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DAWSON, Christopher. A Formação Da Europa
DAWSON, Christopher. A Formação Da Europa
C O L E C Ç Ã O « C R I T É R I O »
Volume 31
S É R I E D E H I S T Ó R I A
CRISTÓVÃO DAWSON
II FORfflSCAO Of EUDOPA
Tradução de
João Dias Pereira
LIVRARIA CRUZ
BRAGA (PORTUGAL) 1956
O ORIGINAL QUE SERVIU PARA ESTA TRA
DUÇÃO É O DA 7.a EDIÇÃO INGLESA, E
TEM POR TÍTULO «TH E MAKING OF EUROPE»
OS FUNDAMENTOS
c a p ít u l o p r im e ir o
O IMPÉRIO ROMANO
A IGREJA CATÓLICA
(’ )' I Pedro, H , 9.
54 A FORMAÇÃO DA EUROPA
(J) Isto é tão claro que Sohm chegou a considerar esta epís
tola como o ponto de partida da concepção jurídica da Igreja, subs
tituindo, diz ele, aíbruptamente a antiga concepção «carism ática».
(Mas, como o notou Harnack, a ideia de que a autoridade dos A pós
tolos é de origem divina é tão velha como a própria Ig re ja ; e apa
rece assás nitidamente nos decretos do Concílio de Jerusalém
<(Act., X V , 23, 2 7 ).
(J)i I Ciem. X X , X X X V II , X L -X D IV , etc.
A IGREJA CATÓLICA 55
O Panegírico de Constantino, X V I.
58 A FORMAÇÃO DA EUROPA
(1) Contra Celsum, III, 29, 30. Of. B a tiffo l, L’Église nais
sante, <&. V II.
,0 A FORMAÇÃO DA EUROPA
f 1)! «Que l ’on eût été bien inspiré, si au lieu de tant philo
sophier sur la term inologie, d’opposer l ’union physique à l’union
hypostatique, les deux natures qui ne font qu’une à l’unique hypos-
tase qui régit lés deux natures, on se fû t un peu plus préooupé
de choses moins sublimes et bien autrement vitales. On alamhi-
quait l’unité du Christ, un m ystère; on sacrifiait l ’unité de l’Église,
un devoir». Duchesne, Églises Sépararées, jp. 67.
A IGREJA CATÓLICA 63
(dizer que era tão pouco nítida que era possível1 desprezá-la sem
«violar o espírito da Igreja universal». Os historiadores eclesiás
ticos gregos, Sócrates e Sozomeno, ambos leigos e homens de leis,
são, como o observa Harnack (ibid., n. 2 ), testemunhas imparciais
do lugar reservado à sé de Roma por Constantinopla no século V .
Ofr. B atiffol, Le Siège apostolique, p. 411-416.
capítulo iií
A TRADIÇÃO CLÁSSICA
E O CRISTIANISMO
S t ..
E a Europa deve a sua existência política ao> Império
Romano e a sua unidade espiritual à Igreja Católica, é
devedora da sua cultura intelectual a um terceiro faictor — a
tradição clássica — que é também um dos elementos funda
mentais da uni da d e eu rop ei a. j
A dizer verdade, é-nos difícil ter consciência da exten
são da nossa dívida porque a cultura ocidental fo i de tal forma
impregnada de tradição clássica que já não percebemos na
sua plenitude a influência desta tradição em nossos espíritos.
Dum extremo ao outro da história europeia foi ela o funda
mento estável das letras e do pensamento ocidentais. D ifun
dida a princípio pela civilização cosmoplita d o Império Ro
mano, sobreviveu à queda de Roma e ficou durante a Idade
Média como parte integrante na herança intelectual da Igreja
cristã; no Renascimento surgiu com um renovado vigor e tor
nou-se a inspiradora e o modelo das jovens literaturas euro
peias ao mesmo tempo que a base de toda a educação profana.
Desta forma, durante perto de dois milénios, a Europa
foi instruída na mesma escola, pêlos mesmos mestres, de ma
neira que nas escolas do século X I X os estudantes leram os
mesmos livros que os Romanos, seus predecessores, dezoito
séculos antes, e formaram os seus espíritos segundo os mesmos
modelos.
É impossível exagerar a influência cumulativa tão antiga
e contínua da tradição; não tem equivalente na história, salvo
A TRADIÇÃO CLÁSSICA E O CRISTIANISMO 71
O Philocalia, X I I I , 1.
