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As estruturas internas dos materiais envolvem:

1 - Os átomos
2 - Atrações atômicas, isto é, o modo como estes
átomos se associam com os seus vizinhos.
1 - LIGAÇÕES ATÔMICAS

Ligações químicas: unem os átomos.


Valência: É a propriedade dos átomos de formar ligações.
Classificação das ligações interatômicas: primárias ou
fortes e secundárias ou fracas.
Classificação das ligações primárias: iônica, covalente e
metálica.
Classificação das ligações secundárias: Embora existam
alguns tipos de ligações fracas, elas são geralmente
englobadas dentro da designação de ligações de van der
Waals ( homenagem a Johannes Diderik van der Waals
(1837-1923).
1 - LIGAÇÕES ATÔMICAS
Ligação metálica
É aquela que envolve átomos de metais e caracteriza-se
pela presença de elétrons livres (nuvem eletrônica).
Ë possível nos metais porque possuem um, dois ou no
máximo, três elétrons de valência (última camada).
Os elétrons que não são de valência e o núcleo, formam
um “caroço”eletricamente positivo que é envolvido por uma
“nuvem”, “mar”ou ainda “gás”de elétrons. Os elétrons da
nuvem atuam como uma “cola” mantendo os caroços
positivos unidos.
1 - LIGAÇÕES ATÔMICAS
1 - LIGAÇÕES ATÔMICAS

Os tipos de ligação nos materiais metálicos:


Há predominância de ligações metálicas nos metais.
Quanto menor o número de elétrons de valência do átomo
metálico maior é a predominância da ligação metálica.
Por exemplo:
sódio; potássio; cobre; prata e ouro tem caráter metálico muito
forte. Apresentam condutividades elétrica e térmica muito altas.
metais de transição ( níquel; ferro; tungstênio e vanádio )
apresentam uma parcela apreciável de ligações covalentes.
Apresentam piores condutividades térmica e elétrica e maiores
resistências mecânicas e mais altos pontos de fusão.
1 - LIGAÇÕES ATÔMICAS
2 - ESTRUTURA CRISTALINA
Cristal: é um sólido formado por repetições de um arranjo
tridimensional de átomos, chamadas de células cristalinas ou
reticulados de Bravais.
A grande maioria dos sólidos é cristalina. Assim, suas estruturas
internas são caracterizadas por repetições dos reticulados de Bravais
( células cristalinas ).
Alguns sólidos, como os vidros e as resinas termorrígidas, são
totalmente amorfos. Outros, como os termoplásticos, apresentam
regiões cristalinas em uma matriz amorfa.
Tipos de cristais: metálicos; iônicos; covalentes
Por que Estudar a Estrutura de Sólidos
Cristalinos?

 As propriedades de alguns materiais estão


diretamente relacionadas às suas estruturas
cristalinas.

 Existem diferenças significativas nas


propriedades apresentadas por materiais
cristalinos e não-cristalinos que possuem a
mesma composição (cerâmicos e polímeros).
O que é uma célula unitária?
• É a menor porção de uma estrutura cristalina que descreve a regularidade
no posicionamento dos átomos. As formas mais comuns são:

• Cúbica de Corpo Centrado CCC.

• Cúbica de Face Centrada CFC.

• Hexagonal Compacta HC.

Átomo

Célula Unitária
O que são estruturas cristalinas?

 Estruturas cristalinas são arranjos


regulares, tridimensionais de átomos
no espaço.
Estruturas Cristalinas
 Os materiais sólidos podem
ser classificados de acordo
com a regularidade na qual
os átomos ou íons se
dispõem em relação aos seus
vizinhos.

 Todos os metais, muitas


cerâmicas e alguns polímeros
formam estruturas cristalinas
sob condições normais de
solidificação.
Material Cristalino

 Material cristalino é aquele no qual os


átomos encontram-se ordenados sobre
longas distâncias atômicas formando uma
estrutura tridimensional que se chama de
rede cristalina.
Como são formados os grãos?

 A justaposição entrecruzada dos cristais constitui as


dendritas.
Dendritas
A palavra Dendrita vem do grego Dendron e
quer dizer aspecto parecido com galhos
(ramificações de árvore).
Partindo do estado fundido, à medida que a
temperatura vai diminuindo, vários pontos da
região superficial atingirão a temperatura de
solidificação e surgem, então, os primeiros
núcleos sólidos (cristais). Os pontos vizinhos
também atingirão a temperatura de
solidificação e vão se juntando a estes. O
cristal (galho) cresce segundo 3 eixos
principais cristalográficos. Na primeira figura
percebe-se os cristais se desenvolvendo
perpendicularmente às paredes do molde
(Mold wall), paralela e perpendicularmente
ao plano da figura.
MEV (150x) – Superliga à base de Níquel
MEV – Microscópio Eletrônico de Varredura.
Quando um metal é resfriado,
inicia-se a solidificação através
da formação de cristais em
pontos de massa líquida.
A cristalização irá formar estruturas
cristalinas que são dependentes
do metal ou da composição da
liga.

