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Estatística e Indicadores

Sociais
Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt
Prof.ª Silvana Braz Wegrzynovski

2015
Copyright © UNIASSELVI 2015

Elaboração:
Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt
Prof.ª Silvana Braz Wegrzynovski

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

310.7
S355e Schmitt, Luisa Fantini
Estatística e indicadores sociais/Ana Luisa Fantini
Schmitt, Silvana Braz Wegrzynovski . Indaial : UNIASSELVI, 2015.

223 p. : il.

ISBN 978-85-7830-887-2

1. Estatística.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Apresentação
A disciplina que se inicia neste momento no curso de Serviço
Social, Estatística e Indicadores Sociais, tem como propósito estudar os
procedimentos estatísticos e o uso dos mesmos na análise dos dados, os
embasamentos teóricos da estatística e suas respectivas fases mediante um
trabalho estatístico, como se procede a tabulação, a formulação de tabelas e
gráficos, e como a estatística se fundamenta no processo de elaboração dos
indicadores sociais.

O objetivo da disciplina é oferecer noções básicas sobre estatística,


para que sirva de instrumento fundamental nas pesquisas sociais como a
concepção dos indicadores sociais para os assistentes sociais na aplicabilidade
da profissão.

O conteúdo exposto no respectivo caderno de estudo da referida


disciplina, será desenvolvido em três unidades. Na Unidade 1 serão
enfatizados os significados e a importância da estatística e dos indicadores
sociais para o profissional do Serviço Social; na continuação deste, abrangerá
sobre o papel dos indicadores sociais no monitoramento e avaliação das
políticas públicas. A Unidade 2 propõe estudar os principais e básicos
cálculos estatísticos, que serão utilizados pelo assistente social, através de
uma relação entre a matemática e estáticas, através de exemplos práticos.
Por fim, na Unidade 3, será abordada a realidade brasileira, mediante os
indicadores sociais, mediante análise socioeconômica territorial, quais são os
indicadores sociais que se fundamental na construção das políticas públicas,
como por exemplo, os indicadores da saúde e da longevidade, da educação,
do trabalho, de renda e de vulnerabilidade social no Brasil.

Vamos aos nossos estudos!

Prof.ª Ana Luisa Fantini Schmitt


Prof.ª Silvana Braz Wegrzynovski

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza
materiais que possuem o código QR Code, que
é um código que permite que você acesse um
conteúdo interativo relacionado ao tema que
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta,
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa
facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES .
SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL..................................................................... 1

TÓPICO 1 – ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL........................................................................ 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 O CONCEITO DE ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL.......................................................... 4
2.1 ROMPENDO COM OS PROTÓTIPOS.......................................................................................... 4
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 16

TÓPICO 2 – INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL................................................... 17


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 17
2 OS DADOS ESTATÍSTICOS E SUA UTILIZAÇÃO PARA PARÂMETROS DA ANÁLISE .
DE RESULTADOS................................................................................................................................. 19
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 29
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 33

TÓPICO 3 – UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIAIS DA


REALIDADE DO BRASIL............................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 35
2 O SERVIÇO SOCIAL E OS FUNDAMENTAIS INDICADORES SOCIAIS DO BRASIL..... 36
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 51
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 56

TÓPICO 4 – OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA


NO BRASIL......................................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 57
2 OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL................. 57
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 63
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 67
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 68

UNIDADE 2 – CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS................................................................... 69

TÓPICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA............................................................................. 71


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 71
2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA................................................................................................. 71
3 TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA............................................................................. 72
3.1 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA SEM INTERVALOS DE CLASSE.................................... 72
3.2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA COM INTERVALOS DE CLASSE.................................. 74

VII
4 ELEMENTOS DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA..................................................... 75
4.1 MÉTODO PRÁTICO PARA CONSTRUÇÃO DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE
FREQUÊNCIA COM INTERVALOS DE CLASSE....................................................................... 77
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 81
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 82

TÓPICO 2 – REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DAS DISTRIBUIÇÕES


DE FREQUÊNCIA .........................................................................................................85
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................85
2 TIPOS DE GRÁFICOS DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA...................................85
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................88
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................89

TÓPICO 3 – MEDIDAS DE POSIÇÃO (MÉDIA, MODA E MEDIANA)...................................91


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................91
2 MÉDIA ARITMÉTICA (X ) ................................................................................................................92
2.1 DADOS NÃO AGRUPADOS........................................................................................................92
2.2 DADOS AGRUPADOS EM DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA SIMPLES.........................92
2.3 DADOS AGRUPADOS EM DISTRIBUIÇÕES COM INTERVALOS DE CLASSES..............93
3 MODA (Mo)..........................................................................................................................................100
3.1 DADOS NÃO AGRUPADOS........................................................................................................100
3.2 DADOS AGRUPADOS EM FREQUÊNCIA SIMPLES..............................................................100
3.3 DADOS AGRUPADOS EM CLASSE...........................................................................................101
4 MEDIANA (Md)...................................................................................................................................103
4.1 DADOS NÃO AGRUPADOS........................................................................................................103
4.2 FREQUÊNCIA SIMPLES...............................................................................................................105
4.3 DADOS AGRUPADOS..................................................................................................................107
5 SIMETRIA E ASSIMETRIA..............................................................................................................109
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................113

TÓPICO 4 – MEDIDAS DE DISPERSÃO (DESVIO PADRÃO E COEFICIENTE


DE VARIAÇÃO)...............................................................................................................115
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................115
2 AMPLITUDE TOTAL..........................................................................................................................116
3 DESVIO PADRÃO..............................................................................................................................116
3.1 DESVIO PADRÃO AMOSTRAL E DESVIO PADRÃO POPULACIONAL...........................116
3.2 CÁLCULO DO DESVIO PADRÃO..............................................................................................117
3.2.1 Dados não agrupados...........................................................................................................117
3.2.2 Dados de frequência simples...............................................................................................119
3.2.3 Frequência de classes............................................................................................................121
4 COEFICIENTE DE VARIAÇÃO.......................................................................................................123
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................126
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................129
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................130

VIII
UNIDADE 3 – INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE
GESTÃO SOCIAL.......................................................................................................131

TÓPICO 1 – INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA..................................133


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................133
2 INDICADORES SOCIAIS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS........................................134
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................143
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................149

TÓPICO 2 – A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS


POLÍTICAS PÚBLICAS.................................................................................................151
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................151
2 OS DADOS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS............................................................151
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................171
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................174
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................176

TÓPICO 3 – INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS......177


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................177
2 AS PRINCIPAIS PESQUISAS, INDICADORES, DIAGNÓSTICOS SOCIAIS E
FONTES DE DADOS DO BRASIL..................................................................................................178
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................188
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................193
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................195

TÓPICO 4 – A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O .


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS.................197
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................197
2 O SERVIÇO SOCIAL NO MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS .
PÚBLICAS.............................................................................................................................................198
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................213
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................215
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................217

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................219

IX
X
UNIDADE 1

O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA
ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES
SOCIAIS PARA O SERVIÇO
SOCIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta disciplina tem por objetivos:

• conhecer a intervenção da estatística no serviço social;

• estudar os indicadores sociais no cotidiano profissional do assistente so-


cial;

• compreender a utilização da estatística e dos indicadores sociais a para


análise na realidade social e na construção do diagnóstico social;

• analisar os indicadores sociais e a erradicação da pobreza no Brasil.

PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos. Para um melhor aprofundamento
do conteúdo e fixar melhor seus conhecimentos, no final de cada tópico você
terá oportunidade de realizar as atividades propostas.

TÓPICO 1 – ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

TÓPICO 2 – INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

TÓPICO 3 – ANÁLISE DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIAIS DA


REALIDADE DO BRASIL

TÓPICO 4 – OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA


POBREZA NO BRASIL

1
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1
Este vídeo corresponde
aos tópicos 1 e 2

ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

1 INTRODUÇÃO
Este primeiro tópico de ensino tem como iniciativa apresentar o conceito
e os fundamentos da estatística como instrumento na definição das informações
numéricas, que desde a época a.C. são utilizados na definição dos números, e que
de diversas maneiras possibilitam a utilização das informações, uma leitura do
contexto social, de uma determinada área geográfica.

Os números se fazem presentes cotidianamente nas mais diversas


atividades das pessoas, que vão desde tarefas domésticas ou então de ordem
mundial, por exemplo, o valor de uma compra de todos os tipos de comércio, como
mercado, lojas de vestuários, automobilísticas entre outras, a variação cambial
do dólar, mudanças econômicas, alterações dos percentuais de vulnerabilidades
econômicas, sociais e culturais de uma determinada região.

A importância de citar resultados é uma questão que coloca vários desafios


para todas as categorias profissionais, para o serviço social, em especial, pois
encontra demanda nos locais de atuação profissional, dificultando assim citar
e comparar resultados mediante a realidade estudada, sendo possível somente
quando possuir um controle específico dos resultados coletados.

O Serviço Social, como profissão, trabalha especificamente com as questões


sociais e suas mazelas. Quando se escolhe este curso na graduação, os acadêmicos
já vêm com a ideia do objetivo do curso, sendo importante realizar os estudos
dos dados estáticos para mudar uma demanda social, comprovando através dos
números a diferença dos resultados alcançados com a intervenção profissional do
assistente social.

O objetivo deste tópico é mostrar que o estudo e compreensão da estatística


pode se tornar uma ferramenta importante no processo de implementação,
monitoramento e avaliação das políticas públicas sociais.

3
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Este tópico visa enfatizar a importância dos dados estatísticos que são
coletados, como alusão ao processo de informação da realidade social estudada em
questão, referenciando a utilização da estatística direcionada à técnica específica
de manipulação das informações relacionadas ao público-alvo das políticas
sociais. A compreensão e a análise dos dados oportunizam um entendimento
mais abrangente das questões analisadas, podendo auxiliar na classificação das
áreas que são ou não de vulnerabilidade social.

Então vamos aos estudos.

2 O CONCEITO DE ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

2.1 ROMPENDO COM OS PROTÓTIPOS


Para o Serviço Social, conhecer a estatística é importante, pois rompe com
protótipos que ao longo das nossas vidas se materializam como conceitos que
se tornam verdades, como por exemplo: “não vou utilizar isso nunca na minha
vida”, “não suporto matemática e nem cálculos”, “odeio tabelas e gráficos”, onde
se cria um obstáculo, que precisa estar muito bem fundamentado para poder
rompê-lo.

Os números fazem parte do dia a dia de todas as classes sociais, todas


as categorias profissionais, no meio universitário e acadêmico, há certa oposição
ao que se refere aos conceitos sobre estatísticas. Uma das provações dessa
disciplina é romper com os paradigmas fundamentados sobre os conhecimentos
da estatística.

Uma das finalidades da estatística é de realizar a organização dos dados


coletados, dos dados estatísticos que se pretendem trabalhar para uma devida
finalidade.

Conforme Marcelino (2010, p. 2), pode-se entender como estatística:

A coleta, a apresentação e a caracterização da informação, visando


assistir à análise de dados e o processo de decisão. A estatística
descritiva envolve a coleta, a análise e a apresentação de um conjunto
de dados para descrever as diversas características deste conjunto de
dados. A estatística inferencial consiste nos métodos de estimativas de
uma população com base nos estudos sobre amostras. A população é a
totalidade dos itens que estão sendo considerados. A amostra é a parte
da população que está sendo apreciada para análise. A população
finita é aquela que possui um limite quantitativo, enquanto a infinita
se refere a quantitativos sem limite. Um parâmetro é uma medida
sintética que descreve um estado da população.
Os dados podem ser dos tipos qualitativos ou quantitativos. Os
dados quantitativos discretos são aqueles que podem ser contados.

4
TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

Os dados qualitativos contínuos são os que podem ser medidos.


Estudos enumerativos envolvem a tomada de decisão, com base
nas características de uma população sob análise. Estudos analíticos
envolvem a tomada de uma decisão sobre um processo visando ao
aumento de performance no futuro.

Os dados coletados deverão ser avaliados conforme as necessidades


de atuação, sendo que o resultado final do trabalho desenvolvido depende
especificamente de cada situação, pois a estatística conforme o conceito acima
citado tem uma conexão com a realidade dos fatos listados, havendo a interferência
de cada especificidade e generalidades da ciência como meio de intervenção.

Novamente Marcelino (2010, p. 1), ressalva:

[...] a estatística é uma ciência que estuda e pesquisa sobre: o


levantamento de dados com a máxima quantidade de informação
possível para um dado custo; o processamento de dados para a
quantificação da quantidade de incerteza existente na resposta para
determinado problema; a tomada de decisões sob condições de
incerteza, sob o menor risco possível.

Diante disso, pode-se constatar que a estatística tem o papel de auxiliar,


identificar e mapear o público-alvo para ser atingido com determinada ação
profissional, como também de quantificar todos os resultados que são adquiridos
em uma determinada pesquisa, que necessite de certo diagnóstico estatístico.

E
IMPORTANT

Todos os procedimentos da estatística, bem como seus métodos, estão


relacionados na maioria das áreas de conhecimento, pois cada vez que precisa realizar uma
coleta de dados, para conhecer um território, uma instituição analisa todas as esferas (social,
cultural, política, econômica etc.) de um determinado município, estado ou país.

A estatística não é um ramo da matemática onde se investigam os


processos de obtenção, organização e análise de dados sobre uma
determinada população (e/ou região). A estatística também não se
limita a um conjunto de elementos numéricos relativos a um fato social,
nem a números, tabelas e gráficos usados para resumo, à organização
e apresentação dos dados de uma pesquisa, embora este seja um
aspecto da estatística que pode ser facilmente percebido no cotidiano
(não só por profissionais, mais por toda a sociedade). Ela é uma
ciência multidisciplinar, que permite a análise estatística de dados de
um físico. Poderia também ser usada por um economista, agrônomo,
químico geólogo, matemático, biólogo, sociólogo, psicólogo e cientista
político. (MARCELINO, 2010, p.1).

5
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

A origem histórica da estatística antecede o período denominado “antes


de Cristo - a.C.”, pois existem citações bíblicas que usavam o recadastramento
para utilizar nos censos, objetivando a cobranças de taxas de impostos, de
alistamento para as guerras e também para um controle das crianças que nasciam
vivas. Um exemplo bíblico a ser utilizado, para provar a existência da estatística
a.C., é através da história de Moisés, onde era solicitado perante um censo o
controle de filhos primogênitos masculinos que nasciam vivos, pois deveriam
serem sacrificados.

“[...] Há indícios de que 3.000 anos a.C. já se faziam censos na Babilônia,


China e Egito e até mesmo o quarto livro do Velho Testamento faz referência a
uma instrução dada a Moisés”. FONTE: Disponível em: <http://www.ufrgs.br/mat/
graduacao/estatistica/historia-da-estatistica>. Acesso em: 9 abr. 2015.

Outra alusão que afirma que a estatística existe a.C., é a história do


nascimento de Jesus Cristo, onde seus pais Maria e José estavam a caminho de
Belém para participar de um censo estatístico.

FIGURA 1 – NASCIMENTO DE JESUS

FONTE: Disponível em: <https://divulgandoascensao.wordpress.com/category/jesus/> Acesso


em: 9 abr. 2015.

Na atualidade, as chamadas ciências investigativas, tornaram-se


importantes, pois apresentam as taxas de referências para a atuação de diversas
categorias profissionais. No caso do assistente social, na sua atuação prática
diária, as taxas são utilizadas através de vários exemplos, como: taxa per capita,
taxa de vulnerabilidade social, taxa de desempregos, taxa de mulheres chefes

6
TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

de família, taxa de analfabetismo, entre outros, sendo papel do profissional de


serviço social conseguir realizar uma leitura científica das taxas referenciadas em
uma determinada pesquisa.

DICAS

Os censos ou o recenseamento demográfico, realizado em um período de dez


em dez anos, é um conjunto de estudos demográficos de uma determinada população,
e que congrega as mais diversas informações da realidade em estudo, através de um
levantamento socioeconômico, sendo um instrumento indispensável para o conhecimento
do profissional de serviço social.

[...] os recenseamentos cobrem a totalidade do território e fornecem


dados desagregados em nível de grandes regiões, unidades de
federação, macro e microrregiões, municípios, distritos e até mesmo em
nível de setor censitário (unidade geográfica de coleta que, zona urbana,
compreende cerca de 300 domicílios). (JANNUZZI, 2006, p. 40).

A contagem da população e sua “demarcação” mediante critérios


políticos, sociais, econômicos, culturais, religiosos vêm antes mesmo da era pré-
cristã, acontece através dos censos demográficos, conforme a necessidade de cada
momento histórico.

O Brasil é um dos países que possui o censo demográfico mais completo e


detalhado se comparado como outros países. Para Jannuzzi (2006, p. 41): “[...] sua
operação envolve mais de duas centenas de milhares de pessoas para recensear os
mais de 37 milhões de domicílios brasileiros, dispersos nos mais de 5.500 municípios”.

FIGURA 2 – CENSO DO IBGE

FONTE: Disponível em: <http://www.proparnaiba.com/redacao/2011/07/29/ibge-abre-


4-250-vagas-tempor-rias-para-agente-de-pesquisa.html>. Acesso em: 10 abr. 2015.

7
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Normalmente as políticas públicas, nas mais diversas áreas, são


implementadas através das demandas sociais que são apresentadas por meio dos
dados copilados e situados em um censo.

O censo demográfico é concretizado a cada dez anos, e tem por objetivo


a contagem da população, no intervalo desse período é realizada a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio – PNDAS, visando um acompanhamento
anual sistêmico do panorama socioeconômico, um dos focos mais relevantes
dessa pesquisa é a fecundidade/anticoncepção, a migração, saúde, mobilidade,
os associativismos partidários, os bens de consumo. A década de 80 teve um
destaque especial na pesquisa sobre o mercado de trabalho.

DICAS

Para saber mais acesse os links:


<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/
saude/metodologia.shtm>.
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_
Domicilios_continua/Notas_metodologicas/notas_metodologicas.pdf>.

Pode-se considerar que a implantação da Política Nacional de Assistência


Social – PNAS, de 2004, tem com referência a classificação dos municípios pelo
porte demográfico de cada um deles, conforme dados do censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

TABELA 1- CLASSIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS SEGUNDO TOTAL DE HABITANTES

Classificação do Município Total da população


Municípios pequenos 1 Com população de até 20.000 habitantes
Municípios pequenos 2 Com população de até 20.001 a 50.000 habitantes
Municípios médios Com população de até 50.001 a 100.000 habitantes
Municípios grades Com população de até 100.001 a 900.000 habitantes
Metrópoles Com população maior que 900.000 habitantes

FONTE: Adaptado de: <file:///C:/Users/User/Downloads/PNAS%202004%20e%20NOBSUAS_08.0


8.2011.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2015.

8
TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

DICAS

Para saber mais, acesse o site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate


à Fome da Secretaria Nacional de Assistência Social, e estude o arquivo disponível em: <http://
www.mds.gov.br/assistenciasocial/arquivo/Politica%20Nacional%20de%20Assistencia%20
Social%202013%20PNAS%202004%20e%202013%20NOBSUAS-sem%20marca.pdf>.

Com toda a certeza, você, caro(a) acadêmico(a), deve estar se questionando:


Qual é a finalidade de estudar estatística no Serviço Social?

Diante desse questionamento, é primordial compreender que para


o serviço social, o referencial estatístico é de suma importância devido à
característica investigativa que a própria profissão possui da realidade em
foco. Com essa atuação o profissional tem parâmetros para a elaboração de um
diagnóstico social, que seja propositivo e analítico perante as demandas sociais
que são encontradas no dia a dia do profissional.

A citação e referência aos dados podem oferecer à análise resultado positivo


ou negativo, que servirão de apoio para o desenvolvimento de programas e
projetos, conforme a necessidade atual. Marcelino (2010) enfatiza que a estatística
tem aumentado a sua participação na linguagem das agilidades profissionais da
conjuntura atual, visando que os números e seus respectivos significados refletem
as questões do cotidiano, permitindo à análise apoio dos fatos e dados copilados.

No serviço social a estatística é utilizada como uma ferramenta que está


inclusa nos instrumentais teóricos e metodológicos referentes à atuação profissional
do assistente social, possibilitando a análise e compreensão da realidade social
em que se pretende conhecer. Dessa maneira promove quantificar os dados
numéricos da realidade em estudo, apresentando informações relacionadas às
análises realizadas, tanto de maneira propositiva como crítica dos resultados
apresentados, que resultarão em uma intervenção crítica e também criativa nas
demandas sociais, através de programas e projetos.

UNI

A estatística se torna uma ferramenta importante para o profissional que possui


habilitação para planejar, executar e avaliar projetos, pesquisas e programas, impondo o
reconhecimento das referências estatísticas para uma ação investigativa da realidade social
em que o assistente social está atuando.

9
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Outro questionamento que você, caro(a) acadêmico(a), deve estar


querendo saber: É possível fazer uma reflexão sem usar as referências da estatística
na atuação profissional?

Mediante tal questionamento, se torna fundamental o estudo e o


conhecimento da pesquisa como instrumento no desenvolvimento da profissão
de serviço social.

Conforme a autora Bourguignon (2007, p. 47), defende que:

[...] as pesquisas em Serviço Social têm contribuído para avanços


significativos em diferentes campos da ação profissional, no âmbito
das políticas públicas, no enfrentamento das expressões da questão
social em diferentes momentos históricos, na construção da proposta
curricular e definição dos seus fundamentos teóricos e metodológicos,
na consolidação do projeto ético-político profissional, entre outros
aspectos.

As origens históricas da profissão, perante as aflições e indignações


da realidade social, fazem com que os assistentes sociais busquem investigar
proporcionando um novo conhecimento sistêmico, com um retorno emergente
às demandas sociais, preponderando todo o público pesquisado e os serviços
já ofertados, levando sempre em consideração que o público do serviço social é
usuário instituído de direitos sociais. Essa indignação com as diferenças sociais
oportuniza aos assistentes sociais usarem uma prática investigativa, e uma
pesquisa que resulta em uma reflexão da realidade social. “[...] a pesquisa se revela
como potencialidade para o Serviço Social, e é neste contexto que se enfrenta o
desafio de construir articulações orgânicas entre a produção de conhecimento e a
prática profissional.” (BOURGUIGNON, 2007, p. 49).

Os usuários do Serviço Social possuem um papel ativo na participação


de uma pesquisa social. Cabe também ao assistente social a orientação e um
retorno para os usuários sobre a pesquisa realizada, baseado no princípio ético
da profissão.

Citando novamente Bourguignon (2007, p. 52).

A pesquisa para o Serviço Social deve gerar um conhecimento que


reconheça os usuários dos serviços públicos como sujeitos políticos
que são capazes, também, de conhecer e intervir em sua própria
realidade como autonomia, desvencilhando-se das estratégias de
assistencialismo, clientelismo e subalternidade, tão presentes nas
ações governamentais e políticas públicas.

10
TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA PARA O PROCESSO DE


CONHECIMENTO E TOMADA DE DECISÃO

Sérgio Aparecido Ignácio

A estatística tem sido utilizada na pesquisa científica nas mais variadas


áreas do conhecimento, visando à otimização de recursos econômicos e de
processos de produção, bem como ao aumento da qualidade e produtividade
nas questões judiciais, na medicina, em pesquisas envolvendo levantamentos por
amostragem, em previsões de safras e em muitos outros contextos.

Trata-se de uma ciência multidisciplinar, que vem sendo empregada


nos diferentes ramos do conhecimento, dentre eles a agronomia, biologia,
direito, economia, engenharia, farmácia, física, geologia, hidrologia, matemática,
medicina, nutrição, odontologia, psicologia, química e sociologia. Atualmente os
dados estatísticos são obtidos, classificados e armazenados em meios magnéticos e
disponibilizados em diversos sistemas de informações acessíveis a pesquisadores/
gestores, cidadãos e organizações da sociedade, que, por sua vez, podem utilizá-
los para o desenvolvimento de suas atividades.

A expansão no processo de obtenção, armazenamento e disseminação de


informações estatísticas tem sido acompanhada pelo rápido desenvolvimento de novas
técnicas e metodologias de análise de dados estatísticos (RODRIGUES et al., 2003).

Praticamente todas as informações divulgadas pelos meios de comunicação


provêm de alguma forma de pesquisas e estudos estatísticos.

O crescimento populacional, os índices de inflação, emprego e desemprego,


o custo da cesta básica, os índices de desenvolvimento humano são alguns exemplos
de pesquisas divulgadas pelos meios de comunicação e que se utilizam dos métodos
estatísticos. Na área tecnológica, a corrida espacial criou diversos problemas
relacionados ao cálculo da posição de uma nave espacial, cujos cálculos dependem
de teorias estatísticas mais avançadas, considerando que estas informações, como
sinais de satélite, são recebidas de forma aleatória e incerta (ENCE, 2010).

[...] Na pesquisa científica, a estatística é empregada desde a definição


do tipo de experimento, na obtenção dos dados de forma eficiente, em testes de
hipóteses, estimação de parâmetros e interpretação dos resultados. Permite, assim,
ao pesquisador, testar diferentes hipóteses a partir dos dados empíricos obtidos.

[...] No mercado financeiro e instituições bancárias, os métodos estatísticos


são empregados para modelagem financeira e econômica, visando modelar
o comportamento do crédito, da inadimplência, a movimentação de ações e
previsões de taxas de juros, possibilitando estabelecer estratégias para a concessão
de empréstimos que maximizem os lucros.
11
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

[...] Em qualquer país, a estatística é ferramenta fundamental para que se


possa traçar planos sociais e econômicos e projetar metas para o futuro. Técnicas
estatísticas avançadas permitem estimar, com um bom grau de precisão, variáveis
como tamanho da população, taxa de emprego e desemprego, índices de inflação,
evasão escolar, demanda por determinados bens e serviços, assim como formular
planos para atingir as metas programadas de avanço no bem-estar social. Em face
da imensa quantidade de dados e indicadores socioeconômicos e demográficos
atualmente coletados e analisados pelos diferentes institutos de pesquisa (públicos
ou privados), tornou-se inquestionável a importância da ciência estatística nos
últimos dois séculos.

Segundo Paris (2007),

Estratégias para a redução da pobreza e o desenvolvimento mundial


apoiam-se na Estatística. Sua utilização engloba, desde a elaboração
até a implementação de políticas e programas nacionais, tais como
programas de Estratégias de Redução da Pobreza, cumprimento dos
objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), definidos em nível
internacional, servindo para avaliar o desempenho destas políticas
junto à sociedade. Estatísticas confiáveis descrevem a realidade
quotidiana das pessoas; revelam, por exemplo, onde se encontram os
pobres, por que razão são pobres e de que maneira vivem. Por sua vez,
estas informações fornecem as evidências necessárias à implementação
e ao controle de políticas de desenvolvimento efetivas. Indicam onde
os recursos são mais necessários e fornecem meios para avaliar o
progresso e medir o impacto de diferentes políticas.

Estatísticas de boa qualidade também aprimoram a transparência e a


responsabilidade quanto à prestação de contas na elaboração de políticas, dois
elementos essenciais para uma gestão pública eficiente e eficaz, pois permitem
que os cidadãos avaliem o sucesso de políticas governamentais e desafiem as
autoridades a responder por essas políticas.

Em institutos de pesquisa como o IBGE, Departamento Intersindical de


Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Fundação Sistema Estadual
de Análise de Dados (SEADE), IPARDES, Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a ciência estatística é responsável pela
operacionalização de pesquisas socioeconômicas, agropecuárias ou demográficas
sobre a realidade brasileira, permitindo a construção de indicadores estatísticos
sintéticos para a utilização na esfera federal, estadual e municipal, possibilitando
o estudo, planejamento, acompanhamento e avaliação de programas e políticas
públicas. Os maiores exemplos da importância da estatística para o gestor
público é a realização, pelo IBGE (2010) do levantamento de Informações Sociais,
Demográficas e Econômicas, envolvendo:

• Estatísticas de Âmbito Social e Demográfico: Podem ser destacados alguns


levantamentos que têm como base a coleta de informações junto aos domicílios.
Realizado decenalmente, o Censo Demográfico se constitui como núcleo das
estatísticas sociodemográficas, auxiliando os gestores públicos a entender
melhor a dinâmica da população e a organizar seus gastos com saúde e
assistência social. No intervalo entre dois Censos é realizada a Contagem da
12
TÓPICO 1 | ESTATÍSTICA E O SERVIÇO SOCIAL

População, operação censitária fundamental para aprimorar as estimativas


anuais de população. De caráter amostral, destaca-se a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD), que levanta anualmente informações sobre
habitação, rendimento e mão de obra, associadas a algumas características
demográficas e de educação. Como mais uma fonte de informação sobre o
mercado de trabalho, destaca-se a Pesquisa de Economia Informal Urbana,
de periodicidade quinquenal, e, para acompanhamento conjuntural, cabe
mencionar a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), de periodicidade quinquenal, permite conhecer a estrutura
de rendimentos e da despesa das famílias. Ainda como fonte de informações
sociodemográficas encontram-se as pesquisas fundamentadas em registros
administrativos, como o Registro Civil, a Pesquisa de Assistência Médico-
Sanitária e a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico.

• Estatísticas da Agropecuária: Têm como núcleo o Censo Agropecuário, que


investiga, a partir dos estabelecimentos agropecuários, a organização fundiária
(propriedade e utilização das terras), o perfil de ocupação da mão de obra e o nível
tecnológico incorporado ao processo produtivo, entre outros temas estruturais
de relevância. Para o acompanhamento anual do setor, destacam-se a Pesquisa
Agrícola Municipal e a Pesquisa da Pecuária Municipal, entre outras.

• Estatísticas Econômicas: Trazem informações sobre os principais setores


da economia: comércio, indústria, construção civil e serviços, a partir do
levantamento, por amostra, em estabelecimentos de cada setor. A Pesquisa
Anual do Comércio, a Pesquisa Industrial Anual, a Pesquisa Anual da Indústria
da Construção e a Pesquisa Anual de Serviços são exemplos dos trabalhos mais
relevantes nessa área. Cabe mencionar que o acompanhamento conjuntural da
economia é possível através do conjunto de pesquisas mensais do comércio, da
indústria e da agricultura.

• Índices de Preços Produzidos: Contínua e sistematicamente, os índices de


preços ao consumidor permitem acompanhar, mensalmente, o comportamento
dos preços dos principais produtos e serviços consumidos pela população.
Esta área engloba o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), baseado em cesta
de consumo de famílias de renda mais alta. Além deste, pode-se acompanhar,
pelo Sistema Nacional de Custos e Índices da Construção Civil, a evolução de
preços, a mão de obra e os materiais empregados no setor.

• Sistema de Contas Nacionais Oferece uma visão de conjunto da economia e


descreve os fenômenos essenciais que constituem a vida econômica: produção,
consumo, acumulação e riqueza, oferecendo também uma representação
compreensível e simplificada, porém completa, deste conjunto de fenômenos e
das suas inter-relações. O Sistema de Contas Nacionais do IBGE segue as mais
recentes recomendações das Nações Unidas expressas no Manual de Contas
Nacionais - System of National Accounts 1993 - SNA, incluindo o cálculo do
Produto Interno Bruto (PIB) e a Matriz de Insumo-Produto.
FONTE: Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/biblioteca/docs/NT_06_importancia_
estatistica_tomada_decisao.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2015.

13
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico pode-se compreender as nuances relativa a Estatística e o
Serviço Social. Foram abordados os seguintes itens:

• Conhecer a estatística é importante, pois rompe com protótipos que ao longo


das nossas vidas se materializa como conceitos que se tornam verdades.

• Os números fazem parte do dia a dia de todas as classes sociais, todas as


categorias profissionais, no meio universitário e acadêmico, há certa oposição
ao que se refere aos conceitos sobre estatísticas.

• Uma das finalidades da estatística é realizar a organização dos dados coletados,


dos dados estatísticos que se pretendem trabalhar para uma devida finalidade.

• A estatística tem o papel de auxiliar a identificar e mapear o público-alvo para


ser atingido com determinada ação profissional.

• A estatística deve quantificar todos os resultados que são adquiridos em uma


determinada pesquisa que necessite de certo diagnóstico estatístico.

• A origem histórica da estatística antecede o período denominado “antes de Cristo”.

• Na atualidade, as chamadas ciências investigativas, tornaram-se importantes,


pois apresentam as taxas de referências para a atuação de diversas categorias
profissionais.

• A contagem da população e sua “demarcação” mediante critérios políticos,


sociais, econômicos, culturais, religiosos vêm antes mesmo da era pré-cristã,
acontece através dos censos demográficos, conforme a necessidade de cada
momento histórico.

• Normalmente as políticas públicas nas mais diversas áreas, são implementadas


através das demandas sociais que são apresentadas por meio dos dados
copiladas e situadas em um censo.

• A implantação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, de 2004,


tem como referência a classificação dos municípios pelo porte demográfico de
cada um deles, conforme dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE.

• Para o serviço social, o referencial estatístico é de suma importância, devido à


característica investigativa que a própria profissão possui da realidade em foco.

14
• No serviço social a estatística é utilizada como uma ferramenta que está inclusa
nos instrumentais teóricos e metodológicos referentes à atuação profissional
do assistente social.

• Os usuários do Serviço Social possuem um papel ativo na participação de


uma pesquisa social.

• As origens históricas da profissão, perante as aflições e indignações da


realidade social, fazem com que os assistentes sociais busquem investigar
proporcionando um novo conhecimento sistêmico, com um retorno emergente
às demandas sociais, preponderando todo o público pesquisado, os serviços já
ofertados, levando sempre em consideração que o público do serviço social é
usuário instituído de direitos sociais.

15
AUTOATIVIDADE

1 Pesquise e descreva quais são as finalidades dos Censos


Demográficos que são realizados no Brasil.

2 Na Política Nacional de Assistência Social – PNAS, conforme


Tabela 1 desta unidade, está exposta a classificação dos municípios segundo
o número de habitantes. Analise a tabela e descreva qual é a classificação do
seu município, justificando a resposta.

16
UNIDADE 1
TÓPICO 2

INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

1 INTRODUÇÃO
Os indicadores sociais podem ser utilizados de maneira correspondente
para fundamentar as informações reais e concretas de uma determinada realidade
regional nos mais diversos segmentos, podendo nortear as ações que serão
direcionadas, oferecendo um suporte aos processos de gestão social.

E
IMPORTANT

A profissão de serviço social, na referência do assistente social como gestor das


políticas sociais, não pode estar desvinculada da utilização das estatísticas e indicadores sociais.

Nesse sentido torna-se necessário abranger o real significado que os


indicadores sociais representavam pelas assustadoras entrelinhas da definição
de estatística e das questões enigmáticas da matemática. Na atualidade os
indicadores sociais estão sendo edificados com mais clareza, com resultados
estatísticos, fundamentados em dados que foram retirados a partir de uma leitura
da realidade em que o serviço social está inserido.

A indicação de uma política pública, independente da área de concentração,


necessita de dados que forneçam indicadores com a possibilidade de situar,
desempenhar e propor resultado final para a efetivação da mesma.

Os indicadores sociais estão em todas as fases do processo de execução


das políticas públicas, conforme a figura abaixo:

17
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

FIGURA 3 – PROCESSOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

IMPLEMENTAÇÃO

INDICADORES
AVALIAÇÃO EXECUÇÃO
SOCIAIS

MONITORAMENTO

FONTE: A autora

Os dados numéricos que foram coletados através de uma determinada


pesquisa, são parâmetros que criam critérios de classificação de indicadores,
segundo a área temática de intervenção da realidade social que se pretende, como:

• Saúde
• Educação
• Mercado de Trabalho
• Demográfico
• Habitação
• Segurança Pública
• Infraestrutura urbana
• Renda e desigualdade

Existe um maior valor qualitativo de conceitos e significados do que as


questões de valores quantitativos.

18
TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

2 OS DADOS ESTATÍSTICOS E SUA UTILIZAÇÃO PARA


PARÂMETROS DA ANÁLISE DE RESULTADOS
Ao apresentar os resultados obtidos, necessita-se de um determinado
cuidado mediante o processo de análise, especialmente quando os resultados são
apresentados em forma de gráficos, porcentagens, tabelas e outros.

Quando escrevemos algum artigo científico, ou até mesmo um texto


simples, devemos ter cuidado com a clareza das informações, pois essas podem
ser lidas por pessoas leigas ao assunto, portanto deve-se pensar que estamos
escrevendo algo para outra pessoa ler e entender, o texto deve ser claro, com
informações coerentes e que os resultados sejam esclarecedores.

Como vimos anteriormente, a estatística fornece informações, que em
conjunto, oferecem definição de parâmetros de uma medida perante a realidade
social pesquisada.

O profissional de serviço social tem habilitação para desenvolver o


diagnóstico social nas atividades diárias da profissão através de dados e taxas
numéricas que mostram o foco da realidade social estudada.

DICAS

Os resultados de uma pesquisa, que são concentrados nos dados estatísticos


que se tornam elementos fundamentais, matérias-primas no processo de elaboração de
indicadores sociais.

Nas tomadas de decisões do poder público, para efetivação das políticas


sociais, os indicadores sociais são determinados como instrumentos de maior
importância, pois apresentam as maiores e principais demandas sociais.

Ao gestor das políticas públicas fica a responsabilidade para com o


controle efetivo, através de processos de avaliação e monitoramento das políticas
públicas implantadas, além de mostrar as consequências e os impactos perante o
investimento do poder público.

19
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

DICAS

Para um melhor conhecimento sobre esse assunto, faz-se necessária a leitura


do livro:

Qualquer pessoa que queira compreender melhor o debate


atual sobre pobreza, distribuição de renda, desigualdades
sociais, condições de vida e desenvolvimento humano precisa
entender mais profundamente o que são os Indicadores
Sociais, como são construídos, o que significam, para que
servem. Tais questões são tratadas nesse livro, em linguagem
simples e precisa. Além de se destinar à leitura e à informação
do público em geral, este livro tem grande utilidade em
disciplinas de graduação como Metodologia da Pesquisa
Científica, Técnicas de Pesquisa em Economia e Estatística
Aplicada. O livro pode ser útil, ainda, como guia de referência
para pesquisadores, analistas socioeconômicos e técnicos de
planejamento no setor público e privado.

JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores Sociais no Brasil –


Conceitos, Fontes de Dados e Aplicações – 5. ed. 2012.

A estatística social tem o papel de apresentar os dados coletados em


uma pesquisa bruta, através de números de censo demográficos, pesquisas de
amostras e por dados que estão organizados em registros e arquivos públicos.

Ao estudar os indicadores sociais, é possível perceber que os mesmos são


instrumentos que explanam as diferenças de uma região, de um espaço geográfico,
norteiam o mapeamento das regiões consideradas mais desenvolvidas que as
outras, apontando fatores determinantes para essa diferenciação, como, por
exemplo, fatores econômicos, geográficos, sociais, culturais, políticos, entre outros.

Para Giroto et al. (2008, p. 7):


[...] os indicadores sociais são expressos usualmente, como taxa de
desemprego, taxa de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo,
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e são termos comumente
utilizados por políticos, jornalistas, estudantes e pela população
para avaliar as políticas públicas, verificar as condições de vida,
além de argumentar, a partir da utilização deles, as prioridades
sociais defendidas por determinada classe social. Ou seja, os
indicadores transcenderam às esferas técnicas, acadêmicas e órgãos de
planejamento público.

A construção de indicadores sociais acontece através da junção dos dados


coletados em sistemas organizados, possibilitando a análise e comparações de
um determinado grupo de indicadores com outro grupo, através de sistemas que
organizam os indicadores sociais.

20
TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

A base de dados que constitui os indicadores sociais deve estar


fundamentada em dados verdadeiros e referência de confiabilidade que ofereçam
uma análise da realidade de um território ou determinada região, através das
demandas prioritárias. “Os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem
em termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de
escolhas teóricas ou políticas realizadas anteriormente”. (JANNUZZI, 2006, p. 138).

Os indicadores são constituídos através de referências de dados


estatísticos, que podem ser retirados das pesquisas de campo, relatórios sociais e
de fontes como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Ministérios e
Secretarias do Governo Federal, Datasus, de instituições de ensino, organizações
governamentais e não governamentais entre outros.

Januzzi (2006, p. 37) afirma que: “[...] os indicadores são construídos a


partir de estatísticas sociais levantadas em censos demográficos, pesquisas
amostrais e a partir de dados dispostos em registros administrativos públicos”.

DICAS

Não deixe de acessar o site para entender e compreender melhor sobre


indicadores sociais. <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=01>.

Como já mencionados, os indicadores sociais se tornam a matéria-prima


perante o processo de elaboração e implementação das diferentes políticas
públicas, pois cada fase de todo o processo necessita da utilização de indicadores
sociais específicos, contribuindo com sua especificidade.

FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DA FALTA DE MORADIA

FONTE: Disponível em: <http://www.portalsuldabahia.com.br/wp-content/uploads/2012/10/


lares-brasileiros.jpg>. Acesso em: 13 abr. 2015.

21
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

A qualidade de um indicador social precisa conter algumas características


inerentes, como a dimensão da população que está em risco, a coleta de dados,
transparência dos dados e outros.

Durante a elaboração do diagnóstico social de uma determinada realidade


pesquisada, o uso de indicadores sociais permite mapear as prioridades,
considerando tomadas de decisões, considerando quais as políticas públicas
sociais que contestam às reais demandas.

Para Jannuzzi (2006, p. 15), “[...] o indicador social é, pois, o elo entre
os modelos explicativos da teoria social e a evidência empírica dos fenômenos
sociais observados”.

Durante a década de 1990, os indicadores sociais iniciaram uma integração


nas pautas das agendas públicas de todo o país, com respaldo nas mídias como
fonte de referências e ampliando os espaços e conquistas nas decisões políticas.

A investigação no campo dos indicadores sociais, realizada por


organismos governamentais e não governamentais, tem buscado
aprofundar a vinculação dos indicadores com os princípios que
nortearam o seu surgimento, ou seja, servir de instrumentos para o
planejamento governamental, bem como superar a análise estritamente
econômica. Agora, as condições sociais fazem parte do rol de
preocupações não só de especialistas, como também dos governos. A
“qualidade de vida” ou o “bem-estar” assumem um papel importante,
juntamente com enfoque econômico, para responder como anda o
“estado social” da Nação. (SANTAGADA et al. 2007, p. 121).

Ao diagnóstico social cabe compreender a realidade social e sua


dinamicidade, através dos índices de vulnerabilidades sociais, econômicas,
políticas, culturais etc., através da falta de políticas públicas sociais em um
território e também da falta de empenho político dos gestores públicos. Os
indicadores sociais norteiam e execução de um diagnóstico social, através de
eixos estratégicos, como por exemplo: Para quem? Para quê? Para onde? Para
quando? entre outros questionamentos que buscam a identificação do público-
alvo para as políticas públicas.

22
TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

FIGURA 5 – DIAGNÓSTICO SOCIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.monografias.com/trabajos96/diagnostico-


rural-participativo-forestal/diagnostico-rural-participativo-forestal.shtml>. Acesso
em: 13 abr. 2015.

O autor Jannuzzi (2005, p. 141) ressalva que:

Os indicadores sociais permitem a operacionalização de um conceito


abs­trato ou de uma demanda de interesse programático. Eles apontam,
indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões
sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou políticas
realizadas anteriormente.

Uma das principais características que os indicadores sociais precisam


ter é em relação à confiabilidade dos seus dados, pois é a partir deles que as
determinações administrativas, acordos e compromissos com as políticas
públicas, melhor distribuição de recursos, programas, projetos e serviços.

A confiabilidade dos indicadores é de suma importância para subsidiar as


decisões administrativas, acordo nas políticas públicas específicas, me­lhor distribuição
de bens e serviços, e que são utilizados em todos os segmentos da sociedade.

