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Revista
Museu. Edição comemorativa do Dia Internacional dos Museus: Museus para uma sociedade
sustentável. ISSN: 1981-6332. Disponível em: <http://69.16.233.73/~revistamuseucom/18-de-
maio/index.php/6-controversias-do-turismo-como-atividade-sustentavel-em-museus>. 18 maio 2015.
Assim sendo, entre as duas faces da ciência – a que já sabe e a que ainda não sabe –,
talvez seja mais profícuo escolher aquela que nos oferece as controvérsias como “porta de
entrada” (LATOUR, 2000), para discutir quando e em que medidas a atividade turística pode
ser considerada sustentável ou insustentável em museus. Sem muitas dúvidas, é um percurso
de desafios e que provoca incômodos, especialmente quando se abordam temas consolidados
por profissionais das áreas em questão. Contudo os espaços de conflito e negociação podem
produzir ambientes híbridos de grande efervescência para a construção de sempre novos e
outros saberes.
Aglomerados de pessoas que disputam um cantinho, para enxergar uma obra de arte ao
longe, muito provavelmente não estão desfrutando de experiência estética de qualidade, muito
menos vivenciando um momento memorável, que acrescente um pouco mais do que a
confirmação de sua ida ao museu, muitas vezes, obtida apenas através de uma fotografia de si
mesmo com a obra embaçada ao fundo.
Ampliar a capacidade de fruição nos museus apenas com a abertura de mais lojas e
restaurantes é insustentável; despertar a sociedade para atividades menos consumistas, mais
solidárias e que aproveitem os recursos de forma mais respeitosa e consciente é sustentável.
Diante dessas proposições, talvez a maior das controvérsias esteja no fato de se
perceber que, para o turismo se tornar uma atividade sustentável em museus, são as
instituições museológicas que deverão, primeiramente, criar tais condições. Partindo do
princípio de que a sustentabilidade deve ser compreendida nas esferas ambiental,
sociocultural, econômica e político-institucional (BRASIL. MTur, 2007), os museus
precisarão empreender novos métodos de pensar e agir, promovendo o desenvolvimento
sustentável (ICOM, 2015) e enfrentando, de modo corajoso e inovador, os desafios que o
turismo lhes impõe na contemporaneidade.
REFERÊNCIAS:
COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginário. 2 ed. [ver.
e ampl.]. São Paulo: Iluminuras, 2012.
GODOY, Karla Estelita. Turistificação dos museus no Brasil: para além da construção de
um produto cultural. In: Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v. 42, p. 197-
209, 2010.
______. Fortificações como atrativo turístico: um estudo sobre o Museu Forte Defensor
Perpétuo, em Paraty (RJ). Caderno Virtual de Turismo. Edição especial: Turismo em
fortificações. Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p.34-48, out. 2013.
ICOM Portugal. Museus para uma sociedade sustentável – Dia Internacional de Museus 2015.
Disponível em: <http://www.icom-portugal.org/destaqupropostaes,6,466,detalhe.aspx>.
LATOUR, Bruno. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora.
São Paulo: Editora UNESP, 2000.