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10 RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA

10.1 RESPOSTA EM AMPLITUDE E FASE - CONCEITOS

Apresenta-se aqui um estudo da relação entre os pólos e zeros da função de um sistema e a sua
resposta de regime permanente senoidal. A função sistema, para regime permanente senoidal, obtém-se
fazendo s=j  em H(s):
H ( j )  M ( )e j ( )

Onde: M ( )  resposta em amplitude


 ( )  resposta em fase
N ( j ) N ( j )
Se H ( j )   M ( )  H ( j ) 
D( j ) D( j )
E, portanto M é par. Como  ( )  N ( j )  D ( j ) , que, por sua vez são funções de 
através da aplicação arctg, tem-se que  ( ) é impar.

10.2 FREQÜÊNCIAS DE CORTE


Os níveis aceitáveis de sinais, para cada freqüência, são definidos em função de sua potência, para
cujo cálculo, adota-se uma resistência padrão (ref), tanto para a entrada, quanto para a saída do ckt. Costuma-
se adotar Rref  1 , de forma que:
PS  V S2 e Pe  Ve2
Mas
VS
 H ( j )
Ve
ou
VS2
  H ( j )   S
2 P
2
Ve Pe

PS
H ( j ) 
Pe
Logo
P 
H ( j m ) máx   S 
 Pe  máx
A freqüência de corte ou “ freqüência de meia potência” é definida como o valor de freqüência para a
PS
qual a razão cai para 50% do seu valor máximo, i.e.:
Pe

1  PS  1
H ( j C )     H ( j m ) máx
2  Pe  máx 2
Ou ainda:

H ( j C )  0,771 H ( j m ) máx

Exemplo: Obter as características de resposta em amplitude e fase para o ckt RC abaixo:

V2 ( s ) 1 / sc
H ( s)  
V1 ( s ) R  1 / sc
1 1 / Rc
H ( s)  
Rcs  1 S  1 / Rc
1 / Rc 1 / Rc
H ( j )   M ( ) 
j  1 / Rc   (1 / Rc) 2
2

e
 ( )  tg 1Rc

As características de amplitude e fase são mostradas abaixo:


1 / Rc 1
M ( c )   .1
w  (1 / Rc)
2
c
2
2
  c  1 / Rc
  ( wc )  tg 11  45 0

10.3 MÉTODO DOS RESÍDUOS

A partir do diagrama de pólos e zeros, pode-se avaliar M(  ) e  ( ) para um valor específico


 i de  . Suponha que se tem a função
A0 ( s  z1 )(s  z 2 )
H (s) 
( s  p1 )(s  p 2 )( s  p3 )
Então,
A0 ( j  z1 )( j  z 2 )
H ( j ) 
( j 0  p1 )( j 0  p 2 )( j 0  p3 )
Cada um dos fatores ( j 0  z1 ) ou ( j 0  p k ) corresponde a um fasor no plano complexo,
com origem z1, ou em pk, e extremidade em j 0 como mostra a figura abaixo:
N1 N 2
M ( 0 ) 
D1 D2 D3
 ( w0 )   1   2  (  1  2   3 )

É evidente que, para obter a característica completa M(  ) ou  ( ) , é necessário fazer  0


variar sobre todo o semi-eixo positivo dos  (eixo imaginário). Esse método não é eficiente para obter
características completas, mas sim para avaliação rápida de alguns pontos. Para um traçado completo e
preciso, recomenda-se utilizar um programa gráfico para computador digital.

Exemplo: Encontrar a amplitude e a fase de F(S) para:


4s
F ( s) 
s  2s  2
2

4s
F (s) 
( s  1  j1)( s  1  j1)

No diagrama de pólos e zeros de F(s), traçam-se vetores para o ponto  =2, conforme mostrado
abaixo.
A partir do diagrama calcula-se:
M ( 2)  4. 2
2 . 10
 1,78
 (2)  90 0  45 0  71,8 0  26,8 0

Com alguns valores de M(  ) e  ( ) pode-se fazer uma avaliação grosseira das respostas em
amplitude e em fase. Considere, nesse mesmo exemplo,  =0. É evidente que a amplitude do vetor,que parte
do zero F(s) e tem extremidade sobre o ponto de freqüência  =0, é nula e, conseqüentemente, M(0)=0.
Uma vez que a freqüência é uma grandeza não negativa, pode-se estabelecer que:
4( j )
F ( j 0)  lim
  0 (1  j1)(1  j1)
 0

