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SISTEMA NERVOSO CENTRAL E PERIFÉRICO

Uma das questões mais fascinantes e evolutivas que faz parte do ser humano é o
pensar, o saber, o conhecer, e o mais importante, o entender. Entender a maneira que
reagimos ao meio externo, aos diferentes estímulos e a diferença que encaramos a vida ao nos
comparar aos demais seres vivos. Numa questão mais filosófica, Mario Sergio Cortella se
refere que a diferença entre o Ser humano (Homo sapiens que do latim significa “homem
sábio”) é que sabemos que somos mortais, ao contrário dos demais seres vivos, que por não
saber que são mortais, logo vivem como seres imortais. Essa questão filosófica possui uma
explicação científica, mais precisamente neuro anatômica, que é a diferenciação do nosso
sistema nervoso durante a evolução filogenética. Ou seja, os animais “inferiores”, mais
antigos filogeneticamente, se comportavam de acordo com seus instintos. Dessa forma, a
maior parte da massa cerebral era constituída do tronco cerebral, cerebelo pouco desenvolvido
e o centro olfatório bem vigoroso. Ao longo da evolução, o cerebelo bem desenvolvido, o
telencéfalo e o diencéfalo se tornam estruturas novas e importantes para gerar respostas mais
flexíveis, a oferecer vantagens na luta pela sobrevivência. Isso nos leva ao que nomeamos
como encéfalo, estrutura que nos permite a curiosidade e importância de conhecer.
Ao olhar para a História, vemos que vários pesquisadores se perguntavam como o
homem aprendia e como o encéfalo funcionava. Os egípcios guardavam em vasos as vísceras
e jogavam o cérebro fora, pois para eles não tinha serventia. Os assírios imaginavam que o
fígado era o centro do pensamento. Aristóteles entendia que o cérebro só servia para resfriar
sangue e definia o homem como um “animal social”. Então, surge Hipócrates e demostra que
o cérebro se dividia em dois hemisférios e neles todas as funções biológicas e da mente.
Nasce a Medicina Moderna. Mais tarde, entra em ação o Paradigma do Cérebro em Ação, ou
seja, que Homem e Cérebro se interagem dinamicamente -antes pensavam o contrário- e
constitui o sistema funcional do ser humano em ação para aprender, interagir e se relacionar
com o meio que o cerca. Após isso, a procura de entender o sistema nervoso na época só
aumentou, e levou a OMS a eleger os anos 90 como a Década do Cérebro. Toda essa procura
e estudos nos leva ao que conhecemos hoje como o sistema nervoso, que tem a função de
receber, interpretar, armazenar e transmitir informações. Em colaboração com o sistema
endócrino, ele regula as atividades de todos os órgãos e sistemas, e adapta o organismo às
solicitações variáveis do ambiente externo. Corresponde apenas dois por cento de nossa massa
corporal, porém, consome dez vezes mais energia que os demais tecidos. Se divide em central
e periférico. Para entender o seu funcionamento é básico saber que todos os processos
ocorrem de maneira conjunta, caso alguma estrutura perder sua função, vai gerar uma
compensação, patologia e até a morte.