Para Jannuzzi (2006), os indicadores sociais precisam oferecer características


fundamentais e efetivas, com destaque para a importante relevância social, para a
validade, para a confiabilidade, para a especificidade, para a sensibilidade, para a
cobertura, para a inteligibilidade da construção, da comunicabilidade, factibilidade
com obtenção, periocidade na atualização, desagregabilidade e historicidade.

23
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

A Secretaria Técnica da Rede Inter Gerencial de Informação para a Saúde


- Ripsa, 2008, apresenta um roteiro de oito tópicos com referências de qualidade
de um indicador que são:

• Conceituação: características que definem o indicador e a forma como ele


se expressa, se necessário, agregando informações para a compreensão
de seu conteúdo.
• Interpretação: explicação sucinta do tipo de informação obtida e seu
significado.
• Usos: principais formas de utilização dos dados, as quais devem ser
consideradas para fins de análise.
• Limitações: fatores que restringem a interpretação do indicador, referente
tanto ao próprio conceito quanto às fontes utilizadas.
• Fontes: instituições responsáveis pela produção dos dados que são
adotados para o cálculo do indicador e pelos sistemas de informação a
que correspondem.
• Método de cálculo: fórmula utilizada para calcular o indicador, definindo
precisamente os elementos que a compõem.
• Categorias sugeridas para análise: níveis de desagregação dos dados
que podem contribuir para a interpretação da informação e que sejam
efetivamente disponíveis, como sexo e idade.
• Dados estatísticos e comentários: tabela resumida e co­mentada, que
ilustra aplicação do indicador com base na situação real observada.
Sempre que possível, os dados devem ser desagregados por grandes
regiões e para anos selecionados da década anterior. (RIPSA, 2008, p. 18).

DICAS

Conheça o material da RIPSA na íntegra: Indicadores básicos para a saúde no


Brasil: conceitos e aplicações.

FONTE: Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/1ed/indicadores.pdf>.

As exterioridades que determinam a implementação de uma política


pública social devem estar em sintonia com as prioridades que aparecem através
das demandas de uma determinada realidade social de uma região ou até
mesmo do país. Os gestores das políticas públicas possuem a responsabilidade,
compromisso e comprometimento nas deliberações e decisões sobre o uso dos
dados e dos indicadores sociais, através de ética, transparência e responsabilidade
na definição das prioridades sociais.

24
TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

FIGURA 6 – Políticas Sociais

FONTE: Disponível em: <http://arquivo.geledes.org.br/acontece


ndo/noticias-brasil/10604-nao-e-verdade-que-o-brasil-gaste-
muito-em-politicas-sociais>. Acesso em: 14 abr. 2015.

Para uma elaboração coerente das políticas públicas, através da utilização


dos indicadores das demandas sociais, faz-se necessária a composição de uma
equipe técnica multidisciplinar, composta por profissionais das diferentes áreas que
estejam comprometidos no processo de elaboração das mesmas, e que respeitem
eticamente a confiabilidade das informações e a fonte de referência utilizada.

[...] natureza administrativa e estatística — que as novas tecnologias


de informação e comunicação viabilizam. Dados cadastrais antes
esquecidos em armários e fichá­rios passam a transitar pela internet,
transformando-se em informação estruturada para análise e tomada
de de­cisão. Dados estatísticos antes inacessíveis em enormes arquivos
digitais passam a ser “customizados” na forma de tabelas, mapas e
modelos quantitativos construídos por usuários não especializados
(JANNUZZI, 2006, p. 145).

Uma administração, sendo privada, pública ou social, deverá organizar


os indicadores sociais em um sistema, onde estejam classificados em temáticas,
como por exemplo: educação, saúde, mercado de trabalho, qualidade de vida.

Os indicadores são agrupados em um sistema, tais como as classificações


das temáticas, como os aspectos demográficos, a educação, a saúde, o mer­cado de
trabalho, a qualidade de vida, a habitação, a infraestrutura urbana, condições de
vulnerabilidade social e outros.

Na tabela a seguir é possível verificar algumas publicações periódicas,


sites e portais de indicadores sociais.

25
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

TABELA 2 – SÍTIOS COM INDICADORES SOCIAIS

FONTE SÍTIO CONTEÚDO


IBGE <www.ibge.gov.br> Síntese de Indicadores Sociais.
Síntese de Desenvolvimento Sustentável.
Indicadores Sociais:

o Países
o Estados
o Cidades
PNUD <www.pnud.org.br> Aplicativo de Atlas do Desenvolvimento
Humano e relatório com o mesmo índice.
IPEA <www. Ipea.gov.br> Relatório do IPEADATA.
Radar Social.
Relatório de Acompanhamento dos
Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio.
Mistério da <www.datasus.gov.br> Indicadores e Dados Básicos.
Saúde Cadernos de Informações Municipais.
Portal ODM <www.portalodm.com.br> Sistemas de Indicadores Municipais.

FONTE: A autora

Para Jannuzzi (2006), os indicadores sociais podem ser classificados como


básicos ou usais:

• Indicadores objetivos/quantitativos: referem-se às ocorrências concretas ou


entes empíricos da realidade social, construídos a partir de políticas públicas
disponíveis. Exemplo: percentual de desemprego, percentual de domicílio com
acesso à rede de água, esgoto e energia elétrica, taxa de mortalidade infantil,
taxa de evasão escolar e outros.

• Indicadores subjetivos/qualitativos: “correspondem a medidas construídas


a partir da avaliação dos indivíduos e especialistas com relação a diferentes
aspectos da realidade levantadas em pesquisas de opinião pública ou grupos
de discussão. ” (Jannuzzi, 2006, p. 20). Exemplos: indicador de confiança de
uma organização e/ou instituição, notas avaliativas sobre a execução dos
gestores públicos.

Os indicadores sociais também são classificados como indicadores


descritivos e normativos, sendo descrito por Jannuzzi (2006), da seguinte forma:

• Indicadores descritivos: apenas descrevem características e aspectos da


realidade empírica, não são fortemente dotados de significados valorativos.
Exemplo: a taxa de natalidade infantil, evasão escolar.

• Indicadores normativos: “refletem explicitamente juízos de valor ou critérios


normativos com respeito à dimensão social estudada.” (Jannuzzi, 2006, p. 21).

26
TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

Qualquer indicador normativo, quando é referenciado, necessita de


normas que estabeleçam um modelo constituído metodologicamente, podendo
ser utilizado, como exemplo, o indicador de vulnerabilidade social.

A vulnerabilidade social estabelecer normas e critérios do que agrega,


como, por exemplo, a pobreza, quem é a população que foi considerada e que
vive na linha de pobreza; essas normatizações definem um indicador normativo.

Outro aspecto que proporciona a classificação está na complexidade


metodológica na constituição dos indicadores, que poderão ser usados nos
critérios de diferenciação de dois outros conjuntos de indicadores, defendidos
por Jannuzzi (2006, p. 22).

• Os indicadores simples: “são construídos a partir de uma estatística social


específica, referida a uma dimensão social elegida”. Exemplo: os indicadores
sociais da Saúde e Habitação.

• Os indicadores compostos: “são elaborações mediante a aglutinação de dois


ou mais indicadores simples, referida uma mesma ou diferentes dimensões da
realidade social”. Exemplo: Índice de Desenvolviment6o Humano – IDH.

Conforme a apresentação dos sistemas de indicadores, conseguimos


identificar as demandas atuais realizando uma proeminência para as futuras
demandas e um planejamento das políticas públicas sociais, através de curto, médio
e longo prazo, e com ações de prevenção e controle das questões sociais levantadas.

DICAS

Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar o assunto sobre o Planejamento da


Políticas Públicas, é fundamental conhecer este material: <www.http://www.ipea.gov.br/bd/
pdf/2009/Livro_BrasilDesenvEN_Vol01.pdf>.

Os assistentes sociais precisam ser capacitados e preparados para saberem


utilizar os instrumentais necessários para a sua atuação como profissional, e
os indicadores sociais é uma dessas ferramentas para atender as demandas da
população usuária de tais políticas.

Os indicadores sociais se tornam elementos fundamentais na implementação


de uma gestão democrática, pois além da representação numérica, conduzem a
conferência das demandas apresentadas, através de seus dados estatísticos.

27
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

FIGURA 7 – GESTÃO DEMOCRÁTICA

FONTE: Disponível em: <https://portogente.com.br/colunistas/edesio-


elias-lopes/o-estatuto-da-cidade-e-a-gestao-democratica-do-espaco-
urbano-44148 >. Acesso em: 15 abr. 2015.

Os profissionais do serviço social devem utilizar os indicadores sociais


como instrumentos estratégicos para enfrentar as demandas sociais apresentadas
e aproveitar os mesmos para construção de novos indicadores, podendo subsidiar
relatórios das instituições, organizações de atuação profissional que estejam
comprometidas com as dimensões ético-políticas da profissão.

DICAS

Para enriquecer mais seu conhecimento, é fundamental a leitura deste livro:

Este livro trata da necessidade da construção de uma nova


cultura política. Portanto, a aposta na institucionalização
de uma nova contratualidade social, capaz de revigorar
a vivência democrática está diretamente vinculada à
adoção de mecanismos de democracia participativa
que potencializem o florescer de novos protagonistas na
atividade política, sobretudo na sociedade. Há, nos dias
atuais, uma clara percepção dos impasses existentes no
regime político democrático representativo, a sociedade
reflete o cansaço com o aumento da corrupção e com
a oligarquia da política, bem como com o clientelismo, o
paternalismo, o fisiologismo e o autoritarismo que sempre presidiram a retórica democrática
representativa. Assim, as experiências de democracia participativa tendem a eliminar os
resquícios autoritários que desde sempre assombram o protagonismo social, bem como os
preconceitos tecnocráticos que menosprezam a sabedoria popular. Deste modo, defende-
se este instrumento do planejamento e programação político-econômico, o método
do orçamento participativo, que tem se consolidado como uma peça fundamental de
democratização das relações entre Estado e sociedade, mas principalmente por articular os
objetivos do combate à exclusão social com a socialização do poder político e econômico.
Por fim, a socialização do poder estatal e dos investimentos orçamentários pela população,
motiva o crescimento da autogestão da sociedade, bem como o protagonismo popular à
construção de uma nova cultura política, verdadeiramente democrática e participativa.

SCAPIN, Evelyn; BOICO, Luciano Cezar. Democratizando a democracia através do orçamento


participativo. Editora Uniarp: Caçador, 2012.

28
TÓPICO 2 | INDICADORES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

INDICADORES SOCIAIS NA FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE


POLÍTICAS PÚBLICAS

Paulo de Martino Jannuzzi

Um indicador social é uma medida, em geral quantitativa, dotada de


significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar
um conceito social abstrato de interesse teórico (para pesquisa acadêmica)
ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico,
empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social
ou sobre mudanças que estão se processando na mesma.

Os indicadores sociais se prestam a subsidiar as atividades de planejamento


público e formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de governo,
possibilitam o monitoramento das condições de vida e bem-estar da população
por parte do poder público e sociedade civil e permitem aprofundamento da
investigação acadêmica sobre a mudança social e sobre os determinantes dos
diferentes fenômenos sociais.

Para a pesquisa acadêmica, o indicador social é, pois, o elo de ligação entre


os modelos explicativos da Teoria Social e a evidência empírica dos fenômenos
sociais observados. Em uma perspectiva programática, o indicador social é um
instrumento operacional para monitoramento da realidade social, para fins de
formulação e reformulação de políticas públicas (CARLEY, 1985, MILES, 1985).
Essa assertiva (Indicador social apenas indica...) parece tão óbvia que alguém
poderia argumentar sua pertinência neste texto.

Ainda que haja indicadores cuja identificação com o conceito é quase


tautológica, como no caso dos indicadores de mortalidade (mortalidade infantil,
mortalidade materna etc.) e outros indicadores demográficos (HAUPT & KANE,
2000), esse não é caso geral nas Ciências Sociais Aplicadas.

E, no entanto, parece estar se consolidando em uma prática corrente


a substituição do conceito indicado pela medida supostamente criada para
“operacionalizá-lo”, sobretudo no caso de conceitos abstratos complexos
como Desenvolvimento Humano, Condições de Vida, Qualidade de Vida ou
Responsabilidade Social. Embora definidos muitas vezes de forma bastante
abrangente, os conceitos são operacionalmente banalizados como se os
indicadores e índices criados fossem a expressão exata, mais válida ou ideal dos
conceitos indicados. Assim, por exemplo, a avaliação da melhoria das condições
de vida ou desenvolvimento humano em países, regiões e municípios reduz-se a
uma apreciação da variação do indicador construído.

29
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Não havendo modificação no indicador, não haveria eventuais avanços


ou retrocessos das condições de vida ou desenvolvimento humano, ainda que
fossem realizados (ou deixados de fazer) esforços de políticas para mudança
social em uma dimensão não contemplada pela medida.

FONTE: Disponível em: <http://www.cedeps.com.br/wp-content/uploads/2011/02/INDICADORES-


SOCIAIS-JANUZZI.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2015.

30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos:

• Os indicadores sociais podem ser utilizados de maneira correspondente para


fundamentar as informações reais e concretas de uma determinada realidade
regional nos mais diversos segmentos.

• Na atualidade os indicadores sociais estão sendo edificados com mais clareza,


com resultados estatísticos, fundamentados em dados que foram retirados a
partir de uma leitura da realidade em que o serviço social está inserido.

• O profissional de serviço social tem habilitação para desenvolver o diagnóstico


social, nas atividades diárias da profissão, através de dados e taxas numéricas
que mostram o foco da realidade social estudada.

• Nas tomadas de decisões do poder público para efetivação das políticas


sociais, os indicadores sociais são determinados como instrumentos de maior
importância, pois apresenta as maiores e principais demandas sociais.

• A estatística social cumpre o papel de apresentar os dados coletados em


uma pesquisa de maneira bruta, através de números de censo demográficos,
pesquisas de amostras e por dados que estão organizados em registros e
arquivos públicos.

• A base de dados que constitue os indicadores sociais, deve estar fundamentada


em dados verdadeiros e referência de confiabilidade, que ofereçam uma análise
da realidade de um território ou determinada região, através das demandas
prioritárias.

• Os indicadores sociais se tornam matéria-prima perante o processo de


elaboração e implementação das diferentes políticas públicas, cada fase do
processo necessita da utilização de indicadores sociais específicos, pois cada
um contribuí com sua especificidade.

• Durante a década de 1990, os indicadores sociais iniciaram uma integração nas


pautas das agendas públicas de todo o país.

• A confiabilidade dos indicadores é de suma importância para subsidiar as


decisões administrativas.

31
• As exterioridades que determinam sobre a implementação de uma política
pública social, devem estar em sintonia com as prioridades que aparecem
através das demandas de uma determinada realidade social de uma região ou
até mesmo do país.

• Uma administração sendo privada, pública ou social, deverá organizar os


indicadores sociais em um sistema, onde estejam classificados em temáticas,
como por exemplo: educação, saúde, mercado de trabalho, qualidade de vida.

• Os assistentes sociais precisam estar capacitados e preparados para saberem


utilizar os instrumentais necessários para a sua atuação como profissional, e os
indicadores sociais é uma dessas ferramentas para a atender as demandas da
população usuária de tais políticas.

• Os indicadores sociais se tornam elementos fundamentais na implementação


de uma gestão democrática, pois além da representação numérica, conduzem
a conferência das demandas apresentadas, através de seus dados estatísticos.

32
AUTOATIVIDADE

1 Através do site do IBGE, <http://www.ibge.gov.br>, procure no banco


de dados disponível referente aos indicadores sociais relacionados à
população residente alfabetizada em sua cidade, e descreva sobre esses
dados, comparando com a realidade de outras cidades de seu Estado.

2 Na sua cidade existe um banco de dados que apresente a


demanda da política de habitação? Escreva sobre os dados
contidos nele.

33
34
UNIDADE 1 TÓPICO 3
Este vídeo corresponde
aos tópicos 3 e 4

UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS


INDICADORES SOCIAIS DA REALIDADE
DO BRASIL

1 INTRODUÇÃO
Os indicadores sociais, que algum tempo atrás eram vistos como enigmas
e cálculos matemáticos, nos dias atuais estão representados em todas as esferas
do poder público, por meio das políticas públicas, da qual se utilizam dos dados
estatísticos para elencar prioridades na gestão de recursos públicos, através de
um monitoramento e avaliação dos impactos causados nas demandas sociais.

A análise e interpretação da realidade social acontece através de uma


leitura profissional dos indicadores sociais, que estão fundamentados nos dados
estatísticos, sendo esses considerados a matéria-prima para os mesmos.

Os indicadores sociais, além de possuírem um papel fundamental na


elaboração das políticas públicas, também possuem um caráter investigativo nas
buscas de respostas e de direcionamento nas ações profissionais.

As análises e compressões dos indicadores sociais perante a realidade que


está sendo investigada devem possuir uma visão ampla do contexto, analisando
primeiramente a nível macrorregional, ou seja, em nível de País. Após referenciar
esses indicadores, deve-se realizar uma avaliação Regional, (Estados, Regiões)
e por último uma avaliação microrregional, ou seja, Municipal, trazendo para a
realidade das instituições, por meio de programas e projetos sociais.

O Tópico 3 desta unidade de ensino tem como objetivo apresentar


para você, caro(a) acadêmico(a), os principais indicadores sociais nacionais e
indicadores que possibilitaram uma leitura socioeconômica de uma região, sendo
eles vinculados ao Índice de Desenvolvimento Humano – IDH.

35
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

2 O SERVIÇO SOCIAL E OS FUNDAMENTAIS INDICADORES


SOCIAIS DO BRASIL
Conforme o Censo Demográfico de 2010, o Brasil é o quinto maior país
em área territorial, sendo que a sua população urbana é de aproximadamente 191
milhões de habitantes. (IBGE, 2010a). Divididos entre:

FIGURA 8 – DIVISÃO HABITACIONAL BRASILEIRA

97.342.162
Mulheres

93.390.532 Homens

Densidade demográfica é de:


22,5 habitantes /km²

FONTE: A autora

Durante o ano de 2010, toda a população brasileira estava mobilizada na


participação efetiva no Censo. Conforme os resultados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é o órgão nacional responsável pela
realização da pesquisa, a população brasileira já estava em sua maioria concentrada
nas áreas urbanas, totalizando 84,35% de habitantes. A região mais populosa
continuou sendo o Sudeste, tendo mais de 80 milhões de habitantes, em segundo
lugar o Nordeste, com um total de 53.081.950, em terceiro lugar a Região Sul com
27.386.891, já em quarto lugar a Região Norte com 15.864.454 e em último lugar a
Região Centro-Oeste com um total de 14.058.094 de habitantes. (BRASIL, 2011).

Analisando o Censo de 2010, é claramente percebido que o Brasil se encontra


com uma desigualdade social, geográfica, econômica, política entre outras.

Os indicadores sociais permitem a realização de uma avaliação das


ações públicas de cada instância governamental, possibilitando que os governos
consigam planejar e gerenciar as políticas públicas sociais: como saúde, habitação,
educação, assistência social, emprego e renda etc.

36
TÓPICO 3 |

Atualmente pode-se confirmar que 5.564 municípios estão em situações e


áreas de vulnerabilidade social, onde uma quantia da população não tem acesso
às principais políticas públicas sociais.

FIGURA 9 – DIFERENÇAS SOCIAIS

FONTE: Disponível em: <http://outrasbossas.com.br/OutrasBossas01/images/


desigualdade.jpg>. Acesso em: 17 abr. 2015.

Para compreender melhor essa disparidade social entre as regiões


brasileiras, é necessário entender o que significado um espaço territorial, bem
como o que determina uma territorialização.

Um território significa um espaço operativo, onde as ações se desenvolvem


no enfrentamento do cotidiano da população, diante de um determinado espaço
de intercâmbio e interação social, onde se manifestam diversas características
típicas, como cultura, geografia, política, social e econômicas.

DICAS

Em um território se manifestam as diversas relações de poder, e que envolve as


pessoas e ou grupos. Território x Poder = relação entre agir e interagir.

37
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Segundo a autora Koga (2003, p. 26), é importante:

[...] pensar na política pública a partir do território exige também um


exercício de revisita à história, ao cotidiano, ao universo cultural da
população que vive nesse território, se considerarmos para além do
espaço físico, isto é, como toda a gama das relações estabelecidas entre
seus moradores, que de fato constroem e reconstroem.

A representação da leitura da realidade se sintetiza através do diagnóstico,


onde as demandas e os investimentos necessários para a implementação das
políticas públicas se enfatizam e se concretizam. Essa leitura da realidade acontece
através dos principais indicadores sociais que são apresentados por pesquisas
sociais, como o censo demográfico, realizado pelo IBGE e outros órgãos públicos
de todos os níveis administrativos.

Para a elaboração de um diagnóstico que traga uma análise mais próxima


e coerente com a realidade social estudada, faz-se necessário ter um olhar mais
profundo que o imediato, e analisar todos os aspectos sociais, demográficos,
geográficos, culturais, político e outros.

Como exemplo:

• Produto Interno Bruto (PIB): que representa toda a produção anual de bens
e serviços, que ocorre em um território nacional. Para calcular o PIB de uma
região, é necessário utilizar a seguinte fórmula:

PIB = C+I+G+X – M
Onde:
C= consumo privado;
I= a totalidade de investimento realizado no período;
G= gasto do governo;
X = volume de exportações;
M = volume de importações.
Os dados do IBGE (2014) mostram que:

Em relação ao terceiro trimestre, o PIB do quarto trimestre de


2014 cresceu 0,3%, levando-se em consideração a série com ajuste
sazonal.  A Agropecuária teve expansão de 1,8%, a Indústria
manteve-se praticamente estável (-0,1%) e os Serviços cresceram
0,3%. Na comparação com o quarto trimestre de 2013, o PIB variou
-0,2%, sendo que o valor adicionado a preços básicos variou -0,2%, e os
impostos sobre produtos -0,6%. A Indústria recuou (-1,9%), enquanto
os Serviços (0,4%) e a Agropecuária (1,2%) tiveram variação positiva.
No ano de 2014, o PIB variou 0,1% em relação a 2013. A estabilidade
do PIB resultou da variação positiva de 0,2% do valor adicionado e do
recuo nos impostos (-0,3%). Nessa comparação, a Agropecuária (0,4%)
e os Serviços (0,7%) cresceram e a Indústria caiu (-1,2%). Em 2014, o
PIB alcançou R$ 5,52 trilhões (valores correntes). 

38
TÓPICO 3 |

PIB per capita: representa o PIB dividido por renda per capita ou renda
média de cada habitante do país, estado ou região. O cálculo acontece
pela divisão da renda total pelo número de habitantes.
O PIB per capita ficou em R$ 27.229, com queda (-0,7%) em volume, em
relação a 2013. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-ce
nso?view=noticia&id=1&idnoticia=2857&busca=1&t=2014-pib-varia-0-
1-totaliza-r-5-52-trilhoes>. Acesso em: 19 abr. 2015, grifos do original.

• Índice de Gini: é um cálculo estatístico desenvolvido pelo italiano Corrado


Gini, usado para medir a desigualdade social no ano de 1912. O índice é
representado entre o número 0 e número 1, onde zero (00) corresponde à
completa igualdade na renda, ou seja, onde todos detêm a mesma renda per
capita e um (1) corresponde à completa desigualdade entre as rendas (diferentes
parcelas de indivíduos da sociedade, pequena parte dela, detêm toda a renda
e a outra parcela, maior parte nada têm). Gini mede o coeficiente através de
pontos percentuais, que é o igual ao coeficiente multiplicado por 100.

DICAS

Para saber mais acesse: <http://www.sae.gov.br/imprensa/sae-na-midia/renda-


de-volta-a-1964-valor-economico-20-02-2014/>.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): O Índice de Desenvolvimento


Humano – IDH foi criado no ano de 1990, como o padrão dos programas das
Nações Unidas, que a partir de 1993, tem como objetivo medir os níveis de
desenvolvimento de cada país, estados e municípios. O IDH tem como fonte
de dados os indicadores sociais, e serão avaliados com base nos indicadores de
longevidade, Educação, Saúde e Renda.

Antes o IDH possuía suas definições formadas. A qualidade de vida era


mensurada através do PIB per capita. Para Scarpin et al. (2007, p. 912): “[...] o PIB
per capita de um país ou região não é suficiente para avaliar as condições de vida
da sua população, pois é necessário conhecer a distribuição desses recursos e
como se dá o acesso a eles”.

Novamente segundo o autor Scarpin et al. (2007, p. 912):

O IDH foi criado no início da década de 1990 para o PNDU (Programa


das Nações Unidas para o Desenvolvimento) é uma contribuição para
essa busca, e combina três componentes básicos do desenvolvimento
humano: a longevidade, que reflete, entre outras coisas, as condições
de saúde da população, medida pela esperança de vida ao nascer; a
educação, medida por uma combinação da taxa de alfabetização, taxa
combinada de matrícula nos níveis de ensino fundamental, médio
e superior; e renda, medida pelo poder de compra da população,
baseado no PIB per capita ajustado ao custo de vida local para torná-lo
comparável entre países e regiões, por meio da metodologia conhecida
como paridade do poder de compra (PCC). (grifo da coautora).

39
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, decide que a


intenção da elaboração do índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um
contraponto a outro indicador, que é o Produto Interno Bruto per capita, conhecido
como PIB, que é muito empregado na relação ao Desenvolvimento econômico.

DICAS

Para conhecer mais sobre os principais indicadores sociais que apontam a


realidade social brasileira. Acesse: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php>.

Caro acadêmico, para realizar o diagnóstico social da realidade de seu


município deverá seguir os passos citados no exemplo a seguir:

Primeiro faça sua pesquisa no site do IBGE

<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php>

Escolha o estado que deseja pesquisar

Ex.: Santa Catarina

<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?lang=&coduf=42&search=
santa-catarina>

Em seguida, escolha a cidade que você quer pesquisar

Ex.: Indaial

<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=42075
0&search=santa-catarina|indaial>

A partir de agora você encontrará uma variedade de indicadores sociais


de seu município, vejamos:

População estimada 2014 61.968


População 20.1054.854
Área da unidade territorial (km²) 430,790
Densidade demográfica (hab./km²) 127,33
Código do Município 4207502
Gentílico Indaialense
Prefeito SERGIO ALMIR DOS SANTOS
FONTE: Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfilphp?lang=&codmun=42075
0&search=santacatarina|indaial>. Acesso em: 20 abr. 2015.

40
TÓPICO 3 |

Com essa indicação, de como chegar aos indicadores sociais, você poderá
acessar outros dados importantes e aprofundar seus estudos sobre a realidade
social de um determinado município.

Os indicadores sociais de maior repercussão na realidade social brasileira


são os de longevidade e saúde.

Atualmente, todos os países, com exceção dos países do continente


africano, vêm passando por uma transformação no processo de envelhecimento
da sociedade devido ao aumento da expectativa de vida.

Conforme o IBGE (2010), no Brasil, os idosos chegam a somar 21,7


milhões de habitantes, totalizando 11% da população, sendo que a projeção para
2050 é que ultrapassem a soma de 23,6 da população. Sendo assim, o Brasil será
considerado mundialmente o quinto maior país em contingente de idosos.

FIGURA 10 - LONGEVIDADE

FONTE: Disponível em: <http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/proteina-pode


-ser-segredo-da-longevidade-10052010-21.shl>. Acesso em: 20 abr. 2015.

Segundo Batista (2008), de acordo com o IBGE de 2000, o número da


população idosa no Brasil no ano de 1940 era cerca de 1,6 milhões e a expectativa
de vida estava entre os 47,74 anos. Após 30 anos, em 1970, houve mudança nessas
variáveis, passaram para 4,7 milhões de idosos e 52,67 anos, simultaneamente.
No de 2000, houve um crescimento dessa população, chegaram a cerca de 14,5
milhões e a expectativa de vida era de 65 - 78 anos. As proeminências para o ano
de 2020 mostram um total de aproximadamente 30,9 milhões e a população vai
viver entre 60 - 75 anos.

41
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

TABELA 3 – SÍNTESE DO CRESCIMENTO DA LONGEVIDADE NO BRASIL


Ano / IBGE Número de Idosos/IBGE Expectativa de vida/IBGE
1940 1,6 milhões 47,74 anos
1970 4,7 milhões 52,67 anos
2000 14,5 milhões 65,78 anos
2020 30,9 milhões 76,1 anos
FONTE: A autora

Conforme o IBGE (2013), os indicadores sociais demográficos compõem


uma análise de determinado grupo de indicadores perante a estrutura etária e
também através das taxas de fecundidade, mortalidade e migração. Sendo, que
os indicadores de fecundidade se referem à taxa de fecundidade total, ou seja,
o número médio de filhos nascidos vivos que uma mulher terá no fim do seu
período reprodutivo. Segundo o IBGE (2013), a taxa de fecundidade retribuía
a 1,8 filhos por mulher, sendo que o maior valor desta taxa estava concentrado
no ACRE, que é de 2,7 filhos por mulher, o menor valor se refere a 1,6 filhos por
mulher e se concentra nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Analisando o censo demográfico de 2010, pode-se constatar que a pirâmide


etária no Brasil se alterou desde a última década. No ano de 2000, as crianças de
até 4 anos de idade representavam o total de 9,64% da população; em 2010 esse
número passou para 7,17%. Já as crianças de 5 a 9 anos que representavam em
2000 9,74% do total, passaram, em 2010, para 7,79%. Analisando a população de
jovens de 24 anos, somava-se 49,68% dos brasileiros, e com o novo censo ficou
representado em 41,95%. (IBGE, 2010).

DICAS

Para entender melhor a pirâmide demográfica, acesse: <http://www.ibge.gov.br/


home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/piramide/piramide.shtmnteo>.

Essa inversão na pirâmide demográfica aponta a redução do número de


crianças e adolescentes, como também a queda do número de fecundidade, pois
o alargamento da pirâmide se expressa no aumento da expectativa de vida.

Segundo Kilsztajn et al. (2000), no Brasil está ocorrendo um processo de


envelhecimento da população com a queda da taxa de natalidade, sendo que em
2050 sua estrutura poderá ser comparada aos países desenvolvidos como o Japão,
França e Estados Unidos.

42
TÓPICO 3 |

Os indicadores sociais, que estão relacionados ao perfil demográfico


apontam para o crescente aumento da população idosa a cada ano. O Brasil vem
passando por uma nova configuração na estrutura de sua pirâmide, com um
estreitamento na base e alargamento do topo. O grupo populacional, que está em
crescimento é o da população acima de 60 anos.

Os indicadores da saúde são de fundamental importância para o Serviço


Social se forem utilizados de maneira regular em um sistema dinâmico, tornando-
se instrumentos para a gestão e avaliação das políticas públicas de saúde em
todos os níveis de governos do país.

O processo de indicadores das políticas de saúde são avaliações que


informam e refletem diversas características de um sistema de saúde, segundo a
RIPSA (2008), necessita permear as seguintes diretrizes:

• A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes


utilizados em sua formulação (frequência de caso, tamanho da população em
risco etc.).
• Da precisão dos sistemas de informações empregados (registro, coleta,
transmissão dos dados etc.).
• O grau de excelência de um indicador deve ser definido por sua validade
(capacidade de medir o que se pretende).
• A confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em
condições similares).
• A validade de um indicador é determinada pelas características de sensibilidade
(medir as alterações desse fenômeno).
• A especificidade (medir somente o fenômeno analisado).
• A mensurabilidade (basear-se em dados disponíveis ou fáceis de conseguir).
• A relevância (responder à prioridade de saúde).
• O custo/efetividade (os resultados justificam o investimento de tempo e
recursos).
• A definição sistêmica de um mínimo de indicadores se faz necessária para
trabalhar com conceitos, como: gestão, monitoramento e avaliação para todos
os níveis do sistema de saúde.

Conforme RIPSA (2008), as principais modalidades de indicadores de


saúde são:

• Mortalidade/sobrevivência
• Mobilidade/gravidade/incapacidade
• Nutrição/crescimento e desenvolvimento
• Aspectos demográficos
• Condições socioeconômicas
• Saúde ambiental
• Serviços de saúde

43
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Segundo o IBGE (2013), os três principais indicadores da saúde no Brasil são:

Mortalidade infantil: A meta internacional aplicada ao Brasil é reduzir


a mor­talidade na infância para 17,9 óbitos por 1.000 nascidos vivos até 2015. Os
dados mostram essa tendência de re­dução, chegando-se perto do objetivo em
2010, com 18,6 óbitos por 1.000 nascidos vivos, enquanto a mortalidade era de
53,7 óbitos por 1.000 nascidos vivos no ano-base (1990). Os dados mostram uma
expressiva redução no país, com destaque para o Nordeste, mas ainda subsistem,
no entanto, fortes diferenças regionais. Em 2010, a taxa era de 15,5 para o Sul, e
25,0 e 22,1 para Norte e Nordeste. (IBGE, 2013).

Mortalidade materna: mortalidade materna tem sua importância


destacada no documento Saúde Brasil 2011: uma análise da situação de saúde e a
vigilância da saúde da mulher, do Ministério da Saúde: “A mortalidade materna
é um indicador sensível à qualidade de vida de uma população. Isso porque esse
indicador se refere a mortes precoces, evitáveis, que em sua quase totalidade
atingem as mulheres com menor acesso aos bens sociais, configurando-se como
uma grave violação dos direitos humanos das mulheres” (IBGE, 2013, p. 209).

Promoção e prevenção: (exames de controle, exames de câncer de mana):


[…] é possível observar no Brasil um aumento dos equipa­mentos existentes em
estabelecimentos de saúde de 2002 a 2009, principalmente na rede pública (118%)
e nos esta­belecimentos privados que prestam serviços ao SUS (75%), sendo que
a rede privada não disponível ao SUS ainda concentrava, em 2009, 49% destes
equipamentos (2.037 mamógrafos). A distribuição dos mamógrafos reproduz
desigualdades regionais, com menores taxas por 100 mil habitantes no Norte e
Nordeste (IBGE, 2013).

As políticas de saúde utilizam-se dos seguintes sistemas e fontes de


informações:

• Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).


• Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).
• Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAM).
• Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
• Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS).
• Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
• Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI).
• Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP-
malária). Sistemas de Informações para a Gestão do Trabalho em Saúde.
• Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS).
• Sistema de Informações de Beneficiários (SIB).

O Datasus é um sistema de dados informatizados do Ministério de Saúde,


e que tem como objetivo subsidiar indicadores sobre as questões que envolvem a
saúde no país. O Datasus é um órgão do Sistema Único de Saúde – SUS.

44
TÓPICO 3 |

Ao Datasus compete:

I - Fomentar, regulamentar e avaliar as ações de informatização do SUS,


direcionadas para a manutenção e desenvolvimento do sistema de
informações em saúde e dos sistemas internos de gestão do Ministério;
II - desenvolver, pesquisar e incorporar tecnologias de informática que
possibilitem a implementação de sistemas e a disseminação de informações
necessárias às ações de saúde, em consonância com as diretrizes da Política
Nacional de Saúde;
III - manter o acervo das bases de dados necessárias ao sistema de informações
em saúde e aos sistemas internos de gestão institucional;
IV - assegurar aos gestores do SUS e órgãos congêneres o acesso aos serviços de
informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério;
V - definir programas de cooperação técnica com entida­des de pesquisa e ensino
para prospecção e transferência de tecnologia e metodologia de informática
em saúde, sob a coordenação do Secretário-Executivo;
VI - apoiar estados, municípios e o Distrito Federal, na informatização das
atividades do SUS.

DICAS

Caro(a) acadêmico(a), para você saber sobre os principais indicadores de saúde


em todo o território nacional, poderá explorar o site do Datasus.
<http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php>.

Além dos indicadores de longevidade e saúde, pode-se citar também


outros indicadores sociais fundamentais na atuação do assistente social, que são
os dados da educação, trabalho e renda no Brasil.

Conforme a legislação vigente, Emenda Constitucional nº 14, de 12 de


setembro de 1996, e Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), fica
claro que é de competência do governo federal atuar no ensino superior e prestar
assessoria técnica e financeira às esferas estaduais e municipais. Sendo que para
os estados e Distrito Federal, cabem a oferta dos ensinos fundamentais e médios
e para os municípios o Ensino Fundamental e a Educação Infantil.

45
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

FIGURA 11 – NÍVEIS E MODALIDADES DO ENSINO NO BRASIL

Níveis e modalidades de
educação e de ensino:

Educação Básica:
– Educação Infantil;
– Educação Fundamental;
– Ensino Médio.

Educação Escolar:
– Educação Infantil;
– Educação Fundamental;
– Ensino Médio;
– Ensino Superior.

Modalidades de Ensino:
– Educação Distância;
– Educação Especial;
– Educação Profissional;
– Educação de Jovens e Adultos.

FONTE: Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/gestao-educac


ional/a-organizacao-estrutura-dos-sistemas-ensino-no-brasil.htm>. Acesso
em: 20 abr. 2015.

DICAS

Para saber mais acesse: <www.http://conae2014.mec.gov.br/images/pdf/


educacaobrasileiraindicadoresedesafios.pdf>.

Os dados estáticos da Educação Brasileira poderão ser consultados através


das seguintes fontes:

Inep - O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio


Teixeira (Inep) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação,
cuja missão é promover estudos, pesquisas e avaliações sobre o sistema
educacional brasileiro. O objetivo é subsidiar a formulação e implementação
de políticas públicas para a área educacional, a partir de parâmetros de
qualidade e equidade, bem como produzir informações claras e confiáveis aos

46
TÓPICO 3 |

gestores, pesquisadores, educadores e público. Disponível em: <www.http://


portal.inep.gov.br/>.

Educacenso - É um sistema on-line que mantém um cadastro único e


centralizado das escolas das redes pública e privada, professores, auxiliares
de educação infantil e estudantes. A intenção é dar mais rapidez à atualização
das informações. O sistema fornece dados individualizados e possibilita o
acompanhamento da trajetória escolar de alunos e professores. Disponível em:
<http://educacenso.inep.gov.br/Autenticacao/index>.

Censo da Educação Superior  - Anualmente, o Inep realiza a coleta


de dados sobre a educação superior, com o objetivo de oferecer informações
detalhadas sobre a situação atual e as grandes tendências do setor, tanto à
comunidade acadêmica quanto à sociedade em geral. Disponível em: <http://
sistemascensosuperior.inep.gov.br/censosuperior_2011/>.

Cadastro da Educação Superior  – O cadastro reúne uma série de


informações para ajudar os estudantes a fazer a melhor escolha do seu curso
superior. Ele contém dados atualizados de cursos e instituições de educação
superior de todo o país. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>.

Siope  - O principal objetivo do Sistema de Informações sobre


Orçamentos Públicos em Educação (Siope) é levar ao conhecimento da
sociedade o quanto as três esferas de governo investem efetivamente em
educação no Brasil, fortalecendo, assim, os mecanismos de controle social dos
gastos na manutenção e no desenvolvimento do ensino. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=208&Itemid=267>.

Em relação aos indicadores de trabalho e renda, inicia-se a apresentação


através da compreensão do mercado de trabalho.

O mercado de trabalho é representado pelo trabalhador e pelas vagas que


estão disponíveis.

Segundo IBGE (2013):

[...] trabalho: significa a ocupação econômica remune­rada em


dinheiro, produtos ou outras formas não mo­netárias, ou a ocupação
econômica sem remuneração, exercida pelo menos durante 15
horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em
sua atividade econômica, ou a instituições religiosas beneficentes
ou em cooperativismo ou, ainda, como aprendiz ou esta­giário. Para
os indivíduos que trabalham investiga-se a ocupação, o ramo de
atividade, a posição na ocupação, a existência de mais de um trabalho,
o rendimento efe­tivamente recebido no mês anterior, o número de
horas efetivamente trabalhadas etc. (grifos do original)

47
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Os trabalhadores são divididos em duas classes: População em Idade


Ativa – PIA, e População Economicamente Ativa – PEA, sendo que PIA, pode-
se considerar a população no Brasil que está apta a exercer uma atividade
economicamente produtiva.

A população em idade ativa pode ser considerada a que possui idade


superior a 16 e inferior a 65 anos, tendo condições de desenvolver as ações
correspondentes às exigências do mercado de trabalho.

Para Jannuzzi (2006, p. 89):

No caso brasileiro, as pesquisas sobre mercado de traba­lho tendem


a tomar o PIA como o conjunto de todas as pessoas com 10 anos ou
mais. Dentre os indivíduos da PIA, aqueles que estão efetivamente
disponíveis para o exercício de atividade econômica, seja trabalhando
ou procurando emprego.

A taxa de desemprego/emprego tem como objetivo monitorar o


crescimento econô­mico da região, as perspectivas de novas demandas, para o
Estado serve como indicadores para acompanhamento das políticas econômicas e
na formulação de políticas sociais que consigam atender as questões de emprego
e distribuição de renda no país.

De acordo como o IBGE (2013), os principais indicadores sociais para


mensurar o trabalho estão relacionados com a taxa de desemprego aberto (nú­mero
de pessoas ocupadas em um determinado período de tempo); taxa de desemprego
aberto com pessoas que nunca trabalharam; taxa de desemprego aberto com
pessoas que já trabalharam; e taxa de desemprego aberto por setor de atividade.

Atualmente, o emprego está dividido em duas classificações no mercado


de trabalho, os empregos formais e informais. “Os jovens de 16 a 24 anos e os
idosos de 60 anos ou mais de idade apresentavam os maiores percentuais de
trabalhadores na informalidade, cujas taxas foram de 46,9% e 70,8%, respec­
tivamente, em 2012”. (IBGE, 2013, p. 145).

Emprego formal é aquele que possui vínculo empregatício com uma empresa,
indústria, comércio por meio de carteira nacional de trabalho assinada, dentro da
consolidação das Leis de Trabalho — CLT, ou os funcionários públicos, con­tratados
por concursos públicos com legislação específica do servidor público. Segundo o
IBGE, em 2012, o trabalhador com carteira assinada representava 40% do total dos
trabalhos do país, comparado a 2002, quando apresentou 15% (IBGE, 2013).

Na última década, o crescimento do rendimento real da população


ocupada de 16 anos ou mais de idade foi de 27,1%; para a população
em trabalhos formais, esse crescimento foi de 13,6%, enquanto entre
os informais o aumento foi de 31,2%. Para as mulheres em trabalhos
informais, esse ganho real chegou a 38,5%. A política de valorização do
salário mínimo e o aumento da remunera­ção em algumas categorias
ocupacionais, como a de tra­balhadores domésticos, cuja variação
tem sido superior à da inflação para o período, influenciaram esse
resultado. (IBGE, 2013, p. 146).

48
TÓPICO 3 |

O Emprego informal é aquele que não possui vínculo empregatício


através da CLT ou com o servidor público, ou seja, não tem registro em carteira,
não contribui com a previdência social, não gera impostos e não possui nenhuma
garantia legal. Conforme o IBGE (2013), a taxa de informalidade pode acontecer
pela busca do primeiro emprego, pelos jovens que tenham as necessidades
de conciliar o trabalho com estudo, evidenciando a redução de 24,5% da
informalidade neste grupo populacional entre 2002 a 2012.

No emprego informal está centralizada uma parcela de trabalhadores, como


os autônomos, vendedores, costureiras, cozinheiras, empregados domésticos, que
mesmo com a mudança da legislação, que fornecem garantia e proteção legal a
esses trabalhadores, encontra-se uma grande parcela dessa categoria no trabalho
informal, consequentemente não contribuem com a previdência social.

Essa classe de trabalhadores corresponde às demandas diante da política


de assistência social e como usuários do serviço social. São funcionais frente ao
mercado infor­mal, como autônomos, ou mesmo realizando os trabalhos sem
definição clara de funções, classificam-se assim os catadores de papéis, servente
de pedreiro, diaristas que não trabalham com salários fixos, e sim por diárias ou
horas, hoje comumente denominados, “bicos”.

