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Modelos organizativos

Três modelos básico de organização: crgãos da Administração ativa, tribunais ou autoridades


judiciárias.

a) Modelo administrativista – chamado de “administrador-juiz”, de “autotutela” ou de


“jurisdição reservada” ou conservada” – em que a decisão final dos litígios administrativos
compete aos crgãos superiores da Administração ativa (julgar a administração é ainda
administrar). Baseava-se na separação de poderes.

b) Modelo judicialista, em que a decisão das questões jurídicas administrativas cabe a


tribunais integrados numa ordem judicial – julgar a administração é verdadeiramente julgar –
quer se trate de tribunais comuns ou de tribunais especializados em razão de matéria. É o modelo
atual, que parte do princípio de que toda a atividade administrativa, mesmo nos momentos
discricionários, está subordinada ao Direito e que atribui aos tribunais a competência para
conhecer todos os litígios emergentes de relações jurídicas administrativas interpessoais.

c) Modelo judiciarista ou quase-judicialista- em regra chamado de “jurisdição delegada” ou


“transferida” – em que a resolução dos litígios relativos à Administração, por não ser
substancialmente estranha à função jurisdicional, cabe a autoridades “judiciárias”, que são
crgãos administrativos independentes, alheios à orgânica dos tribunais, apesar da sua
designação como “tribunais administrativos”. Modelo intermédio na transição dos modelos
administrativistas para os modelos judicialistas.

Também temos, devido a história do contencioso administrativo:

1) O modelo administrativista mitigado, em que a decisão sobre as questões contenciosas


cabe a crgãos superiores da Administração ativa, mas implica um procedimento
jurisdicionalizado com a intervenção consultiva obrigatcria de um crgão administrativo
independente, cujo parecer era, ou não, homologado por aqueles crgãos;
O modelo judicialista mitigado, quando as sentenças dos tribunais (especializados ou mesmo
comuns), apesar da competência descrita destes, não têm força executiva
Os modelos processuais (ou operativos) mais marcantes de justiça administrativa

No continente europeu, embora com variantes, predominou um modelo tradicional, conhecido


como “modelo-francês”, que se desenvolveu em França a partir da Revolução de 1789, sobretudo
através da jurisprudência do Conseil d’État, e que, em termos simplificados ou estilizados,
apresenta as caraterísticas:

a) Separação de poderes, um contencioso especial para a atuação de direito público da


Administração, subtraído à lcgica prcpria dos tribunais judiciais e atribuído a “tribunais
administrativos”;
b) Contencioso administrativo comum, constituído pelo recurso de anulação de decisões
administrativas, o recours pour excès e pouvoir – um recurso que, apesar da não
judicialização, tende a ser de mera legalidade (impugnam-se os atos com base em excesso
de poder ou violação de lei) sucessivo e limitado. Em matéria de contratos administrativos
e de responsabilidade civil.
c) Considera-se o recurso de anulação como “um processo feito a um ato” com intuito de
fiscalizar a legalidade do exercício autoritário de poderes administrativos, com a função de
auxiliares da legalidade, interessados no resultado.

O modelo alemão é o modelo subjetivista, instituído na Alemanha depois da II Grande Guerra


Mundial. Modelo prussiano é mais objetivista.
No que respeita à limitação dos poderes discricionários:

a) A jurisdicionalização total (material, processual e orgânica), a instituição de uma


verdadeira “justiça administrativa”, dentro da lcgica prcpria comum a todos os tribunais;
b) Jurisdição plena, garantir uma proteção judicial efetiva em todas as situações,
independentemente da prática de atos administrativos – deixando de se reconhecer o
princípio da enumeração e o recurso contencioso de anulação como o núcleo essencial do
sistema.

A evolução da generalidade dos sistemas aponta claramente no sentido de uma subjetivação da


justiça administrativa, tendo em conta a comprovada insuficiência dos modelos objetivistas
clássicos para assegurar uma proteção judicial efetiva dos direitos e interesses legalmente
protegidos dos particulares.

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