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COLEGIO INTERNO

Aos onze anos por ter repetido o terceiro ano fui colocada num colégio
interno na Rua Teixeira Junior em São Cristovão – Rio de Janeiro. Todos os
dias pela manhã, assistíamos a missa e á noite rezávamos o terço, eu
gostava do colégio e das freiras que o administravam e em especial da
irmã Izabel.

Por ser muito alegre e viver cantarolando, eu era muito bem quista por
todos. Ia para casa todo fim de semana. Quando voltava ao colégio, reunia
as amigas chamadas “órfãs”, porque não recebiam visitas e só iam para
casa no final do ano, e contava o filme que havia visto no domingo, com
detalhes, elas gostavam e eu me sentia bem em dar-lhes esta alegria.

No final do ano eu trabalhava no teatrinho, cantava e dançava na festa de


encerramento do ano letivo, era muito popular.
Nosso dormitório ficava por cima do refeitório, cujo assoalho era de
tabuas corridas. Para chegar ao dormitório tínhamos que passar por um
jardim interno e subir uma escada de cimento bem ingreme, entrar numa
sala de aula para então chegarmos à porta, que só era aberta quando
chegávamos com a freira, que era a irmã Izabel. Lá havia um cômodo feito
de madeira com um quadrado de metal com vários furos, por onde uma
outra freira via tudo que se passava, e que se chamava cela. Um dia
acordei de madrugada ouvindo um miado de filhote de gato, chamei a
irmã, falei o que estava ouvindo, ela simplesmente me mandou rezar e
dormir. Não conseguindo dormir e continuando a ouvir os miados, chamei
novamente pela irmã que novamente me mandou rezar e dormir; depois
de algum tempo os miados pararam e começou um barulho ensurdecedor
vindo da sala de aula, como se as carteiras que eram pesadas e presas a
grandes bancos, estivessem sendo jogadas umas contra as outras, o que
seria impossível. Bati na cela da irmã falando que tinha ladrão na sala, mas
ela por não ouvir o barulho, como não ouvira também o miado do gato,
mais uma vêz me mandou fazer uma oração e dormir, obedeci e depois de
muito custo, adormeci apesar do barulho. No dia seguinte pela manhã
quando a freira abriu a porta do dormitório, vimos as pesadas carteiras
amontoadas como se tivessem sidos jogadas umas contra as outras. A
freira e as meninas ficaram boquiabertas, então disse: Viu irmã Izabel como
eu falei a verdade? Mas a senhora não acreditou...

A porta e as janelas estavam fechadas e não tinha como alguém entrar


devido à altura das janelas e a chave que ficava durante toda a noite com a
irmã na cela. Ninguém aparentemente soube o que acontecera e o caso foi
abafado.

Eu e a irmã Izabel fomos testemunhas desse fato sobrenatural.

Padan Fernadez

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