Os dados do IBGE (2013, p. 145) apontam que:

A informalidade ainda é uma característica importante no Brasil,


abrangendo 43,1% dos trabalhadores em 2012. Es­tes percentuais
são ainda mais elevados nas Regiões Norte e Nordeste, onde Pará
e Maranhão possuem, respectiva­mente, 67,5% e 74,5% de seus
trabalhadores inseridos na informalidade. Por outro lado, o Estado
de Santa Catarina e o Distrito Federal, localizados, respectivamente,
nas Regiões Sul e Centro-Oeste, possuem apenas 26,9% de seus
trabalhadores nestas condições.

O desenvolvimento do mercado de trabalho está condicionado objetivando


o capitalista, onde predominam a produção de mercadorias para o mercado de
consumo, visando o lucro, que é procedente da mais-valia dos trabalhadores.

Segundo o IBGE (2013), a situação do emprego está comprometida, pois


50% dos cargos ocupados estão na faixa etária de 30 a 49 anos; a população jovem
com idade de 20 a 29 anos representa 25,5%, e a participação de crianças e jovens
entre 10 a 19 anos está entre 7,3%.

Existe outra referência na relação da força de trabalho, que está com o


nível de escolaridade, para o IBGE (2013), na região Sudeste, mais da metade dos
cargos ocupados são por pessoas que têm 11 anos ou mais de estudo (53,3%);
as regiões Norte e Nordeste apresentam disparidade significativa em relação às
demais regiões, com os maiores percentuais nos grupos de ocupados com até 7
anos de estudo.

49
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

DICAS

Os dados demonstram heterogeneidade educacional nas regiões do Brasil, o


que reflete diretamente nos diferentes níveis de rendimentos por regiões.

Conforme a Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua


(2008, p. 10):

• A população em situação de rua é composta, em grande parte, por


trabalhadores: 70,9% exercem alguma atividade remunerada.
• Dessas atividades destacam-se: catador de materiais recicláveis
(27,5%), flanelinha (14,1%), construção civil (6,3%), limpeza (4,2%)
e carregador/estivador (3,1%).
• Apenas 15,7% das pessoas pedem dinheiro como principal
meio para a sobrevivência. Esses dados são importantes para
desmistificar o fato de que a população em situação de rua é
composta por “mendigos” e “pedintes”. Aqueles que pedem
dinheiro para sobreviver constituem minoria.
• Desse modo, a maioria tem profissão: 58,6% dos entrevistados
afirmaram ter alguma profissão.
• Entre as profissões mais citadas destacam-se aquelas ligadas à
construção civil (27,2%), ao comércio (4,4%), ao trabalho doméstico
(4,4%) e à mecânica (4,1%).
• Contudo, a maior parte dos trabalhos realizados situa-se na
chamada economia informal: apenas 1,9% dos entrevistados
afirmaram estar trabalhando atualmente com carteira assinada.
• Essa não é uma situação ocasional. 47,7% dos entrevistados nunca
trabalharam com carteira assinada.
• Entre aqueles que afirmaram já ter trabalhado alguma vez na vida
com carteira assinada, a maior parte respondeu que isso ocorreu há
muito tempo (50% há mais de cinco anos; 22,9% de dois a cinco anos).

50
TÓPICO 3 |

LEITURA COMPLEMENTAR

OS INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO


SOCIAL

Suzana Yuriko Ywata


Ana Paula Santana Girot
Introdução

No Brasil, o tema “indicadores sociais”, configura-se em uma discussão


recente, porém, torna-se cada vez mais evidente a sua importância para o processo
de gestão.

A utilização de indicadores sociais apresenta-se imprescindível, uma vez


que se trata de “um instrumento operacional para monitoramento da realidade
social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas” (JANNUZZI,
2004, p. 15), que auxilia no trabalho de planejamento, implementação, execução,
avaliação dos programas, projetos, serviços sociais.

Nesta perspectiva, o artigo apresenta dados sobre a pesquisa de campo


realizada, a abordagem crítica dos dados obtidos, a discussão referente à atitude
dos profissionais frente ao tema, a construção dos indicadores sociais e a atualização
profissional. Neste sentido, o presente artigo discute a necessidade e o fundamento
de um dos elementos indispensáveis ao processo de gestão social, o indicador social.

Portanto, o debate acerca da importância da utilização de indicadores sociais


nos remete a uma discussão anterior referente à gestão social, processo presente em
toda política pública, manifestada por meio de programas, projetos, serviços sociais.

A gestão social não pode ser resumida a um simples sistema de


gerenciamento, ela se apresenta de forma mais ampla e complexa, pois supõe
uma postura filosófica, política e ideológica profundamente relacionada com
a dimensão econômica, política e social. Nela é definida a direção, a natureza
da ação que requer conhecimentos técnicos e administrativos, ainda, supõe a
permanente análise dos contextos interno e externo. (CARVALHO, 1999).

A sociedade e seus fenômenos não são estáticos, genéricos e neutros, mas


sim, um conjunto de relações criadas e recriadas num dado processo histórico, o que
significa dizer que está em constante transformação, movimento, caracterizando
cada contexto sócio-histórico e econômico e sua forma de gerir o social. A tendência
da gestão social, hoje, é também uma consequência desse processo.

Deste modo, a gestão social refere-se a um processo contínuo e dinâmico


que envolve ações de planejamento, execução e avaliação de serviços sociais e um
compromisso de construir respostas às necessidades sociais da população. Deve
ser desenhada e realizada, com fundamentação, para não comprometer a ação
social demandada, visto que o indicador social permite o desenho de uma gestão
social. Os indicadores sociais possibilitam informações importantes, que nos
permite avaliar aonde vamos, onde estamos e de que forma seguir, em relação
aos valores e alcance dos objetivos previamente identificados.
51
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Conforme Jannuzzi (2004), um indicador social é uma medida, em geral


quantitativa dotada de um significado social, utilizado para quantificar, substituir,
operacionalizar um conceito social abstrato. É um recurso metodológico que
informa algo sobre um aspecto da realidade social, é um instrumento programático
operacional para planejamento, execução, monitoramento, avaliação de políticas
públicas. Ou seja, de acordo com Bonadío (2003, p. 129) compõem a agenda da
política social como um referencial indispensável para a definição de prioridades
e alocação de recursos.

Enfim, indicadores não são simplesmente dados, números, eles nos


permitem conferir os dados de acordo com as questões postas na realidade social,
ou seja, é uma atribuição de valor, números a situações sociais. Entretanto, é
importante lembrar que existe uma diferença entre indicador social e estatística
pública, embora estes sejam interpretados corriqueiramente com o mesmo conceito.

Resumidamente, estatísticas públicas correspondem ao dado em sua forma


bruta - por meio de números - não se encontra contextualizado em um debate
dialético, são representações advindas de um campo empírico ou de determinada
realidade. Já os indicadores sociais apresentam, conforme Jannuzzi (2004), um
conteúdo informacional, um valor contextual baseado em uma Teoria Social, não
se trata de uma simples junção de dados e sim da contextualização e interpretação
dos conceitos operacionalizados. Porém, os dados estatísticos são úteis para a
construção dos indicadores, são matérias-primas para estruturar um indicador.

Hoje, os indicadores sociais são expressos usualmente, como taxa de


desemprego, taxa de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo, são termos
comumente utilizados por políticos, jornalistas, estudantes, pela população
para avaliar as políticas públicas, além de argumentar, a partir da utilização dos
mesmos, as prioridades sociais defendidas por determinada classe social.

Segundo Jannuzzi (2004, p.11), os indicadores sociais passaram a integrar


o vocabulário corrente dos agentes políticos responsáveis pela definição das
prioridades das políticas sociais e alocação de recursos públicos, ganhando
relevância na arena política de discussão.

O indicador social tem importante função exploratória no diagnóstico


de situações concretas, na definição de metas prioritárias e no direcionamento
das ações contínuas, na medida em que, com o uso constante de indicadores
adequados, estes oferecem informações concretas para o conhecimento da
realidade e orientam as ações, dando sustentação ao processo de gestão.

Em suma, o conhecimento e utilização dos indicadores sociais provêm da


compreensão do movimento da totalidade, da vida das sociedades, da postura
política-ideológica de um programa, projeto social. Os indicadores sociais,
no processo de gestão, tornar-se-ão supérfluos se antes não realizarmos uma
mediação entre o conhecimento sobre o conceito social a ser operacionalizado,
interpretado e o contexto social, econômico em questão. Assim, em um projeto
social e em seu processo de gestão, o indicador social será tido apenas como um
dado, um número, se não compreendermos o conceito social a que ele se refere,
pois o trunfo dos indicadores sociais é dar vida e visibilidade a um conceito
abstrato e suas expressões.
52
TÓPICO 3 |

Os Indicadores Sociais no Cotidiano Profissional

Ante o objeto desta pesquisa, a problematização e o objetivo proposto,


foram selecionados procedimentos e instrumentos considerados adequados para
o desenvolvimento do trabalho, dentre os quais a pesquisa de campo e a pesquisa
bibliográfica.

Delimitou-se a pesquisa aos projetos sociais cujo público-alvo é definido


pelos seguintes segmentos: idoso e criança/adolescente. A escolha por esses
segmentos se fundamentou na prioridade dos mesmos nos serviços públicos,
além de dispor sobre a proteção integral.

Levantou-se o universo de 23 assistentes sociais, sendo 17 delimitados


a partir da Deliberação CMDCA nº 34/2006 e nº 35/2006 e de organizações não
governamentais  que participam da rede criança de Presidente Prudente e 06
registrados no Guia do Idoso Cidadão. Desse universo, apenas 05 profissionais
concordaram a participar da pesquisa, sendo 03 atuantes com criança/adolescente
e 02 com idoso, tais profissionais desempenham papel na coordenação,
planejamento, execução e/ou avaliação de um projeto social.

Os primeiros dados revelados no processo de pesquisa, registra-se anterior


à entrevista e refere-se à atitude dos assistentes sociais diante do tema, como por
exemplo, a partir das falas que se seguem:

“Indicadores sociais? Então, estou sem tempo...”  (ASSISTENTE SOCIAL que


não concordou em conceder a entrevista)
“Vai ser difícil encontrar uma data livre...” (ASSISTENTE SOCIAL que não
concordou em conceder a entrevista).
“Não tenho autorização para falar sobre o tema” (ASSISTENTE SOCIAL que
não concordou em conceder a entrevista).

Nesta perspectiva, tais dados podem demonstrar uma manifestação


das dificuldades em discutir seus conhecimentos sobre o assunto, ou ainda, da
disponibilidade em refletir sobre a utilização dos mesmos.

Porém, a afirmação acima pode gerar uma distorção, como se a


responsabilidade pelo uso ou não dos indicadores sociais fosse de caráter pessoal.
Embora, o dado dependa da ação individual, o presente estudo compreende que
essa questão articula-se à competência do profissional e à realidade do processo
de gestão, que se apresenta dinâmico e complexo, ao mesmo tempo em que a
cultura conservadora predominante influencia no cotidiano profissional.

Ou seja, contraditoriamente, à defesa intransigente dos direitos sociais,


autonomia, equidade intercedido pelos assistentes sociais, há uma realidade
social conservadora, que impõe o individualismo, a alienação, a desestruturação
das políticas de proteção social, a despolitização da questão social etc.

Podemos constar, como mais uma superação a ser realizada pelo


profissional, a realidade contraditória em que ascenderam as políticas públicas.
Ao mesmo tempo, em que elas atendem algumas reivindicações da classe
trabalhadora, prestam, também, à manutenção da ordem vigente, a fim de evitar
transtornos à hegemonia da propriedade privada.

53
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Portanto, frente às contradições postas pela realidade social, pela ordem


social-econômica vigente e pelo seu campo de trabalho, a primeira forma de
superar o conservadorismo das ações nesta área é o conhecimento e é para isso
que o assistente social deve lutar, para ampliá-lo, alcançando a sua autonomia e
garantindo o compromisso profissional.

Apenas o engajamento político do cidadão profissional não é suficiente


para diretamente dele derivar uma base teórica rigorosa. Aliás, é um
velho ensinamento da política que, embora a vivência da realidade
provoque indagações para análise, a formação de uma consciência
teórica que requer um trato rigoroso do conhecimento acumulado, da
herança intelectual herdada. Portanto, o mero engajamento político,
descolado de bases teórico-metodológicas e do instrumental operativo
para a ação é insuficiente para iluminar novas perspectivas para o
Serviço Social. (IAMAMOTO, 2005, p. 55).

Já é de ciência que os indicadores sociais não mais estão presos e restritos à


pesquisa, mas estão cada vez mais inseridos na sociedade, manifestados por meio
da implantação, implementação, monitoramento e avaliação de políticas sociais. 

A utilização dos indicadores sociais, atrelado a outros meios e instrumentos,


é imprescindível ao desenvolvimento de um programa, projeto ou serviço. Aí é
revelada a necessidade, tanto do conhecimento quanto da utilização dos indicadores
sociais, pois uma vez que se sabe o que é um indicador social, é sabido também que
o mesmo é indispensável no cotidiano das ações e dimensões do processo de gestão.

Nessa perspectiva, considerando a graduação, o primeiro contato e


conhecimento sobre o tema, a pesquisa revelou que 80% estudaram indicadores
sociais na graduação e cerca de 60% tiveram gestão social.

“Tive indicadores sociais, mas sem profundidade”  (ASSISTENTE SOCIAL


entrevistada número 3).
“Estudei indicadores sociais, mas foi muito rápido.”  (ASSISTENTE SOCIAL
entrevistada número 4).
“Estudei gestão social na disciplina de planejamento” (ASSISTENTE SOCIAL
entrevistada número 4).

Embora a pesquisa evidencie que 80% tiveram indicadores sociais na


graduação, as falas revelam que a abordagem do tema não se esgota nesse período,
o que nos remete a outra discussão, relacionada à atualização profissional.

A sociedade está em constante processo de transformação, a cada dia


surgem novas demandas sociais que exigem novos conhecimentos, métodos e
técnicas capazes de responder adequadamente a tais demandas. Este é um dos
principais motivos que impulsionam a necessidade da atualização profissional,
inclusive dos assistentes sociais, que atuam em espaços contraditórios e em
processo de mudanças, entendendo a realidade dialeticamente, o que exige dos
profissionais a realizar mediações.
FONTE: Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c-v10n2_valderes.htm>. Acesso em:
15 abr. 2015.

54
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos:

• Analisando o Censo de 2010, é claramente percebido que o Brasil se encontra


em desigualdade social, geográfica, econômica, política entre outras.

• Os indicadores sociais permitem a realização de uma avaliação das ações


públicas de cada instância governamental, possibilitando que os governos
consigam planejar e gerenciar as políticas públicas sociais como saúde,
habitação, educação, assistência social, emprego e renda e outras.

• Um território significa um espaço operativo, onde as ações se desenvolvem no


enfrentamento do cotidiano da população.

• A representação da leitura da realidade se sintetiza através do diagnóstico,


onde as demandas e os investimentos necessários para a implementação das
políticas públicas se enfatizam e se concretizam.

• Os indicadores sociais de maior repercussão na realidade social brasileira são


os de longevidade e saúde.

• Conforme o IBGE (2010), no Brasil, os idosos chegam a somar 21,7 milhões de


habitantes, totalizando 11% da população.

• Os indicadores sociais, que estão relacionados com o perfil demográfico


apontam para o aumento da população idosa a cada ano.

• O Datasus é um sistema de dados informatizados do Ministério de Saúde, e


que tem como objetivo subsidiar indicadores sobre as questões que envolve a
saúde no país.

55
AUTOATIVIDADE

1 Através do exemplo citado no texto deste Caderno de Estudos, realize o


diagnóstico social de sua cidade, consulte no site do IBGE os seguintes dados:

Cidade:
Estado:
População estimada 2014:
População:
Área da unidade territorial (km²):
Densidade demográfica (hab./km²):
Código do Município:
Gentílico:
Prefeito:

2 No que se refere à educação, quais são os dados apresentados pelo IBGE em


relação ao seu município?

56
UNIDADE 1
TÓPICO 4

OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA


POBREZA NO BRASIL

1 INTRODUÇÃO
No último tópico desta unidade serão apresentados, ao(à) acadêmico(a),
os indicadores sociais e sua importância para a erradicação da pobreza no Brasil.

No tópico anterior foram estudados os indicadores sociais relacionados ao


trabalho e renda, porém de forma superficial, sem aprofundar a relação existente
entre a pobreza e vulnerabilidade social brasileira.

Este tópico busca a reflexão que vá além do imediato e questiona por que
tal realidade é apresentada. A disparidade econômica apresenta-se de forma que
aparentam a existência de duas realidades, dos beneficiados e dos não beneficiados.

2 OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA


POBREZA NO BRASIL
O mercado de trabalho contemporâneo está representado pelo trabalhador
que está disponível ao trabalho e pelas vagas disponíveis dentro do mercado de
trabalho.

Resgatando a história, pode-se notar que os indicadores sociais iniciaram


a sua contribuição como forma de subsídio nos anos de 1920 e 1930, mas somente
na metade dos anos de 1960 obteve um lugar de destaque, principalmente o que
diz respeito às administrações públicas.

Esse período de reconhecimento dos indicadores sociais passou a se


tornar um marco conceitual chamado de “movimento de indicadores sociais”,
tendo como ênfase o desacerto entre o crescimento econômico e a melhoria das
condições sociais da população residente no Terceiro Mundo.

57
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

No que diz respeito ao crescimento do Produto Interno Bruto – PIB, é


visível os altos índices de pobreza fortalecerem a desigualdade social e econômica
em todos os países. Sendo assim, o crescimento econômico não se fortalece
suficientemente para garantir o desenvolvimento social. É importante que as
instituições de ensino, como as universidades, organizações de classe, sindicatos,
centros e organizações de pesquisa e de planejamento na implementação dos
indicadores sociais, contribuam na elaboração de índices socioeconômicos.

Os indicadores sociais a cada dia estão ganhando mais espaço na mídia,


nos canais de telejornais, nas revistas, através das lideranças políticas que usam
em suas falas exemplos de indicadores sociais, como, por exemplo, a taxa de
desemprego, de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo e a taxa de pobreza,
utilizando-os para avaliar os avanços e os atrasos das políticas públicas.

Os administradores públicos utilizam-se dos indicadores sociais para


definição das prioridades das políticas públicas e implementação de recursos
públicos.

Conforme o Censo de 2010, no ano de 2006 o rendimento médio mensal


domiciliar do país chegou aproximadamente em R$ 601,00, porém, para as
pessoas que são beneficiadas com recursos de programas sociais, o rendimento
mensal foi de R$ 172,00, e para os que não receberam foi próximo de R$ 699,00.

FIGURA 12 - DESIGUALDADE SOCIAL

FONTE: Disponível em: <www.http://jornalggn.com.br/noticia/a-meritocracia-e-a-reducao-de-


desigualdades>. Acesso em: 21 abr. 2015.

O índice de aumento do número de mulheres no mercado de trabalho foi


observado em todas as regiões brasileiras, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Ceará e Piauí, tiveram destaque no Censo de 2010, tendo uma taxa mais elevada,
acima da média.

58
TÓPICO 4 | OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL

A autonomia econômica das mulheres constitui fator de suma


importância na busca da igualdade entre mulheres e homens, sejam elas das
cidades, do campo ou na floresta. A autonomia econômica das mulheres é a
condição que elas têm de prover o seu próprio sustento, decidindo por elas
mesmas a melhor forma de fazê-lo. Isso envolve também as pessoas que delas
dependem. Assim, ela é mais do que autonomia financeira, uma vez que inclui
uma perspectiva de vida de longo prazo, com acesso a previdência social e a
serviços públicos. Para isso, a SPM vem desenvolvimento políticas públicas
voltadas para a inserção e a permanência das mulheres no mundo do trabalho
e a ampliação dos seus direitos sociais.

As mulheres já conquistaram muito nessa área, mas ainda há importantes


desafios pela frente, como a obtenção de igualdade salarial. É preciso avançar
mais na legislação e alterar as relações de trabalho entre mulheres e homens.
A dupla jornada de trabalho das mulheres é uma das principais responsáveis
pelas condições desiguais entre mulheres e homens no mundo do trabalho. A
lei que amplia os direitos das trabalhadoras domésticas (PEC das Domésticas),
as proposições sobre licenças-maternidade e paternidade, a agenda do trabalho
decente e a ampliação da oferta de vagas em creches são algumas das medidas
que reforçam a autonomia econômica das mulheres e promovem a igualdade
no mundo do trabalho.
FONTE: Disponível em: <http://www.spm.gov.br/assuntos/mulher-e-trabalho>. Acesso em: 21
abr. 2015.

Outro índice a ser observado é a taxa de atividade rural, pois perante o


Censo de 2010, a taxa rural teve uma queda de 72,5% para 70,7% e a urbana um
crescimento de 52,5% para 58,6%.

Outra variação ocorreu na distribuição na ocupação por faixa etária,


como, por exemplo, os grupos de 10 a 17 anos e os de 65 anos, que passaram para
a faixa da população economicamente não ativa. Neste aspecto também houve
uma queda de 64% para 61% dos trabalhadores com carteira assinada.

O último censo apresenta também o aumento na formalização dos


trabalhadores domésticos, que de 18% foi para 25%. No que diz respeito ao
rendimento médio ocupado, aconteceu um aumento com grandes variações na
distribuição de renda em todas as regiões do Brasil. As diferenças são definidas
de 70 para 0,98 do salário mínimo.

Essas avaliações estão fundamentadas diante do conceito de Renda e


Pobreza, sendo que:

• RENDA é o valor financeiro utilizado para suprir as necessidades individuais


do ser humano, relacionadas com alimentação, moradia, educação, saúde,
lazer e seu crescimento econômico.
• POBREZA é entendida em diversos sentidos, em especial a falta de material
das necessidades básicas da vida cotidiana, ou seja, quando uma família ou um
indivíduo não possui o necessário para sua subsistência.
59
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

A partir da década de 1960, iniciaram-se as discussões no meio acadêmico


sobre a temática dos indicadores sociais, que estão relacionados à pobreza. Foi
na década de 1970 que, através do aumento das desigualdades de renda e o
crescimento acelerado da população, os problemas sociais como a falta de moradia
e falta de condições dignas de trabalho, apontaram a elevação da demanda das
questões sociais. No ano de 1980, através da crise econômica os indicadores sociais
sobre a situação de pobreza ganham destaque em diversos setores da sociedade.

Durante a década de 1990, o Mapa da Fome foi apresentado, e teve como


finalidade um estudo dos municípios brasileiros, em relação ao nível de pobreza e
indigência. “Indigência e pobreza retratam situações de carência de rendimentos
suficiente para compra, respectivamente, de uma cesta básica de alimentos e cesta
básica de produtos e serviços imprescindíveis à reprodução social”. (JANNUZZI,
2006, p. 101).

As diferenças sociais são as representações da diferença entre distribuição


de renda do sistema capitalista e econômico ao qual estamos inseridos, pois
se adequam em uma realidade nebulosa, onde está inserida grande parte da
população, vivendo em condições precárias com riscos de extrema pobreza.

“Em 1960 os ricos ganhavam 30 vezes mais que os pobres. Em 1994, os


20% mais ricos conseguiram renda 78 vezes superior à dos 20% mais pobres”
(VIEIRA, 2004, p. 21).

Diante desse quadro, os reflexos emergem nas condições de violência


urbana, que a cada dia estão mais aparentes na sociedade, o número crianças
que vivem em condições de vulnerabilidade social, vítimas de agressão física,
psicológica e sexual, expostas ao trabalho infantil, vivenciando e atuando no
mundo do tráfico de drogas devido à falta de estrutura familiar e que se tornam
vítimas do sistema que as conduziu.

Violência contra crianças e adolescentes é questão de Saúde

Segundo dados de 2009, da Sociedade Internacional de Prevenção ao


Abuso e Negligência na Infância, 12% das 55,6 milhões de crianças brasileiras
menores de 14 anos são vítimas, anualmente, de alguma forma de violência.
São 6,6 milhões de crianças agredidas, construindo uma média de 18 mil
crianças vitimadas por dia.

As violências e os acidentes, juntos, constituem a segunda causa de


óbitos no quadro geral da mortalidade brasileira.

Na faixa etária entre 1 a 9 anos, 25% das mortes são devidas a essas
causas e, de 5 a 19 anos, é a primeira causa entre todas as mortes ocorridas
nessas faixas etárias, segundo dados do Ministério da Saúde, ou seja, a
gravidade do problema atinge significativamente a infância e a adolescência.

60
TÓPICO 4 | OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL

E mesmo nas situações não fatais, as lesões e traumas físicos, sexuais e


emocionais deixam sequelas para toda a vida.

Na Região Norte, os maiores índices de internação hospitalar por


causas externas (acidentes de transporte, homicídios e suicídios, compreende
acidentes e violências que são subdivididas em intencionais, não intencionais
ou acidentais e de intencionalidade desconhecida), onde se configuram as
formas de violência, envolvem crianças e adolescentes.

Em 2006, as internações de crianças menores de um ano, chegaram a


50,92%, de 1 a 4 anos a 51,26%, de 5 a 9 anos, a 45,17% e, de 10 a 19 anos, a
51,32% (DATASUS). Os dados de mortalidade também são mais expressivos
na faixa etária infantojuvenil, sendo que o Brasil ocupa o segundo lugar, no
mundo, em mortes por causas externas de pessoas entre 15 e 24 anos de idade.

Ainda que esses dados representem, no sistema de saúde, apenas uma


das faces da violência contra crianças e adolescentes, apontam a gravidade do
fenômeno e a necessidade urgente do setor saúde assumir papel protagonista
no enfrentamento à violência.

Esse papel perpassa não apenas pelo compromisso legal que compete
aos gestores no Brasil, sejam os Ministérios, os Governos Estaduais e Municipais,
na implantação de políticas, programas e serviços, mas, fundamentalmente,
pela atitude proativa de todos os profissionais que atuam no campo das
Políticas Públicas. Ao profissional da saúde, cabe se apropriar e entender o
fenômeno da violência, aliando essa compreensão ao conhecimento técnico-
científico e à prática dentro da área de atuação.

A proteção, o cuidado e a promoção da saúde no desenvolvimento


de crianças e adolescentes, direito amparado pelas legislações internacional
e brasileira, é dever de qualquer cidadão e dos profissionais atuantes, seja
médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, pedagogo, odontólogo,
terapeutas, entre outros.

O consenso de que os profissionais atuantes na saúde têm papel relevante


no enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes, motivou um
conjunto de organizações a elaborar este Protocolo de Atenção Integral a crianças
e adolescentes vítimas de violência, uma abordagem interdisciplinar na Saúde.

O Protocolo tem o objetivo de contribuir para uma intervenção


qualificada e interdisciplinar dos profissionais que atuam na Saúde, no que
se refere ao enfrentamento à violência, e estimular novas atitudes e práticas
cotidianas de pensar e de agir, que considerem e priorizem as especificidades
das crianças e adolescentes da Amazônia.
FONTE: Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/cidadaos/infancia-e-juventude/publicacoes/
publicacoes-1/ProtocoloAtenIntegralCriancasAdolecentesVitimasViol.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2015.

61
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

A situação de exclusão de renda, bens e consumo, refletem na


reprodução das demandas sociais de enfrentamento da pobreza que se agravam
cotidianamente, como na área de habitação, educação, trabalho, saneamento
básico, saúde, assistência social, segurança pública.

Conforme o IBGE (2013), cerca de 32,6% dos municípios brasileiros


expunham que mais da metade de sua população vive na pobreza, sendo que
77,1% da população concentram-se na região nordeste.

O Brasil, desde o seu descobrimento, teve a desigualdade de renda como


umas das características mais relevantes e marcantes do país, sendo considerada
uma das piores distribuições de renda do mundo, no ano de 2011 mais que a
metade da população, 58,5% recebia até 2 salários mínimos, em contrapartida,
5,8% recebiam entre 5 a 10 salários mínimos, e 2,6 % acima de 10 salários mínimos
(BRASIL, 2013).

DICAS

Para conhecer os principais indicadores sociais, analise a pesquisa do último


Censo Demográfico de 2010. O material: Síntese dos Indicadores Sociais: uma análise das
condições de vida da população brasileira. 2013. n 13. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/
Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2013/SIS_2013.pdf>.

E também acesse: INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO. Disponível


em:<http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/simulacao/pdf/Indicadores%20de%20
Desenvolvimento%20Brasileiro-final.pdf>.

62
TÓPICO 4 | OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL

LEITURA COMPLEMENTAR

DESIGUALDADE E POBREZA NO BRASIL:


retrato de uma estabilidade inaceitável

Ricardo Paes de Barros 


Ricardo Henriques 
Rosane Mendonça

O Brasil, nas últimas décadas, vem confirmando, infelizmente, uma


tendência de enorme desigualdade na distribuição de renda e elevados níveis
de pobreza. Um país desigual, exposto ao desafio histórico de enfrentar uma
herança de injustiça social que exclui parte significativa de sua população do
acesso a condições mínimas de dignidade e cidadania. Como uma contribuição
ao entendimento dessa realidade, este artigo procura descrever a situação atual e
a evolução da magnitude e da natureza da pobreza e da desigualdade no Brasil,
estabelecendo inter-relações causais entre essas dimensões.

Trata-se de um relato empírico e descritivo, que retrata a realidade


da pobreza e da desigualdade. Nossa hipótese central, presente em estudos
anteriores, é que, em primeiro lugar, o Brasil não é um país pobre, mas um país
com muitos pobres. Em segundo lugar, acreditamos que os elevados níveis
de pobreza que afligem a sociedade encontram seu principal determinante na
estrutura da desigualdade brasileira - uma perversa desigualdade na distribuição
da renda e das oportunidades de inclusão econômica e social.

Procuramos, ainda, demonstrar a viabilidade econômica do combate à


pobreza e justificar a importância, no atual contexto econômico e institucional
brasileiro, de estabelecer estratégias que não descartem a via do crescimento
econômico, mas que enfatizem, sobretudo, o papel de políticas redistributivas
que enfrentem a desigualdade.

[...] A evolução da pobreza e da indigência no Brasil entre 1977 e 1998 pode ser
reconstruída a partir da análise das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios
(PNADs) realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estas
pesquisas domiciliares anuais permitem construir uma diversidade de indicadores
sociais que retratam, entre outros, a evolução da estrutura da distribuição dos padrões
de vida e da apropriação de renda dos indivíduos e das famílias brasileiras.

A pobreza, evidentemente, não pode ser definida de forma única e


universal. Contudo, podemos afirmar que se refere a situações de carência em que
os indivíduos não conseguem manter um padrão mínimo de vida condizente com
as referências socialmente estabelecidas em cada contexto histórico. Deste modo,
a abordagem conceitual da pobreza absoluta requer que possamos, inicialmente,

63
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

construir uma medida invariante no tempo das condições de vida dos indivíduos
em uma sociedade. A noção de linha de pobreza equivale a esta medida. Em
última instância, uma linha de pobreza pretende ser o parâmetro que permite a
uma sociedade específica considerar como pobres todos aqueles indivíduos que
se encontrem abaixo do seu valor.

Neste trabalho consideramos a pobreza na sua dimensão particular


(evidentemente simplificadora) de insuficiência de renda, isto é, há pobreza
apenas na medida em que existem famílias vivendo com renda familiar per capita
inferior ao nível mínimo necessário para que possam satisfazer suas necessidades
mais básicas. A magnitude da pobreza está diretamente relacionada ao número
de pessoas vivendo em famílias com renda per capita abaixo da linha de pobreza
e à distância entre a renda per capita de cada família pobre e a linha de pobreza.

Os resultados das PNADs revelam que, em 1998, cerca de 14% da


população brasileira vivia em famílias com renda inferior à linha de indigência e
33% em famílias com renda inferior à linha de pobreza. Deste modo, como vemos,
cerca de 21 milhões de brasileiros podem ser classificados como indigentes e 50
milhões como pobres.

Ao longo das últimas duas décadas, como observamos na tabela, a


intensidade da pobreza manteve um comportamento de relativa estabilidade, com
apenas duas pequenas contrações, concentradas nos momentos de implantação
dos planos Cruzado e Real. Este comportamento estável, com a porcentagem de
pobres oscilando entre 40% e 45% da população, apresenta flutuações associadas,
sobretudo, à instável dinâmica macroeconômica do período. O grau de pobreza
atingiu seus valores máximos durante a recessão do início dos anos 80, em 1983 e
1984, quando a porcentagem de pobres ultrapassou a barreira dos 50%. As maiores
quedas resultaram, como dissemos, dos impactos dos planos Cruzado e Real,
fazendo a porcentagem de pobres cair abaixo dos 30% e 35%, respectivamente.

Considerando o período como um todo, constatamos que a porcentagem


de pobres declinou de cerca de 39% em 1977 para cerca de 33% em 1998. Este
valor ao final da série histórica analisada, apesar de ainda ser extremamente alto,
aparenta representar um novo patamar do nível de pobreza nacional. A intensidade
da queda na magnitude da pobreza ocorrida entre 1993 e 1995 foi menor do que
em 1986. No entanto, a queda de 1986 não gerou resultados sustentados, com o
valor da pobreza retornando no ano seguinte ao patamar vigente antes do Plano
Cruzado. Entre 1995 e 1998 a porcentagem de pobres permaneceu estável em torno
do patamar de 34%, indicando a manutenção dos impactos do Plano Real.

Apesar da pequena queda observada no grau de pobreza, o número de pobres


no Brasil, em decorrência do processo de crescimento populacional, aumentou em
cerca de 10 milhões, passando de 40 milhões em 1977 para 50 milhões em 1998.
A combinação entre as flutuações macroeconômicas e o crescimento populacional
fez com que o número de pobres chegasse a quase 64 milhões na crise de 1984 e
a menos de 38 milhões em 1986. No final dos anos 80 registra-se uma aceleração

64
TÓPICO 4 | OS INDICADORES SOCIAIS E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA NO BRASIL

no contingente da população pobre e, no período recente, após a implantação do


Plano Real, cerca de 10 milhões de brasileiros deixaram de ser pobres.

Os atuais 50 milhões de pessoas pobres, por sua vez, encontram-se


heterogeneamente distribuídos abaixo da linha de pobreza e sua renda média
encontra-se cerca de 55% abaixo do valor da linha de pobreza. Os 21 milhões
de pessoas indigentes, que correspondem a um subconjunto da população
pobre, estão igualmente distribuídos de forma heterogênea e encontram-se mais
próximos de seu valor de referência, com sua renda média mantendo-se cerca de
60% abaixo da linha de indigência.

Portanto, a magnitude da pobreza, mensurada tanto em termos do volume


e da porcentagem da população como do hiato de renda, apresenta, na segunda
metade da década de 90, a tendência de manutenção de um novo patamar, inferior
ao observado desde o final dos anos 70. Isto indica, sem dúvida alguma, uma
melhoria aparentemente estável no padrão da pobreza, mas este valor continua
moralmente inaceitável para a entrada do Brasil no próximo século.

 A pobreza, como ressaltamos anteriormente, está sendo analisada neste


artigo exclusivamente na dimensão de insuficiência de renda. Neste sentido, a
pobreza responde a dois determinantes imediatos: a escassez agregada de recursos
e a má distribuição dos recursos existentes. Esta parte do trabalho investiga essas
relações causais, procurando avaliar os pesos relativos da escassez agregada de
recursos e da sua distribuição na determinação da pobreza no Brasil.

[...] A importância da escassez de recursos na determinação da pobreza


brasileira é avaliada, a seguir, a partir de três critérios: a comparação do Brasil com
o resto do mundo, a análise da estrutura da renda média do país e, finalmente,
o exame do padrão de consumo médio da família brasileira. Ao analisarmos, de
forma exaustiva e a partir de diversos critérios esse aspecto da determinação da
pobreza, pretendemos demonstrar que a pobreza no Brasil não deve ser associada
prioritariamente à escassez, absoluta ou relativa, de recursos. Assim, podemos
confirmar a primeira parte de nosso diagnóstico: o Brasil, apesar de dispor de um
enorme contingente de sua população abaixo da linha de pobreza, não pode ser
considerado um país pobre e a origem dessa pobreza, não residindo na escassez
de recursos, deve ser investigada em outra esfera.

Em primeiro lugar, contrastamos a renda per capita e o grau de pobreza no


Brasil com os demais países do mundo. Esta comparação nos permite verificar se o
grau de pobreza no Brasil é mais elevado do que o que se encontra em países com
renda per capita similar. Podemos decompor o grau de pobreza em duas dimensões:
(a) a baixa renda  per capita  brasileira e (b) o elevado grau de desigualdade na
distribuição dos recursos existentes no Brasil. A primeira dimensão, dada pelo
grau de pobreza médio dos países com nível de renda per capita similar à brasileira,
está associada ao baixo valor da renda per capita em relação aos países mais ricos
do mundo. A segunda dimensão resulta da diferença entre o grau de pobreza
brasileiro e o dos demais países com renda similar à brasileira.

65
UNIDADE 1 | O VALOR E A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA E DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O SERVIÇO SOCIAL

Em segundo lugar, comparamos a renda per capita brasileira com a linha de


pobreza nacional. Na medida em que a renda média brasileira é significativamente
superior à linha de pobreza, podemos associar a intensidade da pobreza à
concentração de renda. Nesta seção definimos um exercício redistributivo que
contempla tanto o cenário ideal (de execução impossível e não necessariamente
desejável) de distribuição perfeitamente equitativa da renda, como o cenário
de redução do grau de pobreza a partir da repartição progressiva dos recursos
disponíveis. O principal objetivo desse exercício é demonstrar que uma divisão
mais equitativa dos recursos pode ter um impacto relevante sobre a pobreza em um
país que dispõe de uma renda per capita bastante superior à sua linha de pobreza.

Em terceiro lugar, descrevemos brevemente o padrão de consumo das


famílias brasileiras com renda per capita em torno da média nacional. Na medida
em que o padrão de  consumo dessas famílias é satisfatório, obtemos uma
demonstração adicional de que a pobreza no Brasil é sobretudo um problema
relacionado à distribuição dos recursos e não à sua escassez.

Analisar a estrutura da distribuição de renda mundial permite contextualizar


a posição relativa do Brasil no cenário internacional. Observamos que cerca de 64%
dos países do mundo têm renda per capita inferior à brasileira. Por outro lado, na
medida em que alguns países com enorme população encontram-se abaixo do
Brasil nesta estrutura da distribuição de renda, concluímos que cerca de 77% da
população mundial vive em países com renda per capita inferior à do Brasil. Assim,
essa distribuição da renda mundial, construída a partir do Relatório de desenvolvimento
humano de 1999, [...] nos revela que, apesar de o Brasil ser um país com muitos pobres,
sua população não está entre as mais pobres do mundo. A comparação internacional
quanto a renda per capita coloca o Brasil entre o terço mais rico dos países do mundo
e, portanto, não nos permite considerá-lo um país pobre.
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-6909200
0000100009>. Acesso em: 21 abr. 2015.

66
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico vimos:

• A análise e interpretação da realidade social acontece através de uma leitura


profissional dos indicadores sociais, que estão fundamentados nos dados
estatísticos, sendo esses considerados a matéria-prima para os mesmos.

• Os indicadores sociais, além de possuírem um papel fundamental na elaboração


das políticas públicas, também possuem um caráter investigativo nas buscas
de repostas e de direcionamento nas ações profissionais.

• O mercado de trabalho contemporâneo está representado pelo trabalhador,


que está disponível ao trabalho e pelas vagas disponíveis dentro do mercado
de trabalho.

• Os trabalhadores são divididos entre duas categorias: População em Idade


Ativa - PIA, e a População Economicamente Ativa - PEA. População em
Idade Ativa é a po­pulação de um país que está apta a exercer uma atividade
econômica produtiva.

• Esse período de reconhecimento dos indicadores sociais passou a se tornar um


marco conceitual chamado de “movimento de indicadores sociais”, tendo como
ênfase o desacerto entre o crescimento econômico e a melhoria das condições
sociais da população residente no Terceiro Mundo.

• Produto Interno Bruto - PIB, é visível os altos índices de pobreza que


fortalecem a desigualdade social e econômica em todos os países. Sendo
assim, o crescimento econômico não se fortalece suficientemente para garantir
o desenvolvimento social.

• Os indicadores sociais a cada dia estão ganhando mais espaço na mídia, nos
canais de telejornais, nas revistas, através das lideranças políticas que usam
em suas falas exemplos de indicadores sociais, como, por exemplo, a taxa de
desemprego, de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo e a taxa de pobreza,
utilizando-os para avaliar os avanços e os atrasos das políticas públicas.

• Os administradores públicos utilizam-se dos indicadores sociais para definição


das prioridades das políticas públicas e implementação de recursos públicos.

• As diferenças sociais são as representações da diferença entre distribuição de


renda do sistema capitalista e econômico, que estamos inseridos, pois adéquam
em uma realidade nebulosa, onde está inserida grande parte da população,
vivendo em condições precárias, com riscos de extrema pobreza.

67
AUTOATIVIDADE

1 Conforme as diferenças sociais são as reorientações da


diferença entre distribuição de renda do sistema capitalista
e econômico que estamos inseridos, pois adequam-se em
uma realidade nebulosa, onde está inserida grande parte da
população, vivendo em condições precárias, com riscos de extrema pobreza.
Jannuzzi (2006) considera a indigência e a pobreza, como:

a) ( ) Indigência e pobreza retratam situações de carência de rendimentos


suficiente para compra, respectivamente, de uma cesta básica de
alimentos e cesta básica de produtos e serviços imprescindíveis à
reprodução social.
b) ( ) Indigência são as famílias que têm renda per capita de até 1/2 do salário
mínimo de referência, e pobreza são todos os que têm renda per capita
de 2 (dois) salários mínimos de referência.
c) ( ) São todos os considerados que não têm fonte de renda independente
da legalidade trabalhista.
d) ( ) Indigência são os moradores de rua e usuários das políticas públicas
que são considerados pobres os que têm um teto para morar, mesmo
em condições precárias.

2 Pesquise, em seu município, qual é o instrumento da Política de Assistência


Social que atende às crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica,
e apresente os dados relativos aos atendimentos acontecidos no ano em
vigência. Deverá conter: Município Setor, Número de crianças e adolescentes
atendidos, sexo, faixa etária, motivo do encaminhado (Violência física,
sexual e psicóloga).

68
UNIDADE 2

CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:

• dominar a terminologia, os símbolos usuais e conceitos básicos habitual-


mente encontrados na literatura especializada de estatística de forma a ler
com proveito trabalhos técnicos;

• efetuar cálculos pertinentes e necessários à obtenção dos chamados dados


estatísticos;

• compreender e construir uma distribuição de frequência e sua representa-


ção gráfica;

• delinear ações de coleta de dados, resumir, relatar, organizar e interpretar


informações sob o aspecto Estatístico;

• efetuar cálculos de medidas de tendência central e dispersão de dados.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em 4 (quatro) tópicos, sendo que ao final de cada
um deles você encontrará atividades que o ajudarão a fixar os conhecimentos
adquiridos.

TÓPICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

TÓPICO 2 – REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DAS DISTRIBUIÇÕES DE


FREQUÊNCIA

TÓPICO 3 – MEDIDAS DE POSIÇÃO (MÉDIA, MODA E MEDIANA)

TÓPICO 4 – MEDIDAS DE DISPERSÃO (DESVIO PADRÃO E COEFI-


CIENTE DE VARIAÇÃO)

69
70
UNIDADE 2 TÓPICO 1

DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

1 INTRODUÇÃO
Os dados coletados através de observações são o material básico com que o
pesquisador trabalha. As observações podem ser, por exemplo, os dados pessoais
de um grupo de acadêmicos, produtividade de uma planta, a velocidade de
processamento de um computador, a resistência de um indivíduo a determinada
doença, a variedade de cores de uma flor, sexo do primeiro filho de um casal,
a satisfação dos acadêmicos com o curso que estão fazendo, a opinião dos
estudantes quanto à didática do professor, e muitas outras mais.

