Charles-Louis de Secondat, também conhecido como Barão de Montesquieu, grande
filósofo francês do Iluminismo, e autor da obra Do espírito das Leis, que serviu de base para os ideais da Revolução Francesa de 1789. Essa obra foi publicada em novembro de 1748, em Genebra, nela Montesquieu faz uma distinção entre os diferentes tipos de governo e estabelece uma separação em três poderes, com o intuito de compreender o poder e sua capacidade de auto regulação. A obra em questão é composta de 31 livros divididos em seis partes que são: das leis em geral, dos princípios dos três governos; das leis na relação que possuem com a força defensiva; das leis em suas relações com a natureza do clima; das leis em suas relações com o comércio considerado em sua natureza e suas distinções; das leis em sua relação com a religião estabelecida em cada país, consideradas em suas práticas e em si mesmas; e, das leis dos romanos sobre as sucessões. Na primeira parte do livro, o autor debate sobre as leis e defende três formas de governo: o republicano – seria o poder soberano voltado para a coletividade e para o amor as leis; o monárquico – seria o governo de um só, baseado na honra; e, o despótico – seria o governo baseado no temor ao governante que age de acordo com a sua vontade. Montesquieu acreditava que o tipo de governo mais efetivo era a monarquia. Na segunda parte, Montesquieu trata das rendas do Estado, colocando como o “imposto” que cada cidadão dá de bom grado para garantir à segurança e o viver bem. Na terceira parte, o autor aborda as ideias de servidão e escravidão e afirma que elas tornam o homem dependente de outro, que passa a ser o senhor absoluto da sua vida e de seus bens. Nessa parte abordam-se os costumes e as maneiras de um povo. Além de tratar das relações das leis com os elementos da natureza, como o clima e o solo. Na quarta parte, Montesquieu trata das relações das leis com o comércio e apresenta suas ideias quanto à razão do uso da moeda. Na quinta parte, o autor fala da relação de lei e religião e afirma, inclusive, que o que se procura na religião é a felicidade. Para ele, a religião era a peça fundamental para garantir a lealdade e ajudar a controlar o país. Na sexta parte, Montesquieu busca analisar as primeiras leis romanas e a ideia de sucessão. Além disso, merece destaque a concepção de poder defendida por Montesquieu, para ele o poder era como uma escultura, que precisa ser observada de todos os lados para poder ser compreendida. Ademais, salienta-se que o autor trabalha os conceitos de natureza (a estrutura que permite a sociedade ser o que é) e princípio (a dinâmica, o movimento da sociedade, aquilo que faz o governo agir), que para ele não podem ser extraídos de nosso preconceito, denotando um compromisso científico em sua obra, além de uma atitude sociológica, ao trabalhar com a ideia de totalidade (leis relacionadas a diversos outros fatores). Essa obra é uma leitura obrigatória para estudantes e apreciadores das áreas de política e direito, sendo considerada contemporânea, em virtude, dos pensamentos defendidos, sobretudo, em relação à separação de poderes, estrutura adotada em diversos países, como no Brasil. Dessa forma, podemos concluir que as teorias sobre a política e os sistemas de governo registradas na obra de Montesquieu, foram inovadoras para a época, por isso, dividiram estudiosos e pensadores. Apesar desse caráter dúbio, seus ideais foram fundamentais para a criação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, durante a Revolução Francesa e são vistos como atuais até os dias de hoje.
REFERÊNCIA: MONTESQUIEU, do espírito das leis. São Paulo, Martins fontes, 1996.
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