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“O RIO CAMAQUÃ PEDE SOCORRO!”:


NOTAS POR UMA ANTROPOLOGIA IMERSA
NA VIDA

Daniel Vaz Lima


Vagner Barreto Rodrigues

O espaço da morte é importante na criação do significado e da cons-


ciência, sobretudo em sociedades onde a tortura é endêmica e onde a
cultura do terror floresce. Podemos pensar no espaço da morte como
uma soleira que permite a iluminação, bem como a extinção.
Michael Taussig, Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem,
1993

Rio da minha infância


Rio do meu amanhã
Também somos teu destino
Te salvaremos, Camaquã

Em tuas águas puras


A pureza do Cunhã
Assim te queremos sempre
Indomável Camaquã
Itamar João Barros de Moraes, Rio Camaquã, 2014

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5.1 INTRODUÇÃO

Neste texto, propomos algumas reflexões sobre a maneira como


o Rio Camaquã, localizado na Serra do Sudeste, no Centro-Sul do Es-
tado do Rio Grande do Sul, se insere nos debates sobre a instalação de
uma mina de chumbo e outros metais pesados no interior de Caçapava
do Sul/RS. O Projeto Caçapava é uma iniciativa das empresas trans-
nacionais Votorantim Metais e Iamgold Brasil situado na parte alta da
bacia hidrográfica do Rio. Os estudos de impacto ambiental (EIA-RI-
MA, 2016) referentes a instalação do empreendimento, porém, não
levaram em consideração este aspecto. Em vez de um Rio que em sua
itinerância integra os mais diversos lugares da região, as considerações
de possíveis impactos ambientais realizados a pedido da Votorantim
consideraram o ambiente como de uma área fixa, medida em metros
quadrados com alcance determinado pelos limites geográficos do mu-
nicípio.
Nossas considerações se fundamentam na referência do antro-
pólogo e biólogo Tim Ingold (2012a; 2012b), que vem (re)pensando
o saber e o modo de fazer da Antropologia de maneira a colocar o
mundo e os entes que o habitam como inseridos em processos vitais.
Ingold questiona o modelo hilemórfico enquanto um modo de pensar
que tem prevalecido no mundo ocidental, desde Aristóteles. O autor
propõe uma ontologia que busque priorizar os processos de formação,
de fluxos e de transformações que dão formas às coisas. Ao conceber as
coisas do mundo a partir de seus movimentos e circulações estaremos,
conforme o Ingold, trazendo elas a vida.
Em nossa proposta de uma Antropologia inserida em contextos
de vida, entretanto, o Rio Camaquã não pode ser considerado “uma
barreira física” (EIA-RIMA, 2016, p. 31), conforme nos oferece o es-
tudo da Votorantim, mas uma (re)união de vidas, que se misturam, se

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integram, se cruzem, se afastam, se chocam, se justapõem, e geram
outras combinações – em um processo de constante transformação. Ao
perceber o Camaquã dessa forma, estamos atentando para a percepção
de processos vitais e históricos que o compõem, segundo aqueles que
vivem o Alto Camaquã. Nesse sentido, incluímos etnograficamente as
abelhas de diversas variedades que se integram a troncos e árvores, os
papagaios-charão que habita as matas ciliares em determinadas esta-
ções do ano, os cardumes de peixes que habitam o Rio Camaquã, as
árvores centenárias que habitam suas margens, as chuvas que aumen-
tam a vazão de suas águas, os diferentes coletivos humanos que habi-
tam a região, seus afluentes e que articulam seus modos de ser e viver
o Rio. Especialmente, levamos em consideração a preocupação com o
próprio Rio Camaquã, cujas águas rápidas e indomáveis transbordam
os limites geopolíticos de Caçapava do Sul e de Santana da Boa Vista/
RS, sítio do empreendimento de mineração.
O Rio Camaquã pode ser pensado como uma “malha” (IN-
GOLD, 2012b). Composta por múltiplas linhas, que se entrelaçam.
Pode ser representado através da percepção da Bacia Hidrográfica que
lhe dá forma (Figura 1).