Feita a coleta de material, é necessário organizar os dados de tal forma que


facilite sua leitura e descrição. A organização dos dados em tabelas é chamada
distribuição de frequência.

2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA
É um tipo de tabela que condensa uma coleção de dados conforme as
frequências (repetições de seus valores).

Tabela primitiva ou dados brutos: Os dados coletados em campo e trazidos


para o local de análise na forma como foram coletados são denominados dados
brutos. Normalmente este tipo de dados traz pouca ou nenhuma informação ao leitor.

É necessário então organizá-los para aumentar sua capacidade de


informação.

Exemplo: Sejam as seguintes notas obtidas em estatísticas:

8 2 5 6 5 6 5 4 3 7 5 6 5 4 7 2 5 4 6 5 3 6 5 4 2 5 3 6

71
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

UNI

É difícil formarmos uma ideia exata do comportamento do grupo como um


todo, a partir de dados não ordenados. Alguns cálculos estatísticos só são corretos se os
dados estiverem organizados em rol.

UNI

É a tabela obtida após a ordenação dos dados (crescente ou decrescente).


A mais simples organização numérica como a ordenação dos dados de forma crescente ou
decrescente já aumenta muito a capacidade de informação destes.
O ROL do exemplo anterior será:
2 2 2 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 7 7 8.

3 TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

3.1 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA SEM INTERVALOS DE


CLASSE
Atente que, na maioria das vezes, quando estamos estudando os dados,
estaremos diante de uma planilha eletrônica, portanto, se as informações
estiverem todas visíveis sem a necessidade de usar a barra de rolagem, facilitará
sua visualização, sintetiza-se a informação e facilita-se o cálculo.

Distribuindo então, os dados em classes, e contando-se o número de


indivíduos contidos em cada classe, obtém-se a frequência da classe. A disposição
tabular dos dados agrupados em classes, juntamente com as frequências
correspondentes denomina-se distribuição de frequência.

Ainda no caso anterior, por exemplo, temos três ocorrências iguais a 2,


três iguais a 3, quatro iguais a 4, nove iguais a 5, seis iguais a 6, duas iguais a
7 e uma igual a 8. Então podemos representar simplesmente por uma tabela de
distribuição de frequência que ficará assim:

72
TÓPICO 1 | DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

Nota em Estatística - 2000

i Informação Frequência (fi)

1 2 3
2 3 3
3 4 4
4 5 9
5 6 6
6 7 2
7 8 1
Total 28

FONTE: A autora

UNI

A primeira coluna “i” representa apenas a linha, o número i representa a linha da


informação. A segunda coluna é a informação coletada. E a terceira é a quantidade de vezes
que a informação ocorreu, chamamos essa coluna de frequência absoluta e representamos
por fi. Por exemplo, na 1ª linha (i = 1) temos que os alunos que tiraram nota 2 em estatística
(x1 = 2) foram 3 (f1 = 3)

Podemos resumir que a distribuição de frequência sem intervalo de classe


é a simples condensação dos dados conforme as repetições de seus valores. Para
um ROL de tamanho razoável esta distribuição de frequência é inconveniente, já
que exige muito espaço.

UNI

Observe que usamos a mesma relação de dados que estamos usando desde
o início deste tópico. Iniciamos com os dados brutos, fizemos o ROL e agora a distribuição
de frequência.

73
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

3.2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA COM INTERVALOS DE


CLASSE
Quando o tamanho da amostra é elevado é mais racional efetuar o
agrupamento dos valores em vários intervalos de classe.

É importante que a distribuição conte com um número adequado de classes.


Se o número de classes for escasso, os dados originais ficarão tão condensados
que pouca informação se poderá extrair da tabela. Se, por outro lado, se formar
muitas classes, haverá algumas com frequências nulas ou muito pequenas, e
como resultado teremos uma distribuição irregular com pouca capacidade de
interpretação do fenômeno como um todo. Por motivos práticos e estéticos é bom
que este número seja maior que cinco e menor que vinte.

Notas em Estatística - 2002


Classes Frequências

02├ 04 6
04├ 06 13
06├ 08 8
08├ 10 1

Total 28

FONTE: A autora

No exemplo anterior formamos apenas 4 intervalos de classes, pois não


dispomos de dados suficientes para mais intervalos. Desta forma, caro acadêmico,
ficou claro que não havia necessidade de montarmos uma distribuição de frequência
com intervalos de classes para este pequeno número de dados, poderíamos fazer
toda a descrição dos dados com a distribuição anterior, sem intervalos de classes.
Contudo há exemplos em que há a necessidade de agruparmos em classes. Veja
a seguir dados sobre as idades dos participantes de uma excursão para visitar
algum ponto turístico de Santa Catarina.

12 13 15 15 15 15 16 17 18 19
20 21 21 21 21 21 21 22 22 22
32 33 33 33 33 33 33 50 50 50
50 50 50 50 50 50 51 51 51 51
51 51 51 51 52 52 52 52 52 52

74
TÓPICO 1 | DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

Os dados estão organizados em ordem crescente, portanto dizemos que


estão em ROL. Porém, mesmo não sendo um número tão grande de dados, sua
visualização e interpretação começam a ser difíceis. Organizando uma distribuição
de frequência com intervalos de classes a apresentação ficaria assim:

Idades dos Turistas


Classes Frequências
12├ 19 9
19├26 11
26├ 33 1
33├ 40 6
40├ 47 0
47├ 54 23
Total 50

FONTE: A autora

UNI

Alguns autores defendem a exclusão de uma linha, se a frequência for nula,


como aconteceu no exemplo acima (linha 5 classe 40├ 47). Nós não excluiremos!

A construção correta de uma distribuição de frequência com classes segue


algumas regras que veremos a seguir, não se preocupe, pois são regras fáceis.

4 ELEMENTOS DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

Uma distribuição de frequência possui vários elementos, tais como:

a) Classe: são os intervalos de variação da variável. É simbolizada por i e o


número total de classes simbolizada por k.

No primeiro exemplo (notas):



k = 4, pois foram formadas 4 classes de dados (4 linhas). A primeira classe (i = 1)
apresenta que os alunos que tiraram notas entre 2 e 4, excluindo o 4 (2 ├ 4) foram
6 (f1 = 6).

75
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

No segundo exemplo (turistas):

k = 6, ou seja, 6 classes (linhas) na distribuição de frequência. i = 4 representa a


4ª classe onde temos 33 ├ 40, ou seja, se encontra os turistas de 33 até 40 anos de idade
(excluindo os de 40). Nessa classe, f4 = 6, ou seja, há 6 turistas nessa faixa etária.

b) Limites de classe: são os extremos de cada classe. O menor número é o limite


inferior de classe (li) e o maior número, limite superior de classe (Ls).

Exemplos: No primeiro exemplo anterior, temos a classe 6├ 8, onde li =


6 e Ls= 8. O símbolo ├ representa um intervalo fechado à esquerda e aberto à
direita (ou seja, o valor 6 (li) pertence a essa classe enquanto que o valor 8 (Ls) não
pertence). O dado 8 do ROL não pertence a classe 3 e sim a classe 4 representada
por 8 ├ 10.

Já no segundo caso, temos a classe 33├ 40, onde li = 33 e Ls = 40.

c) Amplitude do intervalo de classe: é obtida através da diferença entre o limite


superior e inferior da classe e é simbolizada por hi = Ls - li.

Exemplo: No primeiro exemplo anterior hi= 6 - 4 = 2. Obs.: Na distribuição de


frequência com intervalo de classe o hi será igual em todas as classes. No segundo
caso, temos hi = 19 – 12 = 7 (igual em todas as classes).

d) Amplitude total da distribuição: é a diferença entre o limite superior da última


classe e o limite inferior da primeira classe. AT = L(max) - l(min).

Exemplo: No primeiro exemplo anterior AT = 10 – 2 = 8. No segundo caso


AT = 54 – 12 = 42.

e) Amplitude total da amostra (Rol): é a diferença entre o valor máximo e o


valor mínimo da amostra (ROL). Onde AA = Xmax - Xmin. No primeiro exemplo
anterior AA = 8 - 2 = 6. No segundo caso AA = 52 – 12 = 40

Obs.: AT sempre será maior que AA.

UNI

Caro acadêmico, perceba a sutil diferença entre a amplitude total da distribuição


(AT) e a amplitude total da amostra (AA). Na primeira calcula-se a diferença do maior para o
menor valor da distribuição NA TABELA, enquanto que, na segunda, calcula-se a diferença
entre o maior e o menor valor da amostra, nos DADOS BRUTOS ou no ROL.

76
TÓPICO 1 | DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

f) Ponto médio da classe: é o ponto que divide o intervalo de classe em duas


partes iguais. .Ex.:
68
No primeiro exemplo anterior, em 6 ├ 8 o ponto médio xi =  7 , ou
seja, xi= li + Ls .
2
2�
Segundo caso, o ponto médio da 4ª classe (33├ 40) será
33  40 73
xi    36 ,5 .
2 2

4.1 MÉTODO PRÁTICO PARA CONSTRUÇÃO DE UMA


DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA COM INTERVALOS DE
CLASSE
1º - Organize os dados brutos em um ROL.
2º - Calcule a amplitude amostral AA.
3º - Calcule o número de classes através da "Regra de Sturges": i = 1 + 3,3.log n

Onde: i = o número de classes da distribuição de frequência;


Log n = logaritmo do número de elementos envolvidos.

OBS.: é necessária uma calculadora científica para determinar o logaritmo


de um número. Primeiro descobrir o log n, depois multiplicar por 3,3 e por último,
somar 1.

UNI

Caro acadêmico, qualquer regra para determinação do no de classes da


tabela não nos leva a uma decisão final. O número de classes, na realidade vai depender de
um julgamento pessoal, que deve estar ligado à natureza dos dados, como por exemplo,
quando se está trabalhando com notas de alunos (de zero a dez), a regra perde o seu
verdadeiro objetivo, mesmo porque normalmente trabalha-se com amostras superiores
a cem elementos. Neste caso, aplicando a regra de Sturges para uma amostra de 1200
elementos encontrar-se-ia 11 classes, o que se torna inviável.

77
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

4º - Decidido o nº de classes, calcule então a amplitude do intervalo de

AA
classe h > .
i
AA
OBS.: o símbolo > significa maior que, ou seja, a desigualdade h >
i

Significa que h é maior que a razão entre AA (amplitude total da amostra)


e i (número de classes).

5º - Temos então o menor nº da amostra, o nº de classes e a amplitude do intervalo.

Exemplos de construção de uma tabela de distribuição de frequência de


classes:

1 Uma prefeitura coletou dados sobre a renda mensal dos indivíduos de uma
comunidade para traçar um perfil socioeconômico e a partir disso elaborar
um projeto social na comunidade. Abaixo está o resultado de uma amostra
aleatória de 50 pessoas residentes na comunidade:

899,76 578,90 800,00 1234,32 2080,00


786,43 1010,43 1654,25 908,99 990,54
1000,76 1100,45 1600,00 1345,54 965,00
1900,00 980,12 1055,90 777,23 880,76
1670,98 2000,00 1865,43 1408,30 671,45
678,12 1785,30 1100,00 2043,89 1009,65
920,98 1029,12 1900,43 1290,12 976,45
1080,67 850,80 2109,88 885,85 683,92
595,45 900,00 1920,01 1280,70 904,90
1798,24 1000,00 1383,90 1782,39 1100,99

Para escrever esses dados numa tabela de distribuição de frequência de


classe faremos os 5 passos:

1º passo: fazer o ROL

Basta colocar os dados acima em sequência crescente:

78
TÓPICO 1 | DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA

578,90 885,85 1000 1234,32 1785,3


595,45 899,76 1000,76 1280,70 1798,24
671,45 900,00 1009,65 1290,12 1865,43
678,12 904,90 1010,43 1345,54 1900,00
683,92 908,99 1029,12 1383,90 1900,43
777,23 920,98 1055,90 1408,30 1920,01
786,43 965,00 1080,67 1600,00 2000,00
800,00 976,45 1100,00 1654,25 2043,89
850,80 980,12 1100,45 1670,98 2080,00
880,76 990,54 1100,99 1782,39 2109,88

2º Passo: Calcular a amplitude amostral: AA = xmax - xmin

Basta fazer a diferença entre o maior e o menor salário obtido na pesquisa:


AA = xmax - xmin = 2109,88 – 578,90 = 1530,98

3º Passo: Calcule o número de classes através da “Regra de Sturges”: i = 1 + 3,3.log n

Então será i = 1 + 3,3.log(50) i = 1 + 3,3 . 1,70


i = 1 + 5,61
i = 6,61

AA
4º Passo: calcule então a amplitude do intervalo de classe h >
i

AA 1530 ,98
h   231,73
i 6 ,61

Como se trata de dinheiro, vamos arredondar para nenhuma casa decimal


(por opção do pesquisador): h = 232,00

UNI

Acima arredondamos para nenhuma casa decimal, mas geralmente usamos


a quantidade de casas decimais apresentadas nos dados do ROL. Nesse exemplo seriam
duas casas decimais. Porém, o pesquisador pode alterar essa quantidade quando achar
necessário. Nos exercícios posteriores, daremos a resposta usando arredondamento com a
quantidade de casas decimais apresentadas nos dados do ROL.

79
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

5º Passo: Construir a tabela

Para isso começamos com o menor valor de salário (578,90) e depois vamos
somando o h = 232,00, formando várias classes até que uma classe englobe o valor
do maior salário (2109,88).

Veja:

Salários dos Moradores da Comunidade


I Classes Frequências
1 578,90├ 810,90 8
2 810,90├ 1042,90 17
3 1042,90├ 1274,90 6
4 1274,90├1506,90 5
5 1506,90├1738,90 3
6 1738,90├1970,90 7
7 1970,90├2202,90 4
Total 50

FONTE: Dados Hipotéticos (Fictícios)

Para chegar aos valores das frequências da tabela acima, basta contar
quantos salários estão entre os limites inferiores (li) e os limites superiores (Ls). Na
classe 1, por exemplo, temos que contar quantos estão no intervalo 578,90 ├ 810,90,
olhando no ROL temos os seguintes salários nesse intervalo: 578,90; 595,45; 671,45;
678,12; 683,92; 777,23; 786,43 e 800,00 que totalizam 8, que é o número da frequência
da classe em questão. Nas próximas linhas e outras tabelas se age da mesma forma.

UNI

Construa essa tabela em uma folha para verificar se entenderam os passos,


após essa construção passe para os exercícios.

80
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:

 A organização dos dados em tabelas é chamada distribuição de frequência.

 Os dados na forma como foram coletados são chamados dados brutos.

 A ordenação dos dados brutos em forma crescente ou decrescente é chamada rol.

 Uma distribuição de frequência pode ser feita com ou sem intervalos de classes.

 Para determinar a quantidade de intervalos de classes usamos a Regra de


Sturges: i = 1 + 3,3.log n.

81
AUTOATIVIDADE

1 Os dados a seguir referem-se a idade de 90 crianças e adolescentes de um


bairro da cidade S no ano de 2014.

19 10 9 15 12 19 11 10 12 14
12 16 10 13 12 15 11 12 12 13
14 11 12 12 14 15 14 12 15 12
12 12 14 15 11 14 14 15 13 12
14 6 16 14 12 12 15 15 14 11
14 14 12 11 15 12 15 17 11 14
12 13 11 14 12 11 14 10 11 13
11 10 13 13 14 13 14 11 11 11
9 17 18 13 12 16 10 12 9 9

Os dados apresentados na tabela acima são dados brutos.

a) Organize-os em rol.
b) Qual a amplitude amostral?
c) Organize os dados em uma distribuição de frequências com intervalos de
classes.
d) Obedecendo aos passos construa uma distribuição de frequências com
intervalos de classes:

I– Calcule quantas classes devem ser formadas através da Regra de Sturges.


II– Calcule o intervalo das classes.
III– Construa a distribuição de frequência.

2 Considere os pesos, em quilos, de 50 pessoas diagnosticadas


com obesidade. Agrupe estes pesos em uma distribuição de
frequência, segundo a regra de Sturges.

82
136 92 115 118 121 137 132 120 104 125
119 101 129 87 108 110 133 135 126 127
115 103 110 126 118 82 104 137 120 95
146 126 119 119 105 132 126 118 100 113
106 125 117 102 146 129 124 113 95 148

83
84
UNIDADE 2 TÓPICO 2

REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DAS


DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIA

1 INTRODUÇÃO
Os gráficos de análise são os mais adequados para as informações
estatísticas, pois além de serem informativos fornecem elementos úteis à análise
de dados. Ao fazer um gráfico para apresentar uma análise de dados, este
frequentemente estará acompanhado pela respectiva tabela de dados, além de
um texto dissertativo chamando a atenção do leitor para o ponto, ou os pontos
principais da tabela e do gráfico. Muitos relatórios administrativos, econômicos,
ou de outra natureza qualquer, são elaborados desta forma. Os histogramas,
polígonos de frequência e curvas de frequência são gráficos de análise.

Na maioria das vezes, os gráficos são construídos para facilitar a


interpretação do leitor, principalmente o leigo em Estatística. As informações mais
relevantes para o estatístico estão nas tabelas, e é com elas que se faz a análise de
dados, tira-se conclusões e pode-se chegar à tomada de decisões.

2 TIPOS DE GRÁFICOS DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE


FREQUÊNCIA
Os gráficos mais frequentes e mais utilizados para representar uma
distribuição de frequência são: o Histograma, o Polígono de Frequência e o
Polígono de Frequência Acumulada.

Histograma: Os histogramas são formados por um conjunto de retângulos,


com as bases sobre o eixo x, sendo o centro de cada retângulo o ponto médio da
classe por ele representada. A altura de cada retângulo ou coluna é proporcional
à frequência da classe. A área de cada retângulo, portanto, é proporcional
à frequência da classe que ele representa. Assim sendo, a soma dos valores
correspondentes às áreas dos retângulos é igual à frequência total.

85
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

O histograma apresenta graficamente os dados organizados numa tabela


de distribuição de frequência. Isto é, dados contínuos. Para tanto precisamos:

1 traçar o sistema de coordenadas;


2 encontrar o ponto médio do intervalo de classe;
3 desenhar as colunas de tal forma que seu centro seja o ponto médio da
amplitude do intervalo...

Exemplo:

Alturas dos Alunos da Turma A – 2004


Classe de altura Altura (cm) fi No Estudantes
A 150 ├ 158 5
B 158 ├ 166 18
C 166 ├ 174 42
D 174 ├ 182 27
E 182 ├ 190 8

FONTE: Dados Fictícios

Para construir o histograma do exemplo acima, seguimos o seguinte:

1º Eixo x (horizontal): no eixo x colocaremos os limites das classes, no caso, 150,


158,166,174,183 e 190, espaçadas igualmente.

150 158 166 174 182 190

2º Eixo y (Vertical): Introduzimos um eixo vertical (eixo y) que representará


a frequência de cada classe. Para isso olhamos sempre a maior frequência (no
caso 42). Então escrevemos alguns valores numéricos no eixo y, sempre com o
mesmo espaçamento entre os valores, de forma a chegar até a maior frequência.
O único cuidado que temos que tomar é para o eixo y não ficar muito grande, seu
tamanho deve ter aproximadamente 2/3 do tamanho do eixo x. Para garantir esse
tamanho, basta arranjar um espaçamento entre os números que seja suficiente.
No nosso caso utilizaremos espaçamento de 5 unidades.

86
TÓPICO 2 |

45
40
35
30
25
20
15
10
5

150 158 166 174 182 190

Após os eixos estarem prontos, basta fazer colunas em cada intervalo de


classe correspondente. A altura da coluna será relativa ao número da frequência
na classe em questão.

NOTA

Esse gráfico parece um gráfico de coluna, mas não é, e nem pode ser chamado
assim. Nesse gráfico, as “colunas” estão juntas porque todas as frequências estão em
continuidade.

Chegamos finalmente ao gráfico:

GRÁFICO 1 - ALTURAS DOS ALUNOS DA TURMA A DE 2004


45
40
35
30
25
20
15
10
5

150 158 166 174 182 190


FONTE: Dados Fictícios

87
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:

 Ográfico indicado para apresentar dados de uma distribuição de frequência


com intervalos de classe é o histograma.

 O histograma é um conjunto de colunas justapostas, sendo que uma inicia onde


termina a outra.

88
AUTOATIVIDADE

1 Numa escola de jovens e adultos – EJA, foi feito um levantamento


das alturas dos estudantes em diversas classes de altura. O
resultado desta pesquisa está na tabela abaixo:

IDADE DOS ESTUDANTES EJA – 2014


IDADE DOS ESTUDANTES EJA – 2014
Classe ( i ) Idade (anos) No Estudantes(fi )
1 15 ├ 20 5
2 20 ├ 25 28
3 25 ├ 30 36
4 30 ├ 35 17
5 35 ├ 40 8

FONTE: A autora

Construa o histograma referente à tabela anterior.

2 Suponha que você fez uma pesquisa para a disciplina de Estatística e


Indicadores Sociais sobre quantas horas os seus colegas estudavam por dia.
Como resultado, obteve o histograma abaixo.

HORAS DIÁRIAS DEDICADAS AO ESTUDO EM 2015


10
9
8
7
Nº de alunos

6
5
4
3
2
1
0
[0,2[ [2,4[ [4,6[ [6,8[ [8,10[ [10,12[ [12,14[

Nº de horas
FONTE: A autora

89
Observando o histograma acima e responda:

a) Quantas classes você formou?


b) Quantos colegas você entrevistou?
c) Qual a amplitude de cada classe?
d) Em que intervalo se encontra a resposta de maior frequência?
e) Quantos colegas seus estudam entre 4 e 6 horas por dia?
f) Qual a porcentagem de alunos que estuda no máximo 6 horas?
g) Há alunos que estudam mais do que meio-dia?

90
UNIDADE 2 TÓPICO 3

MEDIDAS DE POSIÇÃO (MÉDIA, MODA


E MEDIANA)

1 INTRODUÇÃO
O estudo de distribuição de frequência, até agora, permite descrever os
grupos dos valores que uma variável pode assumir. Desta forma, podem ser
localizados onde ocorre maior concentração de valores de uma dada distribuição,
isto é, se ela se localiza no início, no meio ou no final, ou ainda, se há uma
distribuição normal.

Para ressaltar as tendências características de cada distribuição,


isoladamente, ou em confronto com outras, é necessário introduzir conceitos que
se expressem através de números, que permitam traduzir estas tendências. Estes
conceitos são denominados elementos típicos da distribuição e são: Medidas de
posição; Medidas de dispersão; Medidas de assimetria; Medidas de curtose.

As medidas de posição representam uma série de dados, orientando


quanto à posição da distribuição em relação ao eixo horizontal.

Dentre as várias medidas de posição, descreveremos, a seguir, a média, a


moda, a mediana e os quartis 1 e 3. É importante vocês notarem que sempre há
três formas de calcular essas medidas, depende de como os dados se encontram.
Quando eles não estão agrupados, agrupados em frequência simples e agrupados
em classes. Apresentaremos os cálculos das três formas, prestem atenção para
não se confundirem.

91
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

2 MÉDIA ARITMÉTICA (x)

2.1 DADOS NÃO AGRUPADOS


A medida mais popular de tendência central é a média aritmética, ou
simplesmente média. A média aritmética de n números é a sua soma dividida por
n. Exemplo: Um gerente de um supermercado, que deseja estudar a movimentação
de pessoas em seu estabelecimento constata que 295, 1002, 941, 768 e 1283 pessoas
entraram em seu estabelecimento nos últimos 5 dias. Descubra o número médio
de pessoas que entraram no estabelecimento nesses cinco dias. Ou seja:

295  1002  941  768  1283


x  857 , 8  858 pessoas
5

O procedimento acima nos permite calcular a média, quando os dados


não estão agrupados. Mas, como proceder quando os dados estiverem agrupados
numa distribuição simples?

2.2 DADOS AGRUPADOS EM DISTRIBUIÇÃO DE


FREQUÊNCIA SIMPLES
Observe a distribuição

Distribuição de Frequência
Classe ( i ) Dados Frequência ( fi )
1 1 2
2 3 4
3 9 2
4 15 3
5 27 1
K=5 Total 12

FONTE: Dados Fictícios

Para encontrar a média, multiplicamos a variável (dados) pela frequência(fi),


somamos todos os produtos e dividimos o resultado pela quantidade de dados:

92
TÓPICO 3 |

1  2  3  4  9  2  15  3  27  1 2  12  18  45  27 104
x=    8 , 67
12 12 12

Outro exemplo, poderíamos ter a seguinte tabela:

Classe ( i ) Dados Frequência ( fi )

1 4 6
2 5 4
3 7 1
4 12 1
5 22 1

K=5 Total 13

4.6  5.4  .7.1  12.1.  22.1


x=  6 , 54
13

2.3 DADOS AGRUPADOS EM DISTRIBUIÇÕES COM


INTERVALOS DE CLASSES
Antes de calcularmos a média para dados em frequência de classe, vamos
aprender a “preparar” a nossa tabela de classes para que consigamos calcular a
média, a moda, a mediana, os quartis e futuramente o desvio padrão.

Para isso usaremos uma tabela de exemplo, com poucas classes, uma vez
que, se aprendermos a fazer numa linha, basta repetir para todas as outras. A
partir das colunas iniciais, construídas como explicado no Tópico 1 desta unidade,
temos que construir outras colunas, explicaremos cada coluna detalhadamente.

ATENCAO

Usaremos as colunas da tabela para vários cálculos, não só para a média.

93
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

Frequência Acumulada Ponto Médio

 
2
i Classes fi Fai xi xi . fi xi − X xi  X . fi

1 100 ├ 200 15
2 200 ├ 300 19
3 300 ├ 400 16
Totais 50

ATENCAO

A frequência acumulada é obtida somando a linha da frequência (fi) com todas


as linhas anteriores da frequência fi.

 
2
i Classes fi Fai xi x i . fi xi − X xi  X . fi

1 100 ├ 200 15 15
2 200 ├ 300 19 34
3 300 ├ 400 16 50
Totais 50

Repete a 1ª linha fi 15+19 34+16

OBS.: o último valor do Fai deve ser igual ao total da coluna fi.

ATENCAO

O Ponto médio (xi) é o valor médio entre o limite inferior (li) e o limite superior
Li + li
(Ls) de cada classe, ou seja, xi =
2

94
TÓPICO 3 |

 x  X  . fi
2
i Classes fi Fai xi x i . fi xi − X i

1 100 ├ 200 15 15 150


2 200 ├ 300 19 34 250
3 300 ├ 400 16 50 350
Totais 50 - -

100 + 200 200 + 300 300 + 400


2 2 2

ATENCAO

A coluna xi.fi será dada multiplicando o valor da coluna fi pelo valor da coluna xi.

 x  X  . fi
2
i Classes fi Fai xi x i . fi xi − X i

1 100 ├ 200 15 15 150 2250


2 200 ├ 300 19 34 250 4750
3 300 ├ 400 16 50 350 5600
Totais 50 - - 12600

15.150 19.250 16.350

ATENCAO

Para fazer a coluna xi − X será preciso utilizar o valor da coluna xi menos a


média, ou seja, já temos que ter calculado a média para fazer essa coluna. Por isso vamos,
primeiramente, aprender a calcular a média com dados agrupados.

Para dados agrupados em intervalos de classes usamos a fórmula abaixo


para encontrar a média:

95
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

x .f i i
X i 1 , onde xi é o ponto médio do intervalo de classe.
f i

12600
=
No nosso exemplo ficará: X = 252
50

Agora vamos continuar a tabela, fazendo a coluna xi − X , para isso basta


pegar os valores da coluna xi (ponto médio) menos o valor da média, que no caso
é 252 (como calculado acima)

x  X
2
i Classes fi Fai xi x i . fi xi − X i
. fi

1 100 ├ 200 15 15 150 2250 -102


2 200 ├ 300 19 34 250 4750 -2
3 300 ├ 400 16 50 350 5600 98
Totais 50 - - 12600 -

150-252 250-252 350-252

Para finalizar, faremos a coluna  xi  X  . fi , para isso basta fazer a coluna


2

xi − X ao quadrado e depois multiplicar pela frequência (fi) da classe.

 x  X  . fi
2

i Classes fi Fai xi x i . fi xi − X i

1 100 ├ 200 15 15 150 2250 -102 156060


2 200 ├ 300 19 34 250 4750 -2 76
3 300 ├ 400 16 50 350 5600 98 153664
Totais 50 - - 12600 - 309800

(-102)2.15 (-2)2.19 (98)2.16

De agora em diante, sempre que tivermos uma tabela de classe, faremos


as colunas que faltarem. Com essas colunas vamos conseguir calcular muitas
medidas importantes.

Exemplo: Calcular a média aritmética do seguinte conjunto de dados:

96
TÓPICO 3 |

Conjunto de Dados Aleatórios


i Classes fi
1 1├3 2
2 3├5 4
3 5├7 8
4 7├9 4
5 9 ├ 11 2
Totais 20

FONTE: Dados Fictícios

Completando a tabela, até precisar de média:

x  X
2
i Classes fi Fai xi x i . fi xi − X i
. fi

1 1├3 2 2 2 4
2 3├5 4 6 4 16
3 5├7 8 14 6 48
4 7├9 4 18 8 32
5 9 ├ 11 2 20 10 20

Totais 20 120

Calculando a mèdia:

x .f i i
Soma da coluna xi.fi (120)
X i 1

f i Soma da coluna fi (20)

120
X
= = 6
20

Agora, vamos aproveitar e calcular as outras duas colunas:

97
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

i Classes fi Fai xi xi . fi
1 1├3 2 2 2 4 -4 32
2 3├5 4 6 4 16 -2 16
3 5├7 8 14 6 48 0 0
4 7├9 4 18 8 32 2 16
5 9 ├ 11 2 20 10 20 4 32

Totais 20 - - 120 - 96

Observe agora outra situação em que precisamos calcular a média.

Suponha que estamos interessados na vida média de um lote de 40 mil


lâmpadas. É óbvio que não podemos testar todas as lâmpadas, porque não
sobraria nenhuma depois do teste.

Tomamos então uma amostra, calculamos sua média e com este valor
estimamos a média populacional (µ).

Se n = 5 e as lâmpadas da amostra duram: 967, 949, 940, 952 e 922 horas.

967 + 949 + 940 + 952 + 922


Temos: X = 946h , desta forma podemos
5
estimar uma média de 946 horas de vida para as 40 mil lâmpadas. E escrevemos:
µ = 946h.

E
IMPORTANT

O parágrafo acima deu uma diferença entre média populacional e amostral. A


amostral ( X ) estima, ou seja, dá uma aproximação da média populacional (µ), que seria a
média calculada com todos os indivíduos.

UNI

Veja algumas vantagens da média aritmética

98
TÓPICO 3 |

1 É fácil de se calcular.
2 De seu cálculo participam todos os valores da série.
3 Admite tratamento algébrico. Se tivermos as médias de dois ou mais
subconjuntos e o número de elementos de cada um deles, poderemos
determinar a média do Conjunto.

UNI

Agora atente para algumas desvantagens da média aritmética

1 Está muito sujeita aos valores extremos, tendendo a se aproximar deles.


2 Só pode, a rigor, ser usada nas distribuições simétricas.

Caro acadêmico, vamos voltar ao caso das lâmpadas. Tínhamos uma amostra
de 5 lâmpadas com a durabilidade de 967, 949, 940, 952 e 922 horas. Suponha que o
segundo valor seja registrado incorretamente como 499 em lugar de 949.

Vamos verificar como seria agora a nova média:

967  499  940  952  922 4280


X   856 h
5 5

Veja que a média anterior, ou seja, a média correta era 946h. Um só valor
extremo diminuiu o valor da média em quase 10%.

Veja mais um exemplo que mostra como a média está sujeita aos valores
extremos:

As idades de seis alunos que participaram de uma excursão com finalidade


ecológica, são 18, 19, 20, 17, 19, 18. E a idade do instrutor que foi com eles é 50.

Vamos determinar a média das sete pessoas.

18  19  20  17  19  18  50
X  23
7

99
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

Mas, essa informação de que a idade média do grupo é de 23 anos, não


fecha com a realidade. Então, em situações como estas que acabamos de mostrar, o
mais correto é fazer uso da mediana ou moda, visto que a distribuição é assimétrica.

O conceito de assimetria será abordado mais adiante.

3 MODA (Mo)
É o valor da variável ou observação com maior frequência, isto é, a variável
que ocorre mais vezes. Às vezes, num conjunto de dados podemos ou não, ter
moda. Não existindo moda ele será amodal; havendo mais de uma moda ele será
multimodal, bimodal para duas modas, trimodal para três modas.

Novamente, vamos separar o estudo do cálculo da Moda nas três


apresentações dos dados vistos.

3.1 DADOS NÃO AGRUPADOS


Basta colocar os valores no ROL e depois verificar qual valor que ocorreu
com maior frequência. Esse valor será a moda da distribuição.

NOTA

Podem existir várias modas numa mesma distribuição.

3.2 DADOS AGRUPADOS EM FREQUÊNCIA SIMPLES


A moda será o valor com maior frequência, ou seja, basta olhar a linha em
que o fi é maior, veja a tabela abaixo como exemplo.

Classe ( i ) Dados Frequência ( fi )


1 1 2
2 3 4
3 9 2
4 15 3
5 27 1

K=5 Total 12

100
TÓPICO 3 |

A moda desta distribuição representada na tabela acima é o valor 3


(coluna dados), porque tem a maior frequência (fi). Podemos também dizer que
3 é a moda da distribuição porque ocorre 4 vezes, sendo essa a maior frequência
nessa distribuição.

3.3 DADOS AGRUPADOS EM CLASSE


Quando os dados estiverem agrupados, com intervalos de classe, encontra-
se a classe modal e calcula-se a moda pelo seguinte modelo matemático:

d1
Mo   i  .h
d1  d2 i

Onde: d1 = diferença entre a frequência da classe modal e a anterior;

 i = diferença entre a frequência da classe modal e a posterior.


 = limite inferior da classe modal.
i
h = amplitude da classe modal. (Li – li)
i

Vamos calcular a moda para o seguinte conjunto de dados agrupados em


intervalos de classes:

1º Passo: Identificar a classe onde a Moda se encontra (Classe Modal):

Conjunto de Dados Aleatórios


i Classes fi xi Fai
1 1├3 2 2 2
2 3├5 4 4 6
3 5├7 8 6 14
4 7├9 3 8 18
5 9 ├ 11 3 10 20
Totais 20

FONTE: Dados Fictícios

A classe modal é a terceira classe (i3) da distribuição, pois é ali que se


encontra a maior frequência, que é 8.

101
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

2º Passo: Definida a classe modal, vamos aplicar a fórmula para o cálculo da


moda:

d1
Mo   i  .h
d1  d2 i

Sendo: d1 = maior fi menos fi anterior; (f3 – f2 = 8 – 4 = 4)


d2 = maior fi menos fi posterior. (f3 – f4 = 8 – 3 = 5)

E
IMPORTANT

Não se esqueça do que significa li (limite inferior da classe) e hi (amplitude da


classe). Caso não lembre, retorne o estudo nos tópicos anteriores.

d1
Mo   i  .h
d1  d2 i
4
Mo  5  2
45
4 8
M o  5   2  5   5 , 89
9 9

Encontramos então o valor da moda que é 5,89.

Outro exemplo para entender bem, lembre-se: primeiro determinar a


classe modal (linha com maior frequência), somente após isso é que aplicamos a
fórmula da moda.

I Classes fi
1 5 ├ 10 9
2 10 ├ 15 11
3 15 ├ 20 17
4 20 ├ 25 9
5 25 ├ 30 5

Total 51

102
TÓPICO 3 |

Essa tabela não está com todas as colunas calculadas, mas não precisamos
delas.

1º passo: A classe modal será a 3ª classe (15 ├ 20), pois possui a maior frequência (fi
= 17).
2º Passo: Definida a classe modal, vamos aplicar a fórmula para o cálculo da
moda:

d1
Mo   i  .h
d1  d2 i

Sendo: d1 = maior fi menos fi anterior; (17 – 11 = 6)


d2 = maior fi menos fi posterior. (17 – 9 = 8)

(17  11)
M o  15  5
(17  11)  (17  9)
6
M o  15  5
68
6 6
M o  15   5  15   15 , 43
14 14

Encontramos então o valor da moda que é 15,43.

4 MEDIANA (Md)
Outro conceito para a tendência central é a Mediana. Mostraremos como
definir a mediana a seguir para as três formas de organizar uma distribuição.

4.1 DADOS NÃO AGRUPADOS


Quando todas as observações estão ordenadas (em rol), a mediana é o
valor da observação central. A mediana não é calculada como a média, ao invés
disso, para determinar a mediana, calculamos a sua posição, o valor que estiver
naquela posição será a mediana.

n +1
Para o cálculo da mediana fazemos: , sendo n o número de dados da
distribuição. 2

Quando o número de dados é par, a posição será um valor “quebrado”,


com isso a mediana é a média dos dois dados centrais.
103
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

Exemplos:

1) Qual a mediana dos dados a seguir?


4 7 8

1ª maneira – intuitivamente: a mediana é o termo que se encontra no centro da


distribuição e, nesse caso, é o 7.

2ª maneira – usando as fórmulas: primeiramente calculamos a posição da Mediana


usando n + 1 . Como temos 3 dados, então n = 3. Assim 3  1  4  2.
2 2 2

Ou seja, a mediana é o dado da 2ª posição, logo Md = 7.

2) Qual a mediana dos dados a seguir?


3 5 9 16

1ª maneira – intuitivamente: perceba que não há um valor no centro da


distribuição, e sim dois valores (5 e 9). A mediana será, então, a média desses
valores: 5  9  14  7
2 2
2ª maneira – usando as fórmulas: Temos 4 dados, então n = 4. Assim,
n + 1 41 5
   2 , 5 que representa a posição entre o 2º e o 3º dado, que
2 2 2
não existe. Nesse caso, calculamos a média entre o 2º (5) e o 3º (9), que é 7.

3) Seja o seguinte ROL:

578,90 885,85 1000 1234,32 1785,3


595,45 899,76 1000,76 1280,70 1798,24
671,45 900,00 1009,65 1290,12 1865,43
678,12 904,90 1010,43 1345,54 1900,00
683,92 908,99 1029,12 1383,90 1900,43
777,23 920,98 1055,90 1408,30 1920,01
786,43 965,00 1080,67 1600,00 2000,00
800,00 976,45 1100,00 1654,25 2043,89
850,80 980,12 1100,45 1670,98 2080,00
880,76 990,54 1100,99 1782,39 2109,88

104
TÓPICO 3 |

1º Passo: calcular a posição da mediana:

posição:
n + 1 50  1 51
   25 , 5
2 2 2
2º Passo: determinar o valor da mediana

Como a posição 25,5 não existe, temos que pegar os valores da posição 25
e da posição 26, depois disso fazer a média entre os dois valores (sempre que o
número de dados n for par acontecerá isso).

Posição 25: x25= 1029,12 Posição 26: x26= 1055,90

Mediana será a média dos dois valores encontrados, ou seja


1029 , 12  1055 , 90
Md   1042 , 51
2

ATENCAO

Para determinar os valores das posições calculadas, colocamos os valores em


ROL, e contamos até a posição desejada. Volte na tabela acima e conte, na ordem em que
os dados crescem, até a posição 25 e 26 e percebam que são os valores 1029,12 e 1055,90.

Se o número de dados n for ímpar, o cálculo da posição dará um número


inteiro, com isso bastará encontrar o valor no ROL que está na posição calculada,
com teremos apenas um valor, esse valor será a mediana.

4.2 FREQUÊNCIA SIMPLES


Observe com atenção a construção da tabela. Nossos dados agora estão
agrupados.

105
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

Número de filhos das famílias no Amapá - 2000


i xi fi Fai
1 0 2 2
2 1 7 9
3 2 21 30
4 3 18 48
5 4 9 57
6 5 4 61
Total 61

FONTE: Dados Hipotéticos (Fictícios)

Os dados estão agrupados em frequência simples, o jeito de determinar


a mediana é bem fácil, novamente temos que calcular a posição para depois
determinar a mediana.

1º passo: posição: n + 1  61  1  62  31
2 2 2

Logo, queremos o valor da posição 31, ou em outras palavras o valor x31.

2º passo: determinar o valor da mediana

Para isso, temos que olhar a coluna da frequência acumulada (Fai), e


encontrar a linha do primeiro valor maior que a posição calculada, que no nosso
caso é 31.

Na tabela o primeiro valor da coluna Fai maior que 31 é 48 que está na


linha 4.

Logo, o valor da mediana é 3, porque é o xi da linha 4. Ou seja, Md = 3.

Você pode observar que, como estamos procurando o valor que ocupa a
31ª posição (x31) não faria sentido procurar nas 3 primeiras classes, pois até a 1ª
classe temos apenas 2 valores (x1 e x2); na 2ª classe temos 7 valores (de x3 a x9); na
3ª classe temos 21 valores (de x10 a x30). Apenas na 4ª classe (i = 4) é que vamos
encontrar o valor de x31 que procuramos (x31 = 3)

106
TÓPICO 3 |

UNI

Se o número de dados n for par, acontecerá novamente uma posição


intermediária. Se essa posição ficar entre duas linhas, tira-se a média entre os dois valores
das respectivas linhas, caso contrário, a mediana será o valor da linha, como no caso de n
ímpar mostrado acima.

4.3 DADOS AGRUPADOS


Caro acadêmico, veja agora como proceder para determinar a mediana
quando os dados estão agrupados em intervalos de classes:

Pontuação aferida pelas equipes no Campeonato de Voleibol - 2006

i Pontos fi xi Fai

1 1├3 2 2 2

2 3├5 4 4 6

3 5├7 8 6 14

4 7├9 4 8 18

5 9 ├ 11 2 10 20

Total 20

FONTE: Dados Hipotéticos (Fictícios)

1º Passo: determinar a posição em que a mediana se encontra, igual aos casos


anteriores.

Posição: n  1  f i
1

20  1 21
  10 , 5
2 2 2 2

2º Passo: Determinar a classe da mediana, que nada mais é que a linha em que a
posição calculada (no caso 10,5) se encontra, novamente para determinar essa
linha (classe) basta olhar a coluna da frequência acumulada (Fai). O primeiro
valor dessa coluna Fai maior que a posição calculada indicará a classe da mediana.

No nosso exemplo, o primeiro valor maior que 10,5 é o 14 que está na 3ª


classe (linha 3), ou seja, a classe da mediana será 5 ├ 7

107
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

Pontuação aferida pelas equipes no Campeonato de Voleibol - 2006

i Pontos fi xi Fai

1 1├3 2 2 2 1º valor maior


Classe da que 10,5
mediana 2 3├5 4 4 6

3 5├7 8 6 14

4 7├9 4 8 18

5 9 ├ 11 2 10 20

total 20

FONTE: Dados hipotéticos (fictícios)

3º Passo: Calcular a mediana usando:

  fi 
  Fai ( anterior )  . hi
2
Md  li   
fi

Onde:  i = limite inferior da classe da mediana.

Fai ( anterior ) = frequência acumulada da classe anterior à da mediana.

fi = frequência da classe mediana.

hi = amplitude da classe modal.

  fi 
  Fai ( anterior )  . hi
2
Md  li   
fi

 i3

 l3  5

com 
  fi  20
 Fai  anterior   6
 f3  8

 h3  2

108
TÓPICO 3 |

 20 
 2  6 . 2
Md  5   
8
[10  6].2
Md  5 
8
4.2
Md  5 
8
8
Md  5 
8
Md  5  1
Logo : Md  6

UNI

Apesar do resultado da mediana do nosso exemplo ter dado um número


inteiro, na maioria das vezes isso não ocorrerá. O valor da mediana pode ser decimal, sem
problemas.

