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EDITORES
João de Almeida
João Luiz da Silva Almeida
CONSELHO EDITORIAL
CONSELHO CONSULTIVO
PRODUÇÃO EDITORIAL
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Aos meus pais, Rubens e Rosali-
na, e aos meus irmãos, Carlão e Diô, e
ao meu amado Xandinho, certa de que
palavras não podem registrar as vozes
da alma.
Para viver tenho de, a cada
momento, acreditar no inacreditável.
Meu caminho é a paixão. Sem essa
divina loucura perco a lua e o sol,
perco o horizonte.
J.A. Gueiros
Agradecimentos
Apresentação................................................................................ xiii
Prefácio ........................................................................................ xv
Capítulo 1 – Introdução .............................................................. 1
Capítulo 2 – Criminologia Crítica: a Leitura da Realidade So-
cial das Ciências Criminais ................................................ 9
2.1. Da Escola Clássica à Criminologia Crítica ........................ 9
2.1.1. A Escola Clássica ...................................................... 11
2.1.2. O Positivismo ........................................................... 18
2.1.3. A Ideologia da Defesa Social.................................... 23
2.1.4. Um Novo Paradigma Científico: o Labelling
Approach................................................................... 27
2.1.5. A Criminologia Crítica............................................. 28
2.2. A Constituição Histórica do Pensamento Criminológico
no Brasil: A Escola Crítica como Norte ............................ 31
2.2.1. As Práticas Punitivas no Modelo Colonial-Mer-
cantilista.................................................................... 31
2.2.2. Os Influxos Liberais: O Código Criminal de 1830 e
o Código de Processo Criminal de 1832 ................. 33
2.2.3. O Código da República ............................................ 35
2.2.4. O Código Penal do Estado Novo ............................. 38
2.2.5. A Reforma da Parte Geral de 1984 e o Advento da
Decodificação............................................................ 40
Capítulo 3 – Política Criminal Brasileira: Aspectos da Contem-
poraneidade......................................................................... 43
3.1. Contextualização do Tema................................................. 43
3.1.1. Punição e Estrutura Social ....................................... 44
3.1.2. O Mundo Pós-Moderno........................................... 47
3.1.2.1. Globalização e Neoliberalismo ................... 47
3.1.2.2. Sociedades de Controle............................... 52
3.1.2.3. Os Inimigos do Sistema Penal .................... 55
xi
3.2. A Mídia ............................................................................... 59
3.3. O Discurso do Medo – a Lógica do Bicho-Papão – e a
Retórica da Intransigência – a Demanda de Punição ...... 67
3.4. Direito Emergencial: A Cruzada Contra a Criminalidade . 73
3.5. A Invasão da Cultura Emergencial no Direito Pátrio: A
Delação Premiada............................................................... 78
Capítulo 4 – A Delação Premiada no Ordenamento Jurídico
Pátrio ................................................................................... 85
4.1. Prolegômenos ..................................................................... 85
4.2. O Dogma da Verdade......................................................... 87
4.2.1 A Verdade como Saber ............................................. 87
4.2.1. O Mito da Verdade Real .......................................... 89
4.3. A Atividade Probatória no Processo Penal....................... 92
4.3.1. A formação do convencimento do julgador ........... 92
4.3.2. O ônus da prova em matéria criminal .................... 94
4.3.3. Meios de prova ......................................................... 96
4.4. Colaboração Premiada: Conceito e Natureza Jurídica ..... 97
4.5. Legislação Correlata ........................................................... 99
4.6. Procedimento...................................................................... 105
4.7. Valor Probatório................................................................. 111
4.7.1. A garantia do contraditório ..................................... 111
4.7.2. O direito a não auto-incriminação.......................... 113
4.7.3. O posicionamento doutrinário e jurisprudencial ... 115
4.8. Repertório Jurisprudencial Selecionado: O Tratamen-
to do Instituto pelo STF .............................................. 118
Capítulo 5 – A Perspectiva Ética ................................................ 123
5.1. Traição e Sociedade ............................................................ 123
5.2. A Ética como Filosofia Moral ............................................ 125
5.3. Ética e Delação ................................................................... 126
5.4. Ética e Direito: um Olhar Integrado ................................. 131
5.5. Delação à Brasileira: Produto da Concentração de Dis-
cursos Punitivos.................................................................. 141
Capítulo 5 – Conclusão ............................................................... 147
Referências Bibliográficas ........................................................... 153
xii
Apresentação
xiii
fundo o apreço e o afeto. Apreço, no que toca ao respeito, inte-
lectual e profissional, e afeto, que não tem preço, mas endereço
certo.