Portanto, o zero da origem contribui com amplitude nula, mas com um ângulo de 90º. Daí, a fase 
=0 é  (0)  90 0  45 0  45 0  90 0 .
Considere agora    , ou seja, uma freqüência  a>>1. Todos os fasores são aproximadamente
iguais a  aej90º. Para o exemplo dado, tem-se:
4a 4
M ( ) a   0
a2
a
 ( a )  90º 90º 90º  90º

Calculando M(  ) e  ( ) para mais alguns pontos, chega-se facilmente às curvas abaixo:

10.4 EFEITO DE PÓLOS E ZEROS SOBRE O EIXO J 


s2 1
Considere a função F ( s )  ou :
s2  4

( s  j1)( s  j1)
F (s)  , cujo diagrama de pólos e zeros é mostrado abaixo:
( s  j 2)( s  j 2)

para  =1, o vetor que parte de zero s=j1 para j  tem amplitude nula e a característica de amplitude se
anular em  =1. Para  <1, observa-se que  ( )  0 , mas para 1<  <2, tem-se que  ( )  180º .
Portanto, em  =1 há uma descontinuidade na característica de fase.

Analise agora o efeito do pólo s=j2. Para  =2, o vetor que parte do pólo para o ponto j  =j2 tem
módulo nulo, anulando assim o denominador de F(s) e tornando M(  )=  . Nesse ponto há ainda uma
descontinuidade em fase, uma vez que para 1<  <2, tem-se  ( )  180º e para  >2,  ( )  0 . As
características de amplitude e fase são mostradas abaixo:

Uma extensão simples dessa análise permite concluir que, se um zero Z i   i  j i possui
 i   i , sua contribuição para  ( ) é uma rápida mudança em sua característica, tendendo a aumentá-
la, como mostram os gráficos abaixo:
Fig: zero próximo do eixo j 

Analogamente, se um pólo p k   k  j k possui  k   k sua contribuição para M(  ) é um


pico em  = k e, para  ( ) , é um rápido decréscimo em sua característica.

Fig: pólo próximo do eixo j 

10.5 SIMETRIA EM RELAÇÃO AO EIXO IMAGINÁRIO

Considere agora os diagramas de pólos e zeros mostrados abaixo.


Em ambos os casos, os pólos são os mesmos. Entretanto, os zeros de um diagrama são simétricos aos
zeros do outro, com relação ao eixo j  . É fácil concluir que a resposta em amplitude é a mesma para ambas
as configurações, uma vez que depende das amplitudes dos vetores com origem nos pólos e zeros e
extremidades sobre o eixo j  . O mesmo não acontece com as respostas em fase: os zeros no semiplano
direito contribuem com deslocamento de fase maior que seus simétricos do semiplano esquerdo. Uma função
de sistema com zeros no semiplano esquerdo, ou sobre o eixo j  é chamado “ função de fase mínima”; caso
contrário, “ função de fase não-mínima” . As características de fase correspondentes aos diagramas acima se
encontram na figura abaixo.
Uma outra situação que merece destaque, é quando os zeros e os pólos de uma mesma função de
sistema são simétricos, em relação ao eixo jw, conforme mostra a seguir:

É claro que a resposta em amplitude é uma constante, i.e., independente da freqüência. Circuitos com
função de sistemas dessa natureza são chamados de “filtros passa-tudo”. Tais circuitos são utilizados,
freqüentemente, para corrigir distorções em fase de sinais.

