Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TÓPICO 02.1
Viga Dupla
Ao se fazer assim, a área de concreto comprimido não mais considerada para a resistência da
seção é “compensada” pelo acréscimo de uma armadura longitudinal próxima à borda
comprimida, que irá auxiliar o concreto no trabalho de resistência às tensões de compressão.
Vigas Duplas
Por outro lado, os limites impostos pela NBR 6118 (item 14.6.4.3) para a posição da linha
neutra, a fim de melhorar a ductilidade de vigas e lajes, podem ser também motivos para a
utilização de armadura dupla. Quando a posição da linha neutra excede os limites, ao invés de
se aumentar a altura da seção, por exemplo, é geralmente possível manter todos os dados
iniciais acrescentando uma armadura na região comprimida da viga, e desse modo possibilitar
que a linha neutra não ultrapasse os limites impostos pela norma.
Na maioria dos casos da prática a necessidade de armadura dupla surge nas seções
submetidas a momentos fletores negativos, nos apoios intermediários de vigas contínuas.
A Figura a seguir mostra a seção retangular de uma viga, com armadura tracionada As e
armadura comprimida A’s , submetida a momento fletor positivo.
O diagrama de distribuição de tensões de compressão no concreto é o retangular simplificado,
com profundidade 0,8 . x e tensão σcd de 0,85 . fcd , sendo ambos os valores válidos apenas para
os concretos do Grupo I de resistência (fck ≤ 50 MPa).
Vigas Duplas
Equilíbrio de Forças Normais
Na flexão simples não ocorre a força normal, de forma que existem apenas as forças resultantes
relativas aos esforços resistentes internos, que devem se equilibrar, de tal forma que:
Rcc + Rsc = Rst
sendo:
Rcc = força resultante de compressão proporcionada pelo concreto comprimido;
Rsc = força resultante de compressão proporcionada pela armadura comprimida;
Rst = força resultante de tração proporcionada pela armadura tracionada;
σ’sd = tensão de cálculo na armadura comprimida;
σsd = tensão de cálculo na armadura tracionada.
Rst = As . σsd
Vigas Duplas
Equilíbrio de Momentos Fletores
O momento fletor solicitante tem que ser equilibrado pelos momentos fletores internos
resistentes, proporcionados pelo concreto comprimido e pelas armaduras, a tracionada e a
comprimida, e que podem ser representados pelo momento fletor de cálculo Md , tal que:
Msolic = Mresist = Md
Fazendo o equilíbrio de momentos fletores em torno da linha de ação da força resultante Rst , o
momento resistente à compressão será dado pelas forças resultantes de compressão
multiplicadas pelas suas respectivas distâncias à linha de ação de Rst (braços de alavanca – zcc e
zsc):
Md = Rcc . zcc + Rsc . Zsc
Substituindo Rcc e Rsc fica: Md = 0,68 . bw . x . fcd . (zcc) + A's . σ'sd . (zsc)
Aplicando as distâncias zcc e zsc a equação torna-se:
Nota: os valores limites para x devem ser considerados para seções transversais de vigas e lajes,
tanto para as seções de apoio como para aquelas ao longo dos vãos, com ou sem redistribuição
de momentos fletores.
Determinada a primeira parcela M1d do momento fletor total, pode-se calcular a segunda
parcela como:
M2d = Md - M1d
Vigas Duplas
A armadura comprimida A’s equilibra a parcela As2 da armadura tracionada total (As), e surge do
equilíbrio de momentos fletores, como a força resultante na armadura comprimida
multiplicada pela distância à armadura tracionada:
M2d = Rsc . zsc = A's . σ'sd . zsc = A's . σ'sd . (d - d')
Isolando a área de armadura comprimida:
A tensão σ’sd na armadura comprimida depende do tipo de aço, da posição da armadura dentro
da seção transversal, expressa pela relação d’/d, e da posição x fixada para a linha neutra,
geralmente assumida nos valores limites (0,45 . d ou 0,35 . d).
As parcelas As1 e As2 da armadura tracionada resultam do equilíbrio de momentos fletores nas
seções b e c indicadas na Figura anterior. São dadas pelas forças resultantes nas armaduras
tracionadas multiplicadas pelos respectivos braços de alavanca, isto é, a distância entre as
resultantes que se equilibram na seção.