xiv
Prefácio
xv
qual a delação chegara à modernidade. Em algum momento, um
vereador do município mineiro de Tiradentes encontrará estí-
mulos legais para um projeto de lei que troque o nome da cidade
para Joaquim Silvério dos Reis.
Em suma, o trabalho de Natália Oliveira de Carvalho vem
incorporar-se à bibliografia brasileira sobre delação premiada, e
passa a constituir leitura obrigatória para quantos, no exercício
de suas funções, no foro ou na academia, devam manejar o con-
troverso instituto processual da delação premiada.
Nilo Batista
Titular de Direito Penal da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Titular de Direito Penal da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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Capítulo 1
Introdução
1
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2
A Delação Premiada no Brasil
3
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4
A Delação Premiada no Brasil
5
Natália Oliveira de Carvalho
7 TZU, Sun. A arte da guerra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, pp. 119-126.
6
A Delação Premiada no Brasil
8 LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito? 17. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 74.
7
Capítulo 2
Criminologia Crítica: a Leitura da
Realidade Social das Ciências Criminais
O real não está na saída nem na chegada:
ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.
Guimarães Rosa
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2.1.2. O Positivismo
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35 Segundo Baratta (Op. cit., p. 42), o conteúdo dessa ideologia teria se infiltrado
com vigor no seio do pensamento jurídico e também do senso comum (every
day theories). A nosso ver, o mote da defesa social e, em especial, o princípio do
bem e do mal, continuam, hoje, a legitimar a maciça atuação do Estado-Penal.
36 Durkheim, juntamente com Marx, costuma ser apontado como fundador das
teorias sociológicas contemporâneas, inexoravelmente pautadas, em maior ou
menor grau, na antinomia conflito-consenso.
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[...] pela dureza das punições, pela freqüência com que era
aplicável a pena de morte e pela maneira de executá-la,
morte por enforcamento, morte pelo fogo até ser o corpo
reduzido a pó, morte cruel precedida de tormentos cuja
crueldade ficava ao arbítrio do juiz; mutilações, marca de
fogo, açoites abundantemente aplicados, penas infamantes,
degredos, confiscação de bens.
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74 BATISTA et al, op. cit., p. 457. Segundo os autores, é com base no estabeleci-
mento dessa geopolítica criminal que surgem as favelas, já vinculadas a uma
pobreza com forte tendência às práticas infracionais.
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Capítulo 3
Política Criminal Brasileira:
Aspectos da Contemporaneidade
Enquanto os homens exercem seus podres poderes,
morrer e matar de fome, de raiva e de sede
são tantas vezes gestos naturais.
Caetano Veloso
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3.2. A Mídia
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37 DEBRAY, Régis. Curso de midiologia geral. Petrópolis: Vozes, 1991, pp. 412-413.
38 No Brasil, por exemplo, vê-se estabelecido patente vínculo entre o poder políti-
co e o regime de concessões de direitos de transmissão de rádio e televisão.
39 Ao tratarem da cultura de massa na perspectiva do “capitalismo administrado”,
Adorno e Horkheimer, representantes maiores da Escola de Frankfurt, aduzi-
ram que a dominação de classes há tempos já não se dava apenas pelos instru-
mentos de repressão do Estado, mas também pelo controle da ideologia pela
mídia. Nessa lógica, “tem-se um sistema que se fecha sobre si mesmo, que blo-
queia qualquer possibilidade de superação virtuosa da injustiça vigente e parali-
sa, portanto, a ação genuinamente transformadora” (ver NOBRE, Marcos. A teo-
ria crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2004, p. 50).
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42 BATISTA, Nilo. Mídia e sistema penal no capitalismo tardio. In: Revista Dis-
cursos Sediciosos – crime, direito e sociedade, ano 7, n. 12. Rio de Janeiro:
Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002, p. 277.
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QUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. 2.
ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2003, pp. 123-144).
47 PASQUEL, op. cit., p.66.
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48 BATISTA, Nilo. Mídia e sistema penal no capitalismo tardio. Op. cit., p. 273.
49 PRADO, Geraldo. Sistema Acusatório: a conformidade constitucional das leis
processuais penais. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 163.
50 O melodrama como estratégia de comunicação foi estudado por Mendonça atra-
vés do sucesso de audiência global “Linha Direta”. A partir do silenciamento da
voz do criminoso, uma encenação da suposta atividade delituosa, sempre pauta-
da na versão da acusação, passa a se operar, contando com flashes nos quais víti-
mas e familiares expõem o drama por eles vivido (ver MENDONÇA, Kleber. A
não-voz do criminoso: o “Linha Direta” como crônica moral contemporânea. In:
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73 Ibid., p. 38.
74 BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas, op. cit., p. 81.
75 NEDER, Gizlene. Absolutismo e punição. In: Revista Discursos Sediciosos –
crime, direito e sociedade, ano 1, n. 1. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Instituto
Carioca de Criminologia, 1996, p. 132.
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76 Idem, ibidem.
77 BATISTA, Vera Malaguti. O medo na cidade do Rio de Janeiro: dois tempos de
uma história. Rio de Janeiro: Revan, 2004, p. 135.
78 Ibid, p. 106.
79 BATISTA, Nilo. Matrizes ibéricas do sistema penal brasileiro – I. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos: Instituto Carioca de Criminologia, 2000.
80 LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito? Op. cit., p. 17.
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A Delação Premiada no Brasil
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vista disso, tomando por foco o Brasil, importante ainda observar a existência de
uma vultosa “cifra negra”, que corresponde à discrepância entre o número de
delitos constante das estatísticas oficiais e a realidade mascarada por trás desses
dados. Em suma: o total de delitos efetivamente praticados supera largamente os
índices oficialmente apresentados (Cf. THOMPSON, op. cit., pp. 1-43).
82 AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. São Paulo: Boitempo, 2004, p. 13.
83 CHOUKR, Fauzi Hassan. Processo Penal de Emergência. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2002, p. 4.
84 Muito embora o tratamento das políticas criminais emergenciais ora se foque no
ideal de uma justiça eminentemente retributiva, caracterizada pela apuração de
culpabilidade e eventual imposição de punição através do devido processo
penal, não se pode ignorar que, na perspectiva dessa mesma cultura, ganha força
a chamada justiça de restauração. Esta, ao implementar técnicas de despenaliza-
ção, viabilizada mormente a partir da adoção de novos conceitos de arrependi-
mento e de acordo, permitiria a recomposição natural da ordem social violada.
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A Delação Premiada no Brasil
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tindo a baixa das taxas de criminalidade no local. Com a implementação das téc-
nicas de controle dessas identidades desviantes, mormente com a informatiza-
ção do acesso a bancos de dados judiciais, a teoria passou a ser intitulada brea-
king balls plus.
89 ZAFFARONI, op. cit., p. 242.
90 Não é sem razão que Matozinhos, ao tratar da idealização, no contexto pátrio,
da “polícia dos sonhos”, invariavelmente vinculada a ideais de extermínio e asfi-
xia, personificou-a na figura do astro Robocop. (ver MATOZINHOS, Déa Rita.
Robocop, o policial do futuro. In: Revista Discursos Sediciosos – crime, direito
e sociedade, ano 7, n. 12. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Crimi-
nologia, 2002, pp. 197-204).
91 Segundo Zaffaroni, a carência de um inimigo que preenchesse o vazio deixado
pela queda do império soviético foi prontamente suprida com o atentado de 11
de setembro de 2001, “funcional para individualizar um inimigo crível” (ver
ZAFFARONI, op. cit., p. 65).
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107 AZEVEDO, David Teixeira de. A colaboração premiada num direito ético. In
Boletim IBCCRIM. São Paulo, v. 7, n. 83, out. 199, p. 5.
108 CHOUKR, op. cit.,p. 131.
109 CARVALHO, op. cit., p. 106.
110 Ibid, p. 132.
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A Delação Premiada no Brasil
111 Acreditando ter identificado uma das causas da ineficiência da Justiça criminal
pátria, Moro aponta a “reduzida incidência de delações premiadas na prática
jurídica brasileira” (ver MORO, op. cit., p. 59).