O sistema nervoso central possui duas divisões principais, que são o encéfalo e medula
espinhal. O encéfalo por sua vez possui algumas subdivisões que são de extrema importância
para compreendermos seu funcionamento. Primeiro o nosso cérebro, mais precisamente o
telencéfalo é a parte mais recente do ponto de vista filogenético. É a base para nossas funções
cerebrais “superiores” e responsável pelos atos conscientes, criativos e memória. Se localiza
sob a calota craniana e cobre o mesencéfalo e diencéfalo como se fosse um gorro. O mesmo,
num corte transversal vemos a presença de três estruturas distintas. A primeira delas é o
córtex cerebral, que contém setenta por cento da totalidade dos neurônios cerebrais. Se forma
por uma fina camada externa de substância cinzenta que são os corpos dos neurônios, no qual,
um grupo de neurônios que exercem funções semelhantes se encontram juntos em áreas
corticais. Essas por sua vez classificam-se em áreas motoras, sensoriais e associativas. A
segunda estrutura é a substância branca, que possui os feixes de fibras nervosas que
estabelecem a comunicação entre as diferentes partes do cérebro. A terceira parte são os
núcleos do telencéfalo que é a substância cinzenta na profundidade do cérebro. Outros
arranjos importantes são os sulcos, que são as depressões que delimitam os giros e aumentam
a superfície cerebral, e os lóbulos com sua divisão em quatro partes, cada uma com função
específica. Entre o telencéfalo e tronco cerebral temos o diencéfalo, na qual, seus elementos
mais importantes são o tálamo (centro integrador) e o hipotálamo (principal mecanismo do
controle da homeostasia) que atua sobre a hipófise. Além disso, encontra-se centros para os
sentimentos e para a sensibilidade superficial. Contém feixes ópticos, olfativos e acústicos, os
quais juntamente com o sistema hipofisiário-diencefálico são um elo central entre sistema
nervoso e sistema endócrino.
Por segundo o cerebelo, localizasse na fossa craniana posterior, abaixo do lobo
occipital do telencéfalo. Ele processa as informações que vem do aparelho vestibular, do tato
e da sensibilidade profunda, regula o tônus muscular e coordena os movimentos. Seu formato
é praticamente como o do telencéfalo, entretanto é menor. Sua comunicação com o bulbo é
através de vias ascendentes e descendentes que transitam pelos três pares de pedúnculos
cerebelares com o mesencéfalo e, por intermédio da ponte, com o telencéfalo e com o órgão
vestibular. Muitas doenças e intoxicações, como o abuso do álcool pode provocar lesões
cerebelares. Pode-se perceber a hipotonia muscular, tremor de intenção e ataxia (falta de
coordenação), que se manifesta por dismetria e insegurança da marcha. Além disso, alguns
pacientes se queixam de vertigens persistentes. Por isso, que ao bebermos álcool é proibido
dirigir, pelo fato de ter a perda da coordenação e o reflexo ficar lento.
E por último temos o tronco cerebral, com uma grande importância para o organismo,
ele é a porção inferior do cérebro. Se divide em mesencéfalo, ponte e bulbo. Em geral, o
tronco possui vias ascendentes e descendentes formando sua substância branca, além de
acúmulos de corpos de neurônios, substancia cinzenta. O mesencéfalo fica entre a ponte e o
diencéfalo, dividido em duas zonas. Uma é o teto do mesencéfalo e serve como centro dos
reflexos acústicos e ópticos. A outra é os pedúnculos cerebrais, que são feixes longos
dirigidos á base do cérebro. Encontramos também a substância negra e núcleo rubro, - ao lesar
pode gerar a doença de Parkinson – tratam de centros de comutação que coordenam os
movimentos dos olhos, da cabeça e do tronco, com as impressões que procedem de olhos e
ouvidos de maneira reflexa, ou seja, não submetida à ação da vontade. Já a ponte abriga as
vias nervosas longitudinais entre telencéfalo e medula espinhal. Também tem os feixes
formados por fibras transversais que comunicam o telencéfalo com o cerebelo. Abriga alguns
núcleos dos nervos cranianos, além de ajudar no controle da respiração. Outra estrutura é o
bulbo e forma a porção inferior do tronco cerebral e a transição entre este e a medula espinhal.
É aqui onde a maior parte das fibras das vias piramidais cruza para o lado oposto (decussação
das pirâmides), assim as fibras motoras procedentes do hemisfério esquerdo inervam os
músculos do lado oposto, e vice-versa. Também é conhecido como centro vital, pois controla
muitas funções vitais, tem o centro respiratório, vasomotor e do vômito, além de coordenar a
deglutição e ajudar nos movimentos dos olhos e da cabeça. Uma lesão neste órgão representa
um grande perigo, pelas inúmeras funções imprescindíveis.