(2) Gregório o Taumaturgo, Panegírico de Orígenes, III,
(3) A sua obra principal— o Banqu&te das dez virgens —
é tuna cuidada imitação dum diálogo platónico.
A TRADIÇÃO CLÁSSICA E O CRISTIANISMO 77
illustraítor» (x). R ufino conta, não sem malícia, que, nos seus
últimos anos, Jerónimo pagava mais caco aos seus copistas
pela transcrição dos diálogos de Cícero do que pela das obras
eclesiásticas ( 2), e que. ensinava às crianças de Belém a ler
'Virgílio e os poetais. Na realidade, longe de ser um inimigo
da cultura clássica, é, de todos os Padres, o mais imbuído de
literatura pagã e o mais profundam ente influenciado pela tra
dição dos retóricos. Mas a sua intolerância e o seu espírito
combativo, que escandalizaram tantos críticos modernos, não
procediam do fanatismo dum 'beato, mas da irascibilidade dum
homem de estudo, e muitas vezes as suas «vendettas» literárias
são curiosamente semelhantes às dos humanistas do Renasci
mento, que estão também em o número dos seus mais calorosos
admiradores ( 3).
Nenhuma influência, nem mesmo a de Santo Agostinho,
ultrapassou a dele, que foi todavia a dum erudito e não a dum
pensador ou a dum teólogo. Nele se encontraram as duas
grandes correntes espirituais, a dos clássicos e a da Bíblia
0) iSermão 141.
(*> Cf. por exemplo, o seu De Trmitate, VIII, III.
86 A FORMAÇÃO DA EUROPA
OS BÁRBAROS
P er te
Barbari discunt resonare Christum
Corãe romano.
A SUPREMACIA DO ORIENTE
CAPÍTULO VI
O IMPÉRIO CRISTÃO
E O DESENVOLVIMENTO DA
CIVILIZAÇÃO BIZANTINA
O DESPERTAR DO ORIENTE
E A REVOLTA DAS NACIONALIDADES
SUBMETIDAS
A ASCENSÃO DO ISLÃO
A DIFUSÃO DA CULTURA
MUÇULMANA
O RENASCIMENTO BIZANTINO
E O RESSURGIMENTO DO IMPÉRIO
DO ORIENTE
talvez o mais belo exemplar que ainda hoje subsiste dos mo
numentos bizantinos deste período. O facto de se encontrar
no Ociddnte um tão m agnífico exemplar da ante bizantina é
prova do reviigorameuto da vitalidade da cultura imperial.
A bem dizer, não há século., mesmo incluindo o de Justiniano,
em que a arte bizantina tivesse tão larga expansão. A sua
influência fez-se então sentir na Europa por diversas formas
e por várias vias: desde, o Mar Negro .até Kiev e ao interior da
Rússia; pelo Adriático, até a Itália oriental e setentrional;
dos mosteiros gregos da Calábria, até Monte Cassino e a Roma.
A este renascimento da cultura bizantina correspondeu
um ressurgimento político. O Império voltou-se mais uma
vez para o Ocidente e tornou-se uma grande potência euro
peia. Os imperadores isaurianos já tinham detido o progresso
do Islão e restaurado o poder militar de Bizâncio; mas o
aparecimento do império carolíngio no Ocidente e duma temí-
mel potência bárbara nos Balcãs — a dos Búlgaros — tinha-os
impedido de recuperar as províncias da Europa. Os Búlgaros
eram como os Magiares, um povo de origem mista: finesa e
húniica, que tinha participado da Confederação dais tribos
hunas, no sul da Rússia, nos séculos V e V I. Durante a deca
dência do Império, no século V I, tinham estabelecido a sua
suserania sobre uma população eslava fixada, ao sul do Da
núbio, na antiga província da Mésia. Os imperadores isau
rianos tinham detido o seu avanço e instalado, para guardarem
as fronteiras, colónias militares de heréticos paulicianos de
Arménia. Contudo no princípio do século I X , depois que
Carlos Magno destruiu o poder dos Avaros, Krum, kan dos
Búlgaros, tinha-se aproveitado disso para fundar em seu lugar
um novo império que se estendia do Mar Negro a Belgrado e
do Danúbio à Macédónia. Durante dois séculos, o império