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Figura 1 - Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã.

Fonte: Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã.

As reflexões que trazemos são parte dos aprendizados construí-


dos a partir de nossa experiência etnográfica no Alto Camaquã, mas
também dos nossos engajamentos no contexto das mobilizações, dos
eventos que participamos, dos discursos dos múltiplos atores envolvidos
no debate sobre a mineração na parte alta da Bacia Hidrográfica do Rio
Camaquã. O que intentamos neste texto é expor considerações iniciais
sobre as interações entre humanos, plantas, outros animais com o Rio
e seus afluentes, em interlocução com autores como Ingold (2012a;
2012b), Bruno Latour (1994), Victor Turner (2005), Walter Benjamin
(1996) e Michael Taussig (1993).

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5.2 O RIO É COMO O SANGUE DA GENTE

Um dos preceitos epistemológicos da Antropologia é refletir a


partir de uma experiência vivida, a maneira como diferentes coletivos,
inseridos em diferentes contextos, compõem seus modos de ser e viver,
suas relações com o entorno e com os outros seres. Nesse passo, po-
demos redefinir aquilo que chamamos de social para além do ato hu-
mano, o que implica, também, uma redescoberta daquilo que somos
e de nossas formas de viver a vida, enquanto antropólogos e pessoas
inseridas em uma coletividade. De acordo com Bruno Latour (1994,
p. 102), o “projeto da modernidade” voltou-se para a separação entre
humanos e não-humanos. Para o autor, o que se entende por moderni-
dade é definido por meio do humanismo, que saudava a humanidade e
menosprezava a não-humanidade (coisas, animais e espíritos).
Um projeto ilusório de separação entre humanos e não-hu-
manos, que resultou em uma outra divisão entre “nós” e “eles”. Se
levarmos isso a um projeto de Ciência e de Estado, a concepção epis-
temológica que sustenta sua atuação é de que os “modernos” carregam
a própria história e a “deles” – povos não imersos na modernidade –
sendo esta vista ambiguamente como trágica e gloriosa. A pergunta
de Latour, que não deixa de mostrar que também é nossa, é por que
o Ocidente se pensa assim? A resposta baseia-se na percepção de que
o Ocidente se percebe como mais que uma cultura, pois não faz uma
“representação simbólica” (LATOUR, 1994) da natureza, mas conce-
be a natureza como ela é, pelo menos como as ciências a conhecem e,
ao conhecer esta natureza, possibilita “dominá-la”. Nesse sentido, para
o autor, jamais fomos modernos, pois jamais nos separamos da natureza
e jamais poderemos dominá-la, como as projeções de Ciência e Mo-
dernidade previam.

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Voltamos à região do Alto Camaquã e a um paradoxo: a região
mais preservada do bioma pampa é considerada pelo Estado como a
mais pobre. Borba (2016, p. 187), indica que esta região não teve “êxito
na implementação dos modelos de desenvolvimento propostos”. Nesse
sentido, a proposta de um desenvolvimento endógeno, que dê centra-
lidade aos modos de vida e de relações como o entorno, o ambiente,
vem sendo desenvolvida há alguns anos na região por vias do grupo as-
sociativo Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Ca-
maquã (ADAC). Levar em consideração as características biofísicas,
naturais e culturais colocam em cheque essa noção reproduzida pelo
Estado e pela Ciência de uma região historicamente empobrecida.
Vale buscar responder, portanto, como os coletivos interagem
com o ambiente e com os outros entes e, assim, nos propomos a escre-
ver sobre o Rio Camaquã dentro desse contexto de conflito entre epis-
temologias da natureza e concepções de desenvolvimento. Por meio de
uma síntese transdisciplinar (LITTLE, 2006) entre Ciências Humanas
e Ciências Naturais podemos perceber que as causas de um fenômeno
podem proceder tanto do mundo social quanto natural. A noção de
agente natural considera as forças da natureza como uma espécie de
ator, no sentido de que agem sobre uma realidade determinada, mas
que difere qualitativamente dos atores sociais, já que não tem “vontade
nem intencionalidade”. (LITTLE, 2006, p. 89). O Rio Camaquã entra
nessa questão, enquanto um ator que envolve a tensão sobre os impac-
tos que a extração de chumbo as suas margens podem ocasionar.
Segundo o sociólogo Walter Benjamin (1996, p. 224), “[...]
articular historicamente o passado não significa conhecê-lo ‘como ele
de fato foi’. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela
relampeja no momento de um perigo”. Não deixa de chamar aten-
ção que outro braço da empresa, a Votorantim Celulose, foi uma das
responsáveis em décadas anteriores pelo projeto de implantação das
lavouras de eucaliptos e de pinho no pampa. Naquele momento, a

