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APLICAÇÃO DA

PENA
•INTRODUÇÃO
• “Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal”.
• Art. 1°, CP;
• Art. 5, XXXIX, CF;

• No Brasil, em regra, as penas abstratamente


previstas na lei penal são privativas de
liberdade e/ou multa, não havendo cominação
de penas restritivas de direitos, quase sempre
substitutivas da reclusão, detenção ou prisão
simples.

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APLICAÇÃO DA
PENA
• FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
• SISTEMA TRIFÁSICO (art. 68, CP)
• Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao
critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
• 1ª FASE → Estabelecimento da pena-base, conforme
art. 59, CP;
• 2ª FASE → Estabelecimento da pena intermediária,
Incidência de circunstâncias agravantes e atenuantes
(art. 61, 62, 65 e 66);
• 3ª FASE → Estabelecimento da pena definitiva, causas
de aumento e diminuição de pena.

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APLICAÇÃO DA
PENA
• FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
• OBS: As qualificadoras não fazem parte das etapas de
fixação da pena, pois integram o preceito secundário do tipo
penal, sendo, pois, ponto de partida para a dosimetria da
pena;
• Ex: Homicídio simples
• Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

• Homicídio qualificado.
• § 2° Se o homicídio é cometido:
• I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe;
• II - por motivo futil;
• III - com emprego
• (...)
• Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

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APLICAÇÃO DA
PENA

SISTEMA TRIFÁSICO
Preceito secundário simples / Preceito Secundário Qualificado
1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE
Fixar a pena-base Fixar a pena Fixar a pena
atentando-se para intermediária, definitiva,
as circunstâncias considerando as aplicando-se as
judiciais (art. 59, agravantes (art. 61 causas de aumento
CP) e 62, CP) e e diminuição de
atenuantes (arts. pena
65 e 66 do CP)
• Fixada a pena definitiva, o Juiz deve anunciar o regime para seu
inicial cumprimento;
• Deve também aquilatar os requisitos que permitem: a) substituição
da PPL por sanção alternativa ou b) a suspensão condicional da
execução da pena (sursis)

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APLICAÇÃO DA
PENA
• PRIMEIRA FASE DE APLICAÇÃO DA PENA
• Finalidade: Fixar a pena-base
• Ponto de partida: Preceito secundário (simples ou
qualificado)
• Incidência das circunstâncias judiciais do art. 59, CP.
• Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme
seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime.

• OBS: O CP não fixou o quantum de aumento para as


circunstâncias judiciais desfavoráveis ao sentenciado;
• Jurisprudência sugere 1/6 para cada circunstância;
• Doutrina sugere 1/8 para cada circunstância;

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APLICAÇÃO DA
PENA
• PRIMEIRA FASE DE APLICAÇÃO DA PENA
• IMPORTANTE!!
• O JUIZ ESTÁ ATRELADO AOS LIMITES MÍNIMO E
MÁXIMO abstratamente previstos no preceito
secundário da infração penal (art. 59, II, CP).

• Assim, o magistrado deve partir da pena mínima


para, reconhecendo circunstância desfavorável ao
réu, dirigir-se na direção da pena máxima.

• Não havendo circunstâncias judiciais relevantes, a


pena base deverá ser fixada no mínimo legal;

• A pena-base somente se afastará do patamar mínimo


se estiver presente alguma circunstância judicial
desfavorável;

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APLICAÇÃO DA
PENA
• PRIMEIRA FASE DE APLICAÇÃO DA PENA
• E se ficar constatado o concurso entre circunstâncias
judiciais favoráveis e desfavoráveis?
• Diz a doutrina que o magistrado deve invocar, por
analogia, o artigo 67 do Código Penal (aplicando a
preponderante).
• Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena
deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
preponderantes, entendendo-se como tais as que
resultam dos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente e da reincidência.