A outra parte da divisão do SNC é a medula espinhal, ela estabelece a conexão entre o
cérebro e os nervos espinhais, por meio de longas vias ascendentes e descendentes (substância
branca) os impulsos nervosos do cérebro chegam à periferia. Entretanto apesar de ser o maior
feixe de transmissão dos impulsos nervosos, existe uma substancia cinza nela que funciona
como centro comutador. Ou seja, aumenta a eficiência de sua função por meio dos reflexos
medulares que garantem a execução rápida das reações motoras. Em sua extensão, ela possui
intervalos regulares de trinta e um pares de raízes nervosas para depois formar os nervos
espinhais. Os forames de conjugação o dividem em trinta e um segmentos neurológicos, cada
um dispõem de centros reflexos e comutadores próprios. Oito segmentos cervicais, de C-1 a
C-8, que inervam os membros superiores e a musculatura da respiração. Doze segmentos
torácicos, de T-1 a T-12, cuja inervação é na maior parte as paredes do tronco. Cinco
segmentos lombares, de L-1 a L-5 juntamente com cinco segmentos sacrais, de S-1 a S-5,
inervam os membros inferiores, as genitálias externas e o ânus. Um a três segmentos
coccígeos que inervam a região cutânea do cóccix.
O sistema nervoso periférico inclui todo o tecido nervoso fora do sistema nervoso
central. Sua formação contém o nervo, que é um feixe de centenas de milhares de axônios
associado a tecido conectivo e vasos sanguíneos, que se encontram fora do encéfalo e da
medula espinhal. Os gânglios são pequenas massas de tecido nervoso e tem relação com os
nervos cranianos e espinhais. Os plexos entéricos são extensas redes de neurônios localizados
nas paredes dos órgãos do trato gastrintestinal. O receptor sensorial se refere a estrutura que
monitora alterações no ambiente externo ou interno. Os nervos espinhais conectam o SNC aos
receptores sensoriais, aos músculos e às glândulas de todas as partes do corpo. Ao todo são
trinta e um pares de nervos espinhais. Esses nervos tem duas conexões com a medula, a raiz
posterior e a anterior, e se unem para formar um nervo espinhal no forame intervertebral,
classificado como nervo misto. Já os nervos cranianos são todos os feixes nervosos que
emergem do SNC acima da medula espinhal. Eles inervam a cabeça, o pescoço e maioria dos
órgãos internos, além de estabelecer a conexão de todos os órgãos sensoriais com o cérebro.
Temos doze pares de nervos cranianos, designados por algarismos romanos, de acordo com a
ordem em que emergem da caixa craniana, de cima para baixo, do nervo I ao nervo XII.
Todos eles deixam o cérebro por pequenos orifícios da caixa craniana. São classificadas de
acordo com a função e podem ser nervos sensoriais, motores ou mistos.
O sistema nervoso é muito complexo e brilhante de se aprender, pois tudo está
associado. E uma importante estrutura permite que a gente seja, reage e pense diferente sobre
mesmos acontecimentos, que se chama sistema límbico. Ele é responsável pelas nossas
emoções, aprendizagem, memoria, e está sempre a atuar sobre nosso organismo. Por fim, o
ser humano somente se realiza com o saber, a aprendizagem. Este aprender permite capacitar
a nossa mente, respeitar a individualidade, a maturidade, a parte psicológica e o ambiente
sociocultural de cada um. Concluo que todo processo evolutivo do nosso encéfalo, associado
ao aprender cada função dele é fascinante e é um privilégio. Acredito que só podemos mudar,
opinar, participar de forma ativa algo a partir do momento que temos conhecimento sobre.
Nesse sentido se afirma aquela velha frase que diz que informação e conhecimento é vida.

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