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produção de celulose para exportação foi vendida como a oportuni-
dade de desenvolvimento para a metade Sul do Estado e batizada de
“reflorestamento”. Para Luiza Chomenko (2007, p. 04), porém,

[...] recentemente, começou a ser implantado na região


um novo modelo de “desenvolvimento”, que vem des-
considerando, muitas vezes, especificidades locais (so-
ciais, ambientais e culturais), o que poderá conduzir a
graves conseqüências, também de cunho econômico.
Os cultivos de Eucalyptus spp e Pinus spp em áreas ina-
dequadas poderão conduzir a graves conflitos, que ten-
derão a ser cada vez mais acentuados, seja pelo uso de
recursos escassos, seja pela posse da terra ou ainda pela
própria perda da identidade cultural regional.

As famílias da região mantêm uma tradição que passa de geração


em geração, que remete aos “tempos das sesmarias”. A cada Ano Novo,
todos acampam nas margens do Rio Camaquã, no Distrito de Palmas,
interior de Bagé/RS. O pai da pecuarista familiar Márcia Collares cos-
tumava, assim, “batizar os filhos” nas águas do Rio. “Uma das minhas
irmãs nasceu em setembro e a gente brincava que ela tinha sido batiza-
da primeiro, com três meses. Eu nasci em agosto, então foi com quatro
meses.” (Diário de Campo, verão de 2017). Os laços de parentesco na
região compõem uma extensa rede. Estendem-se e confundem-se na
paisagem no pampa gaúcho, através de cercas e porteiras que dividem
a estrada que levava ao local onde ocorreu ato em defesa do Rio. O
Camaquã é responsável por boa parte da água que abastece o bioma
pampa. O relevo acidentado dos campos de pedra, que caracterizam
a região, dificulta o acesso e impossibilita a formação de lavouras, que
costumam utilizar veneno na produção. Mas o medo tem forma de
chumbo no Alto Camaquã.

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Para Márcia, “o Rio é como o sangue da gente”. A pecuarista
recorda do desastre ambiental que aconteceu em 1989, envolvendo
atividade de mineração próxima às margens do Rio. Naquela época,
as águas ficaram vermelhas. Era uma água estranha aos pecuaristas do
Alto Camaquã. Logo depois, os peixes começaram a morrer e cobrir o
Rio. Ela lembra do cheiro dos peixes em decomposição e do medo que
os pais ficaram de entrar no Rio. De repente, estavam apartados daqui-
lo que talvez não seja entendido como externo, mas interno, como o
sangue. Perante a possibilidade de mineração de chumbo na beira do
Rio, este medo é revivido a atualizado. Os moradores relatam que por
muito tempo o Camaquã, que era farto de grumatãs, dourados, piavas,
pintados, jundiás, ficou sem peixes. (Diário de Campo, verão de 2017).
O antropólogo Michael Taussig (1993), tendo como pano de
fundo processos históricos coloniais de longa duração, se debruça para
criação de sentidos em contextos de violência. Para o autor, os espaços
de morte, onde a tensão e o medo são uma presença constante, acio-
nam uma série de defesas socioculturais como forma de cura. Segundo
Taussig (1993, p. 28 e 29),

[...] este espaço da morte é proeminentemente um espaço


de transformação: através de uma experiência de aproxi-
mação da morte poderá muito bem surgir um sentimento
mais vívido de vida; através do medo poderá acontecer
não apenas um crescimento de autoconsciência, mas
igualmente a fragmentação e então a perda de auto-
conformismo perante a autoridade; ou, como ocorre na
grande jornada Divina comédia, com suas harmonias e
catarses suavemente cadenciadas, através do mal chega-
-se ao bem.