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Capítulo 4
A Delação Premiada no
Ordenamento Jurídico Pátrio
Que os jurados deliberem o seu veredicto –
disse o Rei, mais ou menos pela vigésima vez
naquele dia. – Não, não! – gritou a Rainha. –
Primeiro a sentença, o veredicto vem depois.
Lewis Carrol
4.1. Prolegômenos
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7 SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. 2. ed. Curitiba: Lumen
Juris: ICPC, 2007, p. 403.
8 JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual Penal. 11. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2005, p. 200.
9 Apud FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau
Editora, 2003, p. 13.
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10 Idem, p. 12.
11 FOUCAULT, op. cit.
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12 NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin
Claret, 2004, p. 107.
13 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 9. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008, p. 278.
14 OLIVEIRA, op. cit., pp. 278-279.
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18 Idem, ibidem.
19 JARDIM, op. cit., p. 200.
20 PACHECO, Denílson Feitoza. O Princípio da Proporcionalidade no Direito
Processual Penal Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 3.
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Natália Oliveira de Carvalho
21 Para Lopes Jr., “há que se descobrir a origem e a finalidade do mito da verdade
real: nasce na inquisição e, a partir daí, é usada para justificar os atos abusivos
do Estado, na mesma lógica de que ‘os fins justificam os meios’” (ver LOPES JR,
op. cit., p. 538).
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26 Art. 156. A prova da alegação incubirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado
ao juiz de ofício:
I – Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção de provas con-
sideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e propor-
cionalidade da medida.
27 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal, 3º volume. 27. ed. rev.
e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 239.
28 OLIVEIRA, op. cit., p. 282.
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29 LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional, p. 546.
30 ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Da prova no processo penal. 7. ed.
rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 331.
31 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 16. ed. São Paulo: Editora Atlas,
2004, p. 277.
32 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 2.
ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 364.
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33 Revelando especial cautela no trato da questão, Lopes Jr. aduz que apenas “excep-
cionalmente podem ser admitidas provas atípicas ou inominadas, desde que não
constituam subversão da forma estabelecida por uma prova nominada, e, ainda,
guardem estrita conformidade com as regras constitucionais e processuais atinen-
tes à prova penal” (ver LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal e sua confor-
midade constitucional. Vol. 1. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 551).
34 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 12. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2007, p. 407.
35 GOMES, Luiz Flávio. Corrupção Política e Delação Premiada. In: Revista
Síntese de Direito Penal e Processual Penal, ano VI, n. 34, Porto Alegre, out.-
nov./2005, p. 18.
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A Delação Premiada no Brasil
39 Segundo Silva Franco, as inúmeras medidas restritivas impostas pela Lei dos
Crimes Hediondos prestaram-se a atender “ao contagiante clima psicólogico
de pavor criado pelos meios de comunicação social e aos interesses imediatos
de estratos sociais privilegiados” (ver SILVA FRANCO, Alberto. Código
Penal e sua Interpretação Jurisprudencial. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1995, p. 2.074).
40 Art. 8º, parágrafo único. “O participante e o associado que denunciar à autorida-
de o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena redu-
zida de um a dois terços.” (grifo nosso) Observa-se que o dispositivo legal em
comento, na redação vigente da Lei nº 8.072/90, diz respeito tão só ao delito de
quadrilha ou bando, já que a colaboração premiada em relação à figura típica do
art. 159 do CP tem seu tratamento hoje determinado pela Lei nº 9.269/96.
41 Art. 6º. Nos crimes praticados em organizações criminosas, a pena será reduzida
de um a dois terços, quando a colaboração espontânea do agente levar ao escla-
recimento de infrações penais e de sua autoria.” (grifo nosso)
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45 Ibid., p. 182.