Para a seção da Figura:
M1d = As1 . σsd . zcc = As1 . σsd . (d - 0,4 . x)
Vigas Duplas
Isolando a parcela As1 da armadura tracionada:
Assumindo a relação entre a posição da linha neutra e a altura útil d pode-se também escrever:
Vigas Duplas
Cálculo Mediante Equações com Coeficientes K
Inicialmente deve-se definir qual será a posição da linha neutra na seção transversal. A
sugestão é de posicionar a linha neutra com a profundidade máxima possível, no limite
estabelecido na NBR 6118, com a variável βx em função da classe do concreto:
a) βx = x/d ≤ 0,45 para concretos do Grupo I (fck ≤ 50 MPa);
b) βx = x/d ≤ 0,35 para concretos do Grupo II (50 < fck ≤ 90 MPa).
RESOLUÇÃO
O momento fletor de cálculo é:
Md = ɣf . Mk = 1,4 . (– 15700) = – 21.980 kN.cm
Como não se conhece o detalhamento da armadura, não é possível determinar a altura útil d,
de modo que deve ser adotado inicialmente um valor para d, que é igual a altura da viga menos
a distância entre o centro de gravidade da armadura tracionada e a face tracionada da seção.
Observe que x2lim = 11,7 < x = 26,2 < x3lim = 28,4 cm, o que significa que a seção se encontra no
domínio 3.
Exercícios
A relação x/d deve ser verificada: x/d = 26,2/45 = 0,58. Como a relação x/d é maior que o limite
(x/d ≤ 0,45), é necessário estudar o problema e adotar uma solução de modo a atender o valor
limite.
Algum dado inicial do problema pode ser alterado e, verificam-se as seguintes alternativas:
- diminuir a solicitação (Md);
- aumentar as dimensões da seção transversal, principalmente a altura (h);
- aumentar a resistência do concreto (fck).
Das alternativas listadas, de modo geral, a única que resulta exequível é o aumento da altura da
seção. Diminuir a solicitação depende de outros fatores, como diminuir o carregamento, o vão,
etc., o que geralmente é inviável. Aumentar a largura da seção também não é uma solução
prática, pois normalmente as vigas são projetadas para ficarem completamente embutidas nas
paredes. Não é usual também fazer os elementos estruturais de um mesmo pavimento com
concretos de diferentes resistências.
Resta ainda a solução de dimensionar a viga com armadura dupla, que é uma solução
interessante porque possibilita resolver o problema sem se fazer alterações nos dados iniciais,
como será mostrado em seguida.
Uma nova posição deve ser assumida para a linha neutra, sendo possível infinitos valores, até o
limite de 0,45 . d. Geralmente, assume-se o maior valor possível, tal que:
Exercícios
x = 0,45 . d = 0,45 . 45 = 20,25 cm
O coeficiente Kc é:
Na Tabela A-1, com concreto C25 e aço CA-50, verifica-se que a seção está no domínio 3 e βx =
0,58 > 0,45.
Neste caso, uma solução entre outras para atender ao limite máximo, como mostrado
anteriormente, é dimensionar a seção com armadura dupla. Com βx = 0,45, na Tabela A-1
encontram-se:
A Tabela A-4 mostra que a largura mínima necessária para alojar 3 Ø 20 mm numa única
camada é de 16 cm, menor que a largura existente, de 20 cm, o que mostra que é possível
alojar as três barras. Isso fica confirmado pela comparação entre ah,mín e ah, como calculados a
seguir:
Neste caso, deve-se utilizar uma agulha de menor diâmetro, como por exemplo 25 e 35 mm. A
viga não necessita de armadura de pele, pois h = 50 cm, no entanto recomendamos a sua
aplicação para h ≥ 50 cm, com área indicada na NB 1/1978:
Asp,face = 0,05% bw . h Asp,face = (0,05/100) . 20 . 50 = 0,50 cm²
• Concreto Armado – Prof. Márcio Dario da Silva - Univ. Fed. De Minas Gerais;
• Concreto Armado I – Prof. Dra. Maria Cecília Amorim Teixeira da Silva – Univ. Estadual
de Campinas;
• Concreto Armado I – Prof. Ney Amorim Silva – Univ. Fed. De Minas Gerais;
• Elementos Estruturais – Prof. MSc. Luiz carlos de Almeida - Univ. Estadual de Campinas;
• www.google.com.br.