a marcha
• Dor à flexão isométrica do quadril (na transição de um apoio unipodal para
• Dor à extensão passiva do quadril (em outro). Em caso de espondilite Lesões do quadril em crianças
prono com joelhos fletidos) anquilosante, inflamação da sindesmose
Atenção especial deve ser dada à ocor-
• Tendinopatia: dor ao pinçamento na pode ocorrer.
flexão total passiva do quadril rência de lesões no quadril em crianças.
Cada criança que queixa-se de dor na viri-
Estiramento/instabilidade da lha, coxa ou joelho, ou marcha com restri-
Sínfise púbica ção, ou onde a menor limitação de movi-
Lesões do músculo sartório não são tão • Dor local ao ortostatismo/ durante
frequentes. Quando sinais do sartório são mento no quadril é encontrada, deve ser
marcha/ mudança de posição>> es-
encontradas em atletas adolescentes, em fra- olhada com a maior atenção!
talido?
As desordens mais comuns são:
turas por avulsão da EIAS é mais provável. • Dor aos movimento isométricos de
tronco
- Sinovite transitória
Lesões nos adutores são frequentes nos
• Radiografia positiva em apoio unipodal - Artrite Séptica
atletas, mas também por exemplo em sal-
Sinfisite - Doença de Legg-Calve-Perthes
tadores em altura, bailarinas, jogadores de
• Teste de distração sacro-iliaca positivo (necrose asséptica)
hockey e até jóqueis. Isto resulta de um
- Epifisiólise
trauma ou sobrecarga. Mais frequente é a
- Hérnia inguinal

24 Fisio Magazine
Pubalgia Tratamento clínicas complexas requerem concentração
na parte em que a imagem é entendida.
O termo pubalgia é frequentemente Antes de qualquer tratamento ser ini-
Quando uma desordem articular ocorre em
utilizado como diagnóstico para lesões que ciado, deve haver uma idéia clara sobre a
combinação com outra desordem, a arti-
causam dor na região do púbis. Isto é apa- possível etiologia da lesão. Em caso de uma
culação é preferivelmente tratada primei-
rentemente totalmente ineficiente. Isto não desordem visceral, espera-se que o paci-
ro.
indica qualquer coisa sobre a possível cau- ente seja encaminhado para uma avalia-
sa da dor. A maioria das condições descri- ção específica. Quando uma lesão ortopé-
tas anteriormente pode ser classificada sob dica é suspeitada, todos os sinais de alar-
Este artigo é a compilação de dados de
este conceito. É melhor descrever precisa- me e contra indicações contra a aborda-
diferentes resumos e aulas neste assunto
mente as diferentes lesões. As lesões são gem fisioterapêutica devem ser excluídas.
nos últimos anos, combinado com informa-
reconhecidas com base na imagem clínica, Em caso de uma lesão comum, o tratamen-
ções da literatura.
que é frequentemente típica. to efetivo é geralmente possível. Imagens

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Fisio Magazine 25

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