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Na relação ecológica tecida entre os pecuaristas familiares e
o Rio Camaquã encontramos alguns elementos daquilo que Ingold
(2012a) designa como economia de pensamento, onde o Rio pode ser
pensado como um ente vivo. Assim, chamamos atenção para dicoto-
mia natureza e sociedade ao atentarmos para a centralidade da relação
entre humanos e outros seres, neste caso, com especial destaque para
o Rio, frente a empreendimentos de mineração que podem sintetizar a
ruína destes modos de vida.
Em 2017, durante a realização do Seminário Regional Sobre
os Impactos dos Projetos de Mineração, em São Lourenço do Sul/RS,
a peruana Ana Maria Llamoctanta Edquen, Presidente de Base de Las
Rondas Campesinas de Mujeres del Centro Poblado El Tampo, alertou
como, de repente, a produção de batatas, uma das bases alimentares
da comunidade, começou a secar. Ao mesmo tempo, as águas ficaram
turvas e membros da comunidade começaram a adoecer. Para Ana Ma-
ria, “não podemos viver sem água”. Assim, a estratégia do coletivo foi
seguir o curso das águas, pois, para o grupo, é essencial “saber onde
nascem os rios”. Foi então que descobriram a retomada da atividade de
mineradoras de ouro em cavas na região de Cajamarca, Norte do Peru.
Com a chuva, a água levava os resíduos até os rios, envenenando o am-
biente. A atividade se torna ainda mais destrutiva pelas cavas estarem
encravadas em territórios tradicionais, que estão associados aos modos
de vida dos moradores. Conforme Ana Maria e demais campesinos “as
montanhas e as águas são a vida”. (Diário de campo, outono de 2017).
Apenas recentemente os moradores do Alto Camaquã começa-
ram se perceber o retorno os peixes ao Rio, porém, não com a mesma
abundância de antes. Mas, e se considerarmos, de acordo com Ingold
(2012a), um cosmo polifônico em que o Rio seja o sangue da gente? Na
relação com o ambiente se cria aquilo que podemos chamar de expe-
riência. Para Turner (2005: 177),

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[...] o significado surge quando tentamos associar o que a
cultura e a língua cristalizaram a partir do passado com
o que sentimos, desejamos e pensamos em relação ao
instante presente da vida. Em outras palavras, retoma-
mos as conclusões que nossos ancestrais estabeleceram
como modos culturais que classificamos hoje, dentro da
tradição ocidental, como “religiosos”, “morais”, “políti-
cos”, “estéticos”, “proverbiais”, “aforísticos”, de “senso
comum” etc., para ver como e em que medida essas con-
clusões iluminam ou se relacionam com as nossas ques-
tões, dificuldades, problemas, ou alegrias individuais do
presente.

Guillhermo Foladori e Javier Taks (2004), elaboraram algumas


maneiras de como a Antropologia poderia contribuir para a problemá-
tica ambiental e suas políticas. Segundo os autores, uma das questões
centrais para a institucionalização da Antropologia, enquanto um saber
e modo de fazer que se constrói na relação com o outro, é a questão
antrópica de como as diferentes sociedades produzem os seus ambien-
tes. Tal relação engendra outras questões, tais como continuidades e
diferenças da espécie humana em relação aos outros seres vivos e os
limites da distinção entre natureza e sociedade.
Logo, a Votorantim desconsidera o conhecimento dos diversos
coletivos que habitam o Alto Camaquã e suas relações com o ambien-
te, algo que não obedece lógicas geopolíticas fixadas pelos Estado, mas
inventam-se no manejo cotidiano e tradicional. Neste sentido, ao ten-
sionarmos a dicotomia natureza e sociedade, pretendemos nos voltar
para um ambiente em que humanos e outros seres estão em constante
relação, contemplando, assim, o Rio Camaquã, em sua bacia hidro-
gráfica, como um elemento constituidor de práticas e conhecimentos
adquiridos na lida campeira, com especial vocação para a criação de
ovinos, bovinos e caprinos nos campos de pedra.

