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ESTÁGIO SIMULADO: PRÁTICA PROCESSUAL PENAL

ALUNO: FLAVIO ANTONIO DE MATTOS Nº: 00191508

ATIVIDADE: ALEGAÇÕES FINAIS

Professor Responsável e Orientador: Moacir Perão

Suficiente: _______

Insuficiente: _______

Critérios: _______

Nota Final: _______

Visto do Professor Responsável

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PROTOCOLO

DISCIPLINA: Prática Processual Penal

ATIVIDADE: ALEGAÇÕES FINAIS

DATA: 07/08/2020 RECEBIMENTO (LabJur): __________________________


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DAS VARA
DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE FRANCISCO BELTRÃO
ESTADO DO PARANÁ

AUTOS Nº 1002775-02.2020.8.1.0083

MAICOUL GEQUESSON, brasileiro, casado, pedreiro, portador do RG nº


4.755.906-5, inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob nº 112.213.356-88, ,
residente e domiciliado na Rua Roliudi, nº 1.215, Bairro Beverle Rios, município
de Francisco Beltrão, Estado do Paraná, por intermédio dos seus advogados que a
esta subscreve conforme instrumento procuratório acostado aos autos, vem à
presença de Vossa Excelência, com fundamento nos no art. 403, § 3º do Código
de Processo Penal, apresentar suas

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

pelos motivos de fato e direito a seguir delineados:

I – DOS FATOS

Consta na peça acusatória o fato de que no dia 12 de fevereiro de 2020, a equipe


policial atendeu uma ocorrência a qual envolvia o Réu e a vítima. A ocorrência
tratava-se de uma suposta briga familiar, a qual havia notícias de agressão física
ocasionada por uma arma branca.
Diante da situação narrada o Réu foi denunciado por ter praticado o crime
previsto no art. 121 c/c art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.

Durante a fase instrutória, foram ouvidos em audiência de instrução e julgamento


o depoimento de quatro testemunhas, os quais pontuo os principais pontos.

A primeira testemunha de acusação Atanagilson Brocobom, policial militar disse


que:
“Que no dia dos fatos da denúncia estava de plantão no Destacamento de
Polícia Militar; Que, juntamente com seu colega, dirigiu-se em ronda com a
viatura pelo referido Bairro, e verificaram sinais de luta e sangue na calçada;
Que indagado aos presentes, informaram que o denunciado desferiu golpes de
soco e uso de uma barra de ferro contra Estive Honde; Que o denunciado não
esboçou reação alguma ou resistência; Que foi algemado e colocado no banco
traseiro da viatura: Que não conhecia o acusado antes dos fatos; Que não sabe
precisar o nome de nenhuma das pessoas que estavam naquele local; Que, ao
que parecia, tratava-se de pessoas conhecidas e amigas entre si, sendo que
estavam com seus familiares, e que estavam ali para assistir jogo de futebol
pela televisão e confraternização.

A segunda testemunha de acusação, também policial militar Gerso Sempreatento,


relatou a situação da seguinte maneira:
Que a informação é que tinha ocorrido briga em uma residência, sendo que
haviam vítimas no local; Que chegando ao local constataram a presença de um
grupo de amigos e familiares e já algumas pessoas no local, mas não conhece
os mesmos; Que indagaram ao presentes na residência, mas negaram
envolvimento com a briga; Que observou pelos comentários que Estive Honde
havia “apanhado” do denunciado; Que o denunciado desferiu golpes de soco e
uso de uma barra de ferro contra Estive Honde;

Com relação as testemunhas arroladas pela defesa vejamos que a pessoa de


Adoniram Vilacoentro, afirma que:
“Que conhece o acusado há mais de cinco anos; Que o acusado é casado e tem
filhos; Que o acusado é pessoa ordeira, cumpridora de seus compromissos;
Que estava presente no dia dos fatos, quando se reuniram para assistir jogo
pela televisão; Que em determinado momento viu que denunciado e vítima
estavam conversando, mas “de vereda” o denunciado saiu correndo; Que a
vítima foi atrás do denunciado até o portão da casa; Que daí que viram que era
uma briga; Que depois todos foram ver o que tinha acontecido, e a vítima já
tava no chão, desmaiada; Não tem conhecimento de nenhum outro fato
envolvendo o acusado com a justiça; Que sabe que o acusado trabalha como
pedreiro, mas no momento está sem serviço;