11.6 CURVAS DE BODE


A fim de estudar o comportamento (em freqüência) de circuitos, pata uma larga faixa de freqüência,
costuma-se apresentar as características de amplitude e fase em um sistema semi-logarítmico de coordenadas.
As curvas resultantes dessa representação são conhecidas como “curvas de bode”. Seja a função:

A resposta em amplitude é:

N ( j )
M ( ) 
D ( j )

Calculando a amplitude em decibéis, tem-se:


20logM(  )=20 log N ( j )  log D ( j ) 
Analisam-se a seguir as contribuições dos possíveis fatores de N(j  ) e D(j  ), para o valor em dB de
M(  ). É claro que os fatores de N(j  ) contribuem positivamente e os de D(j  ), negativamente.
a)Constante, K (ganho ou perda)
20logM(  )=20logK = K1 

 0, K  1

 0, K  1

Gráfico:

b)Fator s

20logM(  )=  20log j  20 log 


Em coordenadas semilogarítimicas, a característica é uma reta de inclinação  20 dB/década 
6dB/oitava. A fase é constante com a freqüência (  / 2 ou -  / 2 ).

c) Fator (s+a) = a(s/a+1)


Analisa-se 20log(a) como anteriormente e uma outra parcela correspondente a (s/a+1).

Então:
20logM(  )=  20log j  1
1/ 2
 w 2 
=  20log     1a 2 
 a  
Determinação das assíntotas:
Para  >>a  20loM(  )=  20log 
Para  <<a  20logM(  )=  log1=0

A contribuição para a característica de fase é dada por:


 ( )   tan 1 ( / a )

Gráficos:

Freqüência de corte:
 =a, nesse caso, tem-se:
20logM(  )=  log a 2
 20(log a 2 )
=
  log a  3dB

d)Raízes complexas conjugadas, (s+  ) 2   2

Nesse caso, P1, 2    j . Prefere-se aqui representar o pólo p 1=    j através de seu módulo  0 e
do ângulo  , formando com o semi-eixo real negativo . Define-se, portanto:
 0: freqüência de oscilação não-amortecida
  cos : fator de amortecimento
No plano complexo, tem-se:

Portanto,    0 e    02  ( 0 ) 2
Ou seja:    0 1   2
Então:
(s-p1)(s-p2)=(s+  )2+  2 =s2+(2  0 ) S+   0   0 (1   )
2 2 2 2


 s 
2
 s   
 s 2  2 0 s   02     2    1 02
 w 
 0 
 0  
Analisando as contribuições do polinômio de freqüência normalizada, tem-se:

2
 j   j 
M ( )  20 log    2    1  M ( dB )
 0   w0 
1/ 2
 2

2 2
   2 w  
M ( )  M ( dB )  20 log 1      4   
   0    w0  
 

Observa-se a partir da expressão de M(  ), que, para  / 0<<1  M(dB)  0 e que para



 1 tem-se:
0
1/ 2

    w
2

2
 
M (dB )  20 log      4 2

    w0   
 
2
   
 20 log   40 log 
 0   0 

que, em um gráfico de abscissas normalizadas, corresponde a uma reta de inclinação igual a 40 dB/ década =
12dB/oitava.

Gráfico:

P/  =  0
M ( 0 )  20 log(2 )
 20 log   3dB
Para um pólo, sinal -, para um zero, +.

Pólos:
A partir da expressão de  ( ) , chega-se às características de fase:

Exemplo 1: usando as assíntotas de Bode, construir as curvas de resposta em amplitude com a freqüência da
função:

0,1s
G ( s) 
 s 
2
 s s
  1 4
 3  1
 50  16 x10 10 
1 1
G1 ( s )  2
 2
Seja  s   s   s   s 
   2    1    2   1
 w0   w0   400   400 

Então:
400
 10 3    0,2
2

a) S  reta de 20dB/dec, a partir de (~0)


b) S/s0+1  reta de –20/dec/dec, a partir de 50
c) G1(s)  reta de –40 dB/deec, a partir de 400.

Gráfico:

Adicionando as assíntotas fica:


Exemplo 2:

10 4 ( s  1) 10 4 ( s  1)
G ( s)  
( s  10)(s  100)  s  s 
10 3   1  1
 10  100 

10( j  1)
G ( j ) 
 j  j 
  1  1
  100 

j 
M ( dB)  20 log10  20 log j  1  20 log  1  20 log 1
10 100

1/ 2 1/ 2
   2     2 
 20  log(  1)2 1/ 2
 20 log    1  20 log    1
 10    100  

Assíntotas:
-Gráfico de Amplitude:

 
 ( )  tg 1  tg 1  tg 1
10 100

Gráfico da Fase:

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