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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE ANGOLA

CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA INFORMÁTICA


Metodologia e Investigação Científica

Março, 16, 2020

AULA Nº 2 e 3

TEMA: 1. Formas de obtenção do conhecimento – Racionalismo versus Empirismo

RESUMO - O Presente texto faz uma abordagem bastante restrita sobre o modo
como o uso de métodos científicos foram evoluindo ao longo do século XVI e XVIII.
Destacamos a ruptura do modo de aquisição do conhecimento na idade média
(revelação) para uma cultura da busca pela verdade (conhecimento científico) por
meio da razão, da observação e através da experiência.

Palavras-chaves: Conhecimento, Métodos, Racionalismo, Empirismo.

INÍCIO DO MUNDO CIENTÍFICO

Durante a idade média, o período entre os séculos V à XV, as sociedades europeias


viviam uma época do primado da religião e do animismo sobre todas as esferas da
sociedade. A compreensão da realidade estava circunscrita ao quadro do
sobrenatural, a igreja e a monarquia definiam os limites da interpretação do mundo
e da existência humana.

As pestes, as catástrofes naturais, os destinos dos povos – a classe a qual pertencem


estava de certo modo dependente da vontade de uma entidade Divina com
intérpretes terrestres. A Igreja ocupava assim um lugar central na vida das pessoas
e moldava a visão das mesmas, a cultura da obediência ao Rei, ao Clero, austeridade,
proibição do auto exame, punição por mortificação corporal. Todos esses elementos

Elaborado por: Divava Ricardo


e os sangrentos episódios da Igreja, levaram muitos a caracterizar o período
medieval como os séculos das trevas.1

A partir do século XVI surgem três movimentos que iriam mudar toda a cultura
ocidental e o mundo como o conhecemos hoje – o Renascimento humanista, o
protestantismo e a revolução científica. Estas correntes, todas elas em oposição à
visão da realidade imposta pela Igreja.

O Renascimento considerado como um dos períodos mais ricos e fecundos da


história universal. Este movimento consistia numa nova mentalidade, um renascer,
o recuperar da verdade. Surge assim um espírito crítico e racionalista em oposição a
um espírito metafísico e místico. É neste período que aparecem homens como
Leanardo Da Vinci, pintando o quadro Homem de Vitrúvio que hoje aparece muitas
vezes como símbolo do Renascimento.2

O protestantismo liderado por Martinho Lutero aparece para contrariar a visão


religiosa imposta pela igreja católica. Questionava o pagamento e as recompensas
que os fiéis tinham de ofertar à igreja para poderem ser salvos.

A revolução científica começa no século XVI. No centro dessa revolução está a


astronomia e as descobertas de Nicolau Copérnico, o centro do universo deixa de ser
a terra (teoria Geocêntrica), o movimento da terra em torno do Sol, o determinismo
subjacente a consistência da órbita da terra em torno do Sol; a previsibilidade do
sistema Solar, desencadeiam no seu todo, um movimento em descobrir leis que
governam outros aspectos do mundo natural e social. Galileu como precursor da
revolução cujas ideias passavam por expressar os fenómenos naturais
matematicamente. A linguagem universal passa assim a ser a matemática com a
introdução da álgebra, geometria, probabilidade e logaritmos.

1 «Ninguém podia negar o bem enorme que a igreja moderna fazia no conturbado mundo actual, no
entanto, essa mesma igreja tinha uma história de falsidade e violência. A brutal cruzada para «reeducar»
as religiões pagãs e os cultos femininos prolongara-se por três séculos, com recurso à métodos tão
inspirados como horríveis. A inquisição católica publicara o livro que podia sem exagero ser considerado
o texto mais ensopado em sangue de toda a história humana. Malleus Maleficarum – ou Martelo das
Bruxas – alertava o mundo para os perigos das mulheres livres-pensadoras e ensinava o clero a descobri-
las, torturá-las e destruí-las. Pertencem ao grupo dos quais a igreja considerava Bruxas todas as eruditas,
as sacerdotisas, ciganas, místicas, as amantes da natureza (...). Também as parteiras eram mortas por
usarem os seus conhecimentos em medicina para aliviar a dor de parto – um sofrimento, afirmava a igreja
que Deus muito justamente impusera as mulheres como castigo para Eva por ter partilhado o fruto do
conhecimento, dando assim origem à ideia do pecado original.» (Brown, 2004. p.154)
2«Ninguém compreendeu melhor do que Da Vinci a estrutura divina do corpo humano. Da Vinci chegava