46 Art. 159, § 4º. “Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denun-
ciar à autoridade, facilitando a liberação do seqüestrado, terá sua pena reduzida
de um a dois terços.” (grifo nosso)
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4.6. Procedimento
55 Para alguns autores, argumento favorável à delação seria o fato de que tal bar-
ganha entre o Estado e o imputado encontra-se legitimada através do instituto
da transação penal, prevista na Lei nº 9.099/95. A nosso ver, a transação consis-
te num acordo desprovido de discussão acerca de culpa, amparando-se na dispo-
sição da busca pela verdade diante da prática de infrações de menor monta,
desde que atendidas certas condições. Na delação, ao contrário, ao fundamento
da verdade, estabelece-se um acordo fomentado pelo Estado, através do qual o
suposto autor do delito reconhece sua culpa e trai seus comparsas, antevendo a
possibilidade de ter sua situação pessoal “melhorada”.
56 BALDAN, Édson Luís Baldan. Justiça Penal portuguesa e brasileira: tendências
e reforma: colóquio em homenagem ao Instituto Brasileiro de Ciências
Criminais. 1. ed. São Paulo: IBCCRIM, 2008, pp. 54-55.
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80 Ibid., p. 55.
81 ALBUQUERQUE, Marcelo Shirmer. A garantia de não auto-incriminação:
extensão e limites. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, p. 74.
82 QUEIJO, op. cit., p. 73.
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Capítulo 5
A Perspectiva Ética
Ainda que agrade a traição,
ao traidor tem-se aversão.
Miguel de Cervantes
1 Art. 61- “São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não consti-
tuem ou qualificam o crime: II – ter o agente cometido o crime: c – à traição
(...)”. (grifos nossos)
2 Art. 121 – “Matar alguém: § 2º Se o homicídio é cometido: IV – à traição
(...)”.(grifo nosso)
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5 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 4. ed. São Paulo: Ática, 1995, p. 339.
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6 Ibid., p. 337.
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7 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 9. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008, pp. 606-607.
8 LA BOÉTIE. Étienne de. Discurso sobre a servidão voluntária. Tradução J. Cre-
tella Jr. e Agnes Cretella. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p. 50.
9 Ao tratar do uso de criminosos como testemunhas de acusação, Stephen Trott,
em interessante artigo, demonstra através do estudo de casos que o criminoso
colaborador é motivado essencialmente por interesse próprio. Interesse este que,
segundo o autor, “mudará em um instante sempre que perceber que o seu inte-
resse será melhor atentido de outra maneira. Por definição, informantes-teste-
munhas não são só foras-da-lei, mas também vira-casacas” (ver TROTT, Stephen
S. O uso de um criminoso como testemunha: um problema especial. Trad. Sérgio
Fernando Moro. In: Revista CEJ, Brasília, Ano XI, n. 37, abr./jun.2007, p. 69).
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14 Idem, ibidem.
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39 Ibid,. p. 14.
40 LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito?, op. cit., p. 8.
41 Ibid., pp. 10-11.
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defesa. Após ser duramente achincalhado pelo secretário do Santo Ofício, hoje
Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Jerome Hamer, Boff desabafou:
“Olha, padre, acho que o senhor é pior que um ateu, porque um ateu pelo menos
crê no ser humano e o senhor não crê no ser humano” (in Revista Caros Amigos
– As Grandes Entrevistas, dezembro/2000).
52 BATISTA et al, op. cit., p. 515.
53 Costuma-se dizer que, historicamente, o estado de emergência teria sido pionei-
ramente teorizado pelos criminólogos medievais, focando na figura das mulhe-
res (bruxas) as primeiras inimigas do direito penal. O fato é que o procedimen-
to inquisitorial obrigava, mormente através do emprego de tortura, a denúncia
de outros suspeitos, prática esta que se disseminou nos tribunais laicos com mais
vigor do que nos eclesiásticos (ver ZAFFARONI, Eugenio Raúl. O inimigo no
direito penal, op. cit., p. 86).
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60 Ibid., p. 3.
61 Segundo Nilo Batista, “todo crime é político” (in Revista Caros Amigos, agos-
to/2003).
62 A estratégia de contenção de inimigos na América Latina fundou, segundo
Zaffaroni, um “direito penal de periculosidade presumida”, o que se traduz
empiricamente no fato de que, hoje, ¾ dos nossos presos encontram-se detidos
a título cautelar (ver ZAFFARONI, Eugenio Raúl. O inimigo no direito penal,
op. cit., pp. 70-71).
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Capítulo 5
Conclusão
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