Do crescimento de diversos pontos


de nucleação de cristais,surgem
cristais com diferentes
orientações de crescimento.
Quando se encontrarem
formarão o que chamamos de
contorno de grão.
O que são grãos?

 Cada eixo de solidificação dá origem a um grão.

Grãos ou Macrocristais
Grão

MEV- aço com baixo teor de


Microscopia ótica – grão policristalino carbono (SAE 1010).
(YBaCuO) - cerâmica
Os Reticulados de Bravais
 Ou rede espacial.

 É um arranjo infinito,
tridimensional de pontos, em
que cada ponto tem idênticas
vizinhanças.

 Os pontos são chamados ponto


da rede ou do reticulado.

 Os pontos da rede podem ser


arranjados de 14 modos
diferentes, chamados redes de
Bravais.
As 14 Redes de Bravais
Principais Estruturas Cristalinas
 A maioria dos elementos metálicos (
90%) transforma-se de líquido para
sólido assumindo estruturas densas,
quais sejam:

 Cúbica de corpo centrado (CCC)

 Cúbica de face centrada (CFC)

 Hexagonal compacta (HC)


Cúbico de Corpo Centrado
(CCC)
 Apresenta um átomo em cada vértice e um
átomo no centro da célula unitária.
Explicações importantes para a disciplina MCM006

Na Estrutura Cristalina CCC há 2 átomos INTEIROS


por célula unitária: em cada vértice temos 1/8 de
átomo, como são 8 vértices, totaliza-se um átomo
inteiro; somado ao átomo inteiro presente no centro
do cubo, chega-se a 2 átomos inteiros/célula
unitária.

Para o aluno que ainda ficou com dúvida:


Cada átomo localizado no vértice pertence a mais 7
cubos vizinhos, portanto, em cada cubo teremos 1/8
do átomo.
Cúbico de Face Centrada
(CFC)
 Apresenta um átomo em cada vértice e um átomo
no centro de cada face da célula unitária.
Materiais com esta estrutura tem maior facilidade
de deformação
Estrutura cristalina CFC
Na Estrutura Cristalina CFC há 4 átomos
INTEIROS por célula unitária: em cada vértice
temos 1/8 de átomo, como são 8 vértices,
totaliza-se um átomo inteiro. E em cada face
temos ½ átomo, como são 6 faces, totaliza-se 3
átomos inteiros nas faces:

1 átomo inteiro (vértices) + 3 átomos inteiros


(faces) = 4 átomos inteiros/ célula CFC
Hexagonal Compacto (HC)
 Apresenta um átomo em cada vértice do prisma hexagonal,
um átomo no centro das bases e três no centro do prisma.

Materiais com esta estrutura cristalina tem dificuldade de


deformação
HC
 Esta estrutura é formada por:
 Dois hexágonos sobrepostos.
 Um plano intermediário de 3 átomos.
 Nos hexágonos existem 6 átomos nos vértices e
um outro no centro.
Estrutura Cristalina dos
Principais Metais Puros
Cálculo das arestas dos cubos
Estrutura CCC:

Aplicando Pitágoras no triângulo retângulo com hipotenusa “4r” e catetos


“a” e “a√2" , temos que: aCCC = 4r/ √3

Estrutura CFC:

Aplicando Pitágoras, chegamos ao valor: aCFC = 4r/ √2


Fator de Empacotamento Atômico (FE)
O Fator de Empacotamento é definido como a relação entre o volume
ocupado pelos átomos e o volume total da célula unitária.

1- Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC)

𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜𝑠 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠


FE =
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑏𝑜 𝐶𝐶𝐶
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 . ( 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 á𝑡𝑜𝑚𝑜) 2 . (4/3𝜋)𝑟 3 2 . (4/3𝜋)𝑟 3
FE ccc = = = = 0,68
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑏𝑜 𝑐𝑐𝑐 𝑎3 (4𝑟/√3)3

Podemos, então, concluir que:

68% do volume do cubo CCC estão ocupados por átomos.


32% do volume do cubo CCC são constituídos por vazios deixados entre
os átomos (interstícios).
Fator de Empacotamento Atômico (FE)
2- Estrutura Cúbica de Face Centrada (CFC)

𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜𝑠 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠


FE =
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑏𝑜 𝐶𝐹𝐶

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 . ( 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 á𝑡𝑜𝑚𝑜) 4 . (4/3𝜋)𝑟 3 4. (4/3𝜋)𝑟 3


FE CFC= = = = 0,74
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑏𝑜 𝑐𝑐𝑐 𝑎3 (4𝑟/√2)3

Podemos, então, concluir que:

74% do volume do cubo CFC estão ocupados por átomos.


26% do volume do cubo CFC são constituídos por vazios deixados entre
os átomos (interstícios).
Algumas considerações importantes sobre o Fator
de Empacotamento Atômico
1 – O Fator de Empacotamento de uma estrutura cristalina fornece informações do quão
empacotada (densa) a estrutura está (ou é).