Também arrolado pela defesa Hildebrando Bigão, relata que:


“Que conhece o acusado há mais de cinco anos; Que o acusado é casado e tem
filhos; Que o acusado é pessoa ordeira, cumpridora de seus compromissos;
Não tem conhecimento de nenhum outro fato envolvendo o acusado com a
justiça; Que sabe que o acusado trabalha em profissão definida, frequenta
sociedade e igreja; Que estava na casa da vítima para assistir o jogo, mas
percebeu que “eles tavam se inticando”; Que por esse motivo o depoente saiu
do local, e só depois voltou, quando sou do ocorrido e que tinha levado a vítima
pro pronto socorro; Que nunca viu, ou mesmo ouviu, o acusado armado; Que
não sabe se o acusado possui arma de fogo;

Em análise aos depoimentos prestados verifica-se o fato de o Réu e a vítima


encontravam-se em uma “social” a fim de verem um jogo de futebol, e que não
haviam intrigas anteriores entre ambas as partes.

II – DO DIREITO

II.I – DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA


Ocorre Excelência que a prova judicializada, é completamente vaga, podemos
analisar que ambas as testemunhas arroladas pela defesa não conseguiram
comprovar o fato de forma adequada a fim de que se incriminasse o réu.

Podemos mencionar o fato de que durante a instrução criminal ficou demonstrada


a inexistência de indícios suficientes de autoria que possa ensejar um decreto
condenatório, uma vez que as provas construídas não foram suficientes a ponto
de se ter um entendimento claro do que realmente ocorreu no momento da
ocorrência.

Menciona ainda o fato de que não existiam indícios de intriga anterior a esta entre
as partes. Sendo que a discussão iniciou-se por ambos, o que de fato acabou
gerando vias de fatos, tendo o Réu apenas ter agido em legítima defesa,
considerando o fato de que a sua integridade física encontrava-se em risco.

Com relação a legítima defesa Guilherme de Souza Nucci, em seu Código


Penal Comentado, conceitua a legítima defesa como (P. 246):

A defesa necessária empreendida contra agressão injusta, atual ou iminente,


contra direito próprio ou de terceiro, usando, para tanto, moderadamente, os
meios necessários. Trata-se do mais tradicional exemplo de justificação para a
prática de fatos típicos. Por isso, sempre foi acolhida, ao longo dos tempos, em
inúmeros ordenamentos jurídicos, desde o direito romano (...). Valendo-se da
legítima defesa, o indivíduo consegue repelir agressões indevidas a direito seu
ou de outrem, substituindo a atuação da sociedade ou do Estado, que não pode
estar em todos os lugares ao mesmo tempo, através dos seus agentes. A ordem
jurídica precisa ser mantida, cabendo ao particular assegurá-la de modo
eficiente e dinâmico

Diante do exposto torna-se incontestável o fato de que todas as condições para a


legítima defesa encontram-se satisfeitas. Assim, forçoso que o réu seja absolvido
por ter agido em legítima defesa.

II.II DA DESCLASSIFICAÇÃO
Diante do exposto, visto que o réu tão somente ofendeu a integridade física
corporal da vítima, requer a desclassificação do crime, ora imputado em face do
réu, para que seja desclassificado, nos termos do artigo 419 do Código de Processo
Penal, tendo como natureza jurídica lesão corporal com fulcro no artigo 129 do
Código Penal.
Pugna pela desclassificação e a posterior remessa dos autos.
II.III DA QUALIFICADORA
Considerando todos os fatos já narrados durante a instrução processual pode-se
verificar a necessidade do afastamento da qualificadora do motivo fútil, tendo em
vista o fato de que ambas as partes discutiram e que antes da agressão houve vias
de fatos.
Requer dessa maneira pelo afastamento da qualificadora imputada ao crime.
III- DOS PEDIDOS
a) Seja o Réu absolvido, por ter agido em legítima defesa;
b) Requer a desclassificação de infração dolosa contra a vida e a consequente
remessa dos autos ao juízo criminal comum;

c) Não sendo este o entendimento de Vossa Excelência, seja afastada a


qualificadora aplicada;

Nesses termos, pede deferimento.

Francisco Beltrão, 07 de agosto de 2020.

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ADVOGADO
OAB

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