• Exemplo: Homicídio qualificado (Pena de 12 a 30 anos);


• Se não há circunstância judicial desfavorável, o juiz deve
fixar a pena-base no mínimo legal (12 anos);
• Havendo circunstâncias judiciais desfavoráveis, a pena-
base deve ser fixada acima do mínimo, sendo que o
quantum de aumento fica a critério do juiz,
demandando fundamentação
• Se há uma circunstância desfavorável, deve-se somar a
pena mínima na direção da máxima. Ex: 12 anos + 1/6 =
14 anos;

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APLICAÇÃO DA
PENA
• CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (art. 59, CP)
• Culpabilidade
• Maior ou menor grau de reprovabilidade da conduta
do agente, maior ou menor censurabilidade do
comportamento do agente → Quanto mais intenso o
dolo, maior a censura; quanto menor sua intensidade,
menor será a censura;
• Posição do agente frente ao bem jurídico tutelado:
• A) Menosprezo total (dolo direto)
• B) Indiferença (dolo eventual)
• C) Descuido (crimes culposos)
• Elemento de determinação ou de medição de pena
diferente da culpabilidade como terceiro substrato do
crime;

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APLICAÇÃO DA
PENA
• CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (art. 59, CP)
• Antecedentes do agente
• Representa a vida pregressa do agente, sua vida antes
do fato delitivo;
• Inquéritos policiais em andamentos ou arquivados,
ações penais em curso ou já encerradas com decisão
absolutória NÃO caracterizam maus antecedentes;
• Presunção de inocência
• Súmula 444, STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
penais em curso para agravar a pena-base.

• MAUS ANTECEDENTES: Condenações definitivas que


não caracterizam a agravante da reincidência, seja pelo
decurso do prazo de 5 anos após o cumprimento ou
extinção da pena, seja pela condenação anterior por
crime militar próprio ou político;
• Art. 64 - Para efeito de reincidência:
• I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação;
• II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

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APLICAÇÃO DA
PENA
• CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (art. 59, CP)
• Conduta social do agente
• Trata-se do comportamento do réu no seu ambiente
familiar, de trabalho e na convivência com os outros
(SANCHES, 2019, p. 481).
• Testemunhas de beatificação.

• Personalidade agente
• Cuida-se, aqui, do retrato psíquico do delinquente, da
índole, do caráter do indivíduo, reveladora de suas
qualidades e defeitos, analisando possíveis desvios de
caráter, boa ou má índole, maior ou menor
sensibilidade ético social.

• Motivos do crime
• Os motivos constituem a fonte propulsora da vontade
criminosa. “Não há crime gratuito ou sem motivo”.
(BITENCOURT, 2014, p. 776)
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APLICAÇÃO DA
PENA
• CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (art. 59, CP)
• Circunstâncias do crime
• A análise da maior ou menor gravidade do crime
espelhada pelo modus operandi do agente. São as
condições de tempo e local em que ocorreu o crime, a
relação do agente com a vítima, os instrumentos
utilizados para a prática delituosa.

• Consequências do crime
• São os efeitos decorrentes da infração penal, seus
resultados, particularmente para a vítima, para sua
família ou para a coletividade.
• Art. 387, IV, CPP.

• Comportamento da vítima
• Em que pese no direito penal não existir compensação de
culpas, o comportamento da vítima pode aumentar ou
diminuir a reprovabilidade pessoal da conduta típica e
ilícita, uma vez que muitas vezes a vítima contribui para a
Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA prática delitiva.
REFERÊNCIAS
• BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão – Causas e alternativas / Cezar Roberto Biterncourt – 5. ed. – São
Paulo: Saraiva, 2017.
• ___________Tratado de Direito Penal: parte geral 1 / Cezar Roberto Bitencourt. - 20. ed. rev., ampli. e atual. – São Paulo:
Saraiva, 2014.
• CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120) / Fernando Capez. — 15. ed. — São Paulo
: Saraiva, 2011.
• CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° ao 120) / Rogério Sanches Cunha – 7. ed. rev.,
ampl. e atual. – Salvador: Juspodivm, 2019.
• ESTEFAM, André. Direito Penal, volume 1: parte geral (arts. 1° ao 120) / André Estefam. – 8. ed. – São Paulo: Saraiva, 2019.
• FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 42 ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2014.
• GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, Vol. I / Rogério Greco. – 18. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016.
• PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal / Luiz Regis Prado. 11ª edição – São Paulo: Editora RT, 2017.
• _______. Curso de Direito Penal Brasileiro / Luiz Regis Prado. 17ª edição –Rio de Janeiro: Forense, 2019.
• ROXIN, Claus. Derecho penal: parte general. Madrid: Civitas, 1997. v. 1.
• ZAFFARONI, Eugenio Raul. Manual de direito penal brasileiro, parte geral / Eugênio Raul Zaffaroni, José Henrique
Pierangeli. – 13. ed. rev. e atual. – São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.

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