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Souza, Fernando Prestes de.

MÚSICOS NEGROS NO BRASIL COLONIAL:


TRAJETÓRIAS INDIVIDUAIS E ASCENSÃO SOCIAL (SEGUNDA METADE DO
SÉCULO XVIII E INÍCIO DO XIX)
- Revista Vernáculo, 2007.

Objeto de pesquisa: os músicos negros e mulatos livres utilizando-se do ofício de


músicos para alcançar ascensão social, entre a segunda metade do século XVIII e as
duas primeiras décadas do XIX. Uma análise que compara Minas e São Paulo.

Estratégias e possibilidades de músicos de cor ascender socialmente através do ofício


de músicos.

O autor começa falando da música no Brasil colonial e dos negros nessa música.
Trata a musicalidade negra como uma arma de resistência cultural.

Em sua revisão de literatura, o autor cita os historiadores Herbert Klein e Russell-


Wood, da década de 60, que escreveram e estimularam estudos sobre a atividade
musical dos homens de cor livres.

Referência dos autores citados:


KLEIN, Herbert S. The colored freemen in brazilian slavery society. Journal of Social
History, v. 3, n. 1, 1969. p. 48-49; RUSSELL-WOOD, A. J. R. Escravos e libertos no
Brasil colonial. Trad. Maria Beatriz de Medina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2005. p. 150-152.

A autora cita também o musicólogo alemão Francisco Curt Lange, que na década de
40, escreveu sobre a vida musical em Minas no século XVIII. Lange elegeu se
debruçar sobre Lobo de Mesquita, estudando-o por completo.

O autor salienta que, no que diz respeito à vida musical no período colonial, os
estudos ainda são, predominantemente, de caráter biográfico: “pouco se sabe sobre a
multidão de anônimos que exerciam sua arte nestes espaços do Brasil e, tampouco as
relações e particularidades das diversas configurações sociais”.

O autor destaca que o “mestre-de-capela” era figura central nas atividades musicais
em Minas. Ele tratava e contratava serviços, recebia e pagava executantes...

O autor cita Hespanha, António Manuel. A mobilidade social na sociedade de Antigo


Regime. Tempo, v. 11, n. 21,2006. – É importante conhecer os diversos recursos e
aspirações dos músicos negros naquela sociedade orientada por princípios e ideais
como honra, pureza de sangue, adesão a determinados padrões de civilidade e
concepção de justiça.

“a atividade musical funcionava como uma via de mobilidade aos homens de cor. E
isso era percebido pelas elites luso-brasileiras. “ (p.41)

Autor cita José João Teixeira Coelho, que escreveu “Instrução para o governo da
capitania de Minas Gerais”, em 1780: “aqueles mulatos que se não fazem
absolutamente ociosos se empregam no exercício de músicos, os quais são tantos na
capitania de Minas que certamente excedem o número dos que há em todo o reino” –
Fonte: Revista do Arquivo Público Mineiro. (42)

Segundo o autor, o documento de José João Teixeira Coelho revela que a arte da
música não era considerada, em Minas colonial, um ofício mecânico ou desonroso.
No Antigo Regime (e, por conseguinte, nas Minas setecentistas), as artes se dividiam
em dois ramos:
a) Sete artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética, música, arquitetura e
Astrologia.
b) Artes mecânicas: agricultura, caça, guerra, todos os ofícios fabris, cirurgia e
artes de tecer e navegar.
A dedicação às artes liberais não implicava o estabelecimento de mácula aos
indivíduos. (Hespanha, Antonio Manuel. Às vésperas do Leviathan: instituições e
poder político, Portugal – séc. XVII. Coimbra, Almedina, 1994). (42)

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