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Introdução

Neste trabalho iremos falar sobre a memória, sobre o processo


mnésico e sobre o esquecimento.
Mais concretamente sobre a memória a curto e longo prazo, os tipos
de esquecimento e a importância deste para os processos mnésicos.
Memória
A memória é a capacidade de ​adquirir​, ​armazenar ​e recuperar
(evacuar) informações disponíveis seja ​internamente​, no cérebro
(memória biológica), seja ​externamente​, em dispositos artificiais
(memória artificial).
É também ​o armazenamento de informações e fatos obtidos
através de experiências ouvidas ou vividas. Esta, focaliza coisas
especificas, requer grande quantidade de energia mental e deterioria-se
com a idade.
É um processo ​que conecta pedaços de memória e conhecimento​,
a fim de gerar novas ideias, ajudando até mesmo a tomar decisões diárias.
A nossa memória retém desde conhecimentos a informações, ideias,
acontecimentos e encontros. Este património torna-nos únicos,
assegurando a nossa identidade pessoal.
É esta que nos assegura que continuaremos a aprender novos
conhecimentos, conceitos, sentimentos e experiências.
É ​essencial à nossa sobrevivência pois é da que sempre que
necessário atualiza a informação para dar resposta aos desafios do meio. É
graças à memória que por exemplo falamos, que não metemos a mão em
coisas quentes, não nos aproximamos de animais perigosos, etc.
A memória ​está na base de todos os processos cognitivos ​e leva-se
a crer que ela talvez seja a própria cognição ou então poderá ser o
pressuposto fundamental.
A memória também nos ​permite fazer representações ​do mundo
isto é quando se fala em “mar” a memória elabora-te uma imagem
correspondente ao tema, o mesmo se passa se dissermos por
exemplo:”Estátua da liberdade”, “Torre Eiffel”, etc. Essas imagens são
representações que substituem objetos, situações, etc.
Processo mnésico
 

A cada segundo recebemos variados e inúmeros estímulos cheios de


novos dados que são transmitidos ao cérebro.  
O cérebro tem a capacidade e função de filtrar os dados recebidos a
partir dos estímulos, seleciona o que é mais importante para a vida do
indivíduo e é isso que armazena. Assim, a informação é recebida através
dos órgãos sensoriais, retida (apenas a selecionada) e processada. Para o
tratamento dessa informação há um conjunto complexo de processos que
visa ​codificar​, ​armazenar ​e ​recuperá-la​. 
Deste  modo,  a  memória  pode  ser  definida  como  a  capacidade  que  o 
cérebro  tem  de  armazenar,  reter  e  recordar  a  informação  através  de  um 
conjunto  complexo  de  processos  e  estruturas  responsáveis  por  diferentes 
ações.  Descrevem-se  então  o  processos  mnésico  (processo  da  memória). 
De acordo com Michael Habib, o processo mnésico tem obrigatoriamente
de passar por três fases:
- a​ memorização​;
- o a​rmazenamento​;
- a ​rememoração​.
Entende-se por ​memorização (primeira fase) a formação e
construção de traços mnésicos, isto é, a aquisição de uma memória. Nesta
fase o contexto vai influenciar a atenção e a motivação, que por sua vez
têm uma enorme influencia na aquisição da memória.
A segunda fase consiste no armazenamento​, no qual a memória vai
ser “consolidada”, assim que os traços mnésicos sejam conservados.
Durante esta etapa, os traços podem ser alterados. Uma vez que a memória
fica ativa, a força do traço pode aumentar, ou um novo pode ser criado e
associado ao original.
A terceira fase é a rememoração​,ou recuperação. Caracteriza-se pelo
acesso aos traços mnésicos já adquiridos e armazenados. Também nesta
fase o contexto da aquisição da memória tem uma enorme influência. É
mais fácil aceder a uma memória se o estado de espírito, o humor, o local
ou outros elementos são idênticos aos do momento de aquisição da
memória.
Existem vários tipos de memória conforme o tempo em que é
possível aceder a ela (fase de rememoração). Uma memória começa
sempre por ser ​sensorial​, depois pode passar a ser primária (memória de
curto prazo), ​secundária ​ou ​terciária​ (memória de longo prazo).
A memória ​sensorial ​tem a duração de menos de menos de um
segundo, equivale apenas à percepção feita no momento e ao curto
armazenamento que vai permitir que se torne numa memória primária.
Por memória a ​curto prazo ​ou ​primária​, entende-se que fica
armazenada, e com acesso possível durante vários segundos.
Por fim, uma memória a ​longo prazo pode ser ​secundária ou
terciária​. Uma memória ​secundária dura minutos ou anos, enquanto uma
terciária é permanente.
Existe mais de uma teoria quanto à passagem de uma memória ​de
curto a longo prazo​. Uma das teorias defende que uma ​memória a curto
prazo pode, ou não, passar a memória a longo prazo (uma precede a
outra).Outra teoria considera as memórias de curto e de longo prazo dois
processos independentes.
Concluindo a memória surge quando uma experiência é “guardada”
(memorização), organizada (armazenamento) e recordada (rememoração).
Sendo que estas três fases têm de acontecer para que a memória passe a
existir. A nossa capacidade de recordar parte de um processo de memória
realizado com sucesso, depende do contexto em que a memória foi
adquirida, e é maior para memórias de longo prazo.

