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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”-

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DISCENTES: Bruna de Souza Luiz RA: 191224359;


Gabriela Araujo da Silva RA: 191220159;
Henrique Zavalski Mano RA: 191225037;
Lucas de Oliveira Ralla RA: 191220604;
Matheus Dourado Novais RA: 191224651.
PERÍODO: Noturno
DOCENTE: Profª Drª Fernanda Mello Sant’Anna
DISCIPLINA: Teoria de Relações Internacionais II
CURSO: Relações Internacionais, 2° ano

Estudo de caso 3 - Os abusos sexuais pelos capacetes azuis em missão de paz da ONU
sob as perspectivas de Cynthia Enloe, J. Ann Tickner e C. T. Mohanty.

O presente estudo de caso interpreta os sucessivos abusos sexuais cometidos pelos


capacetes azuis da ONU durante missões humanitárias pelo mundo. Buscamos elucidar por
meio das notáveis teóricas do movimento feministas de Cynthia Enloe, Judith Tickner e
Chandra Mohanty o modo com que as mulheres têm sido vítimas de violência sexual por um
problema intrínseco ao sistema internacional e ao patriarcado: a subordinação de corpos
femininos para a manutenção do status quo vigente, que silencia as mulheres e as subjuga
Os boinas/capacetes azuis são figuras chave dentro da atuação das Nações Unidas
(ONU) pelo mundo. Eles participam sempre que a ONU julga necessário interferir em uma
região de conflito, com o objetivo de assegurar a paz entre as partes envolvidas no conflito e
proteger pessoas que tiverem sua vida em risco pelo advento da guerra. Todavia, quase duas
mil denúncias de abuso e assédio sexual já foram reportadas nas missões dos capacetes azuis
ao redor do mundo, enunciando uma nítida crise dentro da Organização.
O que chama atenção dentro do escândalo relativo a um grupo que deveria se
mostrar idôneo é que, não somente mulheres eram vítimas dos abusos, como também
crianças - que supostamente deveriam estar sob a proteção dos capacetes azuis. Na República
Centro-Africana, durante a Missão Minusca, houve uma série de denúncias contra capacetes
azuis franceses. Na ocasião, as denúncias retratavam casos de abuso contra mulheres e
crianças - sendo importante frisar que não somente é terminantemente proibido para cabeças
azuis manterem relações sexuais com civis como também a idade mínima para consentimento
no país é de 18 anos.
C. T. Mohanty é uma professora indiana com obras principalmente voltadas ao
anticapitalismo, a atuação de políticas neoliberais ao redor do mundo e ao retratar a troca de
informações entre estudiosas feministas de múltiplas gerações e nacionalidades diante das
adversidades do mundo contemporâneo. Em Feminism Without Borders (2003), a autora dá
enfoque a corrente pós-colonial do feminismo, da qual faz parte, e quais os obstáculos
observados por ela e outras teóricas feministas ao longo de duas décadas.
Judith Ann Tickner é uma professora estadunidense com uma extensa carreira
acadêmica, com um enfoque especial para estudos de gênero e a forma como interagem com
as Relações Internacionais. Em seu artigo What Is Your Research Program?, de 2005,
Tickner discorre sobre certos embates entre feministas que trabalham com teoria das R.I. e
seus colegas de profissão, apresentando perspectivas do movimento acerca de pilares da área,
como Metodologia.
Para entender a situação do estudo de caso sobre os capacetes azuis, usamos o artigo
de 2005 escrito por Tickner, que era mais um exemplo de seu extenso trabalho sobre a
questão da construção social de gênero e a hierarquia implementada por ela nas sociedades
subordinando a mulher, relação esta base para todas as relações do sistema internacional.
Tickner compreende o gênero como:
um conjunto de características socialmente construídas que são tipicamente
associadas à masculinidade e à feminilidade. Características associadas a um "tipo
ideal" ou masculinidade "hegemônica", como autonomia, racionalidade e poder, são
geralmente preferidas por homens e mulheres em relação a características como
dependência, emocionalidade e fraqueza, associadas à feminilidade. (Tickner, 2005,
p. 6).
Considerando isto, a autora também destaca a hierarquia de gênero como “relações
entre homens e mulheres, relações geralmente hierárquicas e desiguais”. (Tickner, 2005, p.
6). Nisso, ela inclui que as desigualdades não somente as de gênero, mas também as
masculinidades subordinadas, se cruzam e são compostas por outras hierarquias, como classe
e raça nas relações internacionais.
À vista disso, considerando o sistema internacional, a autora expõe que as mulheres
em todas as sociedades, estão em uma posição de desvantagem política, econômica e social,
sendo desse modo subordinada a todas as imposições do patriarcado, em diversas escalas das
Relações Internacionais, na qual a construção de todo o conhecimento e estrutura das relações
da economia capitalista global, social e política e principalmente nas relações dos Estados e
instituições, é baseada em suposições do pensamento masculino que é considerada valorizada
e que representa a coletividade, desse modo, esse sistema tem justamente como suporte as
relações de dominação e subordinação de gênero, raça e classe.
De modo semelhante, a autora e teórica feminista, Cynthia Enloe, em suposições a
esta abordagem, questiona quem se beneficia com essa relação de poder, de dominação e
subordinação e com a imposição das regras e normas globais, isto é, o status quo do sistema,
que é sustentada pelas relações desiguais beneficiando alguém, no caso um homem que ocupa
todas as posições no sistema político internacional, retirando a mulher de sua posiçao de
direito no espaço internacional, ocultando sua voz e suas ações perante a outras mulheres que
precisam de ajuda. Desse modo, a mulher é colocada como uma vítima global, na qual são
retratadas como objeto e dependente das ações masculinas.
BIBLIOGRAFIA

ENLOE, C. Bananas, Beaches and Bases: Making Feminist Sense of International Politics.
Berkeley: University of California Press. 1989. Capítulo 1 "Gender makes the world go
round: where are the women?".

TICKNER, J. A. What is your research program? Some feminist answers to International


Relations methodological questions. International Studies Quarterly. V. 49, 2005, p. 1-21.

MOHANTY, C. T. Feminism without borders: decolonizing theory, practicing solidarity.


Durham/London: Duke University Press, 2003. Cap. 1 – Under Western eyes: feminist
scholarship and colonial discources, p. 17-42.

https://www.dw.com/pt-br/capacetes-azuis/t-47164924, Acesso em 10 fev 2021.

https://oglobo.globo.com/mundo/ap-revela-2-mil-alegacoes-de-abuso-sexual-exploracao-por-
capacetes-azuis-da-onu-21197040. Acesso em 10 fev 2021.

https://www.american.edu/sis/faculty/tickner.cfm, Acesso em 10 fev 2021.

https://thecollege.syr.edu/people/faculty/mohanty-chandra-talpade/, Acesso em 10 fev 2021.

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