5 SIMETRIA E ASSIMETRIA
Uma distribuição é Simétrica quando possui a mesma quantidade de
elementos, e na mesma escala, acima e abaixo do valor central (mediana).

Exemplo:

Distribuição de Notas Estatística – NFD 2111


i Notas ( fi ) Fai
1 6 5 5
2 7 9 14
3 8 20 34
4 9 9 43
5 10 5 48
K=5 Total 48

FONTE: Dados Fictícios

109
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

A mediana dessa distribuição é dada em 48  1  49  24 , 5


2 2
Na coluna Fai, o primeiro valor maior que 24,5 é 34, na 3ª classe. Logo, Md = 8.

Observe que, abaixo do oito, temos 6 e 7 com uma frequência total de 14 (5


+ 9), e acima do 8 temos 9 e 10, com frequência total de 14 (9 + 5).

Assim, a distribuição é simétrica, pois contém a mesma quantidade de


valores acima e abaixo da mediana.

Portanto, quando não se observa esta característica, a distribuição é


Assimétrica.

Sendo assim, deve-se observar que:

X Md
a) Quando uma distribuição é simétrica, as três medidas coincidem.= = Mo
(curva simétrica).
b) Quando a assimetria torna-as diferentes, temos:

M o < Md < X (curva assimétrica positiva ou à direita);

X < Md < M o (curva assimétrica negativa ou à esquerda).

UNI

Se a média e a mediana coincidem, a distribuição é simétrica. Se a média


é maior que a mediana, a assimetria é positiva. Se a média for menor que a mediana, a
assimetria é negativa.

110
TÓPICO 3 |

UNI

A escolha da medida de tendência central para a pesquisa que está sendo


realizada depende, em princípio, dos objetivos da pesquisa. Pois, enquanto a média é
influenciada pelos valores extremos, a moda e a mediana não são afetadas por tais valores.
Por isso a medida deve ser escolhida pelo usuário considerando seus estudos e seus objetivos.
Nem sempre as três medidas podem ser aplicadas. Sempre que possível, utilizamos as três
medidas, ou duas delas, pois elas se complementam, essa é uma lição que vocês devem
levar desse tópico: nenhuma medida é completa, todas dão informações importantes sobre
a distribuição e só ficam completas quando analisamos todas as medidas possíveis.

111
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:

• As medidas de tendência central tendem agrupar os dados em torno dos


valores centrais. Dentre as medidas de tendência central, destacam-se: Média,
Mediana e Moda.

• A média aritmética de n números é a sua soma dividida por n.

• Para encontrar a média, quando os dados estão agrupados, multiplicamos a


variável (dados) pela frequência, somamos todos os produtos e dividimos pela
quantidade de dados.

• A média dos dados agrupados em intervalos de classe é obtida pela fórmula:

x .f i i
X i 1

f i

• A moda é o dado que ocorre com maior frequência.

• A moda dos dados agrupados em intervalos de classe é obtida usando a fórmula:

d1
Mo   i  .h
d1  d2 i

• A mediana é o dado que se encontra no centro dos dados.

• A mediana dos dados agrupados em intervalos de classe é obtida usando a


fórmula:

  fi 
  fai ( ant )  . hi
2
Md  li   
fi

112
AUTOATIVIDADE

1 Uma cidade tem 32 abrigos para acolher a população em casos de enchentes


ou desastres. Pretende-se conhecer a média de pessoas que fica nestes
abrigos sempre que há o acionamento pela defesa civil. O levantamento do
último acontecimento na cidade registrou os seguintes números: 120, 60,
135, 90, 85, 90, 100, 130, 148, 95, 20, 80, 130, 50, 75, 100, 95, 80, 95, 110, 120,
120, 110, 135, 100, 95, 100, 95, 110, 160, 95, 125. Qual foi a média de pessoas
que ficaram nos abrigos?

2 Disponha os números 17, 45, 38, 27, 6, 48, 11, 57, 34, 22, 11 em um rol e
determine a média, mediana e moda.

3 Um levantamento feito com 5000 pessoas divorciadas,


residentes em uma grande cidade, pretende analisar a duração
dos casamentos. Os dados coletados estão representados na
tabela a seguir:

DURAÇÃO DOS CASAMENTOS NA CIDADE B - 2015


Anos de Casamentos Número de Separações Fai xi xi.fi

0├6 2800 2800 3 8400

06 ├ 12 1400 4200 9 12600

12 ├ 18 600 4800 15 9000

18 ├ 24 150 4950 21 3150

24 ├ 30 50 5000 27 1350

Total 5000 34500

FONTE: A autora

a) Qual a duração média dos casamentos?


b) Qual é a mediana?

4 Calcule a média, a moda e a mediana do seguinte agrupamento em classes:

113
USUÁRIOS CADASTRADOS NA SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL
POR FAIXA ETÁRIA – 2015
i Faixa Etária fi Fai xi xi.fi

1 39 ├ 50 400 400 44,5 17800

2 50 ├ 61 500 900 55,5 27750

3 61 ├ 72 550 1450 66,5 36575

4 72 ├83 625 2075 77,5 48437,5

5 83 ├ 94 200 2275 88,5 17700

Totais 2275 148262,5

FONTE: A autora

114
UNIDADE 2 TÓPICO 4

MEDIDAS DE DISPERSÃO (DESVIO PADRÃO


E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO)

1 INTRODUÇÃO
A interpretação de dados estatísticos exige que se realize um número
maior de estudos, além das medidas de tendência central.

As medidas de dispersão, também conhecidas como medidas de


variabilidade, indicam se os valores estão relativamente próximos uns dos outros.

É a maior ou menor diversificação (distanciamento) dos valores de uma


variável em torno de um valor de tendência central (média ou mediana) tomado
como ponto de comparação.

A média, ainda que considerada como um número que tem a faculdade


de representar uma série de valores, não pode, por si mesma, destacar o grau de
homogeneidade ou heterogeneidade que existe entre os valores que compõem o
conjunto.

Consideremos os seguintes conjuntos de valores das variáveis X, Y e Z:

X = { 70, 70, 70, 70, 70 }


Y = { 68, 69, 70 ,71 ,72 }
Z = { 5, 15, 50, 120, 160 }

Observamos então que os três conjuntos apresentam a mesma média


aritmética:

X= Y
== Z 350
= / 5 70

Entretanto, é fácil notar que o conjunto A é mais homogêneo que os


conjuntos B e C, já que todos os valores são iguais à média. O conjunto B, por sua
vez, é mais homogêneo que o conjunto C, pois há menor diversificação entre cada
um de seus valores e a média representativa.

115
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

Concluímos então que o conjunto A apresenta dispersão nula e que o


conjunto B apresenta uma dispersão menor que o conjunto C.

Portanto, o objetivo deste tópico é determinar as dispersões existentes num


determinado fenômeno, afim de que se possa melhor avaliá-lo e compreendê-lo.

2 AMPLITUDE TOTAL
É a única medida de dispersão que não tem na média o ponto de
referência. É a diferença entre o limite superior da última classe e o limite
inferior da primeira classe.

Então AT = Li máximo – li mínimo = Lmax – lmin

Exemplo: Para os valores 40, 45, 48, 62 e 70 a amplitude total será:

AT = 70 - 40 = 30

A amplitude total tem o inconveniente de só levar em conta os dois valores


extremos da série, descuidando do conjunto de valores intermediários. Faz-se uso
da amplitude total quando se quer determinar a variação máxima da temperatura
em um dia, no controle de qualidade ou como uma medida de cálculo rápido sem
muita exatidão.

3 DESVIO PADRÃO

3.1 DESVIO PADRÃO AMOSTRAL E DESVIO PADRÃO


POPULACIONAL
Como já discutido ao longo desta unidade, na maioria das vezes
trabalhamos com amostras. Com isso, é mais comum utilizarmos o desvio
padrão amostral que é representado por S. Porém há também o desvio padrão
populacional representado por σ (sigma).

Para deixar claro quando é usado o desvio padrão populacional e quando


é usado o desvio padrão amostral, pense no seguinte: se estivermos falando de
algumas partes, amostra, grupo etc., usa-se amostral; quando o problema fala de
todos, população etc., usa-se populacional.

Basicamente a diferença no cálculo dos dois desvios padrões (populacional


e amostral) é o denominador (o divisor), enquanto que no populacional dividimos
pelo número total de elementos n, no amostral dividimos por n-1. A seguir
veremos exemplos de cálculos dos dois tipos para que não fiquem dúvidas.

116
TÓPICO 4 |

UNI

O desvio padrão baseia-se nos desvios em torno da média aritmética e a sua


fórmula básica pode ser traduzida como: a raiz quadrada da média aritmética dos quadrados
dos desvios e é representada por S ou por σ.

Quanto menor for o desvio padrão em relação à média, maior a


homogeneidade da distribuição. Ou seja, mais agrupados os dados estarão em
torno da média. Se o desvio padrão for grande, indica que os dados da distribuição
estão muito dispersos, ou seja, estão longe da média.

3.2 CÁLCULO DO DESVIO PADRÃO

3.2.1 Dados não agrupados


Nesse caso, seguimos os seguintes passos:

1º passo: calcular a média dos elementos;

2º passo: calcular a diferença entre cada elemento e a média;


(x – x)

3º passo: elevar essas diferenças a potência dois;


(x – x)2

4º passo: somar todos os resultados obtidos no passo 3.

5º passo: dividir a soma por n (se for populacional) ou dividir por n-1 (se for
amostral).

6º passo: calcular a raiz quadrada do resultado da divisão obtida no passo 5

117
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

Veja o exemplo:

Seja a distribuição:

4 5 7 8 10 11 12 15 19 20

Cálculo do desvio padrão:

4  5  7  8  10  11  12  15  19  20
1º passo: média =  11, 1
10
2º passo: fazer cada elemento menos a média (11,1)

4 5 7 8 10 11 12 15 19 20
4-11,1= 5-11,1= 7-11,1= 8-11,1= 10-11,1= 11-11,1= 12-11,1= 15-11,1= 19-11,1= 20-11,1=
-7,1 -6,1 -4,1 -3,1 -1,1 -0,1 0,9 3,9 7,9 8,9

3º passo: elevar cada resultado acima a potência 2.

4 5 7 8 10 11 12 15 19 20
-7,1 -6,1 -4,1 -3,1 -1,1 -0,1 0,9 3,9 7,9 8,9
(-7,1)² = (-6,1)² = (-4,1)² = (-3,1)² = (-1,1)² = (-0,1)² = 0,9² = 3,9² = 7,9² = 8,9² =
50,41 37,21 16,81 9,61 1,21 0,01 0,81 15,21 62,41 79,21

4º passo: somar os resultados do passo 3

50,41 + 37,21 + 16,81 + 9,61 + 1,21 + 0,01 + 0,81 + 15,21 + 62,41 + 79,21 = 272,9

5º passo: Dividir o resultado da soma do passo 4 por n ou por n-1 (dependendo


se é populacional ou amostral)

S2 
272 , 9
 30 , 3222 272 , 9
10  1
  27 , 29
10

OBS.: nesse passo acabamos de calcular a variância amostral S² e a


populacional σ².

6º passo: extrair a raiz quadrada dos resultados do passo 5.

S = 30 , 3222 = 5 , 5066   27 , 29  5 , 2240

118
TÓPICO 4 |

3.2.2 Dados de frequência simples


Na verdade, faremos os mesmos passos para determinar o desvio padrão
com frequência simples. Veja o exemplo:

Calcule o desvio padrão amostral e populacional da tabela de frequência


simples abaixo:

Cálculo do desvio Padrão Amostral (pela média)


xi fi
3 2
4 2
5 3
6 3
Total 10

FONTE: Os autores

1º passo: Calcular a média:

xi fi xi.fi
3 2 6
4 2 8
5 3 15
6 3 18
Total 10 47

X
 fi  x i

47
 4, 7
 fi 10

2º passo: subtrair a média dos valores xi

xi fi xi.fi x i
-X 
3 2 6 3-4,7= -1,7
4 2 8 4-4,7= -0,7
5 3 15 5-4,7= 0,3
6 3 18 6-4,7= 1,3
Total 10 47

119
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS


3º passo: elevar os resultados de xi - X a potência 2 
x  x 
2
xi fi xi.fi i
-X i
-X

3 2 6 -1,7 (-1,7)² = 2,89


4 2 8 -0,7 (-0,7)² = 0,49
5 3 15 0,3 (0,3)² = 0,09
6 3 18 1,3 (1,3)² = 1,69
Total 10 47

4º passo: multiplicar cada resultado do passo anterior pela frequência da classe e


somar os resultados.

xi fi xi.fi x - X
i x i
-X 
2
x i 
2
- X  fi

3 2 6 -1,7 2,89 2,89.2 = 5,78


4 2 8 -0,7 0,49 0,49.2 = 0,98
5 3 15 0,3 0,09 0,09.3 = 0,27
6 3 18 1,3 1,69 1,69.3 = 5,07
Total 10 47 12,1

5º passo: dividir a soma 12,1 obtida no passo 4 por  fi  10 se for populacional


ou por  fi  1  9 se for amostral.
12 , 1 12 , 1
S2   1, 3444 2   1, 21
10  1 10

6º passo: Extrair a raiz quadrada dos resultados do passo 5

S = 1, 3444 = 1, 1595   1, 21  1, 1

120
TÓPICO 4 |

3.2.3 Frequência de classes


Quando os dados estão agrupados (temos a presença de Frequências) a

∑ [(x − X ) ⋅ f ] para dados amostrais e


2
i i
fórmula do desvio padrão ficará: S =
∑ f −1
i

∑ [(x ) ]
2
i −X ⋅ fi
σ=
∑f i
para dados populacionais. Essas fórmulas só resumem os

passos que já fizemos anteriormente, veja no exemplo:

Diário de Classe

Considerando as notas de Português no 4° bimestre de 2002, calcule o


desvio padrão.

Notas na disciplina de Português


Escola B – Londrina/PR – 4o Bimestre de 2002

I Notas (xi) Alunos (fi)

1 1├2 1
2 2├3 1
3 3├4 2
4 4├5 7
5 5├6 5
6 6├7 4
7 7├8 4
8 8├9 2
9 9 ├ 10 4

Total 30

FONTE: Os autores

121
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

1º passo: calcular a média

Para isso precisamos calcular a coluna xi (pontos médios das classes) e a

coluna fi.xi para calcular a média: X   x  fi


i

 fi

i Notas (xi) Alunos (fi) xi xi.fi

1 1├2 1 1,5 1,5


2 2├3 1 2,5 2,5
3 3├4 2 3,5 7,0
4 4├5 7 4,5 31,5
5 5├6 5 5,5 27,5
6 6├7 4 6,5 26,0
7 7├8 4 7,5 30,0
8 8├9 2 8,5 17,0
9 9 ├ 10 4 9,5 38,0

Total 30 181

X
 x  fi  181  6 , 0333
i

 fi 30

2º passo: subtrair a média dos pontos médios xi, ou seja, fazer xi − X

Notas Alunos
i xi xi.fi xi − X
(xi) (fi)
1 1├2 1 1,5 1,5 1,5 – 6,0333 = -4,5333
2 2├3 1 2,5 2,5 2,5 – 6,0333 =-3,5333
3 3├4 2 3,5 7,0 3,5 – 6,0333 = -2,5333
4 4├5 7 4,5 31,5 4,5 – 6,0333 = -1,5333
5 5├6 5 5,5 27,5 5,5 – 6,0333 = -0,5333
6 6├7 4 6,5 26,0 6,5 – 6,0333 = 0,4667
7 7├8 4 7,5 30,0 7,5 – 6,0333 = 1,4667
8 8├9 2 8,5 17,0 8,5 – 6,0333 = 2,4667
9 9 ├ 10 4 9,5 38,0 9,5 – 6,0333 = 3,4667

Total 30 181

3º e 4º passo: elevar os resultados de xi − X ao quadrado e multiplicar pela

   fi
2
frequência da classe, ou seja, faremos: xi - X

122
TÓPICO 4 |

x 
2
Notas Alunos
i
(xi) (fi)
xi xi.fi xi − X i
- X  fi

1 1 2 1 1,5 1,5 -4,5333 (-4,5333)².1 = 20,5508


2 2 3 1 2,5 2,5 -3,5333 (-3,5333)².1 = 12,4842
3 3 4 2 3,5 7,0 -2,5333 (-2,5333)².2 = 12,8352
4 4 5 7 4,5 31,5 -1,5333 (-1,5333)².7 = 16,4571
5 5 6 5 5,5 27,5 -0,5333 (-0,5333)².5 = 1,4220
6 6 7 4 6,5 26,0 0,4667 (0,4667)².4 = 0,8712
7 7 8 4 7,5 30,0 1,4667 (1,4667)².4 = 8,6048
8 8 9 2 8,5 17,0 2,4667 (2,4667)².2 = 12,1692
9 9 10 4 9,5 38,0 3,4667 (3,4667)².4 = 48,0720

Total 30 181 133,4665

5º passo: dividir a soma 133,4665 obtida no passo 4 por  fi  30 se for


populacional ou por  f 1  1  29 se for amostral.

S2 
 ( x  X)  fi  133, 4665  4 , 6023
i
2

 fi  1 30  1

 2

 ( x  X)  fi  133, 4665  4 , 4489
i
2

 fi 30

6º passo: extrair a raiz quadrada dos resultados do passo 5

s = 4 , 6023 = 2 , 1453   4 , 4489  2 , 1092

4 COEFICIENTE DE VARIAÇÃO
Na estatística utilizam-se diversas medidas para se descrever fenômenos.
Algumas são as de tendência central e outras as de dispersão. Dentre as medidas
de dispersão, já estudamos o desvio padrão. Porém, uma medida muito utilizada,
principalmente para se comparar medidas, é o Coeficiente de Variabilidade ou
apenas coeficiente de variação (CV).

O coeficiente de variação é uma medida de variabilidade relativa, pois, é a


relação entre o desvio padrão ( S ) e a média aritmética ( X ), multiplicada por 100.

Portanto, o coeficiente de variação (CV) é uma medida de dispersão cujo


objetivo é apresentar a variabilidade da distribuição em termos percentuais (%).

123
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

UNI

Como já estudamos, o coeficiente é um valor decimal, quando multiplicamos


por 100 chamamos de taxa (valor percentual). Contudo, no caso do CV (coeficiente de
variação), apesar de ser chamado de coeficiente é apresentado como percentual, então é
necessária a multiplicação por 100.

O coeficiente de variação é utilizado principalmente na comparação da


variabilidade de dois conjuntos de valores que possuem unidades de medidas
distintas.

Na estatística descritiva o desvio padrão por si só tem grandes limitações.


Assim, um desvio padrão de 2 unidades pode ser considerado pequeno para uma
série de valores cujo valor médio é 200, no entanto, se a média for igual a 20, o
mesmo não pode ser dito.

Além disso, o fato de o desvio padrão ser expresso na mesma unidade


dos dados limita o seu emprego quando desejamos comparar duas ou mais séries
de valores, relativamente à sua dispersão ou variabilidade, quando expressas em
unidades diferentes.

Para contornar essas dificuldades e limitações, podemos caracterizar a


dispersão ou variabilidade dos dados em termos relativos a seu valor médio,
medida essa denominada de CV (Coeficiente de Variação).

S
A fórmula do CV  100 (o resultado neste caso é expresso em
X
percentual, entretanto pode ser expresso também através de um fator decimal,
desprezando assim o valor 100 da fórmula).

ATENCAO

Quando o desvio padrão calculado for o populacional, usa-se:



CV   100
X
Caso a medida de tendência central utilizada for a mediana, substituir, no coeficiente de
variação, a média ( X ) pela mediana (Md).

124
TÓPICO 4 |

Exemplo:

Tomemos os resultados das estaturas e dos pesos de um mesmo grupo de


indivíduos:

Comparação entre a Média e o Desvio Padrão


Discriminação Média Desvio-Padrão

Estaturas 175 cm 5,0 cm

Pesos 68 kg 2,0 kg

FONTE: Os autores

Qual das medidas (Estatura ou Peso) possui maior homogeneidade?

Resposta: Teremos que calcular o CV da Estatura e o CV do Peso, porque só


o desvio padrão não informará qual distribuição é mais dispersa (como discutido
acima), uma vez que os valores são numericamente diferentes (enquanto a altura
varia está na casa das centenas, o peso está na casa das dezenas). O resultado
menor será o de maior homogeneidade (menor dispersão ou variabilidade).

5
CV estatura =  100  2 , 85%
175

2
CV peso =  100  2 , 94%
68

Logo, nesse grupo de indivíduos, as estaturas apresentam menor grau de


dispersão que os pesos. 

125
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

ENTENDENDO A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA SEM SER GÊNIO,


MATEMÁTICO OU BRUXO

Por Paulo Afonso Lopes

Jornais, televisão, rádio, revistas e outros meios de comunicação nos


bombardeiam, diariamente, com notícias, baseadas em estatísticas, como se fossem
verdades absolutas. Nessa hora, provavelmente, você sente a importância de ser
capaz de avaliar corretamente o que lhe dizem. Todavia, será que os números
apresentados resultam de uma análise estatística cuidadosa? O perigo está no
fato de que, se não consegue distinguir as afirmações falsas das verdadeiras, então
você está vulnerável à manipulação por outras pessoas, cujas conclusões podem
conduzir você para decidir contra os interesses seus e, depois, arrepender-se. Por
estas razões, conhecer Estatística é um grande passo no sentido de você tomar
controle da sua vida (embora não seja, obviamente, a única maneira necessária
para esta finalidade).

Observe os seguintes exemplos de afirmações recentemente publicadas


em dez meios de comunicação (não estou dizendo que cada uma delas seja
verdadeira).

• Sua expectativa é de que a inflação feche o ano entre 6% e 7%. (Folha de São
Paulo, Dinheiro, 16 de maio de 2005).

• Atualmente, a taxa de pacientes com câncer de pulmão que não apresentam


reincidência depois de cinco anos de tratamento é de 17% – um avanço de 70%
em relação à década de 70. (Revista Veja, edição 1905, 18 de maio de 2005).

• As projeções de mercado para o IPCA de 2005 subiram de 6,30% para 6,39% em


pesquisa semanal feita pelo Banco Central e divulgada hoje. (O Estado de São
Paulo, 16 de maio de 2005).

• Um estudo da Corporate Executive Board mostrou que a produtividade de um


funcionário brilhante chega a ser até 12 vezes superior à do colega mediano.
(Revista Exame, edição 841, 27 de abril de 2005).

• De acordo com a Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), a companhia


aérea trouxe 1.473.183 dos 6.138.000 passageiros que entraram no país no ano
passado, o equivalente a 24% desses passageiros. (Revista Aeromagazine,
Notícias, 16 de maio de 2005).

• IBGE: Emprego industrial cai 0,2% em março (JB On-line, 16 de maio de 2005).

126
TÓPICO 4 |

• Os investidores que colocam todo seu dinheiro em uma única ação estão
elevando em mais de 50% a chance de queda do poder de compra de seu
investimento em um período de 20 anos, aponta o estudo. (JB On-line, 17 de
abril de 2005).

• Nordestinos já são 52,6% dos migrantes (Jornal O Globo, 16 de maio de 2005).

• Comércio varejista cresce 1,75% em volume de vendas e 2,44% em receita


nominal (IBGE, 12 de maio de 2005).

• Se a vítima não fosse o prefeito de Santo André, o impacto não seria o mesmo
e o caso teria sido tratado como mera estatística. (Márcio Coimbra em: <http://
www.ambito-juridico.com.br/aj/cron0237.htm>).

Todas essas notícias são, na sua essência, Estatística. Elas parecem


familiares, embora os exemplos sejam de áreas bastante distintas: economia,
medicina, gestão, turismo, social, investimentos, comércio e até política. Em
resumo, os números (também expressos por meio de tabelas e gráficos) e a
interpretação deles surgem nos discursos de praticamente todo aspecto da vida
contemporânea.

Desse modo, as estatísticas são, frequentemente, apresentadas como um


testemunho de credibilidade a um argumento ou a uma recomendação, fato que
você pode comprovar ouvindo o veiculado nos meios de comunicação: o primeiro
pensamento é acreditar na notícia como se fosse verdade absoluta. Recorde-se,
então, do ex-primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli (1804-1881), quando
afirmou que “Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e
estatísticas”.

No entanto, Estatística é método, ciência e arte. É método quando, na Física,


na Biologia, na Medicina ou na Pedagogia, aplica-se a populações específicas, isto
é, serve a uma ciência particular, da qual se torna instrumento. É ciência quando,
graças às suas teorias, estuda grandes conjuntos, independentemente da natureza
destes, sendo autônoma e universal. Finalmente, é arte na construção de modelos
para representar a realidade.

Assim sendo, nem tudo está perdido, porque a Estatística pode ajudar
você a reagir de modo inteligente às informações que lê ou escuta e, neste sentido,
torna-se um dos mais importantes assuntos que provavelmente estudou.

O presente artigo tem o objetivo de motivar você a ser mais um dos


consumidores inteligentes de estatísticas e, para ser um deles, o primeiro passo
é refletir e começar a questionar aquelas que encontrar. Por esta razão, convido
você a reformar os seus hábitos estatísticos a partir de agora. Simplesmente, não
mais aceite números, tabelas, gráficos e conclusões. Ao invés disso, comece a
pensar nas fontes de informação e, mais importante, nos procedimentos usados
para gerar essa informação. Defenda-se contra afirmações falsas, embrulhadas

127
UNIDADE 2 | CÁLCULOS ESTATÍSTICOS BÁSICOS

como se fossem estatísticas. Aprenda a reconhecer se uma evidência estatística


apoia, realmente, uma conclusão apresentada.

A Estatística está toda ela em volta de você, algumas vezes usada de


modo adequado, outras vezes não. Como o objetivo da Estatística é auxiliar a
sua tomada de decisões em situações de incerteza, distinguir as boas das más
estatísticas é, mais do que nunca, um dever, uma obrigação.
LOPES, Paulo Afonso. Entendendo a importância da estatística sem ser gênio, matemático
ou bruxo. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/
entendendo-a-importancia-da-estatistica-sem-ser-genio-matematico-ou-bruxo/11591/>. Acesso
em: 9 fev. 2015.

128
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você estudou que:

• O desvio padrão é a medida de dispersão mais empregada na Estatística.

• Para o cálculo do desvio padrão, para dados amostrais, utiliza-se a fórmula

∑ [(x − X ) ⋅ f ] .
2
i i
S=
∑ f −1
i

∑ [(x ) ].
2
i −X ⋅ fi
• Para dados populacionais, usamos a fórmula σ =
∑f i


• O Coeficiente de variação populacional: CV   100
X
S
• O coeficiente de variação amostral: CV  100
X
• O CV é usado para comparar a variabilidade entre duas grandezas com
unidades diferentes, uma vez que apresenta o resultado da variabilidade em
percentual.

129
AUTOATIVIDADE

1 Os tempos de reação de um indivíduo com paralisia cerebral a determinados


estímulos foram medidos por um psicólogo, como sendo: 0,53 – 0,46 – 0,50
– 0,49 – 0,52 – 0,44 – 0,55 segundos. Determine o tempo médio e o desvio
padrão de reação do indivíduo a esses estímulos.

2 Determine a distribuição de frequência abaixo:

DISTRIBUIÇÃO SALARIAL DOS FUNCIONÁRIOS DO CRAS DA CIDADE A - 2014


i Salários (R$) fi fa xi xi.fi (xi-x)2.fi
1 500├700 18 18 600 10800 1061657,6
2 700├900 31 49 800 24800 56946,37
3 900├1100 15 64 1000 15000 370394,69
4 1100├1300 3 67 1200 3600 382646,94
5 1300├1500 1 68 1400 1400 310404,98
6 1500├1700 1 69 1600 1600 573260,98
7 1700├1900 1 70 1800 1800 916116,98
K=7 Total 70 59000 3671428,5

FONTE: A autora

a) média
b) moda
c) mediana
d) desvio padrão amostral

3 Dados os conjuntos de números de moradores de dois loteamentos da


cidade de Indaial – SC nos últimos cinco anos:

A = { 220, 230, 240, 250, 260 }         


B = { 20, 30, 40, 50, 60 }

a) Calcule o desvio padrão do loteamento A.


b) Calcule o desvio padrão do loteamento B.
c) Que relação existe entre os desvios padrões dos dois loteamentos?

4 Numa localidade bastante pobre de uma cidade, a renda média mensal na


localidade A é de R$ 750,00 e na localidade B é de R$ 500,00. Os desvios
padrões são R$ 100,00 e R$ 80,00. Faça uma análise comparativa quanto ao
grau de homogeneidade da renda nestas duas localidades.

130
UNIDADE 3

INDICADORES SOCIAIS
COMO INSTRUMENTOS DE
GESTÃO SOCIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você, acadêmico(a), será capaz de:

• compreender a importância dos Indicadores Sociais e Estatística na Prática;

• estudar sobre a construção dos indicadores sociais nas políticas públicas;

• analisar os modelos de mapeamento de pessoas em situação de vulnerabi-


lidade social;

• estudar sobre a importância dos Indicadores Sociais para a Construção de


Políticas Públicas;

• aprender sobre o processo de monitoramento e avaliação das Políticas Pú-


blicas Sociais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles você
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.

TÓPICO 1 – INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

TÓPICO 2 – A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS


POLÍTICAS PÚBLICAS

TÓPICO 3 – INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECO-


NÔMICOS

TÓPICO 4 – A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS, PARA O


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS

131
132
UNIDADE 3
TÓPICO 1

INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

1 INTRODUÇÃO
A elaboração de um diagnóstico social da realidade pesquisada ou
vivenciada por famílias de uma determinada região do país é uma tarefa muito
ampla e que necessita inúmeros indicadores sociais.

Esses indicadores sociais são construídos através de olhares múltiplos


de uma determinada realidade e de suas diversas dimensões. Através de
diferentes olhares, sendo que poderão ocorrer por meio de fotografias, filmagens,
indicadores sociais coletados frequentemente e também pelo monitoramento das
ações que objetivem mudança social de uma comunidade.

Uma realidade social pode ser descrita não só por indicadores


quantitativos, mas por instrumentos que possibilitem outra maneira de avaliar as
demandas apresentadas.

Não se pode sobre-estimar a capacidade de síntese e de objetivação da


realidade que outros registros, como foto, filmagens, depoimentos e outros
forneçam para a elaboração de um diagnóstico social, pois nem sempre as horas e
horas de filmagens ou as fotos registradas por diferentes ângulos são suficientes
para captar toda a complexidade inserida em um contexto vivenciado por uma
comunidade. Esses instrumentos servem para “modelar” a conjuntura social
pesquisada e focar nos aspectos priorizados pelos profissionais desta área, como
fotógrafos ou analistas sociais.

O assistente social deve potencializar o uso dos indicadores para a


formulação de diagnósticos socioeconômicos e para a elaboração de projetos e
programas públicos, deve-se ter o cuidado para não descuidar de suas limitações
diante da representação da realidade social em evidência.

Neste tópico será apresentada uma caracterização histórica dos


indicadores sociais e das estáticas, como também a importância da sua utilização
nas políticas públicas.

133
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

2 INDICADORES SOCIAIS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS


SOCIAIS
Os indicadores sociais tiveram seu aparecimento e desenvolvimento
interligados com o surgimento do Estado do Bem-Estar Social, tendo como
consolidação as atividades de planejamentos das políticas públicas do Século XX.
No início do século passado, houve algumas contribuições sociólogas para definir
a termologia sobre os indicadores sociais, através de Emile Durkheim, porém
somente em 1960, no meio das tentativas de organização de sistemas públicos
mais compreensivas é que os indicadores passaram a ter um impacto maior na
efetivação das políticas públicas.

Durante esse período iniciou-se um crescimento diferenciado entre a


economia e as melhorias das condições de vida da população que residia no
terceiro mundo, sobre o (PIB), seu crescimento corresponde ao valor e ao uso
dos bens de serviços finais, como também se acentuam as diferenças sociais em
diversos países. Sendo assim, o crescimento econômico não se tornou o único
instrumento utilizado como parâmetros para garantir o desenvolvimento social
de uma determinada região ou até mesmo do país.

Perante essa avaliação, cultivou-se um forte esforço diante dos conceitos e


metodologias que conseguissem dar conta do desenvolvimento de instrumentos
de aplicabilidade do bem-estar e de mudanças sociais nas organizações,
instituições e agências de estatísticas que são reconhecidas mundialmente, como
exemplo, no Brasil podemos citar:

• O IBGE, que é um dos principais elaboradores de estatística, pesquisa e


indicadores sociais do país.
• A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
• A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO).
• A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
• A Organização Internacional do Trabalho (OIT).
• A Organização Mundial da Saúde (OMS).
• A Organização das Nações Unidas para Infância (UNICEF).
• A Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD).
• Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD).

DICAS

No ano de 1969, o Departamento de Saúde dos EUA, publicou o documento


Toward Social Report, disponível em: <www.eric.ed.ov>, que representou o marco inicial no
processo de elaboração de indicadores para as políticas públicas.

134
TÓPICO 1 | INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

Através do documento acima citado, os sistemas nacionais responsáveis


pela elaboração e disseminação de dados estáticos, incorporaram novas categorias
e dimensões investigativas, através da produção de relatórios sociais mais
sistêmicos, onde incide a agilidade em entender os dados estáticos através de um
conhecimento geral.
 
Essa forma de organização dos indicadores sociais proporcionou aos
governos, em todas as suas esferas, orientar melhor suas ações, através de uma
melhor redistribuição de riquezas, da melhoria da qualidade de vida e muitas
vezes superando diferenças do sistema capitalista.

A partir dos anos 1970, durante a crise fiscal do Estado, deu-se início
a potencialização dos Planejamentos de Governo tecnocrático, onde através
da organização sistêmica dos indicadores sociais houve a implementação das
Políticas Públicas, gerando assim ações que poderiam ser implementadas em
curto e médio prazo. Os excessos de planejamentos tecnocráticos, durante este
período, geraram certo negativismo no que se refere aos planejamentos públicos
e a utilização dos indicadores sociais.

Esse descrédito dos planejamentos governamentais, no Brasil, durou até a


Constituição Federal de 1988, onde houve a institucionalização de um modelo de
Sistema de Proteção Social, onde as experiências na elaboração e implementação
das políticas públicas foram aperfeiçoadas e tiveram nos indicadores sociais a
base de sua fundamentação.

E
IMPORTANT

O Sistema de Proteção Social é um conjunto de instrumentos legalizados e de


organizações e instituições que visam a regulação e provimento de direitos sociais da população.

As principais diretrizes e abrangências da Proteção Social estão definidas na Constituição


Federal de 1988, nos artigos 1, 5, 6 e 7 – pois tratam dos direitos civis fundamentais e
direitos sociais de modo geral. Nos artigos 192 a 204, centraliza os direitos relacionados à
saúde, previdência e assistência social; e nos artigos 205 a 215, dispõem sobre os direitos
relacionados à educação e cultura.

Para entender melhor sobre Proteção Social, leia:

RATTNER, Heinrich. Indicadores Sociais e planificação do desenvolvimento. In: Revista


Espaço Acadêmico, n. 30, p. 1-10, 2003. Disponível em: <http://www.espacoacademico.
com.br/030/ 30rattner.htm>. Acesso em: 24 abr. 2015.

SANTAGADA, Salvatore. Indicadores Sociais: uma primeira abordagem histórica. In:


Pensamento Plural. Pelotas n. 01, p. 113 - 142, jul./dez. 2007. Disponível em: <http://www.
ufpel.tche.br/isp/ppgcs/pensamento_plural/numero_1.htm>. Acesso em: 24 abr. 2015.

135
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Os indicadores sociais passaram a fazer parte de todo ciclo de efetivação


dos planejamentos estratégicos, para implantação das políticas sociais, e que vai
desde a elaboração de diagnósticos socioeconômicos à avaliação e monitoramento
dos resultados e seus impactos nos programas sociais.

As instituições e organizações, como sindicatos, universidades,


centros de pesquisas, e outras vinculadas ao setor de planejamento público
começaram a desenvolver mecanismos de aperfeiçoamento e aprimoramento
no desenvolvimento de instrumentais metodológicos e conceituais, com mais
especificidade dos dados qualitativos e quantitativos da realidade social, o que
deu origem aos Sistemas de Indicadores Sociais, que significa o conjunto de
indicadores sociais de uma referida área social, e que darão subsídios para uma
análise e monitoramento das políticas públicas.

FIGURA 13 - INDICADORES SOCIAIS

FONTE: Disponível em: <http://www.planejamento.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.


php?conteudo=2484>. Acesso em: 24 abr. 2015.

Os municípios brasileiros, após a CF de 88, passaram a utilizar com


mais frequência os indicadores sociais e demográficos, através de agências e
empresas estatísticas e de consultoria em planejamento público, visando também
uma descentralização governamental, tanto em recursos materiais, humanos e
financeiros.

Sendo assim, os indicadores municipais se tornaram indispensáveis


para elaboração de planos diretores de desenvolvimento urbano, também para
planos plurianuais de investimentos em todas as áreas, objetivando sempre
uma justificativa para a busca de repasse de verbas do governo federal na
implementação de programas e projetos que visem atender a demanda apontada.

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TÓPICO 1 | INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

NOTA

Você irá encontrar várias informações sobre o seu município no site: <http://
www.brasilemcidades.gov.br/src/html/home.html >

Segundo Garcia (2001), em decorrência ao aumento da importância


na utilização dos indicadores sociais, as atividades que estão inseridas aos
Planejamentos Governamentais, aos Ciclos de Formulações e nas Avaliações
das Políticas Públicas acarretaram uma série de modificações nas mudanças
institucionais nas administrações públicas, através da descentralização de
programas sociais, da fiscalização e auditoria do Tribunal de Contas, conforme a
legalidade, e pela reforma gerencial nas Gestões Públicas, que ocorreu na metade
dos anos 1990.

DICAS

Para conhecer os relatórios de avaliação do governo federal e que foram


executados pelos diferentes Ministérios, onde são analisados fatores à implementação dos
programas, resultados, eficiência e economicidade dos mesmos na realidade da sociedade,
acesse: <www.tcu.gov.br>

Outra questão importante em relação ao uso dos indicadores na


Administração Pública está no aperfeiçoamento do controle social no Brasil,
durante as duas últimas décadas. A fiscalização do uso dos recursos públicos
passou a ter uma maior visibilidade através dos meios de comunicação, conselhos
gestores das políticas públicas, sociedade civil e sindicatos, através de um modo
mais eficiente, eficaz e efetivo na utilização dos mesmos.

As novas tecnologias de informação e comunicação têm contribuído para


a divulgação e organização dos indicadores sociais. Os dados cadastrais que eram
esquecidos em arquivos, fichários e/ou armários, agora oferecem acesso livre pelo
uso da internet e transformam-se em informações quantitativas e qualitativas nas
análises e tomadas de decisões.

Os dados estatísticos que eram guardados em enormes arquivos digitais estão


hoje compactados em diferentes mapas e tabelas, e são muitas vezes elaborados por
pessoas sem especialização. A rede, internet, CD-ROM e arquivos em microdados
são fontes riquíssimas para a utilização de uma administração pública.

137
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

A Política Pública, no campo aplicado, utiliza os indicadores sociais como


medidas para realizar a operacionalização de um conceito meditativo ou demanda
de interesse programático nas áreas sociais. Nesse sentido os indicadores sociais
têm como objetivos apontar, indicar, aproximar, traduzir de forma operacional
as áreas sociais que já foram definidas através de escolhas teóricas ou de políticas
públicas que já haviam sido realizadas anteriormente.

Os indicadores sociais proporcionam subsídios para as atividades


de planejamento público e na elaboração de políticas sociais, nas diferentes
esferas de governo, viabilizam o monitoramento das condições de vida da
comunidade através do poder público e da sociedade civil, e também abrem
espaço para a investigação acadêmica e sobre a mudança da realidade social e
sobre os determinantes dos fenômenos sociais, como: índice de pobreza, taxa
de analfabetismo, per capita, taxas de desemprego, taxas de evasão escolar, entre
outros, sendo nesse sentido que os indicadores sociais se traduzem em cifras
operacionais e tangíveis, nas diversas dimensões da realidade social.

No início desta unidade, apontamos as fotografias como forma de relatar


e captar os indicadores que procuram retratar o que se expressa em forma de
número, a imagem captada no indicador é uma materialização da realidade,
ou seja, uma representação de um aspecto da mesma, e em muitos casos é um
indicador mais confiável. A figura a seguir, mostra um retrato da realidade social,
geada pela demanda habitacional, através das favelas que se formam nos grandes
centros urbanos. A fotografia da figura permite outros olhares sobre a realidade
ali representada, como por exemplo, a fragilidade nas estruturas de sustentação
das moradias, construção das casas realizada com materiais precários, falta de área
comum para utilização da comunidade, falta de saneamento básico e coleta de lixos.

FIGURA 14 – MORADIAS INADEQUADAS

FONTE: Disponível em: <http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/mas-afinal-o-que-


e-pobreza>. Acesso em: 25 abr. 2015.

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TÓPICO 1 | INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

Através de uma análise mais profunda da fotografia, consegue-se


identificar situações de vulnerabilidade social, que ultrapassam a questão social
de habitação, mas pode-se perceber que existem crianças em situação de risco
social, pois uma delas além de estar sem roupas está sem sapatos, o que com
toda a certeza não garante a proteção de risco de doenças de veiculação hídrica,
que significa as doenças que acontecem pelo contato com águas contaminadas
e poluídas, como a cólera, a amebíase, gastroenterite, paratifoide e outras que
podem levar à morte.

A leitura de uma determinada realidade social, através de registros


fotográficos ou filmagens, deve ser realizada através de vários ângulos, pois
assim consegue-se obter diagnóstico mais amplo e completo dos indicadores
sociais. Sendo assim, pode-se afirmar que a realidade multifacetada da qualidade
de vida de uma população deve ser captada por várias fotografias, pois um
diagnóstico socioeconômico não se resume apenas em indicador quantitativo,
mas no conjunto de indicadores sociais.

DICAS

Caro acadêmico, acesse o site abaixo para conhecer a realidade das populações
de algumas cidades do mundo. <http://www.urban-age.net>

Não se pode deixar de considerar que a elaboração de um indicador social,


ou de um Sistema de Indicadores Sociais, que tem como propósito a preparação
para a implementação das Políticas Públicas, acontece sem a explicitação do
conjunto de interesses programáticos que se necessite pesquisar com objetividade.

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UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

FIGURA 15 - DO CONCEITO DE INTERESSE PROGRAMÁTICO AOS INDICADORES SOCIAIS


Exemplos
Busca e combinação de possíveis
de dados de indicadores
diferentes fontes e
pesquisas Taxa de
cobertura
Condições de
de rede de
moradia
abastecimento
Cadastros de água
públicos
Taxa de
Situação de
mortalidade
saúde
infantil
Melhorias das Pesquisas do
Condições de IBGE e outras
Vida instituições
Perfil
Taxa de evasão
educacional
Registros de
programas
sociais
Inserção Taxa de
ocupacional desemprego

FONTE: Jannuzzi (2009, p. 25)

E na prática, por onde iniciar? Com certeza, esse é um dos questionamentos


que você, acadêmico, deve estar se fazendo.

Simulando uma situação problemática, em que se faz necessário averiguar


as qualidades de vida de uma determinada realidade geográfica, como: município,
bairro, favela, comunidade, com o objetivo de fornecer indicadores sociais para a
implementação de programas de melhorias habitacionais.

Ao definir o objetivo programático para se medir as qualidades de vida,


iniciam-se as avaliações dos componentes sintéticos para cada dimensão que se
queira detalhar. Em cada dimensão se faz necessário elaborar ações que sejam
objetivas e operacionais.