Memória a curto prazo


A memória a curto prazo é uma memória que retém a informação
durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar
para a memória a longo prazo.
Na memória a curto prazo, distinguem-se duas componentes:
-memória imediata;
-memória de trabalho.
Passemos a distingui-las e a relacioná-las.
Na ​memória imediata o material recebido fica retido durante uma
fração de tempo curta. Investigações desenvolvidas mostraram que
podemos conservar 7 elementos, 7 unidades, 7 unidades de informação
(+/- 2 elementos, isto é entre 5-9 elementos). Entende-se por unidade de
informação um digito, letra ou palavra.
O tempo o de alargar-se, se repetirmos mentalmente a informação,
como por exemplo, um nº de telefone que não tivemos oportunidade de
registar por escrito. Esta é a memória de trabalho manter a informação
enquanto a mesma nos é útil. Ambas as memórias imediatas e de trabalho
são complementares, formando a memoria a curto prazo.
Qualquer informação que tenha estado na memória a curto prazo e
que se tenho perdido estará perdida para sempre, só se mantendo se
transitar para a memoria a longo prazo.

Memória a longo prazo


A memória a longo prazo é alimentada pelos materiais da memória a
curto prazo e retém-nos durante horas, meses ou toda a vida.
Há diferentes modalidades de armazenamento da informação na
memória a longo prazo para diferentes registos: visual, auditivo, olfativo,
tátil e ainda da linguagem e do movimento.
Geralmente distinguem-se dois tipos de memória a longo prazo a
memória não declarativa e a memória declarativa ​que dependem de
estruturas cerebrais diferentes.
A ​memória não declarativa é designada por Tulving como memória
procedimental, memória do saber-fazer. Esta é uma memória automática
que mantêm as informações subjacentes a questão Como?. Por exemplo
como pentear o cabelo ou uma atividade mais complexa como conduzir
um carro.
Quando estamos a desenvolver estes comportamentos não sabemos
que estas são capacidades que dependem da memória. O exercício, o
hábito e a repetição do conjunto das práticas tornam essa atividade
automática, reflexa. Só se acede a este tipo de memória agindo. Por
exemplo, não conseguirias explicar por palavras como é que apertas os
cordões de umas sapatilhas só o consegues fazer exemplificando.
Muitos destes comportamentos são essências à vida do dia a dia e
envolvem a atividade motora. A leitura também é uma parte desta
memória: Pois precisamos praticar primeiro de sílaba a silaba depois
palavra a palavra até conseguirmos ler a pagina toda.
Esta memória também é designada memória implícita ou sem
registo.