ao ponto de exumar cadáveres para poder estudar as proporções da estrutura óssea do corpo humano.
Foi o primeiro a demonstrar que o nosso corpo é literalmente formado por blocos constitutivos cuja
proporção exacta é sempre igual a PHI.» (Brown, 2004. p 119.)

Elaborado por: Divava Ricardo


Isaac Newton (1642-1727), agrega à sua época uma compreensão da realidade, dos
fenómenos físicos através da descoberta de leis fundamentais da natureza,
construindo um sistema universal relacionando a mecânica de Galileu as leis
planetárias de Johannes Kepler e a teoria de atracção de Gilbert. O determinismo
contido nas explicações científicas de Newton influenciou toda uma classe
intelectual da sua época, levando-os a crer que todas as dimensões da realidade
possuíam leis possíveis de serem descobertas. Hobbes (1588-1679) também
influenciado pela visão determinista, levou-lhe a pensar no ser humano como um
corpo mecânico e assim sendo uma sociedade civil mecanicamente determinada por
esses indivíduos.

A ciência aparece ligada a filosofia, podendo ser abordada de duas maneiras, o


empirismo e o racionalismo3.

RACIONALISMO E EMPIRISMO

René Descartes (1516-1650) cuja principal obra foi O Discurso do Método (1637).
Descarte defendia o racionalismo, a explicação de determinados aspectos da
realidade através do uso da razão apenas. Apoiado na Doutrina da ideias inatas – a
mente humana já nasce com ideias, não sendo esta uma “tabula rasa”4. Descartes
foi o inventor das coordenadas geométricas. A visão cartesiana definia quatro regras
- só aceitar ideias claras e distintas; Dividir cada problema tantas partes quantas as
necessárias para o resolver; ordenar os pensamentos do simples para o complexo.
Faziam parte da corrente racionalista também Gottfried Leibntz (1646-1716) e
Baruch Spinoza (1632-1677)

Em oposição ao conhecimento originário na própria mente humana, os empiristas


acreditavam que o conhecimento tem a sua origem na experiência. O termo
empirismo tem uma dupla etimologia, originário do grego significando experiência
mas, também a palavra era usada para se referir aos médicos cujas habilidades
profissionais derivavam da prática do dia-a-dia e não do estudo teórico. O conceito
de Tabula rasa é defendido no sentido de que a mente humana nasce “limpa”, fruto
da interacção com o meio – a experiência e a observação os homens adquirem
conhecimento de determinados aspectos da realidade. David Hume (1711-1776)
considerado o mais importante empiricista britânico cuja obra mais importante foi

3 Segundo a primeira, uma pessoa não pode ter certeza de coisa nenhuma a menos que ela própria a
tivesse feito ou visto. A segunda afirmava que só é possível alcançar os mesmos fins através do raciocínio.
(Carvalho 2009 p.23)
4 O conceito de Tabula rasa foi desenvolvido em meados do século XI pelo filósofo persa Avicenna, que

considera que o conhecimento é obtido por familiaridade empírica com os objectos no mundo.

Elaborado por: Divava Ricardo


Um Tratado sobre a natureza Humana. Fazem parte da corrente nomes como John
Locke (1632-1704) e George Berkely (1685-1753)

O termo empírico se refere ao método de observação e experimentação nas ciências


sociais e naturais que é fundamental para comprovar ou refutar as hipóteses levantadas.

REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS

Brown, D. (2014). Capítulo XXVIII. In D. Brown, O Código Da Vince (p. 154). Lisboa: Bertrand.

Brown, D. (2014). Capítulo XX. In D. Brown, Código Da Vince (p. 119). Lisboa: Bertrand.

Elaborado por: Divava Ricardo

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