bizantino teve que contar com o sieriíssimo perigo que os B úl
garos constituíam. Por mais de uma vez bateram os exércitos
bizantinos e chegaram, até, a ameaçar Constantinopla. Não
puderam todavia subtrair-se à influência da civilização supe
rior com a qual se tinham posto em contacto mercê das suas
196 A FORMAÇÃO DA EUROPA
A FORMAÇÃO DA CRISTANDADE
OCIDENTAL
C A P ÍT U L O XI
A IGREJA DO OCIDENTE
E A CONVERSÃO DOS BÁRBAROS
A RESTAURAÇÃO DO IMPÉRIO
DO OCIDENTE E O RENASCIMENTO
CAROLÍNGIO
O APARECIMENTO DA UNIDADE
MEDIEVAL
ideal moral e religioso, que outro não é, — desta vez com forma
cristã — , senão o ideal heróico da cultura dos guerreiros nór
dicos. Encontramos, na Canção de Bolando, os mesmos moti
vas de inspiração que na antiga epopeia pagã: a fidelidade
do guerreiro ao seu senhor, as delícias da guerra pela guerra,
«e, principalmemte, a glorificação da derrota com honra. Mas,
tudo isso está, doravante, subordinado ao serviço da cristan
dade e misturado a ideias cristãs. A teimosia com que B o
lando reeusa tocar a busina, está em inteira conformidade
com a tradição da poesia antiga; mas, na cena da morte, a
atitude cristã de submissão e de arrependimento, substitui
o fatalismo provocador dos heróis nórdicos tais eomo Hogni
;e Hamdis:
O B R A S A CONSULT A li P A R A O CONJTJNTO
OBRAS A CONSULTAR P A R A A P R IM E IR A P A R T E
III
iy
OBRAS A CONiSULTAR P A R A A T E R C E IR A P A R T E
H Hygelac, 261.
Hypathia, 148.
Hakim (Al —), califa, 180.
Hamdânida8, 182. I
Hanifa, 160.
Harold Blaatand, 265. Ibaditas, 165.
Harold, filho de Guthred, 261. Ibn Gebirol (Aricebrou), 249.
Harold Haarfager, 259, Ibn Hazm, 169 n.
Harold Hadrada, 294. Ibn Mazarra, 185
Harith ibn Djabalah, 154. Ibn Tofaíl, 171.
Harum ar-Racchid, *69. Ibnu’l Nadim, 183.
Hassan ibn Sabbah (o «Velho da iconoclame, 190 segs., 199 n., 200,
Montanha»), 181. 241.
Heathobardos (os), 258. Idrisidas, 178.
Helenismo, civilização helénica, Igor, príncipe, 197.
27, 30, 48, 52, 70 segs., 98, 137 Igreja: origens orientais, 47; —
segs., 140 segs., 151, 152, 170 os mártires, 50 segs., 203, —
segs., 183 segs., 246, 309-310. combate as religiões de misté
Helge, 268. rios, 52; — actividade econó
Henrique o Passarinheiro, 296. mica, 57, 58; — a sua oposição
Heráclito, imperador, 135. à civilização e à vida social do
Hermunduros, 98. Império romano, 48, 53, 73; —
Herodes Alticus, 33. a sua aliança com a civilização
Hérulos, 210. helénica, 61, 75; — a sua acção
Hialte, 275. na civilização agrícola do Oci
Hilário (S-), 63, 64, 65, 133. dente, 215, 222. — as suas rela
Himiaritas, 187, 195. ções com a civilização anglo-
Himmérius, 76. -saxónia, 227, 231, 232. — com
Hincmar de Reims, 242 n., 283, bate a barbárie feudal,290 segs.
284, 287. — lutas entre o orientalismo e
Hipias de Eleia, 72 n. o helenismo na Igreja do Orien
Hipólito (S), 60 n. te, 190 segs. — aliança com os
Hira, 154, 158. Impérios romanos e bizantino,
Homero, 28. 55 segs., 64 segs., 133, 143,
Honain ibn Ichak (Johannitius), 149, 190 — atritos com o Impé
171. rio romano, 64, 65, 66 — com o
Honorato (S ), 217. Império bizantino, 132, segs.,
Honório, imperador, 100. 198 segs., — relações com o
Horácio, 71, 78, 299. Império carolíngio (aliança, ten
Hormisdas, papa, 226. são,interdependência),235 segs.
HosaTn, 166. 277 segs. — depois da queda
Hosius (S.), 133. dos carolíngios, 296, 297, 298,
Hugo Capeto, 293. 301. — deslocada pelos nacio
Hunos, 108, 109, 111, 197, 277; — nalismos do Oriente, 145 segs.,
Catriguras, 209. — cismas entre o Oriente e o
342 A FORMAÇÃO DA EUROPA