2 – Para formar uma liga é necessário adicionar átomos de um segundo elemento químico para
formar uma liga binária. No caso da liga ferrosa Aço, o elemento predominante no Aço é o ferro
(matriz predominantemente constituída por átomos de ferro) e os átomos de carbono serão
incorporados pela matriz ferrosa. Dependendo do tamanho do átomo do segundo elemento
(elemento que será incorporado à matriz constituída pelo elemento predominante), eles
poderão constituir Solução Sólida Substitucional (SSS) ou Solução Sólida Intersticial (SSI).

3 – O ferro possui 3 formas alotrópicas, conforme mostra a tabela abaixo.

Formas alotrópicas Nome Faixa de temperatura Raio atômico Fator de


do Ferro Metalúrgico (°C) (nm) empacotamento
Fe(α) – estrutura CCC Ferrita Da temp. ambiente a 910 0,1241 0,68
Fe(ɣ) – estrutura CFC Austenita 910 a 1394 0,1269 0,74
Fe(δ) – estrutura CCC Ferrita delta 1394 a 1534 - -

4 – O átomo de carbono possui raio atômico de 0,077 (nm), portanto, muito menor que o raio atômico do Fe
(tanto na estrutura CCC como na CFC). Portanto, nos aços o ferro e o carbono formam Solução Sólida
Intersticial (SSI). O carbono só poderá ocupar os vazios (interstícios) deixados pelos átomos de ferro.
5 – No caso da liga Cu-Zn (latões) os raios atômicos do cobre e do zinco são, respectivamente, 0,1278 e
0,1390 (nm), portanto eles formam Solução Sólida Substitucional (SSS). Em consequência dos tamanhos dos
átomos de Cu e Zn serem muito próximos, cada átomo de Zn que entra na matriz de cobre, ele irá substituir
um átomo de Cu na rede cristalina.
Algumas questões relativas ao Fator de
Empacotamento e ao Limite de Solubilidade

1 – Nos cálculos mostrados anteriormente, os valores encontrados para o Fator de


Empacotamento das estruturas CCC e CFC foram, respectivamente, 0,68 e 0,74, ou seja, a
célula CCC apresenta 32% do volume da mesma constituída por vazios e a CFC 26% por
vazios.

2 – Isto significa que é mais fácil dissolver átomos de carbono na matriz de ferro CCC do
que na matriz de ferro CFC?

3- Por que´, então, a máxima solubilidade sólida do carbono na estrutura CFC é de 2,0%C e
na CCC é de apenas 0,02%C? Ou seja, solubilidade 100 vezes maior na CFC se comparada
à da CCC?
O entendimento desses conceitos será muito importante aqui em MCM006 e nas próximas
disciplinas MCM003T e MCM003P.
Explicações:
3.1 - A aresta do cubo CFC (aCFC = 4r/ √2) é maior que a aresta do cubo CCC (aCCC = 4r/
√3 ), portanto o volume do cubo CFC é maior que o volume do cubo CCC.
Consequentemente, na CFC são 26% de um volume maior e na CCC são 32% de um
volume menor. Se fizermos os cálculos, veremos que: 26% de um volume maior é MAIOR
que 32% de um volume menor!!
3.2 – O vazio no centro do cubo CFC é muito mais simétrico nas três dimensões e é mais
propício para alojar ali um átomo (aproximadamente esferoidal) de carbono, enquanto que
os vazios do cubo CCC são estreitos e alongados.
Os Cristais Metálicos
 Os átomos metálicos podem ser considerados
esferas rígidas.

 A sua grande maioria se cristaliza com estruturas


cristalinas muito simples.

 Vários elementos apresentam no estado sólido


diferentes estruturas cristalinas dependendo da
temperatura. Esta mudança é denominada alotropia.
Alotropia
CCC
 Diversos metais e não-
metais apresentam mais
de uma forma cristalina.
CFC
 Certos materiais mudam
de estrutura cristalina
dependendo principalmente
temperatura envolvida.
CCC  O diagrama mostra as 3
formas alotrópicas do Ferro
e as temperaturas onde
elas ocorrem: Fe(α), Fe(ɣ) e
Fe(δ).
Formas Alotrópicas
SOLUÇÃO SÓLIDA
• Consiste na adição de elementos químicos intencionalmente para
melhorar as propriedades de um material. Ex: O ferro puro tem dureza e
resistência mecânica baixas, à medida que se adiciona carbono à matriz
de ferro, estas propriedades vão melhorando.

• Se o elemento adicionado não destruir a estrutura original, diz-se então


que se formou uma solução sólida.

• O latão é um exemplo típico de S.S (cobre que contém zinco).


As soluções sólidas são dividas em:
1) Substitucionais: Substitui o átomo original na rede cristalina.
a) Ao acaso
b) Ordenada
2) Intersticiais: O átomo adicionado se localiza nos interstícios (vãos)
dos átomos da matriz. Ex: Ferro e Carbono nos Aços.
SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTITUCIONAL e INTERSTICIAL

(a) Ordenada (b) Ao acaso

Intersticial

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