Sobre a implementação de programas habitacionais, deve-se conhecer as


características das atuais moradias que existem na área de intervenção, levando
em consideração os números de domicílios, qual o tipo e qualidade das matérias
utilizadas na construção já existente, se existe tratamento de esgoto e água tratada,
quantas moradias possuem.

Para um diagnóstico completo, é fundamental conhecer a realidade social da


saúde da população que será beneficiada, como a taxa de mortalidade infantil, taxa
de desnutrição infantil, doenças infecto-parasitárias, idosos acamados, números de
pessoas que estão no auxílio-doença e o tipo da mesma, e outros dados que podem
contribuir para diagnosticar a situação da saúde da população-alvo.
140
TÓPICO 1 | INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

É importante conhecer o nível de escolaridade populacional e a


população em idade escolar, qual é o número de crianças e adolescentes que
estão matriculados e frequentando a escola, como também a taxa de reprovação
e evasão escolar.

Outro indicador social importante é a inserção das pessoas acima de 18


anos no mercado de trabalho, taxa de desemprego, renda mensal e per capita
familiar, e a legalidade e formalidade nos contratos de trabalho.

Não se pode descartar os dados já existentes nos programas públicos e


cadastros socioeconômicos, em prontuários de atendimentos oficiais, como por
exemplos, os dados do Cadastro Único, (CADUNICO) e IBGE.

Na tabela a seguir você pode verificar alguns dos indicadores de qualidade


de vida da população pesquisada.

QUADRO 2 - INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA

Quais as dimensões Estatísticas e dados de


Definição de
sociais Representação de Registros administrativos
conceito ou
ou componentes indicadores Requeridos para
Objetivo
Operacionais de Sociais possíveis complemento
Programático
Programas dos indicadores

Total de moradias na
área a ser intervinda,
Taxa de domicílios domicílios
construídos que estão dentro normas
com material de “habitabilidade”, conforme
adequado levantado em pesquisa
específica ou pelo
IBGE
Condições Situação
de Vida da habitacional
População das famílias
Número Total de domicílios
estimados
pelo IBGE e total
Taxa de cobertura
de ligações
domiciliar da rede
domiciliares de água pela
de água tratada
concessionária de Serviços
de Abastecimento e
Saneamento

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UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Quantidade de pessoas e
Número de quartos para dormir em
moradores por cada moradia, conforme
dormitório levantado em pesquisa
específica ou pelo IBGE

Número de nascimentos e
Taxa de óbitos
mortalidade de crianças até 1 ano
infantil registrados nos Cartórios ou
em Hospitais locais.

FONTE: A autora

Através do exemplo anterior, o conceito de qualidade de vida, através da


condição de habitabilidade da vida urbana, deve ser analisado por um conjunto
de indicadores. A intensidade deste conjunto de indicadores, e de outros, será
conforme o foco da demanda pesquisada.

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TÓPICO 1 | INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

LEITURA COMPLEMENTAR

OIT LANÇA SISTEMA DE INDICADORES MUNICIPAIS SOBRE


TRABALHO DECENTE EM TODO O BRASIL

“O lançamento de um conjunto de dados sobre trabalho decente em nível


municipal tão completo e específico como este é inédito no mundo”, afirmou a
diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo. “As informações reveladas por este sistema
são extremamente valiosas por permitirem a identificação das oportunidades
e dos desafios particulares de cada um dos 5.570 municípios brasileiros nesse
âmbito. Dessa maneira, elas constituem um recurso estratégico para a melhor
implementação da Agenda e do Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente,
além das agendas estaduais e municipais de trabalho decente e de políticas
públicas de importância estratégica para o desenvolvimento do país, como o
Brasil Sem Miséria e o PRONATEC, na medida em que permitem uma análise
integrada das dinâmicas laboral, espacial, econômica e social de cada município”.

O Sistema de Indicadores Municipais de Trabalho Decente é baseado no


Censo de 2010 e em outras fontes de informações do IBGE, mas também utiliza
registros administrativos de diversas instituições do Sistema Estatístico Nacional,
como a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), além de outras estatísticas
do Ministério do Trabalho e Emprego, da Previdência Social e do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

As informações estão disponíveis para consulta no website:  <http://simtd.


oit.org.br>, onde é possível realizar o download de relatórios sobre cada um dos
5.570 municípios brasileiros existentes em 2010, além da respectiva base de dados
e de uma síntese das principais evidências referentes ao conjunto dos municípios.
Os dados se referem a distintos períodos, de acordo com a disponibilidade das
informações e a natureza da análise, com predomínio para o período de 2010 a 2013.

O conceito de Trabalho Decente sintetiza a missão histórica da OIT de


promover oportunidades para que homens e mulheres obtenham um trabalho
produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e
dignidade humana, sendo considerada condição fundamental para a superação
da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade
democrática e o desenvolvimento sustentável.

“O trabalho é um dos principais vínculos entre o desenvolvimento


econômico e o social, já que representa um dos principais mecanismos pelos
quais os seus benefícios podem efetivamente chegar às pessoas e, portanto,
serem mais bem distribuídos”, ressaltou Laís Abramo. Os dados do novo sistema
de indicadores municipais estão organizados em dez áreas temáticas, que
correspondem às dez dimensões de medição do trabalho decente:

143
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

1 Oportunidades de emprego.
2 Rendimentos adequados e trabalho produtivo.
3 Jornada de trabalho decente.
4 Conciliação entre o trabalho, vida pessoal e familiar.
5 Trabalho a ser abolido.
6 Estabilidade e segurança no trabalho.
7 Igualdade de oportunidades e de tratamento no emprego.
8 Ambiente de trabalho seguro.
9 Seguridade social.
10 Diálogo social e representação de trabalhadores e empregadores.

O Sistema de Indicadores Municipais de Trabalho Decente foi produzido


pelo Escritório da OIT no Brasil, em cooperação técnica com o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, com o apoio da União Europeia e do Departamento de Estatística
da sede da OIT em Genebra.

Seu lançamento dá continuidade à publicação do  1º Perfil do Trabalho


Decente no Brasil em 2009, com dados nacionais, e do Perfil do Trabalho Decente
no Brasil: Um Olhar sobre as Unidades da Federação em 2012, com dados dos 26
estados brasileiros e do Distrito Federal.

Principais evidências

Informalidade

Uma das principais revelações do novo Sistema de Indicadores


Municipais de Trabalho Decente é que um esforço concentrado em 24 municípios
poderia reduzir significativamente o número de trabalhadores e trabalhadoras
em situação de  informalidade  no Brasil. De acordo com os dados, um grupo
de apenas 24 municípios com mais de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras em
situação de informalidade, composto por diversas capitais e grandes centros
urbanos, abrigava 6,8 milhões de pessoas ocupadas em trabalhos informais, o
correspondente a 20,5% do total nacional (33,2 milhões). É importante destacar
ainda que, apesar de terem níveis de formalização maiores, as capitais abrigam
um de cada cinco trabalhadores e trabalhadoras informais. Além disso, foi
constatado que metade dos municípios com taxa de informalidade acima de 50%
era da região Nordeste.

Também se observou que, ao final de 2013, todos os municípios


brasileiros contavam com trabalhadores e trabalhadoras formalizados na
condição de Microempreendedor Individual (MEI). Nesta data, um significativo
contingente de 3,66 milhões de trabalhadoras e trabalhadores já estava formalizado
por intermédio da figura do MEI, o que contribuiu expressivamente para a redução
da informalidade laboral. Com efeito, a título apenas de aproximação, este número
de ocupados/as formalizados pelo MEI representava 11,0% do total da força de
trabalho ocupada em trabalhos informais no país (33,2 milhões) no ano de 2010.

144
TÓPICO 1 | INDICADORES SOCIAIS E ESTATÍSTICA NA PRÁTICA

Desocupação

Os menores índices de desocupação entre as capitais foram observados em


Curitiba (4,7%) e Florianópolis (4,9%) e os maiores em Salvador (12,9%) e Recife
(12,5%). É importante enfatizar que, de um modo geral, a desocupação é maior
entre as mulheres e a população negra. Em Salvador, por exemplo, enquanto a
taxa de desocupação era de 7,1% entre os homens brancos, ela alcançava 18,0%
entre as mulheres negras.

Rendimento

Segundo os dados do Censo 2010, cerca de 75% do rendimento domiciliar


no Brasil era proveniente do trabalho, sendo que em 93,4% dos municípios
brasileiros o rendimento do trabalho representava mais da metade do rendimento
total domiciliar. Isso acontecia até mesmo na região Nordeste, a mais pobre do país
e que, consequentemente, conta com um maior volume de transferência de renda
oriunda de programas sociais, sobretudo do Bolsa Família, onde o rendimento do
trabalho é superior a 50% em 81% dos municípios.

Trabalho doméstico

Vale também destacar um grupo de 68 municípios com percentual


de  trabalhadoras domésticas  com carteira assinada abaixo de 25%, que inclui
diversas capitais e municípios de significativo porte populacional das regiões
Norte e Nordeste, como Teresina (24,1% de trabalhadores/as domésticos/as
com carteira assinada), Macapá (24,5%) e Boa Vista (24,8%), além de Feira de
Santana (21,6%) e Vitória da Conquista (19,9%) na Bahia, Petrolina (22,8%) em
Pernambuco, Campina Grande (23,2%) na Paraíba, Sobral (9,7%), Juazeiro do
Norte (11,7%) e Caucaia (14,2%) no Ceará e Santarém (16,7%) no Pará.

Trabalho forçado

Os dados revelam que, dos 316 municípios brasileiros onde foram


flagrados trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em 2013,
62,3% não possuía programas ou ações de combate ao uso de trabalho forçado.

Trabalho infantil

Das 888,4 mil crianças e adolescentes de 14 ou 15 anos de idade que


trabalhavam conforme registrado pelo Censo de 2010, apenas 2,7% fazia isso
na condição de aprendiz. Isso significa que o trabalho exercido por 97,3% dos
adolescentes dessa faixa etária não era permitido por lei, se enquadrando,
portanto, na categoria de trabalho a ser abolido. Além disso, 86,3% dos municípios
brasileiros não registravam um aprendiz sequer na faixa etária mencionada no
ano de 2010.

145
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Jovens

Um de cada cinco  jovens  entre 15 e 24 anos de idade no Brasil não


trabalhava nem estudava em 2010. Considerando as jovens mulheres, os afazeres
domésticos e as responsabilidades associadas à maternidade têm grande relação
com isso. Em 2010, 48,3% das mulheres entre 15 e 24 anos que não trabalhavam
nem estudavam eram mães.

Pessoas com deficiência

Considerando o grande desafio de incluir  pessoas com deficiência  no


mercado formal de trabalho, 31,5% dos municípios brasileiros não tinham
nenhuma pessoa com deficiência no mercado formal de trabalho, segundo dados
do MTE de 2012. Em 72% deles a administração pública respondia por mais
da metade do emprego formal. Isso quer dizer que, na condição de principais
empregadoras do mercado formal nestes municípios, as prefeituras poderiam
empreender políticas e ações inclusivas de pessoas com deficiência nos seus
quadros funcionais.

Educação

Finalmente, com relação ao  nível de instrução  da população em idade


potencial para trabalhar, observou-se que em 81% dos municípios mais da metade
da população de 15 anos de idade ou mais não tinha instrução ou tinha o ensino
fundamental incompleto.

FONTE: Disponível em: <http://nacoesunidas.org/sistema-inedito-de-indicadores-municipais-


elaborado-pela-oit-revela-diversidade-de-oportunidades-e-desafios-para-a-promocao-do-trabalho-
decente-no-brasil/> Acesso em: 23 abr. 2015.

146
RESUMO DO TÓPICO 1

Caro acadêmico, neste tópico foram abordados os seguintes temas:

• Os indicadores sociais tiveram seu aparecimento e desenvolvimento


interligados com o surgimento do Estado do Bem-Estar Social.

• No início do século passado, houve algumas contribuições sociológicas para


definir a termologia sobre os indicadores sociais, através de Emile Durkheim,
porém somente em 1960 no meio das tentativas de organização de sistemas
públicos mais compreensivos que os indicadores passaram a ter um impacto
maior na efetivação das políticas públicas.

• O IBGE é um dos principais elaboradores de estatística, pesquisa e indicadores


sociais do país.

• Os sistemas nacionais responsáveis pela elaboração e disseminação de dados


estáticos, incorporaram novas categorias e dimensões investigativas, através
da produção de relatórios sociais mais sistêmicos, onde incide a agilidade em
entender os dados estáticos através de um conhecimento geral.

• A partir dos anos 1970, durante a crise fiscal do Estado, deu-se início a
potencialização dos Planejamentos de Governo.

• Os excessos de planejamentos tecnocráticos, durante este período, geraram


certo negativismo no que se refere aos planejamentos públicos e a utilização
dos indicadores sociais.

• Os indicadores sociais passaram a fazer parte de todo ciclo de efetivação dos


planejamentos estratégicos para implantação das políticas sociais.

• As instituições e organizações, como sindicatos, universidades, centros de


pesquisas, e outras vinculadas ao setor de planejamento público, começaram
a desenvolver mecanismos de aperfeiçoamento e aprimoramento no
desenvolvimento de instrumentais metodológicos e conceituais, com mais
especificidade dos dados qualitativos e quantitativos da realidade social, o que
deu origem aos Sistemas de Indicadores Sociais.

• Os indicadores municipais se tornaram indispensáveis para elaboração


de planos diretores de desenvolvimento urbano e planos plurianuais de
investimentos em todas as áreas, objetivando sempre uma justificativa para a
busca de repasse de verbas do governo federal na implementação de programas
e projetos que visem atender a demanda apontada.

147
• Outra questão importante em relação ao uso dos indicadores na Administração
Pública, está também no aperfeiçoamento do controle social no Brasil, durante
as duas últimas décadas.

• As novas tecnologias de informação e comunicação têm contribuído para a


divulgação e organização dos indicadores sociais.

• A Política Pública, no campo aplicado, utiliza os indicadores sociais como


medidas para realizar a operacionalização de um conceito meditativo ou
demanda de interesse programático nas áreas sociais.

• Os indicadores sociais proporcionam subsídios para as atividades de


planejamento público e na elaboração de políticas sociais, nas diferentes
esferas de governo, viabilizam o monitoramento das condições de vida das
comunidades.

• A leitura de uma determinada realidade social, através de registros fotográficos


ou filmagens, deve ser realizada através de vários ângulos, pois assim consegue-
se ter um diagnóstico mais amplo e completo dos indicadores sociais.

• Ao definir o objetivo programático para se medir as qualidades de vida inicia-


se as avaliações dos componentes sintéticos para cada dimensão que se queira
detalhar.

148
AUTOATIVIDADE

1 As políticas públicas precisam estar interligadas às demandas


sociais que são apresentadas através dos indicadores sociais,
e requerem dos gestores públicos que:

a) ( ) A tomada de decisão, através de uma escolha correta,


dentre as reais necessidades, levando em consideração um leque de
alternativas que por necessidade, deve suprir com os direitos sociais e
as necessidades essenciais, como moradia, educação, emprego, saúde e
outros.
b) ( ) A definição de pobreza acontece através do reflexo do processo
histórico das pessoas que não aceitaram o capitalismo.
c) ( ) As desigualdades sociais devem ser relacionadas com o posicionamento
geográfico.
d) ( ) Os conceitos de desigualdade social estão referidos aos movimentos
sociais e que afrontaram o sistema econômico.

2 Quais as diretrizes e abrangências da Proteção Social que estão definidas na


Constituição Federal de 1988?

149
150
UNIDADE 3
TÓPICO 2

A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS


POLÍTICAS PÚBLICAS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico você irá conhecer as mais importantes
pesquisas e fontes de dados para a elaboração de indicadores sociais.

Perceberá que o IBGE, Ministérios, Organizações e Instituições ligadas à


área de estatística, em todas as esferas governamentais e não governamentais,
estão sempre produzindo informações que são fundamentais para as Políticas
Públicas e para a governabilidade.

O IBGE, em decorrência das suas atividades estatísticas, realiza a regulação,


acompanhamento a prestação de serviços públicos nas mais diversas áreas, como
educação, assistência social, saúde, trabalho e renda, objetivando uma melhor
eficiência dos programas sociais.

Este conhecimento permitirá a particularização de um conjunto de


indicadores sociais para a aplicação na prática profissional.

2 OS DADOS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS


O diagnóstico socioeconômico, que se indique sendo favorável e propositivo
para as Políticas Públicas, deve-se distinguir-se como um estudo da realidade
social de uma apontada população, através do embasamento teórico-descritivo ou
analítico, tabelas, gráficos e cartogramas com os indicadores sociais específicos e
estejam voltados a dar subsídios para os programas sociais já delineados.

O significado do termo propositivo, quando se refere a um diagnóstico


socioeconômico, é no sentindo de caracterizar, dos diagnósticos mais
generalizados, que na maioria das vezes são realizados nas instituições de
ensino, universidades, instituições de estatísticas, que objetivam a elaboração de
um balanço das alterações socioeconômicas ou das condições de vida de uma
determinada realidade.
151
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Como exemplo de um diagnóstico propositivo, pode-se utilizar o


Programa Estadual de Qualificação Profissional de São Paulo, conforme o quadro
a seguir:

QUADRO 3 - QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

A estrutura de tópicos tratados em diagnóstico para programa de


qualificação profissional

1 Análise do público-alvo

a) Quais as tendências do crescimento demográfico da força de trabalho?


b) Quais as perspectivas de crescimento futuro da força de trabalho?
c) Quais as características educacionais da força de trabalho?
d) Quais as condições de atividade, ocupação e rendimentos?

2 A Análise do ambiente econômico regional

a) Quais as tendências do desenvolvimento regional?


b) Quais as perspectivas de investimento público e privado?
c) Qual a estrutura produtiva (estabelecimentos existentes e produção)?
d) Qual a infraestrutura viária, transporte e comunicações?

3 A Análise do mercado de trabalho regional

a) Qual a estrutura do emprego e ocupações?


b) Quais as ocupações mais dinâmicas?
c) Quais a ocupações menos dinâmicas?

4 Quais as análises de experiências passadas e estrutura de gestão?

a) Quais os cursos de qualificação oferecidos?


b) Qual a estrutura de apoio à intermediação de mão de obra?
c) Quais as características do pessoal técnico envolvido ou disponível?
FONTE: A autora

Observando o diagnóstico, percebe-se que foi iniciado através de uma


análise das características da população-alvo, como o crescimento demográfico,
perfil socioeconômico, o desenvolvimento econômico da região. Sendo, o
complemento de uma avaliação da dinâmica de cursos de qualificação que
já foram oferecidos e também da composição de instrumentos que foram
implantados objetivando uma maior viabilidade e efetividade da estruturação de
políticas públicas.

152
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Em um contexto geral, a formulação de diagnósticos socioeconômicos


propositivos para os programas, serviços e projetos públicos aplicam-se a
indicadores de diversas áreas de concentração analítica ou governamental.
Portanto, ao desenvolver um projeto na área habitacional é necessário conhecer
não somente as condições de acesso à moradia, mas a infraestrutura habitacional,
formas de moradia, e também os aspectos pertinentes à qualidade de vida da
população, como por exemplos, qualidade e nível de educação, vulnerabilidades
sociais, acesso ao saneamento básico, acesso aos serviços de saúde e assistência
social, potencializando as ações práticas e específicas.

DICAS

Para conhecer um modelo de relatório de diagnóstico social, acesse: <www.


emprego.sp.gov.br>, e você conhecerá o Relatório de Diagnóstico do Programa de
Qualificação do Estado de São Paulo.
Acesse também: <www.boletimfundap.cebrap.org.br/n1> e conheça um resumo do
diagnóstico, que está no periódico on-line de Políticas Públicas em Foco.

Quando observamos diagnósticos socioeconômicos que estejam coerentes


com a realidade apresentada à utilização de indicadores sociais, como indicadores
educacionais (taxa de analfabetismo, nível de escolaridade), indicadores de saúde
(quantidade de leitos por habitantes de uma certa região, taxa de mortalidade
infantil), indicadores habitacionais (quantidade de moradias legalizadas,
densidade de moradores por domicílio), indicadores de infraestrutura urbana
(taxa de abastecimento de água tratada e de esgoto sanitário) e outros consegue-
se realizar uma leitura da realidade social que se está em estudo.

Os indicadores sociais, nas suas diferentes temáticas, mostram as


diferentes condições da qualidade de vida, além de que devem estar presentes
nos diagnósticos demográficos e também de projeções futuras no crescimento
populacional.

153
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

FIGURA 16 - CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO

FONTE: Disponível em: <http://envolverde.com.br/noticias/populacao-


mundial-chegara-a-sete-bilhoes-em-31-de-outubro/>. Acesso em: 26
abr. 2015.

As transformações demográficas, que ocorreram nos últimos 30 anos,


foram bastante intensas, chegando a prever que a população brasileira, por volta
de 2040, estaria estabilizada com aproximadamente 215 milhões de habitantes,
um índice bem menor que os estudos realizados nos anos de 1970.

DICAS

As informações sobre as projeções demográficas de toda população brasileira,


podem ser consultadas no site do IBGE, além também de encontrar uma importante
discussão das “Projeções Populacionais no Brasil: subsídios para seu aprimoramento”.
Disponível em: <www.abep.org.br>

Na figura a seguir, você poderá verificar a evolução total da população,


de 1950 até 2050.

154
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO POPULACIONAL ENTRE 1950 ATÉ 2050

250 000 000


r=0
225 000 000

200 000 000

175 000 000

150 000 000

125 000 000

100 000 000

75 000 000

50 000 000

25 000 000

0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

FONTE: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_popul


acao/2008/projecao.pdf> Acesso em: 26 abr. 2015.

Cada região brasileira tem um impacto diferenciado sobre as demandas


sociais, como posto de saúde e de empregos, vagas escolares, demandas
habitacionais, entre outras. Os programas sociais apresentam um público-
alvo específico conforme as suas necessidades. Sendo assim, um diagnóstico
para os programas de qualificação profissional deve dispor sobre informações
quantitativas, sobre o desenvolvimento da evolução da força de trabalho entre
18 e 64 anos, para elaboração de programas voltados à educação infantil,
requer informações relativas às tendências quantitativas sobre o crescimento
populacional entre 4 e 6 anos.

Após eleitos os indicadores sociais mais relevantes para traçar um


diagnóstico das condições de vida de uma determinada região, faz-se necessário
resgatar as fontes de dados e pesquisas recomendadas e até mesmo computá-
los de forma ética. As elaborações dos indicadores sociais acontecem através de
dados e estatísticas oriundos de diversas pesquisas, sendo mais complexo do
que se possa imaginar. “O caso do cômputo da taxa de mortalidade infantil é
emblemático nesse sentido. Em termos algébricos, o cálculo da taxa é bastante
simples, pois se trata de uma razão entre o total de óbitos de crianças até um
ano e o total de crianças nascidas vivas ao longo do mesmo ano de referência”.
(JANNUZZI, 2009, p. 41).

155
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

A fórmula a seguir detalha como chegar à taxa de mortalidade infantil,


analisando somente as determinações da algébrica, a computação das taxas se
torna uma fórmula simples, pois trata de um resultado entre o total de óbitos
de crianças até um ano de idade, e as crianças vivas durante o mesmo período,
conforme a fórmula estatística no exemplo:

Taxa de Mortalidade Infantil =


Total de óbitos infantil até 01 ano
÷
Total de crianças nascidos vivos durante o ano
X
1000

FONTE: A autora

Outro exemplo simplificado, que normalmente é utilizado pelo Serviço


Social é o cálculo da taxa de frequência escolar de alunos matriculados no Ensino
Fundamental. Sendo:

Taxa de Frequência Escolar no Ensino Fundamental =


Total alunos matriculados de 6 a 14 anos no Ensino Fundamental
÷
Número do Público-Alvo Normativo (População de 6 a 14 anos)
X
1000
FONTE: A autora

Os dados estatísticos poderão ser encontrados através dos Censos


Demográficos, realizado pelo IBGE, do Censo Escolar concretizado pelo INEP.
Porém, precisa ficar atento, pois esses dados não devem ser computados como
indicadores de nível municipal a partir do momento que não são coincidentes
com a data da realização de tais pesquisas.

Se não tivermos um bom conhecimento técnico das fontes e dados em


determinada temática social, é melhor que empreguemos, na elaboração
de diagnósticos socioeconômicos, indicadores já computados
anteriormente por instituições com tradição e credibilidade. Pior
do que não termos nenhuma informação ou indicador para uma
determinada dimensão da realidade social é dispormos de um dado
pouco confiável, que nos conduza a análises ou decisões equivocadas.
(JANNUZZI, 2009, p. 42).

156
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Existe hoje um amplo conjunto de organizações e instituições


(governamentais, não governamentais e privadas) que disponibilizam uma
grande quantidade de indicadores sociais, que foram computados em todo
território nacional e que estão também publicados como periódicos, dicionários
ou glossários técnicos, que apresentam fórmulas e definições metodológicas
sobre os dados apresentados.

No quadro a seguir é possível verificar algumas das instituições, que serão


objeto de estudo.

QUADRO 4 - PORTAIS E PUBLICAÇÕES DE INDICADORES SOCIAIS

Instituição/ Entidade Endereço Eletrônico Conteúdo

• Indicadores de
desenvolvimento.
• Síntese de Indicadores
IBGE <www.ibge.gov.br> Sociais Sustentáveis.
• Indicadores Sociais
Municipais, Cidades, Estados
e Países.

• IPEADATA
• Radar Social
• Relatório de
IPEA <www.ipea.gov.br>
Acompanhamento
dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio

• Aplicativo Atlas do
Desenvolvimento Humano
PNUD <www.pnud.org.br>
• Relatório do
Desenvolvimento Humano

• Indicadores e Dados
Ministério Básicos
<www.datasus.gov.br>
da Saúde • Cadernos de Informações
Municipais

Portal Acompanhamento
<http://www.portalodm.com. • Sistema de Indicadores
dos Objetivos de
br> Municipais
Desenvolvimento do Milênio

157
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

• Banco Estatístico dos


Muninet <www.muninet.org.br>
Municípios Brasileiros

• Indicadores dos
municípios brasileiros.
Ministério das Cidades <www.cidades.gov.br> • Dados geográficos e
imagens de satélite de
diversas cidades.

• Seção de Convênios
Ministério de
<http://www.mds.gov.br> • Seção de Despesas
Desenvolvimento Social
• Convênios

FONTE: A autora

De acordo com a Constituição Federal de 88, os indicadores sociais,


econômicos e demográficos são produzidos através de dados estatísticos por
diferentes instituições em todas as esferas governamentais.

Mesmo existindo diversas instituições de estatísticas no Brasil, o IBGE


é o responsável por coordenar o Sistema Estatístico Nacional, como elaborador
de dados e compilador das informações que são oriundas do Governo Federal,
através de Ministérios e Secretarias Nacionais e também como propagador de
dados estatísticos.

Vale salientar que nos estados e municípios também existem agências,


departamentos ou institutos que realizam a tarefa de pesquisar, copilar e
divulgar dados estatísticos produzidos pelos gestores ou de interesse de uma
determinada classe através de pesquisas amostrais. Como vimos no quadro
acima, os ministérios são responsáveis também pela produção e organização de
seus próprios dados administrativos.

De fato, as instituições públicas, que não tem como objetivo e finalidade


a geração de dados estatísticos acabam gerando algum tipo de informação
administrativa e operacional. Como por exemplo, podemos citar: as escolas,
delegacias, Centro de Referências de Assistência Social, Centros de Referências
Especializados de Assistência Social e outros.

Esses departamentos, agências e instituições de estatísticas estaduais e


municipais e os ministérios agregam o Sistema de Produção e Disseminação de
Estatísticas Públicas nacional e abrangem diversas áreas territoriais.

158
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Diante da ampla cobertura territorial, legitimidade na produção de dados


e abrangência das diversas finalidades é fundamental ressaltar a importância
do conjunto de pesquisas realizadas pelo IBGE, começando pelo principal dos
levantamentos, o Censo Demográfico, e em seguida levantamento de outras
instituições.
O objetivo original de criação dos Censos Demográficos era de somar
o número total da população em todas as regiões brasileiras, para auxiliar nas
atividades militares e fiscais. De forma passiva, quantifica a potencialidade
sobre os bens e serviços públicos e privados, atualmente os censos oferecem uma
gama de informações no levantamento de indicadores para a elaboração de um
diagnóstico da realidade social.

No Brasil, os Censos Demográficos foram implementados no final dos


tempos do Império e desenvolvidos com certa regularidade durante o período
republicano, no decorrer do tempo e dos anos, os Censos Demográficos, tiveram
um grande aperfeiçoamento didático, metodológico e conceitual. O primeiro
recenseamento, mais moderno do país, aconteceu com o Censo de 1940, este
procurou adotar indicações de entidades internacionais, objetivando uma melhor
qualidade da captação dos dados e comparação entre os resultados obtidos.

No Censo de 1960 efetuou-se uma amostragem, que significou um


aumento significativo das temáticas que foram pesquisadas no censo.

DICAS

Sugestão de leitura: “Brasil mostra a tua Cara: Imagens da População Brasileira


nos Censos Demográficos de 1872 a 2000”.
Esse texto de discussão ENCE/IBGE nº 6, de autoria da Professora Jane Souto de Oliveira, traz
uma importante discussão sobre como os censos no Brasil foram agregados e de mudanças
nas temáticas investigativas, diante de uma agenda de discussão política e econômica do
país durante o século em discussão.
Acesse em: <www. ence.ibge.gov.br/publicações/testos para discussão/>

A partir dessa nova configuração do Censo de 1960, a população brasileira


começou a responder um questionário mais particularizado e detalhado, que
foram além dos questionários básicos, que se coletam dados como idade, sexo,
moradia, relação de parentesco e nível de alfabetização e escolaridade de todas as
pessoas residentes em uma moradia.

159
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

FIGURA 17 - PERGUNTAS REALIZADAS AOS INDIVÍDUOS NÃO RESPONSÁVEIS DO DOMICÍLIO DO


QUESTIONÁRIO BÁSICO DO CENSO DEMOGRÁFICO 2000

FONTE: Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 28 abr. 2015.

No Censo realizado no ano de 2000 foram elencados no questionário


de amostra mais de 70 argumentos de informação, que abrangeram desde as
características de domicílios, posse de bens, infraestrutura urbana, qualidades e
características habitacionais, demografia, e nível de escolaridade da população,
inserção no mercado de trabalho, per capita e outras.

Verifica-se que em cada tema levantou-se informações específicas, tanto


nas questões com alternativas de respostas pré-codificadas, como nas questões
abertas, que são preenchidos a partir das respostas das pessoas entrevistadas.

As características sobre as questões relacionadas ao trabalho, mão de


obra, pode-se verificar que existe uma quantidade significativa de quesitos para
pesquisar as condições das atividades desenvolvidas, ocupações exercidas, qual o
setor econômico em que estão inseridos, posição e cargo que ocupada, legalidade
da empresa etc. No que se refere às pesquisas sobre as características das outras
políticas públicas, como educação e moradias, também são especificadas.

E
IMPORTANT

Cada quesito de informações levantadas nos Censos Demográficos pode se


estabelecer como um indicador proeminente, conforme o detalhamento dos diagnósticos,
para possível intervenção pública, através de programas e projetos.

160
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A realização de um Censo Demográfico em um país como o Brasil, com


uma grande extensão territorial, é uma atividade muito ampla e complexa. No
ano de 2010, através do IBGE, foi realizado o XII Censo Demográfico, onde se
estabeleceu um amplo e profundo panorama da realidade brasileira e de suas
características socioeconômicas, também das transformações na estrutura do
planejamento público e privado ao longo dessa década.

Este último censo realizado teve início através de uma fase preparatória,
chamada de operação censitária no início de 2007 e suas atividades foram
fortalecidas no ano de 2008. A pesquisa propriamente dita, através da coleta de
dados, teve seu início no dia 1º de agosto de 2010, com a duração de 3 meses.
Conforme o IBGE, os primeiros resultados tiveram a sua divulgação em dezembro
do mesmo ano.

A seguir, você poderá verificar as dimensões práticas que envolveram o


Censo de 2010:

• Universo recenseado: todo o Território Nacional.


• Número de municípios: 5.570 municípios.
• Número de domicílios: 67.569.688 de domicílios.
• Número de setores censitários: 314.018 setores censitários.
• Pessoal contratado e treinado: cerca de 240 mil pessoas (coleta, supervisão,
apoio administrativo).
• Orçamento: aproximadamente R$ 1,4 bilhão.
• Tecnologia: centenas de computadores em rede nacional, rede de comunicação
em banda larga e 220 mil computadores de mão equipados com receptores
de GPS.
• Unidades executoras: 27 unidades estaduais, 7 mil postos de coleta
informatizados e 1.283 Coordenações de Subárea.
FONTE: Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/sobre-censo/dimensoes-do-censo-2010>
Acesso em: 28 abr. 2015.

DICAS

Para conhecer mais sobre o Censo Demográfico de 2010, acesse: <http://


censo2010.ibge.gov.br/sobre-censo/apresentacao>

161
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Comparando o Censo de 2010 com os demais, percebe-se que o atual teve


grandes avanços em todas as suas dimensões:

• Uma base territorial que saiu do modo analógico para o digital, integrando
a base urbana, rural e o Cadastro de Endereços.
• A utilização do computador de mão ampliou a capacidade de investigar
novos temas e obter maiores garantias de qualidade.
• O computador de mão permitiu estender o questionário para populações
específicas (indígena, por exemplo).
• A incorporação do Cadastro de Endereços, que já alimentava algumas
pesquisas amostrais como PNAD, POF e o projeto Sistema Integrado de
Pesquisas Domiciliares - SIPD1, e que permitirá também a utilização da
Internet para responder a determinadas pesquisas.
FONTE: Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/sobre-censo/aperfeicoamentos> Acesso
em: 28 abr. 2015.

DICAS

Não deixe de conhecer o seguinte material: Base de informações do Censo


Demográfico 2010: Resultados do Universo por setor censitário. Disponível em: <http://
www.ipea.gov.br/redeipea/images/pdfs/base_de_informacoess_por_setor_censitario_
universo_censo_2010.pdf>.

Durante o período entre os Censos Demográficos e o IBGE, a equipe


técnica organiza os dados e informações e produz conhecimento, por meio de
outras pesquisas sociais que são realizadas pelo instituto, a principal delas é a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD.

A PNAD tem como objetivo atualizar as informações apresentadas pelo


Censo Demográfico, essa pesquisa é realizada anualmente, em todo Brasil, com
ênfase nas regiões metropolitanas. Sua amostra é muito inferior à do censo,
devido sua agilidade e custo da coleta, sendo assim, não prevê a fragmentação
dos índices na hierarquia municipal.

Essa pesquisa foi criada no ano de 1967, e vem passando por diversas
mudanças na estrutura conceitual de metodológica, visando estabelecer-se como
um instrumento fundamental para atualizar os indicadores sociais em todo
território nacional.

Na PNAD são pesquisados os mais diversos temas de interesses dos


ministérios e de outras instituições, como por exemplo: Educação, Mercado de
Trabalho, Características Demográficas e Migração.

162
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

No quadro a seguir é possível verificar as principais características e


variáveis da PNDA, esses indicativos foram produzidos pelo IBGE, no ano de
1991, e utilizado até os dias atuais.

QUADRO 5 - CARACTERÍSTICAS E VARIÁVEIS DA PNDA

Características Variáveis
Demográficas e • Sexo, cor, condição na unidade domiciliar, posição na família e no
sociais domicílio, número na família e data de nascimento dos moradores.

• Alfabetização, escolaridade (série e grau frequentados) e nível de instrução


Educacionais das pessoas que não são estudantes (última série concluída e grau
correspondente).

• Para as pessoas de 10 anos de idade ou mais: condição de atividade.


• Para as pessoas ocupadas: ocupação, atividade e posição na ocupação
do trabalho principal, horas normalmente trabalhadas por semana no
trabalho principal e nos outros trabalhos, e se é contribuinte de instituto de
Mão de obra previdência pelo trabalho.
• Para as pessoas desocupadas: tempo de procura de trabalho, ocupação,
atividade, posição na ocupação e motivo da saída, se recebeu fundo
de garantia e tempo de permanência em relação ao último trabalho
remunerado.

• Rendimento mensal normalmente recebido do trabalho principal e dos


Rendimento outros trabalhos, aposentadoria, pensão, abono de permanência, aluguel e
outros rendimentos.

• Espécie de domicílio.
• Para os domicílios particulares permanentes: tipo, estrutura, abastecimento
Habitação de água, esgotamento sanitário, uso de instalação sanitária, destino do lixo,
iluminação elétrica, número de cômodos, condição de ocupação, aluguel ou
prestação mensal, filtro de água, fogão, geladeira, rádio e televisão.

FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article


&id=12521:inf> Acesso em: 28 abr. 2014.

No ano de 2004, a PNAD começou a coletar dados na zona rural, nos


estados da região Norte, onde conseguiu superar as limitações de logística
e financeira que há na intervenção prevista e na extensa e adensada região do
Brasil. A partir de 2011 essa pesquisa passou a ser contínua, através de elevações
mensais e detalhamento mais específico nas novas informações levantadas.

Atualmente, a PNAD produz publicações anuais com resultados gerais


para todas as regiões do país, e seus dados compõem a Síntese de Indicadores
Sociais e o Brasil em Números, sendo essas publicações importantes para uma
análise e acompanhamento da realidade social do país.

163
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Devido à necessidade de fornecer informações sobre o contexto


macroeconômico da sociedade brasileira para que o governo, instituições
e organizações privadas e sociedade civil, fez com que o IBGE, em 1980,
desenvolvesse a Pesquisa Mensal de Emprego, sendo realizada nas maiores
cidades brasileiras, (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Salvador e Recife).

Os indicadores levantados através desta pesquisa permitiram a publicação


de indicadores convencionais do mercado de trabalho, taxa de desemprego, taxa
de participação, renda média por trabalhador e outros.

Essa pesquisa tem uma importante fundamentação metodológica, pois seu


perfil amostral define-se como um painel rotativo, com rotatividade das amostras.

Tal delineamento é típico de pesquisas de avaliação conjuntural ou de


avaliação de efeitos de políticas sociais, em que parte da variabilidade
inerente ao processo de amostragem é controlada (manutenção
de parcela dos respondentes). Seus resultados são divulgados em
boletins mensais, com grande destaque nos principais jornais e blogs
de comentaristas econômicos do país. (JANNUZZI, 2009 p. 66).

DICAS

Para conhecer sobre essa pesquisa acesse: <http://www.ibge.gov.br/home/


estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/>.

Na metade da década de 1980, na região da grande São Paulo, foi inserido,


através de um convênio da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE
e DIESSE, a Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, sendo outra pesquisa
aplicada com certa periodicidade, que fornece a realidade do mercado de trabalho.

A diferença na relação entre a PED e PME está nos conceitos sobre a


condição de atividade e a situação de desemprego e de um determinado período
de maior procura, que considera os indivíduos que estão em condições de trabalho
clandestino, ou sem nenhum direito trabalhista.

Para avalizar a exatidão das estimativas mensais da pesquisa, os dados


públicos são correspondentes das médias trimestrais, sendo divulgados por
relatórios mensais através dos meios de comunicação e internet.

Além das pesquisas mencionadas acima, existe a Pesquisa de Orçamento


Familiar - POF, sendo uma pesquisa domiciliar, que tem como princípio
conseguir informações relacionadas à estrutura dos orçamentos familiares, como

164
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

origem das receitas e destinação com as despesas. É através desta pesquisa que se
consegue reconhecer os bens de consumos e serviços utilizados pelas famílias de
todas as regiões brasileiras. O nome deste conjunto de bens e serviços chama-se
cesta básica de compras da população.

O poder de compra do brasileiro melhorou ou piorou?

Muito se fala da inflação no país, mas o poder de compra do brasileiro


está melhorando ou piorando?

A análise da evolução do salário mínimo e da cesta básica mostra que,


segundo estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), o custo da cesta básica em relação ao salário mínimo
vem caindo acentuadamente nos últimos anos, em valores relativos e em horas
de trabalho necessárias para adquiri-la, como mostra o gráfico abaixo para
anos selecionados.

A cesta básica nacional, definida pelo Decreto-Lei no 399/1938, seria


suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta por
um mês.

Os bens e quantidades estipuladas são diferenciadas por região [...]

Tempo de trabalho necessário (em horas, em relação


no salário mínimo) para adquirir uma cesta básica
160
150
140
130 Brasília
120 São Paulo
110 Curitiba
100 Belém
90 Fortaleza
80
70
2002 2005 2010
Fonte: DIEESE, elaboração própria

Em todas as capitais observadas (Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Rio


de Janeiro, São Paulo, Vitória, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Belém,
Fortaleza, João Pessoa e Natal), a quantidade de horas de trabalho necessárias
para comprar a cesta básica caiu.

Por razões de visualização, construímos um gráfico com somente


algumas cidades, uma de cada região geográfica do país.

165
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Ainda que o preço das mercadorias que compõem a cesta básica varie
de uma capital a outra, em todas houve queda expressiva. Por exemplo, se
em 2002 em Fortaleza (CE) era necessário trabalhar cerca de 165 horas para
comprar a cesta básica, em 2010 foram necessárias somente 76 horas, menos da
metade da quantidade de horas, uma queda muito considerável.

Tal movimento mostra que o aumento do salário mínimo tem sido


extremamente benéfico para o aumento do poder de consumo das famílias,
especialmente as de menor renda. E que a diminuição da quantidade de horas
para adquirir bens essenciais pode permitir mudanças no consumo das famílias.

Assim, faz-se necessária a continuidade do crescimento sustentado do


salário mínimo, de maneira a manter o crescimento do poder de compra da
população que dele depende, repartir ganhos de produtividade e diminuir
diferenciais de rendimento no mercado de trabalho.

FONTE: Disponível em: <http://brasildebate.com.br/o-poder-de-compra-do-brasileiro-melhorou-


ou-piorou/>. Acesso em: 28 abr. 2015.

O IBGE possui, além das pesquisas sociais institucionais, um levantamento


que é importante fonte de dados sobre a realidade dos municípios brasileiros,
que é a Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC.

Os dados obtidos com o resultado da MUNIC podem ser consultados


no site do IBGE através de publicações que estão disponíveis para download. É
uma pesquisa anual, que tem caráter censitário em parcerias com os governos
municipais dos mais de cinco mil municípios brasileiros. A pesquisa elenca um
conjunto básico de informação sobre a organização administrativa, índice de
participação e maneiras de controle social, conselhos municipais, a existência
e aplicabilidade de planejamento estratégico, como Plano Plurianual de
Investimento, Planos Diretos, Plano de Governo, Lei de Parcelamento do Solo,
Programa de Regularização Fundiária e a destinação de recursos para segurança
e justiça pública, juizados de pequenas causa, delegacia para mulheres, a
implantação de serviços da indústria cultural e comércio específico, áreas de lazer
e esporte, bibliotecas públicas, jornais.

A MUNIC tem sido utilizada por órgãos do governo federal, como alguns
Ministérios que não possuem sistemas de informação estruturados, dificultando
assim o levantamento dos aspectos da gestão municipal em todo seu contexto.

166
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

E
IMPORTANT

Com este lançamento, o IBGE apresenta os


resultados da segunda edição da Pesquisa de Informações Básicas
Estaduais - ESTADIC, que tem como propósitos suprir a lacuna de
estudos que focalizam as esferas estaduais, notadamente no que
diz respeito às suas administrações, e oferecer elementos para
análises sobre como são governadas as Unidades da Federação
e como são definidas e implementadas suas políticas públicas.
Os resultados estão organizados em sete capítulos em que são
destacados aspectos relevantes da gestão e da estrutura desses
entes federados a partir dos seguintes eixos temáticos: recursos
humanos das administrações, saúde, meio ambiente, política de
gênero, assistência social, segurança alimentar e nutricional e
inclusão produtiva. Esses dados ampliam o conhecimento sobre
o papel das instituições estaduais no contexto da democracia,
do “novo” federalismo e da descentralização. A publicação inclui notas técnicas sobre a
pesquisa e um glossário com os conceitos considerados essenciais.