A ​memória declarativa também é designada por memória explícita


ou com registo implica a consciência do passado, do tempo, reportando-se
a acontecimentos,factos,pessoas. É graças a esta memória que sabes o
nome dos teus pais e o aniversario dos teus primos.
Nesta memória distinguem-se dois sub-sistemas:
- a memória episódica;
- a memoria semântica.
A ​memória episódica envolve recordações, os rostos da tua família,
os teus filmes preferidos, experiências pessoais, etc. Daí estar associada ao
termo “autobiográfica” por que se reporta a lembranças da tua vida
pessoal.
Esta é uma memória pessoal que manifesta uma relação íntima entre
quem recorda e o que se recorda.
A ​memória semântica refere-se ao conhecimento geral sobre o
mundo, como, os factos históricos, os teus conhecimentos de línguas
estrangeiras, etc. Nesta memória não há localização no tempo, não estando
ligada a nenhum conhecimento ou ação especifica nem referenciado a
nenhum facto especifico do passado.
Saber que 2x2=4 faz parte da memória semântica mas saber quem te
ensinou a tabuada do 2 já faz parte da memória episódica.

Esquecimento
A perda da capacidade de recordar memorias, dados informações,
experiências designa-se por ​esquecimento​.
Apesar de ser associado com um valo negativo, o esquecimento é a
própria condição da memória e um processo essencial para a criação de
novas aprendizagens e consequente superior adaptação ao meio. Ou seja, é
porque esquecemos que continuamos a reter informações e experiências.
Seria impossível conservar todos os materiais que armazenamos,
tendo o esquecimento a função de selecionar para podermos adquirir novos
conteúdos. Por isso é que este é tão importante para o processo mnésico
pois sem este não era possível armazenar novos materiais ( segunda fase
do processo mnésico).
O esquecimento tem uma função ​seletiva e ​adaptativa​, que nos
possibilita o armazenamento de novos conteúdos.

-Função seletiva: A informação não é toda guardada, a memória


afasta e seleciona informação que não é necessária.

-Função adaptativa: ​Transforma a informação e, consequentemente,


a memória não reproduz os dados tal como foram armazenados.
Normalmente, o esquecimento está conectado com a memoria a longo
prazo. Na memória a curto prazo, os conteúdos retidos por um breve
período de tempo acabam por se apagar para adquirir novos dados ou
passar para a memória a longo prazo.

Temos três tipos de esquecimento, o ​esquecimento ​regressivo​,


motivado​, ​interferência das aprendizagens.

-O esquecimento ​regressivo ​é caracterizado pela dificuldade em


recordar e reter materiais/conhecimentos. É frequente ocorrer em pessoas
idosas devido à ​degenerescência​ dos tecidos cerebrais.

-O esquecimento ​motivado ​(motivações inconscientes) ​aparece na


sequência da teoria do ​piquismo humano de Freud. De acordo com essa
mesma teoria, nós esquecemos o que, inconscientemente, nos convém
esquecer. Assim, os conteúdos traumatizantes são esquecidos para
assegurar o equilíbrio psicológico. Com este mecanismo de defesa, as
incidências de momentos dolorosos/tensos na consciência são diminuídas.
Este processo chama-se ​recalcamento​, e, segundo Freud, é através dele
que vemos os conflitos internos reduzidos.
Os conteúdos recalcados não poderiam ser recuperados pelo meio de
um ato de vontade, mas sim através do método psicanalítico. Grande parte
desses conteúdos “esquecidos” têm origem na infância (amnésia infantil).

-O esquecimento por ​interferências das aprendizagens ​explica-se


pela interação das novas memórias com a recuperação das mais antigas.
Anteriormente julgava-se que o passar do tempo faria desaparecer toda ou
parte da informação retida sobre algum assunto. Atualmente, pensa-se que,
mais do que desaparecer, o que acontece às informações antigas é terem
sofrido alterações por efeito da transferência de aprendizagens posteriores,
o que torna essas informações irreconhecíveis.

Conclusão
Podemos concluir que memória é a base dos nossos pensamentos e
comportamentos. Sem ela não poderíamos reagir nem sentir a diversas
situações do dia-a-dia, nem teríamos a capacidade de recordar o que nos
rodeia. A memória é, por isso, reflexo da nossa capacidade de adaptação
ao meio e sentimento de identidade perante experiências vividas.

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