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5.3 CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS: UMA ANTROPOLOGIA
DA/NA VIDA

Nas audiências públicas realizadas a pedido do Ministério Pú-


blico Estadual, as comunidades do Alto Camaquã manifestam seu des-
contentamento com o avanço de mineradoras na região – com exceção
dos prefeitos de Caçapava do Sul e de Santana da Boa Vista, que visam
o pagamento de impostos referentes à exploração de chumbo. Nesses
momentos, ficou evidente o quanto este projeto tem o apoio do Go-
verno do Estado do Rio Grande do Sul, sendo alegada as perspectivas
de desenvolvimento da região. Em consonância, o Sindicato dos En-
genheiros do Rio Grande do Sul chegou a divulgar uma nota em que
“defende mais engenharia e menos proselitismo na análise do Projeto
Caçapava do Sul”, nome fantasia criado para a mineração de chumbo.
Menosprezam, assim, outras formas de produção do conhecimento so-
bre a região, sob o signo de proselitismo.
Ao retomarmos a crítica de Ingold (2012a, 2012b) sobre o
modelo hilemórfico, em interlocução com a crítica de Latour (1994)
a respeito do projeto da modernidade, o que implica “defender mais
engenharia”? Entendemos que seja pensar o Rio Camaquã como uma
“barreira física”, uma forma fixa e finalizada que não corre em direção
ao oceano, que não vaza por todos os lados, em um processo de itine-
rância e conexões. “Mais engenharia” é considerar que basta empilhar
rejeitos em áreas impermeabilizadas que estas poderão dar segurança
e sustentação, mas levar tal afirmação adiante, não leva em conta as
pessoas que têm suas vidas articuladas com o ambiente.
Enfim, entendemos que “mais engenharia” implica, sob os aus-
pícios daqueles que talvez se considerem a “verdadeira ciência”, não
escutar as pessoas e os seus modo de vida, seus significados construídos

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na f(r)icção de suas experiências com o ambiente, com o Rio. O para-
doxo, que ressaltamos novamente, é que esta área é justamente uma
região em que o pampa está mais preservado, pois são terras marginais,
campos de pedra e, significativamente, território das populações tra-
dicionais. Populações invisibilizadas que foram, e continuam sendo,
desconsideradas na história.
Nós, também, além de pesquisadores, somos cidadãos, cujas
vidas se cruzam, neste momento, com o Rio Camaquã, considerando
que nosso município compõe sua Bacia Hidrográfica. Expomos aqui
nossas reflexões na defesa dos modos de vida ao redor do Rio Cama-
quã, entendendo tais práticas enquanto referência cultural do pampa
brasileiro, por acreditarmos, assim, que a Antropologia pode contribuir
aos debates sobre impactos ambientais. Ressaltamos a importância da
diversidade sociocultural e da biodiversidade, bem como os modos de
viver que mantém o Camaquã vivo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Editora


Brasiliense, 1996.

BORBA, M. F. Desenvolvimento territorial endógeno: o caso do Alto


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Sul. Votorantim Metais, 2016.

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INGOLD, T. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos
num mundo de materiais. Horizontes antropológicos, Porto Alegre,
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MORAES, Y. J. B. de. Guarda fogo pampeanas: textos relacionados e


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estudo sobre o terror e a cura. São Paulo: Paz e Terra, 1993.

TURNER, V. Dewey, Dilthey e Drama: um ensaio em Antropologia


da Experiência. Cadernos de Campo, São Paulo, v. 13, n. 13, p. 177-
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