Dispomível em: <http://loja.ibge.gov.br/1-1.html> Acesso em: 29 abr. 2015.

Esta pesquisa permite elaborar indicadores para retificar o grau de


participação e controle da população em ações públicas e nos indicadores para
diferenciar o nível de desenvolvimento das instituições ligadas aos planejamentos
e gestão municipal no Brasil.

Diante do aumento da descentralização das Políticas Públicas, os


indicadores de avaliação, de controle social e de habilidade de gestão pública
são fundamentais para a efetividade dos programas em todos os níveis de
governabilidade.

Outra pesquisa, que é utilizada, na atuação profissional do assistente


social, é a pesquisa de Assistência Médica Sanitária – AMS, que apresenta a
quantidade de Estabelecimentos de atendimento à saúde no Brasil, e também
identifica o volume e a qualificação técnica dos profissionais, recursos materiais
disponíveis para um atendimento de qualidade populacional.

Esta pesquisa tem apoio do Ministério da Saúde, e seus resultados


fornecem dados para a identificação das questões e demandas regionais no setor
da saúde.

167
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

DICAS

Para conhecer mais sobre a AMS, acesse: <http://www.ibge.gov.br/home/


estatistica/populacao/condicaodevida/ams/2009/>

Também é importante apresentar a Pesquisa Nacional de Saneamento


Básico (PNSB), que tem como objetivo apresentar, completar e atualizar o quadro
de informações sobre o Abastecimento de Água, Esgoto Sanitário, Tratamento de
Resíduos, Sistema de Drenagem Urbana e Limpeza Urbana.

Através da PNSB, consegue-se obter indicadores específicos da qualidade,


estrutura e infraestrutura dos serviços urbanos, e como esses dados se tornam
viáveis ao construir indicadores, como o volume de água distribuída para
população, o volume e destino do esgoto e lixo coletado e outros fatores relevantes.

No ano de 2013, o IBGE juntamente com o Ministério do Desenvolvimento


Social e Combate à Fome, apresentou os dados da Pesquisa de Informações
Básicas Municipais nos 5.570 municípios brasileiros.

Essa pesquisa teve como tema central a Assistência Social, os indicadores


apresentados estão aglomerados por classe e tamanho da população de cada
município. A versão publicada desta pesquisa está organizada em nove capítulos,
sendo destacados por aspectos relevantes da política de assistência social no
Brasil, através das seguintes perspectivas:

Gestão da assistência social, infraestrutura do órgão gestor, recursos


humanos, legislação e instrumentos de gestão, existência de conselho,
gestão financeira, convênios e parcerias, serviços socioassistenciais
– temas já investigados anteriormente – além de informações sobre
as unidades integrantes da rede de serviços socioassistenciais, este
inédito até então, abarcando a proteção social básica e a proteção social
especial. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
economia/perfilmunic/assistencia_social2009/default.shtm> Acesso
em: 29 abr. 2015.

Através desta pesquisa estão disponibilizados os dados estatísticos sobre


a oferta e a qualidade de dados sobre as condições dos gestores municipais em
atender as demandas na área de assistência social.

Conforme IBGE, 2013:

A informação atualizada é ferramenta essencial para a formulação e a


implementação de políticas públicas, especialmente em áreas em que
a prestação de serviços é descentralizada, como é o caso da assistência
social. É necessário conhecer a real capacidade instalada e a efetiva

168
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

oferta de serviços por parte de estados, municípios e organizações


não governamentais, a fim de identificar necessidades, planejar
investimentos, avaliar o desempenho das estruturas estabelecidas
e regular os serviços prestados. No âmbito da consolidação da nova
política de assistência social, que tem como elemento essencial
a implantação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS,
o desenvolvimento de um Sistema Nacional de Informação da
Assistência Social é fundamental para o aprimoramento da gestão,
além da institucionalização das práticas de monitoramento e avaliação
do conjunto de ações, programas, serviços e benefícios da política
assistencial, de forma a aumentar sua efetividade. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Perfil_Municipios/Assistencia_Social_2013/
munic_AS_2013.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2015.

DICAS

Para conhecer os detalhes desta pesquisa, acesse:

<ftp://ftp.ibge.gov.br/Perfil_Municipios/Assistencia_Social_2013/
munic_AS_2013.pdf>

TABELA 4 - MUNICÍPIOS COM ESTRUTURA NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

169
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

FONTE: Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Perfil_Municipios/Assistencia_Social_2013/munic_


AS_2013.pdf>. Acesso em: 29 abr. 2015.

Contudo, uma das fontes mais antigas, para a construção de indicadores


sociais no Brasil, é o Registro Civil, que foram instituídos nos anos de 1888,
objetivando atribuir uma maneira legal para os fatos de nascimento, óbitos,
casamentos, escolhas de nacionalidade e outros atos civis. Em outros países o
registro desses é de responsabilidade do poder público municipal, e aqui no Brasil
é atribuição do Poder Judiciário, que incumbe aos Cartórios de Registro Civil.

O IBGE, através das informações básicas consegue copilar os dados,


também pelas instituições estaduais de estatísticas. O Registro Civil, anualmente
publica seus dados. Porém a efetividade da cobertura desses fatos não está
plenamente assegurada Brasil, o que afeta os dados de indicadores da área de
saúde, mortalidade infantil e por causas.

170
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

LEITURA COMPLEMENTAR

INDICADORES SOCIAIS: UM IMPERATIVO NO COTIDIANO DOS


ASSISTENTES SOCIAIS ATUANTES NO PROCESSO DE GESTÃO

Ana Paula Santana Giroto


Simone Tarifa da Rocha
Suzana Yuriko Ywata
Valderes Maria Romera

No Brasil, o tema “indicadores sociais”, se configura em uma discussão


recente, porém, torna-se cada vez mais evidente a sua importância para o processo
de gestão.

A utilização de indicadores sociais torna-se imprescindível, uma vez que


se configura em “um instrumento operacional para monitoramento da realidade
social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas” (JANNUZZI,
2004, p. 15), que auxilia no trabalho de planejamento, implementação, execução,
avaliação dos programas, projetos, serviços sociais.

Dada a relevância dos indicadores sociais para o processo de gerir o social,


surge a necessidade de verificar qual é a importância dos indicadores para os
assistentes sociais, atuantes no planejamento, execução e avaliação de serviços sociais.

Nesta perspectiva, o artigo apresenta dados sobre a pesquisa de campo


realizada, assim como a abordagem crítica dos dados obtidos e, ainda, a discussão
referente à atitude dos profissionais frente ao tema, a construção dos indicadores
sociais e a atualização profissional.

O Brasil é conceituado como um país pobre e desigual, onde a cada dia têm
surgido novas demandas sociais. Em resposta a essas demandas são elaboradas
políticas públicas que se manifestam por meio de programas, projetos e serviços
sociais, um dos principais campos de atuação dos assistentes sociais.

Dentro deste contexto, os assistentes sociais possuem e desenvolvem


atribuições localizadas no âmbito da elaboração, execução e avaliação de
políticas públicas. Neste sentido, o assistente social deve estar apto para a
utilização dos indicadores sociais, o que contribui para a sua ação profissional e,
consequentemente, para a sociedade civil, beneficiada pelas políticas sociais.

INDICADORES SOCIAIS E O PROCESSO DE GESTÃO

O debate acerca da importância da utilização de indicadores sociais nos


remete a uma discussão anterior referente à gestão social, processo presente em
toda política pública manifestada por meio de programas, projetos, serviços
sociais. Gestão significa ato ou efeito de gerir.

171
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Por sua vez, gerir expressa: ter gerência sobre; administrar, dirigir,
gerenciar. Portanto, gestão exprime propor uma organização a uma determinada
área ou campo de atuação.

Cabral (2006, p. 43) entende,

[...] a gestão social como o processo de organização, decisão e produção de bens


públicos de proteção social que, em um espaço público específico, provoca a sinergia
dos elementos derivados do lugar relacional [...]. Assim, a gestão social se concretiza,
perseguindo uma pressão institucional e articulando, formal e informalmente, os
públicos constituintes, envolvidos na representação da questão social.

A gestão social não pode ser resumida a um simples sistema de


gerenciamento, ela se apresenta de forma mais ampla e complexa, pois supõe
uma postura filosófica, política e ideológica profundamente relacionada com
a dimensão econômica, política e social. Nela é definida a direção, a natureza
da ação que requer conhecimentos técnicos e administrativos e a capacidade
para lidar com as relações interpessoais, ainda, supõe a permanente análise dos
contextos interno e externo. (CARVALHO, 1999).

Em seu sentido mais amplo, se refere à esfera pública, em outras palavras,


à “gestão das ações sociais públicas” como salienta Carvalho (1999, p.19).

Desta forma, quando falamos em gestão social é preciso pensar em


Estado, pois o seu modelo implica o modelo de gestão, ainda, gerir o setor público
apresenta situações mais complexas do que a gerência no setor econômico.

A sociedade e seus fenômenos não são estáticos, genéricos e neutros, mas


sim, um conjunto de relações criadas e recriadas num dado processo histórico, o que
significa dizer que está em constante transformação, movimento, caracterizando
cada contexto sócio histórico e econômico e sua forma de gerir o social. A tendência
da gestão social, hoje, é também uma consequência desse processo.

Assim, a gestão social refere-se a um processo contínuo e dinâmico que


envolve ações de planejamento, execução e avaliação de serviços sociais e um
compromisso de construir a respostas às necessidades sociais da população.

Deve ser desenhada e realizada, com fundamentação, para não


comprometer a ação social demandada, visto que o indicador social permite o
desenho de uma gestão social.

Neste sentido, o presente artigo discute a necessidade e o fundamento


de um dos elementos indispensáveis ao processo de gestão social, o indicador
social. Este pode tornar-se instrumento de legitimação de objetivos, programas e
projetos específicos, permite a mediação entre o planejamento e a ação.

172
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

O tema, indicadores sociais, apresenta-se ainda um pouco turvo e distante


do cotidiano de muitos profissionais da área social, entre eles os assistentes sociais.

Os indicadores sociais possibilitam informações importantes, que nos


permite avaliar aonde vamos, onde estamos e de que forma seguir, em relação
aos valores e alcance dos objetivos previamente identificados.

Conforme Jannuzzi (2004), um indicador social é uma medida, em geral


quantitativa dotada de um significado social, utilizado para quantificar, substituir,
operacionalizar um conceito social abstrato. É um recurso metodológico que
informa algo sobre um aspecto da realidade social, é um instrumento programático
operacional para planejamento, execução, monitoramento, avaliação de políticas
públicas.

Ou seja, de acordo com Bonadío (2003, p.129) compõem a agenda da


política social como um referencial indispensável para a definição de prioridades
e alocação de recursos.

Segundo Jannuzzi (2004, p.15), “Para a pesquisa acadêmica, o Indicador


Social é, pois, o elo de ligação entre os modelos explicativos da Teoria Social e a
evidência empírica dos fenômenos sociais observados”.

No dia a dia também somos orientados por indicadores. Por exemplo, se


o ponteiro do nível do combustível do carro aponta para reserva, é um indicador
de que devo procurar um posto para abastecer. Se o velocímetro marca uma
velocidade acima da permitida naquela via, devo diminuir a pressão sobre o
acelerador. (Caderno do Participante/Senac, 2006).

A partir desses exemplos, que encontramos no cotidiano de nossas vidas,


podemos perceber também que o velocímetro por si não traz a informação
necessária para a mudança no processo, assim como na utilização de indicadores
sociais, o motorista necessita ter conhecimento sobre qual realidade é apresentada;
a partir de uma leitura dinâmica, consequentemente, o número, antes apontado
pelo velocímetro, obterá consistência direcionada por uma realidade.

Existem diversos adjetivos para caracterizar os indicadores: econômicos,


sociais, gerenciais, de desempenho, processo, produto, de impacto, enfim
indicadores não são simplesmente dados, números, eles nos permitem conferir
os dados de acordo com as questões postas na realidade social, ou seja, é uma
atribuição de valor, números a situações sociais.

É importante lembrar que existe uma diferença entre indicador social e


estatística pública, embora estes sejam interpretados corriqueiramente com o
mesmo conceito. [...]
FONTE: Disponível em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/135
5/1294> Acesso em: 29 abr. 2015.

173
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você pôde compreender sobre:

• O diagnóstico socioeconômico, que se indique sendo favorável e propositivo


para as Políticas Públicas.

• O significado do termo propositivo, quando se refere a um diagnóstico


socioeconômico.

• A formulação de diagnósticos socioeconômicos propositivos para os


programas, serviços e projetos públicos, aplicam-se indicadores de diversas
áreas de concentração, analíticas ou governamentais.

• Os indicadores sociais nas suas diferentes temáticas mostram as diferentes


condições na qualidade de vida, além de que devem estar presentes nos
diagnósticos demográficos e também de projeções futuras no crescimento
populacional.

• As transformações demográficas, que ocorreram nos últimos 30 anos, foram


bastante intensas, chegando a prever que população brasileira, por volta de
2040, estaria estabilizada com aproximadamente 215 milhões de habitantes.

• Os programas sociais apresentam um público-alvo específico conforme as suas


necessidades.

• Após eleitos os indicadores sociais mais relevantes para traçar um diagnóstico das
condições de vida de uma determinada região, se faz necessário resgatar as fontes
de dados e pesquisas recomendadas e até mesmo computá-los de forma ética.

• Desde a Constituição Federal de 88 os indicadores sociais, econômicos e


demográficos são produzidos através de dados estatísticos por diferentes
instituições em todas as esferas governamentais.

• O IBGE é responsável por coordenar o Sistema Estatístico Nacional, como


elaborador de dados e compilador das informações que são oriundas do
Governo Federal, através de Ministérios e Secretarias Nacionais, e também
como propagador de dados estatísticos.

• No ano de 2010, através do IBGE, foi realizado o XII Censo Demográfico.

174
• Durante o período entre os Censos Demográficos, o IBGE e a equipe técnica
organizam os dados e as informações que produzem conhecimentos, por meio
de outras pesquisas sociais que são realizadas pelo instituto, a principal delas
é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD.

• Atualmente, a PNAD produz publicações anuais, com resultados gerais para


todas as regiões do país e seus dados compõem a Síntese de Indicadores Sociais
e o Brasil em Números.

• Os indicadores levantados através desta pesquisa permitiram a publicação de


indicadores convencionais do mercado de trabalho, taxa de desemprego, taxa
de participação, renda média por trabalhador.

• O IBGE possui, além das pesquisas sociais institucionais, um levantamento


que é importante fonte de dados sobre a realidade dos municípios brasileiros,
que é a Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC.

• Diante do aumento da descentralização das Políticas Públicas, os indicadores de


avaliação, de controle social e de habilidade de gestão pública são fundamentais
para a efetividade dos programas em todos os níveis de governabilidade.

• Outra pesquisa, que é utilizada na atuação profissional do assistente social, é a


pesquisa de Assistência Médica Sanitária – AMS.

• A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), tem como objetivo


apresentar, completar e atualizar o quadro de informações sobre o
Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário, Tratamento de Resíduos,
Sistema de Drenagem Urbana e Limpeza Urbana.

• No ano de 2013, o IBGE juntamente com o Ministério do Desenvolvimento


Social e Combate à Fome apresentou os dados da Pesquisa de Informações
Básicas Municipais nos 5.570 municípios brasileiros.

175
AUTOATIVIDADE

1 Selecione duas das principais características e variáveis que são apresentadas


pela PNAD, e pesquise sobre os indicadores apresentados na última
pesquisa de seu município.

2 O IBGE juntamente com o Ministério do Desenvolvimento


Social e Combate à Fome, realizou no ano de 2013 a Pesquisa
de Informações Básicas Municipais. Descreva sobre esta
pesquisa.

176
UNIDADE 3
TÓPICO 3

INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES


ECONÔMICOS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, conforme estudamos até agora, os indicadores
socioeconômicos são de fundamental importância para a atuação do profissional
de Serviço Social, diante da realidade em que o mesmo atua, pois é através destes
que poderemos, como profissional, fazer uma leitura real da atual conjuntura.

A taxa de inflação, a variação do Produto Interno Bruto (PIB), a taxa de


desemprego, o valor do salário mínimo ou per capita dos trabalhadores são
informações que estão aparecendo constantemente nos meios de comunicações,
em rodas de conversas entre pessoas, e na internet. Essas taxas de indicadores
podem ter certa regularidade, como anual, mensal, diária e podem causar um
choque expressivo nas probabilidades de investimentos econômicos, e na vida
financeira cotidiana dos trabalhadores e consumidores, variando também o
índice da taxa de contribuição através dos impostos a pagar, resumindo uma
redefinição na política econômica.

Distinguir as fontes, as definições e as utilidades destes indicadores


socioeconômicos e suas limitações é de grande importância para qualquer
cidadão, técnico, profissional e gestor público, que sinta a necessidade de manter-
se atualizado e informado sobre a conjuntura do país, e ao mesmo tempo prevê
as modificações estruturais que orientam, sinalizam e estabelecem ajustes nos
programas sociais conforme os dados apresentados.

Neste tópico, foi copilado os materiais que abordam as fontes de dados


e indicadores econômicos, com ênfase nas pesquisas econômicas realizadas pelo
IBGE e de todos os demais indicadores que tem destaque nos boletins de conjuntura.

Vamos então conhecer um pouco destas informações.

177
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

2 AS PRINCIPAIS PESQUISAS, INDICADORES,


DIAGNÓSTICOS SOCIAIS E FONTES DE DADOS DO
BRASIL
Todos os dados estatísticos e indicadores socioeconômicos compõem um
conjunto de informações quantitativas que possibilitam o acompanhamento das
variações conjunturais e estruturais da economia de uma nação, ou até de uma
determinada região geográfica e que subsidiam as decisões das administrações
públicas no que diz respeito aos mecanismos da política fiscal, monetária,
comércio exterior e do desenvolvimento regional. No Setor Privado, subsidiam
aos investimentos econômicos, livre concorrência de mercado e outros no que se
refere às diversas dimensões do sistema econômico e das etapas na metodologia
de mudanças da agropecuária e indústria de bens e de serviços consumidos pelas
pessoas e suas famílias.

A elaboração dos indicadores econômicos é produzida com certa


periodicidade e regularidade, podendo ser anual, mensal, semanal e diária, nela
são expressos, por valores nominais e reais, que são ajustados por algum índice de
valor ou preço, e são concebidos com variações de percentuais, números, índices
e taxas de variações no decorrer do tempo.

Será que você leu algum jornal no dia de hoje? Alguma das notícias lidas
pode ser relacionada aos indicadores sociais? Leu algo sobre a Taxa de Inflação?
Valor das ações da Bolsa de Valores? Variações e previsão da Safra Agrícola?

Caso você não tenha realizado nenhuma leitura atualizada sobre as notícias
dos indicadores sociais, pode acessar o site do IBGE, no ícone de indicadores ou
economia, lá você encontrará um amplo arquivo, painel de dados atualizados
sobre os indicadores econômicos do Brasil.

Todos os dados e indicadores econômicos podem ser qualificados por


diversos critérios. Existe uma distinção entre dados conjunturais, e que são
citados nos eventos periódicos da conjuntura econômica através de índices de
preços, códigos e indicadores de produção industrial ou de vendas no varejo
em comércio, e pelos dados estruturais, que passam por alterações e mudanças
mais pausadas que as características consolidadas da economia, e com a efetiva
participação das indústrias, já na agricultura esses dados são indicados através
da repartição de renda, um elevado nos gastos com bens não duráveis.

178
TÓPICO 3 | INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS

FIGURA 18 - BENS DE CONSUMO NÃO DURÁVEIS

FONTE: Disponível em: <http://hermanomota.com.br/2013/08/30/cresce-o-consumo-


de-bens-nao-duraveis/> Acesso em: 30 abr. 2015.

Os indicadores sociais também estão relacionados com o seguintes fatores:

• Nas esferas de Produção ou Transação, que são os indicadores da Indústria, do


comércio e da agropecuária.
• Nos eventos de fluxo de circulação, nos indicadores de produção de vendas e
de consumo.
• Nas unidades de média, como física e monetária.
• Nas dimensões macro e micro do processo econômico, como a taxa de
crescimento do PIB, taxa de crescimento de um determinado ramo da indústria.
• Na natureza da fonte originária dos dados de registro administrativo dos
Ministérios, Associações e entidades patronais e de estatísticas de pesquisa
amostral.

Os indicadores econômicos são classificados em três categorias, sendo:


indicadores antecedentes, que têm como objetivo prever com antecedência, num
período de curto prazo, examinando todos os setores ligados a área econômica.
Existem também os indicadores consequentes, que despontam de vários
desdobramentos em uma tomada de decisão governamental, referentes à política
econômica ou de entidades privadas. Outra classificação é a dos indicadores de
expectativas, que apresentam o nível de confiança dos empresários, investidores e/
ou consumidores no comportamento da economia, que contrapõem os indicadores
da economia real, ligados à produção física, taxa de desempregos e outros.

179
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

A Conference Board, nos Estados Unidos, apresenta mensalmente um


relatório composto por alguns indicadores antecedentes da economia americana,
explicitando a taxa de juros, o volume e índice de licenças de construção, número de
solicitações de seguro desempregos, o índice da expectativa de consumo e outras.

DICAS

Para conhecer melhor a Conference Board, acesse o site: <www.


conferenceboard.org/economics/indicators>.

No Brasil, existe a Associação Brasileira de Papel Ondulado – ABPO,


que representa o volume de produção através das embalagens produzidas,
pois um indicador precedente da realidade econômica, através das expansões e
contratações no setor de produção industrial.

Usamos indicadores, ao mesmo tempo particulares, na análise das


condutas de mercado específico em relação aos bens e serviços oferecidos. A
modificação do PIB é um indicador não muito específico, como também o
nível geral das atividades industriais que são determinadas pela Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP. Os indicadores ligados na linha
de produção industrial de alimentos e material de transporte são modelos de
medidas adequadas para acompanhar o crescimento desses setores específicos,
voltados à economia.

“No mundo das decisões de negócios, não basta o indicador econômico


ser válido, sensível e específico; é fundamental que esteja disponível e atualizado
no momento da tomada de decisão”. (JANNUZZI, 2009, p. 92).

A exatidão de um indicador econômico envolve não somente as outras


propriedades, mas também o grau de confiabilidade. É nesse sentido que os
indicadores econômicos dependem da capacidade da entidade, organização e/
ou instituição que produz os dados e também da especificidade do levantamento
realizado. Essas informações muitas vezes são oriundas das Associações Patronais
ou de levantamentos estatísticos e de expressões de atribuições disponibilizadas
de maneira consistente.

Os indicadores econômicos elaborados pelas Associações Patronais,


como por exemplo, a Confederação Nacional da Indústria – CNI, FIESP ou então
Fecomércio, sendo indicador de nível relacionado às atividades industriais,
índice de vendas no varejo, e que acabam sendo divulgados de maneira mais ágil
e rápida que os dados parecidos com as pesquisas realizadas pelo IBGE.

180
TÓPICO 3 | INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS

Os dados da realidade que são produzidos pelas indústrias, comércio e


IBGE, recebem um tratamento metodológico mais eficiente e consistente, devido
à representatividade perante as atividades desenvolvidas em diversos setores, e
porque as suas amostras são selecionadas através de um Cadastro de Empresas,
que é mais completo, que derivam de pesquisas com esboço da realidade das áreas.

O conjunto de empresas analisadas neste modelo de pesquisa, normalmente


são as mesmas em todos os meses, pois assim as modificações na quantidade de
produção e venda tendem a mostrar a atual conjuntura econômica do país.

Segundo Baumohl (2008), esses indicadores econômicos possuem uma


característica própria, devido às variações cíclicas avaliadas diante de fatores
que influenciam de maneira gradual, como ou aumento do índice de vendas do
fim de ano, ou datas comemorativas, férias, diferenças nos dias produtivos dos
meses, entressafras agrícolas etc.

DICAS

No site do IPEADATA, está disponível um amplo conjunto de indicadores


econômicos, os quais estão organizados através de temas, por instituições e outros. Acesse:
<www.ipeadata.gov.br>.

O quadro a seguir traz algumas das entidades e instituições públicas ou


privadas que produzem informações sobre os indicadores econômicos, e que
muitas vezes não tem divulgação pública.

QUADRO 6 - PRINCIPAIS PRODUTORES DE INDICADORES DE INFORMAÇÃO ECONÔMICA

INSTITUIÇÃO/ ENDEREÇO
INFORMAÇÕES PRODUZIDAS
ENTIDADE ELETRÔNICO
Elaboração do Boletim do Banco
BACEN Central do Brasil e produção do <www.bacen.gov.br>
Relatório de Inflação

Relatório da Sinopse Econômica


BNDES <www.bndes.gov.br>
Nacional

Produção dos Indicadores


CNI <www.cni.org.br>
Industriais

Elaboração de Material sobre a


FGV <www.fgv.br>
Conjuntura Econômica

181
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Elaboração do Boletim de
FIPE/USP <www.fea.usp.br>
Informações da FIPE

Produção do Relatório dos


FUNDAP <www.fundap.sp.gov.br>
Indicadores DIESP

Responsável pela produção da


Lista de Indicadores Conjunturais
e Boletins de Contas Nacionais
Trimestrais, Elaboração da
esquisa Mensal de Emprego,
IBGE <www.ibge.gov.br>
Elaboração da Pesquisa Mensal do
Comércio, Elaboração da esquisa
Industrial Mensal, Elaboração
do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor

Realização da Pesquisa sobre o


FIESP Levantamento de Conjuntura <www.fiesp.org.br>
Nível de Emprego

Inst. Economia Elaboração da Análise Política


<www.ie.unicamp.br>
UNICAMP Econômica em Foco

Inst. Economia Relatório de Economia &


<www.ie.ufrj.gov.br>
UFRJ Conjuntura

Elaboração da Carta do IEDI –


IEDI Inst. Estudos para o <www.iedi.org.br>
Desenvolvimento Industrial

Elaboração do Boletim de
IPEA <www.ipea.gov.br>
Conjuntura

Elaboração da Análise Mensal do


Ministério da
Mercado de Trabalho <www.mte.gov.br>
Fazenda
Formal

Ministério do Análise Mensal do Mercado de


<www.mte.gov.br>
Trabalho Trabalho Formal

Instituto de
Produção de Informações
Economia <www.iea.sp.gov.br>
Econômicas
Agrícola
Confederação
Elaboração do Relatório Evolução
Nacional <www.cnc.com.br>
da Conjuntura Econômica
do Comércio

Produção dos Indicadores Sebrae-


Sebrae-SP <www.sebraesp.com.br>
SP

FONTE: (JANNUZZI, 2009 p. 94-95, grifo da autora)

182
TÓPICO 3 | INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS

Como vimos até agora, os principais elaboradores de dados econômicos,


da esfera pública, que são: IBGE, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social – BNDES, Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome, Ministério do Trabalho e Renda, Ministério do Trabalho e
Renda, entre outros.

Na esfera não governamental, apresentam-se como principais fontes de


dados econômicos, a Fundação Getúlio Vargas – FGV, que ao longo dos anos
se tornou responsável pela elaboração dos índices oficiais de preços e pelas
Contas Nacionais. Outras entidades como, as Confederações Patronais, (FIESP,
FECOMÉRCIO, CNI), os Sindicatos e Associações e Patronais e conjuntos de grupos
editoriais são especializados para o levantamento de indicadores econômicos,
como por exemplo: Exame, Valor e Gazeta Mercantil, além do SEBRAE.

Existem ainda outras instituições e entidades que elaboram indicadores e


informações com base na economia ou nos dados do IBGE e de outros meios de
elaboração de informações, materializando publicações periódicas conjunturais,
mensais e/ou trimestrais, como o IPEA que divulga o Boletim de Conjuntura,
sendo esse um dos elementos mais completo mediante sua temática.

FIGURA 19 - CARTA DE CONJUNTURA

FONTE: Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=


article&id=25172&Itemid=3> Acesso em: 1º maio 2015.

O IPEA divulga mensalmente o Índice de Qualidade do Desenvolvimento,


que tem como objetivo avaliar o desenvolvimento do país, através de requisitos
que medem o crescimento econômico, através da avalição de quinze indicadores
econômicos.

183
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

E
IMPORTANT

Uma análise da realidade econômica eficiente dependente da divulgação dos


boletins de conjuntura, que são produzidos pelas diversas organizações e instituições.
Os marcos que referenciam, na elaboração dos boletins condicionam as maneiras de
interpretar os sinais e as perspectivas econômicas, diante das informações apresentadas é
comum se ter mais de uma leitura da realidade.

Em relação às prevenções apresentadas nos boletins de conjuntura sobre


o crescimento do PIB, podem ter um grande índice de variação, dependendo da
instituição que realiza a análise de conjuntura.

O IBGE também divulga o seu Boletim Conjuntural – Indicadores IBGE,


sendo impresso em papel até o ano de 1997. Devido às diferentes datas de sua
publicação, o mesmo deixou de ser um documento, e passou a ser relatório específico
para as diferentes pesquisas de análises da conjuntura do próprio instituto.

NOTA

Se você, acadêmico, quiser receber por correio eletrônico, ou acessar os


relatórios, acesse: <www.sidra.ibege.gov.br>.

O IBGE é o órgão centralizador de todo o conjunto de instituições do


Sistema Nacional de Estatísticas, que elaboram, produzem, codificam, analisam
e difundem os indicadores econômicos, desenvolvendo funções de coordenação,
ou até de elaborador de informações.

Essas funções foram atribuídas ao IBGE no final do século passado,


devido a passagens e transferências das responsabilidades de codificação de
registros e dados dos Ministérios, como foi o caso do Ministério da Agricultura,
que desde o ano de 1920 era responsável pela elaboração do censo agropecuário
e econômico. Somente nos anos 60 o IBGE passou a administrar e implementar
diversas pesquisas sobre a conjuntura econômica do Brasil, e que a partir de 1990,
constituiu um Sistema fortalecido, integrado e estrutural dos dados econômicos.

184
TÓPICO 3 | INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS

QUADRO 7 - DADOS ECONÔMICOS

SISTEMA/
ABRANGÊNCIA PERIODICIDADE DA
PESQUISA FINALIDADE
TERRITORIAL DIVULGAÇÃO
DO IBGE

Sistema Responsável pela mensuração Divulgação Período Trimestral, com


de Contas da produção Nacional, por meio Resultados em
Nacionais Econômica, por setor de de Relatório até 90 dias e
atividade e Trimestral, nas Publicação anual.
por fator de produção. UFs e nos
municípios
em
desenvolvimento.
Cadastro Responsável pelo Registro de Divulgação em Período de Divulgação é
Central de trabalhadores, salários, todas as UFs com a Anual.
Empresas fundação e fechamento desagregação
de empresas, constituição CNAE em 300
jurídica. Subsetores e em
Municípios
desagregados.
CNAE
em 18 setores.
Sistema Relatório de comportamento Em todas Período Divulgação é
Nacional de da as Regiões Mensal, com resultados
Índice de variação dos preços Metropolitanas. de 10 a
Preços ao de produtos e serviços 15 dias do mês
Consumidor consumidos pelas de referência.
famílias conforme a
renda: INPC entre: – 1 a 8
salários mínimos.
IPCA – 1 a 40 salários
mínimos e do IPCAE -
1 a 40 salários mínimos, como
data de referência. (15º dia do
mês corrente p/
15º anterior).
Sistema Responsável pelo Divulgação em Divulgação Mensal, com
Nacional de levantamento de preços todo o Brasil e resultados
Pesquisa de materiais de construção Capitais das UFs. de 10 a 15 dias do mês
de Custos e e salários pagos na área de de referência.
Índices da construção civil, saneamento
Construção e infraestrutura.
Civil

FONTE: (JANNUZZI, 2009, p. 98. Grifo da autora)

185
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

No decorrer dos anos teve um grande aumento nas áreas e regiões de


coleta e divulgação de dados das pesquisas.

O índice da produção econômica anual é mensurado pelo Sistema de


Contas Nacionais, que é o Sistema de Síntese das Estatísticas Econômicas de
um país e que é separada por atividade econômica e setor institucional e dos
mecanismos de produção, como a força de trabalho e o capital. Através desse
sistema o PIB é o identificador de maior abrangência da produção e crescimento
econômico das esferas públicas e privadas em todas as regiões brasileiras,
consolidando assim os PIBs municipais.

DICAS

Para saber mais sobre os PIBs municipais, acesse:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/>

O IBGE produz ainda outros levantamentos que são considerados


importantes, que são os de preços de produtos e serviços comercializados na
economia. No dia a dia percebemos a variação dos preços em todos os setores,
alimentícios, vestuário e no comércio geral, essa variação é acompanhada pelo
Sistema de índices Nacionais de Preço ao Consumidor e o outro levantamento é a
Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF, que anteriormente já foi apresentada.

São computados a cada mês três índices de preço, sendo eles:

• Índice Nacional de Preço ao Consumidor – INPC: referente ao consumo de


bens e serviços de famílias entre 1 a 8 salários mínimos.
• Índice de Preço ao Consumidor Amplo – IPCA: referente às famílias com renda
de 1 a 40 salários mínimos.
• Índice de Preço ao Consumidor Amplo Especial. Referente ao cálculo efetuado
até o 15º dia de cada mês.

186
TÓPICO 3 | INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS

DICAS

Para ampliar seu conhecimento, realize a seguinte


leitura:

FONTE: FEIJO, Carmem Aparecida; et al. Para entender a


conjuntura econômica. São Paulo: Manole, 2008. 160 p.

187
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

INDICADORES SOCIAIS: UMA PRIMEIRA ABORDAGEM


SOCIAL E HISTÓRICA

Salvatore Santagada

Os indicadores sociais, conforme foi visto, tiveram uma boa aceitação


desde seu surgimento e estão inseridos no planejamento governamental da
maioria dos países. No caso brasileiro, é relativamente recente o uso de indicadores
sociais como instrumento de planejamento, pois a intenção de criar um sistema só
ocorreu a partir de 1975.

O aspecto social recebeu ênfase, em nível governamental, a partir de 1964,


mas sem encontrar correspondência nos atos efetivos da política social vigente.
Existia, no período, uma identificação do controle social com o planejamento
social e, para Altmann (1981), o planejamento é utilizado ideologicamente em
decorrência do desaparecimento da participação social de base.

No início dos anos 1970, o crescimento econômico brasileiro foi bastante


significativo, principalmente entre 1967 e 1973, período do milagre econômico.
As taxas de crescimento econômico variaram entre 6% e 11% ao ano. Entretanto,
isto não acarretou uma melhoria da distribuição da renda e nem a diminuição
da pobreza absoluta. Oliveira (1985) diz que, no Brasil ocorreu uma regulação
keynesiana sem direitos sociais, forma distinta daquela verificada nos países
avançados. O autor identifica o caso brasileiro como um “Estado de Mal-
Estar”, onde existe crescimento econômico sem uma contrapartida em nível de
participação democrática e de benefícios sociais.

O governo brasileiro, no período entre 1975 e 1979, através do II Plano


Nacional de Desenvolvimento (PND), reconheceu o agravamento da problemática
social e propôs uma política de redução das desigualdades socioeconômicas
(SISTEMA, 1980). Em 1974, foi criado o Conselho de Desenvolvimento Social
(CDS) para conduzir a política social e, em 19 de maio1975, em cumprimento às
diretrizes do II PND, o CDS propôs a:

Construção de um sistema de indicadores sociais e de produção


periódica da informação necessária à sua alimentação, [tentando]
consolidar e articular diversas metodologias, entre as quais aquela
recomendada pela ONU, na série de documentos sob o título geral de
A System of Demographic and Social Statistics and its Link With the System
of National Economic Accounts. (CONSELHO DESENVOLVIMENTO
SOCIAL, 1975, p. 98).

188
TÓPICO 3 | INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS

O objetivo dos indicadores sociais era o de fornecer elementos para a


elaboração e o acompanhamento do planejamento social, sendo que a prioridade
seria dada aos indicadores destinados a medir as variações nos níveis de bem-estar
material, em especial dos grupos que estavam em situação de “pobreza absoluta”
(CONSELHO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, 1975). Com esse documento, pela
primeira vez, o termo indicadores sociais apareceu de forma oficial no Brasil.
O IBGE ficou encarregado da organização e do funcionamento do Sistema de
Indicadores Sociais. Em data anterior (1973), essa instituição já havia criado
internamente o Grupo Projeto de Indicadores Sociais.

[...] No plano estadual, em novembro de 1973, apareceu de forma pioneira,


no Rio Grande do Sul, a revista “Indicadores Sociais-RS” elaborada, num
primeiro momento, pela Superintendência de Planejamento Global (SUPLAG) e,
posteriormente, pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), ambos os órgãos
vinculados à Secretaria de Coordenação e Planejamento do Estado.

A SUDENE, através da Divisão de Estudos e Diagnósticos de sua


Coordenação de Planejamento Regional (CPR), incentivou a construção de
indicadores sociais para a região nordeste, iniciando os estudos em 1974, com
trabalhos sobre qualidade de vida.
A CPR preparou uma série de trabalhos para dar suporte à estrutura
do Sistema Regional de Indicadores Sociais (SIRIS), sendo o primeiro deles
“Proposições Preliminares de Qualidade de Vida e Indicadores Sociais para o
Nordeste” (PROPOSIÇÕES, 1975).

O documento SIRIS, elaborado em 1980, apresenta o modelo analítico


operacional do sistema do mesmo nome, e seu anexo contém um painel de
indicadores sociais com suas especificações metodológicas (SISTEMA, 1980).
Vários estados da federação (Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco,
Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe) desenvolvem trabalhos com base na temática
dos indicadores sociais, na maioria das vezes vinculados às suas respectivas
secretarias de planejamento.

Para uma visão atualizada sobre elaboração dos índices sintéticos de


pobreza e qualidade de vida podem ser consultados os trabalhos de Martins
e Mammarella (1997), Sposati (2002) e Oliveira (2001). Instituições em nível
ministerial também publicam dados e/ou estudos nessa mesma linha de interesse,
tais como os ministérios da Saúde, da Educação, do Trabalho, da Previdência
Social, de Minas e Energia, da Fazenda etc.

189
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Além do trabalho efetuado pelos órgãos de investigação governamental,


pesquisadores e organizações independentes realizam estudos e/ou utilizam-se
dos indicadores sociais em suas análises. Para exemplificar, têm-se Bacha e Klein
(1986), Jaguaribe et al. (1986), Rodrigues et al. (1987), Santos (1990), Curi (1991),
Soares (1995), Souto (1995), Santos (1997), IBASE (desde 1997), Waiselfisz (1998),
Paixão (1999), Silva (2000), Jannuzzi, (2003), Pochmann (2003).

No Brasil, o debate sobre a medição do bem-estar social da população


pode ser acompanhado nos estudos de Calsing et al. (1984) e Cervini e Burguer
(1985). A proposta desses autores é diferente daquela que utiliza indicadores tais
como Produto Nacional Bruto per capita, renda média pessoal e renda familiar per
capita, que são do tipo monetário (CERVINI e BURGUER, 1985).

Os autores afirmam que existe um interesse internacional de inclusão dos


indicadores sociais na análise do bem-estar da população e também no nível de
desenvolvimento de países ou áreas geográficas.

Entretanto, alertam para uma tendência muito acentuada nesses estudos


para o uso de indicadores sociais “objetivos” em detrimento de outros tipos de
medições consideradas mais “subjetivas” (CERVINI e BURGUER, 1985).

Os autores utilizam técnicas de análise dos componentes principais “para


obter uma medida única do bem-estar social da população a partir de um conjunto
de indicadores considerados relevantes para tal fim” (CERVINI e BURGUER,
1985, p.85), para “estabelecer um ordenamento das diversas áreas do Nordeste em
Termos de satisfação das necessidades, bem como inferir uma ideia dos graus de
desigualdade infrarregional subsistente” (CERVINI e BURGUER, 1985, p. 85). No
Brasil, esta técnica foi aplicada por Faissol e por Buarque e Correa para ordenar
e/ou tipificar cidades e, para municípios, por Castro e Medeiros (CERVINI e
BURGUER, 1985, p. 85). No Rio Grande do Sul, a Secretaria de Coordenação e
Planejamento (RIO GRANDE DO SUL, 1981) também se utilizou dessa técnica
para ordenar as cidades segundo níveis crescentes de pobreza urbana, enquanto
Fachel (1982) o fez para descrever a estrutura social urbana de Porto Alegre.
Rocha (1990) lança mão do método dos componentes principais para obter uma
medida sintética ordinal a partir da divulgação do Índice de Desenvolvimento
Humano pela ONU (desde 1990), pesquisadores brasileiros elaboraram estudos
usando como referência a metodologia do IDH.

Num primeiro momento, o enfoque espacial foram os estados da


Federação, as regiões brasileiras, as regiões metropolitanas e, recentemente,
existe a preocupação de investigar os municípios. Durante o desenvolvimento
do III Fórum Nacional, no debate sobre “A questão social no Brasil em 1990”,
dois economistas do IPEA, Roberto Cavalcanti de Albuquerque e Renato Villela,
apresentaram o trabalho “A situação social no Brasil: um balanço de duas décadas”
(ALBUQUERQUE e VILLELA, 1991).

190
TÓPICO 3 | INICIAÇÃO ÀS FONTES DE DADOS E INDICADORES ECONÔMICOS

Os autores construíram dois índices: o Índice de Desenvolvimento


Relativo (IDR) e o Índice do Nível de Vida (INV). O primeiro índice segue o
IDH com modificações, enquanto o segundo combina elementos metodológicos
empregados na construção do IDH e na adotada por Drewnowski para o cálculo
do seu Índice do Nível de Vida (ALBUQUERQUE e VILLELA, 1991).

Ambos os índices foram os instrumentos para os autores realizarem o


balanço da situação social brasileira no âmbito do país, das macrorregiões, dos
estados e das regiões metropolitanas. Outro estudo que segue a metodologia da
ONU é o de Rodrigues (1994), que investiga as regiões brasileiras. Rodrigues
constrói um Índice de Desenvolvimento Social (IDS) para definir o grau de justiça
social, enquanto o IDH mede, em cada país, o grau de realização socioeconômico
individual. Médici e Agune (1994) utilizam a metodologia da ONU, com
indicadores sociais diferentes, para avaliar a qualidade de vida nas regiões,
estados e regiões metropolitanas do Brasil.

Para isso, constroem o Índice de Oferta de Serviços Públicos (IOSP) na


área social. Os indicadores componentes do IOSP são: alfabetização, oferta de
serviços de saúde, saneamento (água, esgoto e lixo) e fornecimento de energia
elétrica. Os estudos que serão comentados a seguir têm como fundamentos uma
ou mais das três características que aqui apontam qualidade de vida dos pobres
nas nove regiões metropolitanas brasileiras. [...]

[...] Como foi visto ao longo do texto, os indicadores sociais desde sua
origem estão inseridos num contexto socioeconômico amplo, além de manter
uma forte presença no campo teórico acadêmico. Os indicadores sociais devem
responder às preocupações quanto à dinâmica social, ou seja, as mudanças
significativas que estão em curso na sociedade capitalista atravessada pelo
conflito de classes; elucidar as questões que não se atenham somente ao que pode
ser mensurado, mas ir além da informação quantitativa e desta forma aproximar-
se dos conflitos de interesse que são o motor do processo social.

A sociedade civil, os movimentos sociais, o meio acadêmico são meios


que constroem os indicadores sociais para instrumentalizar suas análises e
qualificar as suas lutas por melhores condições de vida e participação cidadã,
tiveram um grande avanço no campo da disputa ideológica ao fazerem uso dos
indicadores sociais e os seus diferentes índices sociais como, por exemplo: os
índices ambientais, IDH dos municípios, índice de gênero, índice de raça, índice
de pobreza, índice de responsabilidade social, mapa da fome, mapa da pobreza,
mapa da violência, entre outros.

191
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Os indicadores sociais podem ajudar no conhecimento da realidade


social brasileira, monitorar as condições de vida das cidades grandes e pequenas,
como exemplo pode-se mencionar: o acompanhamento do orçamento municipal,
o índice de responsabilidade social para a aferição da atuação do governo do
Estado de São Paulo, e mais recentemente (2004) a conquista das organizações
sociais ligadas à problemática da criança e dos adolescentes de monitorar as ações
do governo federal neste campo. Embora a existência de informações e análises
dos indicadores sociais não se faculte às mudanças necessárias na área social, é
fundamental construir as condições sociopolíticas necessárias para conquistar e
fazer avançar a cidadania.
FONTE: Disponível em: <http://pensamentoplural.ufpel.edu.br/edicoes/01/06.pdf>. Acesso em:
2 maio 2015.

192
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você viu que:

• Todos os dados estatísticos e indicadores socioeconômicos compõem um


conjunto de informações quantitativas que possibilitam o acompanhamento
das variações conjunturais e estruturais da economia.

• A elaboração dos indicadores econômicos é produzida com certa periodicidade


e regularidade, podendo ser anual, mensal, semanal ou diária, e são expressos
por valores nominais e reais.

• Todos os dados e indicadores econômicos podem ser qualificados por diversos


critérios.

• Os indicadores podem ser classificados como indicadores antecedentes, que


tem como objetivo prever com antecedência, num período de curto prazo,
examinando todos os setores ligados a área econômica.

• Existem também os indicadores consequentes, que despontam em vários


desdobramentos em uma tomada de decisão governamental, referentes à
política econômica ou de entidades privadas.

• Outra classificação é as dos indicadores de expectativas, que apresentam


o nível de confiança dos empresários, investidores e/ou consumidores no
comportamento da economia.

• A exatidão de um indicador econômico envolve não somente as outras


propriedades, mas também o grau de confiabilidade.

• Os dados da realidade que são produzidos pelas indústrias, comércio e IBGE,


recebem um tratamento metodológico mais eficiente e consistente, devido à
representatividade perante as atividades desenvolvidas em diversos setores, e
porque as suas amostras são selecionadas através de um Cadastro de Empresas,
que é mais completo, que derivam de pesquisas com esboço da realidade das
áreas.

• Os principais elaboradores de dados econômicos, da esfera pública, são: IBGE,


Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Ministério
da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Ministério do Trabalho e Renda, Ministério do Trabalho e Renda, entre outros.

• Na esfera não governamental, apresentam-se como principais fontes de dados


econômicos a Fundação Getúlio Vargas – FGV.

193
• O IPEA divulga mensalmente o Índice de Qualidade do Desenvolvimento, que
tem como objetivo avaliar o desenvolvimento do país, através de requisitos
que medem o crescimento econômico, através da avalição de 15 indicadores
econômicos.

• O IBGE também divulga o seu Boletim Conjuntural – Indicadores IBGE.

• O IBGE é o órgão centralizador de todo o conjunto de instituições do Sistema


Nacional de Estatísticas.

• O índice da produção econômica anual é mensurado pelo Sistema de Contas


Nacionais, que é o Sistema de Síntese das Estatísticas Econômicas de um país e
que é separado por atividade econômica e setor institucional e dos mecanismos
de produção, como a força de trabalho e o capital.

194
AUTOATIVIDADE

1 Os indicadores econômicos são classificados em três categorias, cite-as e


descreva cada uma delas.

2 Cite quais são os Sistemas de Pesquisa, desenvolvidos pelo IBGE.

195
196
UNIDADE 3
TÓPICO 4

A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA


O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS

1 INTRODUÇÃO
Chegamos ao último tópico deste Caderno de Estudos, onde será apresentado
um estudo sobre os instrumentos utilizados pelos profissionais do Serviço Social, que
vem se solidificando através da gestão das Políticas Públicas, dos programas, dos
projetos, de entidades e instituições sociais, que são o monitoramento e avaliação.
Estes têm um grande desafio que é a apresentação de resultados.

O assistente social, ao realizar suas atuações, encontra alguns obstáculos


resistentes na apresentação dos números de dados estáticos para a construção
de indicadores sociais e a utilização dos mesmos para a realização do
monitoramento e avaliação, devido à complexidade de atuação do profissional
diante da realidade social.

Conforme todos os tópicos anteriores onde foi apresentado a você o tema


sobre os indicadores sociais, a elaboração dos mesmos através de seus conceitos
básicos, como a condição de vida de uma determinada população, faz-se necessário
a elaboração de um diagnóstico socioeconômico que seja propositivo e útil para as
avaliações e monitoramento desses dados.

Esse monitoramento precisa ter clareza e objetividade nos seus resultados,


através de textos descritivos ou analíticos estruturados com fundamentação
teórica, tabelas de dados, indicadores sociais e cartogramas que sejam capazes
de auxiliar a eficiência e efetividade de um ou mais programas e projetos sociais.

197
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

2 O SERVIÇO SOCIAL NO MONITORAMENTO E


AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
No nosso dia a dia, deparamo-nos com uma grande quantidade de
números, que são aplicados na administração de uma empresa, para planejamento
doméstico, nas administrações públicas através dos planejamentos estratégicos,
na gestão das políticas públicas, na efetividade dos programas e projetos
exclusivos que distinguem a realidade social de uma determinada comunidade,
bairro, município, região e país.

Ao referenciar as atividades realizadas através das políticas públicas, não


é possível todas as vezes apresentar os resultados em um determinado período,
seja ele, de curto ou médio prazo, onde cabe a importância de se trabalhar com
uma metodologia de monitoramento constante dessas ações, e que permitam
obter resultados controlados em tempos determinados, podendo ocorrer uma
efetividade nos resultados de médio e a longo prazo.

Nos últimos anos, os indicadores sociais estão novamente ocupando o


espaço que se refere à gestão social em todos os níveis de administração, através
dos ciclos de formações e avaliações como contribuições para as políticas públicas.

A escolha de indicadores sociais para uso no processo de formulação


e avaliação de políticas públicas deve ser pautada pela aderência deles
a um conjunto de propriedades desejáveis e pela lógica estruturante
da aplicação, que definirá a tipologia de indicadores mais adequada
(JANNUZZI, 2005, p. 139).

A gestão social das políticas públicas sociais necessita que os gestores e


profissionais possibilitem informações concretas para uma avaliação e um perfil
concreto da realidade que está se atuando ou pesquisando.

O indicador social tem importante função exploratória no diagnóstico


de situações concretas, na definição de metas prioritárias e no
direcionamento das ações contínuas, na medida em que, com o uso
constante de indicadores adequados, estes oferecem informações
concretas para o conhecimento da realidade e orientam as ações,
dando sustentação ao processo de gestão. Com a falta desse trabalho,
ou do uso adequado dos indicadores, corre-se o risco de ignorar ou
encobrir as projeções ideológicas e as ambições políticas subjacentes a
muitos tipos de planejamento (GIROTO et al., 2008, p. 8).

198
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A finalidade dos indicadores sociais é de auxiliar na elaboração concreta


do diagnóstico social de uma determinada realidade, apresentando quais as
demandas e cada política pública social e se também estão respondendo às
necessidades apresentadas.

Para os gestores públicos cabe definir os programas, projetos e metas,


através do direcionamento contínuo das ações.
“Gestão social tem um compromisso, com a sociedade e com os cidadãos,
de assegurar por meio das políticas e programas públicos o acesso efetivo aos
bens, serviços e riqueza societário. Por isso mesmo precisa ser estratégica e
consequente” (CARVALHO, 1999, p. 27).

A descentralização que veio se implementando desde as décadas 70 e 80, e


com a Constituição Federal 88, e efetiva-se com o processo de uma descentralização
participativa.

O processo de descentralização desencadeado desde a década de 1970 e


1980 efetiva-se com a Constituição Federal de 1988, reforçado com o processo de
descentralização e participação efetiva por meio da transferência das decisões das
instâncias governamentais, onde as relações estabelecidas na sociedade passaram
a ser pesquisadas, estudadas e conhecidas pelas administrações públicas.

[...] a gestão social nos obriga a repensar formas de or­ganização


social, a redefinir a relação entre o político, o econômico e o social,
a desenvolver pesquisas cruzando as diversas disciplinas, a escutar
de forma sistemática os atores estatais, empresariais e comunitários.
Trata-se hoje, realmente de um universo em construção (CARVALHO,
1999, p. 28).

A representação da sociedade civil acontece através da organização da


mesma, podendo ser realizada através de atividades organizadas e planejadas,
ou em alguns casos espontâneas, e até mesmo em uma relação de contradição
entre todos os atores envolvidos, através da participação em diversos espaços de
participação popular, como as plataformas, os fóruns e as redes de discussão de
diversos temas em geral. Em muito desses espaços se concretizam negociações,
acontecem suposições política, independente da participação do cidadão, porém
o que ocorre em muitos casos é a superação da incoerência entre a determinação
do poder local, ou seja, entre a representação e participação.

199
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

FIGURA 20 - REPRESENTAÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS DE


PARTICIPAÇÃO POPULAR

FONTE: Disponível em: <www.http://forummariadapenha.


blogspot.com.br/> Acesso em: 2 maio 2015.

A compreensão sobre o poder local está no relacionamento da sociedade


civil com todos os seus elementos, sendo um dos principais atores, mesmo que
precise de certo limite de territorialização, porém seus interesses não se acabam
nas diferentes atividades que são desenvolvidas coletivamente, ou até mesmo
em nível de país, pelo contrário, surgem ações que podem ser adequadas para a
aplicabilidade do poder local.

Se analisarmos a história dos movimentos sociais, podemos averiguar


certo desgaste da participação popular nesses espaços, até mesmo por um
descrédito das pessoas em relação à atuação dos governantes. Mas para a gestão
social das políticas públicas cabe a responsabilidade de apresentar os resultados
dos impactos causados pelas políticas públicas sociais.

Para Carvalho (1999, p. 28), “[...] a transparência nas decisões, na ação


política, na negociação, na participação — e, também, o maior pro­fissionalismo
— se apresenta como base de uma ética na prestação dos serviços públicos”.

A participação de um cidadão nas atividades coletivas acontece sempre


que o mesmo conhece o seu território, pois o mesmo consegue compreender
como é fazer parte, tornar-se parte e ser parte de um processo que pode gerar
ações públicas, através de atividades coletivas.

200
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

E
IMPORTANT

A efetivação do poder local só acontece depois do conhecimento do território


de atuação.

Os serviços coletivos — implementados pelas políticas sociais — estão


combinando outras modalidades de atendimento que reivindicam a
participação do usuário cidadão, da família e da comunidade. Fala-
se, hoje, em internação domiciliar, médico da família, agentes comu­
nitários de saúde. (CARVALHO, 1999, p. 27).

FIGURA 21 - SERVIÇOS COLETIVOS

FONTE: Disponível em: <https://saudefacil.files.wordpress.com/2013/02/


vd11.jpg>. Acesso em: 3 maio 2015.

A efetivação das ações coletivas, com a concepção de direitos, passa pela


valorização do gestor social, além de enfrentar as dificuldades encontradas no dia
a dia de uma administração pública, independentemente de seu nível municipal,
estadual ou federal.

O ato de gerir ou de gerenciar está diretamente ligado à gestão das


políticas públicas, através de ética, responsabilidade e comprometimento com
resultados e com os impactos de área de atuação pública de um profissional. Nesse
sentido surge a organização da gestão pública social, através do monitoramento e
avaliação dos indicadores sociais.

201
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Vimos no tópico anterior que o IBGE organiza seus indicadores sociais,


através de sistemas, atualmente quase todas as políticas públicas têm seus dados
estatísticos organizados. O IBGE serve como exemplo de sistema de indicadores
da saúde, tem a sua referência no Comitê de Gestão de Indicadores.

Comitês de Gestão de Indicadores (CGI), constituídos, segundo


subconjuntos de indicadores — demográficos, socioeconômicos, de
mortalidade, de morbidade e fatores de risco, de recursos e de cobertura,
cada qual sob a coordenação do representante da instituição melhor
identificada com a temática específica. Os comitês são integrados por
técnicos vinculados às instituições produ­toras de dados e informações,
e têm a incumbência de aperfeiçoar continuamente as bases de dados
disponíveis, mediante análises e adequações periódicas. (REDE, 2002
p. 268).

Outro exemplo de organização dos indicadores sociais é o Sistema Nacional


de Informação do Sistema Único de Assistência Social – REDE SUAS que passou a
existir para completar as necessidades de difusão e comunicação entre o SUAS e de
implementação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS.

A Rede tem como propósito organizar toda a produção, armazenamento,


processamento e a disseminação dos dados estatísticos da PNAS, dando apoio
aos financiamentos e controle do SUAS, garantindo assim uma transparência de
toda a gestão das informações.

FIGURA 22 - SISTEMAS DA REDE SUAS

FONTE: Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/redesuas/sistemas> Acesso em:


2 maio 2015.

202
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

E
IMPORTANT

É importante que você acesse o link abaixo e assista ao vídeo sobre a REDE
SUAS. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/redesuas>.

Você deve estar se perguntando: Qual é o papel do assistente social diante


da gestão social?

O assistente social é o profissional habilitado para realizar um diagnóstico


social da realidade em que está atuando ou da política pública, pois nas
discussões em relação à gestão social em administrações públicas o processo de
monitoramento e avaliação é de responsabilidade do serviço social.

A disponibilidade de indicadores sociais para uso do diagnóstico da


realidade social empírica, formulação de políticas, monitoramento
das condições de vida da população, análise da mudança social está,
pois, condicionada à oferta e às características das estatísticas públicas
existentes. (JANNUZZI, 2006 p. 37)

Ao profissional de Serviço Social, cabe a responsabilidade de atuação, de


atenção ao seu cotidiano profissional, necessitando estar qualificado para atuar
perante as novas demandas da atualidade, diante do movimento dinâmico das
relações da sociedade, tendo sempre uma prática interventiva, nesse sentido é
fundamental o conhecimento das áreas de atuação do serviço social, como um
processo na sua formação acadêmica.

Além de ser atencioso com as disciplinas que ao longo da história do


Serviço Social garantem a construção do conhecimento e do saber, precisam estar
dispostos ao processo de reflexão da prática profissional, onde o conhecimento
teórico e metodológico forma a base para a fundamentação da profissão e
impedem ações imediatistas, através de atividades constantes na identificação e
mediação entre as relações sociais, a instituição, estado, usuários e o profissional.

Historicamente a questão social é o objeto de intervenção do assistente


social, e está norteada por um Código de Ética Profissional do Serviço Social, de
1993, e da Lei de Regulamentação da profissão.

203
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Diante disso a questão social deve ser identificada através dos indicadores
de vulnerabilidade social, e da exclusão social dos usuários do serviço social.

Exclusão social, conceito que caracteriza o acúmulo de deficiências de


várias ordens e falta de proteção social, vem sendo progressivamente
utilizado nas políticas pú­blicas, e pode ser visto como sendo um
processo que leva à negação (ou desrespeito) dos direitos que
garantem ao cidadão um padrão mínimo de vida, envolvendo tanto
direitos sociais quanto questões materiais (NAHAS, 2002, p. 476).

A cidade de Belo Horizonte, apresenta um programa de Gestão Municipal


de Qualidade de Vida Urbana, com uma fórmula de cálculo de Índice de
Vulnerabilidade Social - IVS, onde se pode utilizar como exemplo, pois apresenta
cinco dimensões com parâmetros para elaborar um roteiro de diagnóstico,
monitoramento e avaliação, apresentando impactos e resultados, que serão
apresentados a seguir:

• Dimensão Ambiental: tomada como o acesso a uma moradia


com qualidade, do ponto de vista da densidade do domicílio, da
qualidade da edificação e da infraestrutura urbana disponível.
• Dimensão cultural: considerada o acesso a uma educação formal
que permita inserção em processos políticos, sociais e econômicos
de caráter mais globais.
• Dimensão econômica: estabelecida em termos do acesso da
população a uma ocupação, preferencialmente formal, e a um nível
de renda.
• Dimensão jurídica: conceituada como o acesso a uma assistência
jurídica de qualidade, considerada como a assistência privada.
• Dimensão segurança de sobrevivência: acesso a serviços de
saúde, garantia de segurança alimentar e acesso aos benefícios da
previdência social (NAHAS, 2002, p. 478).

E
IMPORTANT

O assistente social é um profissional gestor das políticas públicas sociais, dos


programas e projetos e de entidades e instituições sociais, onde precisa estar informado e
ciente das demandas sociais e atuar perante as mesmas, necessitando monitorar e avaliar
com certa periodicidade o processo que vem sendo desenvolvido, e articulando para que
os resultados e impactos sejam difundidos.

Analisando o nosso dia a dia, independentemente da posição que ocupamos


na sociedade, percebemos que estamos em constante método e processo de
avaliação. Mesmo mentalmente estamos avaliando condutas, comportamentos,
habilidades, políticos, famílias, educação, saúde e tantas outras atitudes.

204
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Para Arretche (2009, p. 29): “[...] qualquer forma de avaliação envolve


necessariamente um julgamento, vale dizer, trata-se precipitadamente de atribuir
um valor, uma medida de aprovação ou desaprovação [...]”.

Esses procedimentos necessitam ser avaliados e acompanhados para que


as políticas públicas sociais venham de encontro com seus objetivos.

Sobre os procedimentos Arretche (2009, p.32, grifos da autora) destaca:

• Grau de Eficiência: depois que as políticas públicas, programas e


projetos forem definidos, a eficiência estará diretamente conjugada com
os esforços utilizados no processo de implantação que se deve incluir o
emprego de recursos como financeiros, humanos, materiais e outros.
• Grau de Eficácia: para que seja desenvolvida existe a obrigação de
uma clareza referente aos objetivos perante as propostas iniciais,
além dos resultados adquiridos explícitos de um certo programa ou
projetos e de seus resultados efetivos ou concretos.
• Grau de Efetividade: [...] entende-se ao exame da relação existente
entre a implementação de um programa e de seus impactos e/ou
resultados, de seu sucesso ou fracasso em termos de uma efetiva
mudança nas condições sociais prévias.

É necessário analisar quais são as medidas que a execução das políticas


públicas, programas, projetos e serviços obtiveram perante as demandas
apresentadas e seus impactos e resultados alcançados, como interferiu as outras
políticas públicas. Um exemplo a ser citado é quando se apresenta uma proposta
de política de assistência social, analisando a possibilidade e viabilidade da
construção de um Centro de Referência de Assistência Social - CRAS.

Precisa-se ser avaliado o que compete para a implantação deste CRAS e os


impactos que irá ter, ou teve sobre as políticas de saúde, trabalho, meio ambiente,
habitação.

• Os impactos: podem ser considerados eficazes quando atingem o público-alvo


para qual o programa proposto e implementado se destina, e compará-los em
áreas que indiretamente formam o programa.

[...] referem-se aos efeitos e desdobramentos mais gerais, antecipados


ou não, positivos ou não, que decorrem da implantação dos programas,
[...] a redução da incidência de doenças na infância ou a melhoria
do desempenho escolar futuro, efeitos decorrentes de atendimento
adequado da gestante e da criança recém-nascida em passado recente
(JANNUZZI, 2005, p. 144).

A referência utilizada sobre a eficiência se dá pela relação entre os recursos


e os resultados obtidos, na eficácia deve-se comparar os objetivos e os resultados,
como a efetividade examinada nos graus de impactos.

Para uma melhor compreensão sobre monitoramento e avaliação serão


apresentadas algumas definições sobre esses instrumentais do Serviço Social, e
que hoje se tornaram uma exigência para um bom desenvolvimento e atuação do
assistente social na utilização dos indicadores sociais.
205
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

• Monitoramento: necessita de um processo permanente e contínuo de


acompanhamento e observações constantes, regulares e sistemáticas das
políticas públicas sociais, dos programas e projetos e na instrumentalização
das ações do assistente social, sendo assim necessita de uma sistematização
consecutiva no processo de trabalho do assistente social na sua prática
cotidiana. Através do monitoramento se consegue obter registros consecutivos
dos resultados, dando ênfase para a comparação entre os objetivos que foram
propostos inicialmente em cada política pública.

• Avaliação: o monitoramento, sendo muito bem elaborado e aplicado, através


de uma matriz que dê condições e possiblidades de avaliações que possibilitem
a autenticidade, sendo subsidiada para analisar com toda a criticidade o
movimento do processo de execução das políticas públicas, programas e
projetos sociais perante seus objetivos iniciais.

A avaliação e monitoramento/acompanhamento devem ser organizados


através de um plano ou projeto, compondo-se em um processo consecutivo.

Avaliar pressupõe determinar a valia ou valor de algo; exige apreciar ou


estimar o merecimento, a grandeza, a intensidade ou força de uma política social
diante da situação a que se destina. Avaliar significa estabelecer uma relação de
causalidade entre um programa e seu resultado. (BEHRING, 2009, p. 577).

DICAS

No presidencialismo de coalizão brasileiro, os cargos


de direção da burocracia são utilizados como moeda de troca entre
o Presidente da República e os partidos com assento no Congresso
Nacional para selar os acordos de sustentação política do governo.
Decorre daí a questão: como o Presidente garante que as pessoas
nomeadas para esses cargos seguirão as diretrizes definidas
pelo governo? Este é um ponto com que se deparam todas as
democracias representativas contemporâneas: como organizar o
Estado em moldes burocráticos e eficientes e, ao mesmo tempo,
impedir que a burocracia governe no lugar dos políticos eleitos pelo
povo. Cecília Olivieri, neste livro, estuda o controle político sobre
a burocracia por meio do monitoramento das políticas públicas
realizado pela Secretaria Federal de Controle Interno do Executivo
Federal. Propõe que esta ação permite ao Presidente da República avaliar se aqueles
nomeados estão atuando conforme as políticas públicas definidas no programa de governo,
evidenciando, assim, a relevância do papel político da SFC no regime democrático.

FONTE: OLIVER, Cecilia. A lógica política do controle interno: o monitoramento das políticas
públicas no presidencialismo brasileiro. São Paulo: Annablume, 2010.

206
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Outro questionamento que você deve estar se fazendo é: o que significa


avaliar?

Para Silva (1992, p. 11):

[...] avaliar deriva de valia, que significa valor. Portanto, avaliação


corresponde ao ato de determinar o valor de alguma coisa. A todo
o momento o ser humano avalia os elementos da realidade que o
cerca. A avaliação é uma operação mental que integra o seu próprio
pensamento — as avaliações que faz orientam ou reorientam sua
conduta.

Como estudamos até o presente momento, o monitoramento e a avaliação


são fundamentais neste processo das políticas públicas. O assistente social, outros
profissionais e gestores públicos, precisam ter certa perceptibilidade no que se
refere à quantidade de responsabilidade de avaliar todas as atividades feitas.

Esse processo de avaliação, além de ser fundamental, tem um por quê.

• Por uma questão de economia.


• Por ser considerado um dever ético.
• Por manter ou criar uma relação de transparência com a sociedade civil.
• Por aumentarem as requisições por parte das instituições de financiamento,
com as de instrumentos de controle da qualidade das ações concordadas e o
impacto as metodologias sociais.
• Por garantir a confiabilidade dos usuários.
• Por obter uma maior efetividade e eficácia de políticas, programas e projetos
sociais.

Arretche (2009) afirma que, para avaliar as políticas públicas se faz necessário
aplicar-se na análise o processo sobre assumidas decisões que derive na execução
de determinada forma de política, e que promova o esclarecimento do processo de
decisão e do embasamento político estabelecido na definição de alguma política
social, e propõe inseri-la em sua totalidade e na realidade estudada.

A avaliação de políticas públicas não constitui um exercício formal


“desinteressado”, à semelhança de um cálculo de custo-benefício. Ela
está fortemente ancorada num conjunto de valores e noções sobre
a realidade social, partilhados pelos membros relevantes de uma
maioria de governo — aí incluídas elites políticas relevantes de uma
burocracia que permite distinguir a “boa” da “má” política (MELLO,
2009, p. 11, grifo da autora).

Arretche (2009) defende que a partir da tomada de decisão, ou seja, qual


política social, programa ou projeto seja pertinente em determinado território,
cabe, para a avaliação de políticas sociais, dedicar-se à análise do processo que
resulte na adoção de determinado tipo de política, e compete ainda o compromisso
de explicar o processo decisório e os fundamentos políticos de tal política social.

207
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Citando novamente o programa de Gestão Municipal da Qualidade


de Vida de Belo Horizonte, podemos verificar a organização de indicadores
formulados conforme as variáveis que já estão estabelecidas.

Outro aspecto importante diz respeito à originalidade de vários dos


indicadores formulados: a variável cultura, por exemplo, abrange
desde o Patrimônio Cultural da cidade, até a presença de público nos
eventos e equipamentos culturais e, ainda, a tiragem de jornais locais;
em Segurança Urbana foram considerados não somente ocorrências
relativas à segurança pessoal, patrimonial e no trânsito, como também
a qualidade do atendimento policial no que se refere ao tempo de
atendimento e à disponibilidade de recursos humanos e materiais.
Esta di­versidade foi propiciada pelo fato de que, primeiramente, a
abrangência conceitual das variáveis, componentes e indicadores
tenha sido delimitada antes da pesquisa de informações, e de que, além
disto, buscavam-se indicado­res de quantidade e qualidade da oferta,
conforme previa o modelo matemático já estabelecido. Esta estratégia
possibilitou, entre outras vantagens, o uso de dados não usuais para
o tema (dados de segurança para a variável Meio Ambiente, ou de
pavimentação para o componente transporte coletivo, por exemplo) e
a formulação de in­dicadores originais (NAHAS, 2002, p. 474).

Realizar o monitoramento das políticas públicas, programas e projetos é


relacioná-los com as coletas de dados primários, ou seja, dados que somente o
profissional que desenvolve o trabalho conhece, ou tem acesso.

O profissional precisa ter clareza dos objetivos que foram incialmente


indicados, como: o lavamento de dados estatísticos para elaboração de uma
matriz referencial mediante a metodologia de monitoramento.

Uma metodologia especificada para realizar o monitoramento solicita


a construção de matrizes, que permitem a utilização de gráficos, tabelas que
poderão ser alimentados no desenvolvimento do processo. Estes gráficos e
tabelas precisam conter informações necessárias, sem exageros de informações,
evitando poluição visual e desordem de informação. Se existir a necessidade de
apresentar um número excessivo de informações, permite-se dividir em gráficos
e tabelas tornando-os mais compreensíveis e com uma leitura mais dinâmica,
autoexplicativa.

O uso de indicadores sociais tornou-se instrumento indispensável no


processo e monitoramento das ações das políticas públicas sociais. Como exemplo
de utilização das exigências nas políticas sociais do monitoramento e avaliação
tem a Política Nacional de Assistência Social. Jannuzzi (2006, p. 15) afirma que
se trata de “[...] um instrumento operacional para monitoramento da realidade
social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas”.

208
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A Política Nacional da Assistência Social – PNAS traz em seu regulamento


a importância de consolidação desta política, requerendo alguns instrumentos
que definem:

[...] elaboração e implantação de planos de monitora­mento e avaliação


e pela criação de um sistema oficial de informação que possibilite a
mensuração da eficiência e da eficácia das ações previstas nos Planos
de Assistência Social; a transparência; o acompanhamento; a avaliação
do sistema e a realização de estudos, pesquisas e diag­nósticos a fim de
contribuir para a formulação da política pelas três esferas de governo.
[...] tal deliberação é a implantação de políticas articula­das de
informação, monitoramento e avaliação. [...] estas políticas e ações
resultantes deverão pautar-se, principal­mente, na criação de sistemas
de informações, que serão base das estruturantes e produto de Sistema
Único de Assistência Social, e na integração das bases de dados de
interesse para o campo socioassistencial, com a definição de indicadores
específicos de tal política pública. (BRASIL, 2004, p. 55-56).

O profissional, que está na condição de gestor social, precisa se preparar


para a elaboração de indicadores sociais que supram a especificidade de cada
política pública, programa e projeto, analisando os resultados mediante os objetivos
propostos no início do programa e os que foram almejados durante o processo.

E
IMPORTANT

Aprofunde seus conhecimentos lendo o artigo: Avaliação e monitoramento


nas políticas sociais. Martins, M. L. P. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c-
v10n2_lucimar.htm>.

Analisando as estatísticas públicas, percebe-se que as mesmas se


apresentam em seu formato bruto, através de números, devido não estarem
contextualizadas diante de um debate dialético, sendo representações empíricas
de uma determinada área ou realidade.

Aos assistentes sociais, independente das políticas públicas e projetos ou


programas que estiverem atuando, cabe a exigência de um controle e avaliação
através de indicadores sociais que resultam na elaboração de um diagnóstico
social. Sendo assim, o monitoramento e a avaliação estão presentes em todas as
políticas públicas, como mecanismos de controle e avaliação.

Diante da apresentação sobre monitoramento e avaliação realizada até o


momento, acredita-se que você, quando estiver atuando como assistente social,
consiga realizar o gerenciamento das demandas apresentadas no cotidiano da
sua atuação profissional.

209
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Ao profissional fica o desafio de um constante planejamento das ações de


monitoramento e avaliação, como sendo uma estratégia para os resultados perante
as políticas públicas sociais, programas, projetos e planos governamentais.

É uma ação de um sujeito profissional, que tem compe­tência para


propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender
o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais.
Requer, pois, ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o
movimento da realidade para detectar tendências e possi­bilidades
nela presentes, passíveis de serem impulsionadas pelo profissional.
(IAMAMOTO, 2009, p. 21).

O planejamento para o processo de avaliação tem grande importância,


devido à sua clareza desde o início, meio e fim, ou para a continuidade de um
determinado programa, sendo assim, as ações são planejadas de maneira correta,
tornando-se um instrumento de pesquisa profissional.

Jannuzzi (2005, p. 141): “[...] recomenda que os procedimentos de


construção dos indicadores sejam claros e transparentes, que as decisões
metodológicas sejam justificadas, que as escolhas subje­tivas, invariavelmente
frequentes, sejam explicitadas de forma objetiva”.

Todo o planejamento necessita de uma definição de metas e roteiros a


serem seguidos, para se definir um roteiro de análise é necessário ter um projeto
determinado, isso não quer dizer que se o profissional não chegar ao resultado
esperado não se possa alterar os processos metodológicos, podendo ser revistos
diante dos objetivos iniciais.

A utilização dos indicadores sociais, atrelado a outros meios e


instrumentos é imprescindível ao desenvolvi­mento de um “bom”
programa, projeto ou serviço. Aí é revelada a necessidade tanto do
conhecimento quanto da utilização dos indicadores sociais, pois uma
vez que se sabe o que é um indicador social, é sabido também, que
o mesmo é indispensável no cotidiano das ações e dimen­sões do
processo de gestão (GIROTO et al., 2008, p. 14).

O gestor social pode elaborar um plano de trabalho, que poderá ser


destacado, por uma matriz que conduza ao monitoramento e avaliação dos
objetivos e metas estabelecidas anteriormente.

Existem dois grupos de indicadores que são importantes destacar e que


estão relacionados ao processo de monitoramento e avaliação do profissional de
serviço social:

• INDICADORES TANGÍVEIS: são os que se referem aos que podemos definir


com facilidade e são observáveis de maneira quantitativa e qualitativa. Como
exemplos, temos a avaliação de uma melhora da taxa de analfabetismo, no
acesso às políticas de saúde, habitação, de renda de um determinado território;

210
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

com isso, os números expõem melhoras ou pioras, assim é possível serem


mensuráveis.

• INDICADORES INTANGÍVEIS: esses indicadores não são fácies de mensura,


pois se referem a uma observação continuada e um olhar individualizado. Ao
assistente social cabe a responsabilidade de avaliar criticamente o que muitas
vezes só se pode captar por manifestações parciais e indiretas.

Como profissional muitas vezes pensamos em monitorar ou avaliar


o gerenciamento de políticas sociais de grande porte, sendo essa atitude uma
linha divisória para o assistente social, pois primeiramente compete mencionar
as mudanças que ocorrem na vida dos usuários de serviço social, podendo ser
essas pequenas, mas significativas. Como por exemplo: o acesso a documentos
como identidade civil, registros de nascimentos, registro de casamento, melhora
na autoestima, consciência social e outros.

Sendo assim, são nas pequenas e simples ações que podem refletir o
descobrimento dos potenciais e capacidades que estão referenciados na PNAS de
2004, e que devem ser aplicadas e desenvolvidas pelo assistente social.

Para Iamamoto (2009, p. 25), são desafios profissionais que:

O exercício profissional exige um sujeito profissional que tenha


competência para propor, para negociar com a instituição os seus
projetos, para defender além das rotinas institucionais, para buscar
apreender, no movimento da realidade, as tendências e possibilidades,
ali presentes, passíveis de serem apropriadas pelo profissional,
desenvolvidas e transformadas em projetos de trabalho.

A elaboração de indicadores sociais qualitativos e quantitativo


são fundamentais para expor os resultados e os impactos alcançados em
determinada política, programa ou até de um projeto específico, mediante a
atuação do serviço social.

• Indicadores qualitativos: esses indicadores possuem uma imergência no


campo, dizem respeito à presença no lugar onde será realizado o estudo e
coleta dos dados (observando, entrevistando, interagindo etc.). Onde uma
comunidade, um grupo, ou um contexto estabelecem uma amostra significativa
ou representativa, é o que define a pesquisa, “[...] procuram focar pro- cessos
onde é preferível utilizar referências de grandeza, intencionalidade ou estado,
tais como forte/fraco, amplo/restrito, frágil/estruturado, ágil/ lento, satisfatório/
insatisfatório...”. (SANTOS, 2008, p. 7).

• Indicadores quantitativos: esses indicadores acontecem antes ou durante a


coleta de dados, ou em qualquer momento e etapa do processo de pesquisa,
para tanto, precisa “[...] focar processo satisfatório traduzíveis em termos
numéricos, tais como valores absolutos, médias, porcentagem, proporções
etc.” (SANTOS, 2008, p. 7).
211
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Para o assistente social, é importante compreender que a estatística


age como matéria-prima no processo de elaboração dos indicadores sociais,
desenvolvendo assim subsídios para a construção da realidade social. Sendo
assim, o profissional precisa delimitar sua ação prática cotidiana, desenvolvendo
condições profissionais de um gestor social das políticas públicas sociais.

E
IMPORTANT

Caro(a) acadêmico(a), a Secretaria de Políticas Públicas


para Mulheres, divulga anualmente um relatório Socioeconômico
da Mulher, acesse esse relatório e aprofunde seus conhecimentos

A publicação do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher –


RASEAM 2014 é resultado da relevância dada pela Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República – SPM/PR
para o monitoramento sistemático de indicadores sociais sobre a
situação das mulheres brasileiras. Os indicadores disponibilizados
nesta publicação são oriundos de diversas bases de dados, o que
possibilita um olhar transversal e multidimensional sobre a realidade socioeconômica das
mulheres brasileiras. O documento contribui ainda para o aprofundamento da reflexão sobre
as desigualdades de gênero presentes em nossa sociedade. Os dados do RASEAM 2014
apresentam aspectos interessantes para pautar a participação e o controle social, oferecem
subsídios para a formulação e a implementação de políticas públicas e indicam questões e
temas merecedores de análises e estudos mais aprofundados.

FONTE: Disponível em: <http://www.spm.gov.br/central-de-conteudos/publicacoespublicac


oes/2015/livro-raseam_completo.pdf>..

212
TÓPICO 4 | A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES SOCIAIS PARA O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

LEITURA COMPLEMENTAR

GESTÃO DO SUAS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

A formulação e a implantação de um sistema de monitoramento e


avaliação e um sistema de informação em assistência social são providências
urgentes e ferramentas essenciais a serem desencadeadas para a consolidação
da Política Nacional de Assistência Social e para a implementação do Sistema
Único de Assistência Social - SUAS. Trata-se, pois, de construção prioritária e
fundamental que deve ser coletiva e envolver esforços dos três entes da federação.

Confirmando as deliberações sucessivas desde a I Conferência Nacional de


Assistência Social de 1995, a IV Conferência Nacional, realizada em 2003, define-
se claramente pela elaboração e implementação de planos de monitoramento e
avaliação e pela criação de um sistema oficial de informação que possibilitem: a
mensuração da eficiência e da eficácia das ações previstas nos Planos de Assistência
Social; a transparência; o acompanhamento; a avaliação do sistema e a realização
de estudos, pesquisas e diagnósticos a fim de contribuir para a formulação da
política pelas três esferas de governo. Agregado a isto, a Conferência ainda aponta
para a necessidade de utilização de um sistema de informação em orçamento
público também para as três esferas de governo.

O que se pretende claramente com tal deliberação é a implantação de


políticas articuladas de informação, monitoramento e avaliação que realmente
promovam novos patamares de desenvolvimento da política de assistência
social no Brasil, das ações realizadas e da utilização de recursos, favorecendo a
participação, o controle social e uma gestão otimizada da política.

Desenhados de forma a fortalecer a democratização da informação, na


amplitude de circunstâncias que perfazem a política de assistência social, estas
políticas e as ações resultantes deverão pautar-se principalmente na criação de
sistemas de informação, que serão base estruturante e produto do Sistema Único
de Assistência Social, e na integração das bases de dados de interesse para o campo
socioassistencial, com a definição de indicadores específicos de tal política pública.

A necessidade de implantação de sistemáticas de monitoramento


e avaliação e sistemas de informações para a área também remontam aos
instrumentos de planejamento institucional, onde aparecem como componente
estrutural do sistema descentralizado e participativo, no que diz respeito aos
recursos e sua alocação aos serviços prestados e seus usuários. Desta forma,
esta requisição começa a ser reconhecida nos documentos normativos básicos
da área que estabelecem os fundamentos do processo político-administrativo da
Assistência Social, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

213
UNIDADE 3 | INDICADORES SOCIAIS COMO INSTRUMENTOS DE GESTÃO SOCIAL

Municípios. A Política Nacional de Assistência Social reconheceu, ao realizar


a avaliação sobre as situações circunstanciais e conjunturais deste campo, a
dificuldade de identificação de informações precisas sobre os segmentos usuários
da política de Assistência Social, e atribuiu a este fato a abordagem preliminar
sobre algumas destas situações, a serem atendidas por essa Política Pública.

Tal produção deve ser pautada afiançando:

1 A preocupação determinante com o processo de democratização da política e


com a prática radical do controle social da administração pública, que, acredita-
se, é componente básico do Estado Democrático de Direito.

2 Novos parâmetros de produção, tratamento e disseminação da informação


pública que a transforme em informação social válida e útil, que efetivamente
incida em níveis de visibilidade social, de eficácia e que resulte na otimização
político-operacional necessária para a política pública.

3 A construção de um sistema de informações de grande magnitude, integrado


com ações de capacitação e de aporte de metodologias modernas de gestão
e tomada de decisão, dando o suporte necessário tanto à gestão quanto à
operação das políticas assistenciais, seja no âmbito governamental, em todas
as suas esferas, seja no âmbito da sociedade civil, englobando entidades,
instâncias de decisão colegiada e de pactuação.

4 A maximização da eficiência, eficácia e efetividade das ações de assistência


social.

5 O desenvolvimento de sistemáticas específicas de avaliação e monitoramento


para o incremento da resolutividade das ações, da qualidade dos serviços e
dos processos de trabalho na área da assistência social, da gestão e do controle
social.

6 A construção de indicadores de impacto, implicações e resultados da ação da


política e das condições de vida de seus usuários.

Desta forma, gerar uma nova, criativa e transformadora utilização da


tecnologia da informação para aperfeiçoar a política de assistência social no país,
que resulte em uma produção de informações e conhecimento para os gestores,
conselheiros, usuários, trabalhadores e entidades, que garanta novos espaços e
patamares para a realização do controle social, níveis de eficiência e qualidade
mensuráveis, através de indicadores, e que incida em um real avanço da política
de assistência social para a população usuária é o produto esperado com o novo
ideário a ser inaugurado neste campo específico.
FONTE: Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/arquivo/Politica%20Nacional%20
de%20Assistencia%20Social%202013%20PNAS%202004%20e%202013%20NOBSUAS-sem%20
marca.pdf> Acesso em: 3 maio 2015.

214
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico aprendemos:

• Referenciar as atividades realizadas através das políticas públicas. Não é


possível todas as vezes apresentar os resultados em um determinado período,
seja ele, de curto ou médio prazo.

• A gestão social das políticas públicas sociais necessita que os gestores e


profissionais possibilitem as informações concretas para uma avaliação e um
perfil concreto da realidade que está se atuando ou pesquisando.

• A finalidade dos indicadores sociais é de auxiliar na elaboração concreta de um


diagnóstico social.

• A representação da sociedade civil acontece através da organização da mesma,


podendo ser realizada através de atividades organizadas e planejadas, ou em
alguns casos espontâneas.

• A compreensão sobre o poder local está no relacionamento da sociedade civil,


com todos os seus elementos, sendo um dos principais atores.

• A participação de um cidadão nas atividades coletivas acontece sempre que o


mesmo conhece o seu território.

• A efetivação das ações coletivas, com a concepção de direitos, passa pela


valorização do gestor social.

• O assistente social é um profissional habilitado para realizar um diagnóstico


social da realidade em que está atuando.

• Ao profissional de Serviço Social, cabe a responsabilidade de atuação, de


atenção ao seu cotidiano profissional, necessitando estar qualificado para atuar
perante as novas demandas da atualidade.

• É necessário analisar quais são as medidas que a execução das políticas públicas,
programas, projetos e serviços obtiveram perante as demandas apresentadas,
e seus impactos e resultados alcançados, como interferiu as outras políticas
públicas.

• O assistente social, outros profissionais e gestores públicos, precisam ter certa


perceptibilidade no que se refere à quantidade de responsabilidade de avaliar
todas as atividades feitas.

215
• Realizar o monitoramento das políticas públicas, programas e projetos é
relacioná-los com as coletas de dados primários, ou seja, dados que somente o
profissional que desenvolve o trabalho conhece, ou tem acesso.

• O uso de indicadores sociais tornou-se instrumento indispensável no processo


e monitoramento das ações das políticas públicas sociais.

• O profissional que está na condição de gestor social precisa se preparar para a


elaboração de indicadores sociais que supram a especificidade de cada política
pública, programa e projeto, analisando os resultados mediante os objetivos
propostos no início do programa e os que foram almejados durante o processo.

• Ao profissional fica o desafio de um constante planejamento das ações de


monitoramento e avaliação, como sendo uma estratégia para os resultados
perante as políticas públicas sociais, programas, projetos e planos
governamentais.

• O planejamento para o processo de avalição tem grande importância, devido


à sua clareza desde o início, meio e fim, ou para a continuidade de um
determinado programa.

• O gestor social pode elaborar um plano de trabalho, que poderá ser destacado,
por uma matriz que conduza ao monitoramento e avaliação dos objetivos e
metas estabelecidas anteriormente.

• A elaboração de indicadores sociais qualitativos e quantitativo são fundamentais
para expor os resultados e os impactos alcançados em determinada política,
programa ou até de um projeto específico, mediante a atuação do serviço social.

216
AUTOATIVIDADE

1 O Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social


– REDE SUAS, tem como objetivo organizar toda a PNAS, a nível nacional.
Cite quais são os Sistemas da Rede SUAS.

2 Atualmente existem dois grupos de indicadores, e que estão


relacionados ao processo de monitoramento e avaliação do
profissional de serviço social. Descreva-os:

217
218
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de Melo (Org.). Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. 6. ed.
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ANOTAÇÕES

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