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"Herculano - vestígios arqueológicos"
A origem do nome da cidade, Herculano, está ligada à figura mítica de Hércules. Além
disto, após investigações históricas e arqueológicas mais recentes, pesquisadores
passaram a acreditar que, assim como Pompeia, a cidade de Herculano tem sua origem
entre os antigos povos etruscos que habitavam a Península Itálica. A conservação de
vestígios de natureza defensiva, como muralhas e bastiões posteriormente integrados às
edificações cívicas, indica que os romanos, liderados por Sula durante a Guerra Social
em sua campanha de expansão sobre a região, enfrentaram grande resistência à
ocupação da cidade ocorrida entre 89 e 80 a.C. Com a vitória romana sobre a cidade,
Herculano foi convertida, assim como Pompeia, em uma cidade residencial muito
popular, principalmente por seu clima agradável e por sua vista para o Golfo de
Nápoles.
Herculano e Pompeia tiveram destinos muito parecidos: passaram por uma fase de
grande renovação arquitetônica durante o governo de Augusto (27 a.C. – 14 d.C.),
foram fortemente atingidas pelo terremoto de 62 d.C., e, por fim, foram devastadas pela
erupção do Vesúvio em 24 de agosto de 79 d.C. Os danos da erupção, contudo,
marcaram de maneira diferente a história das duas cidades. Em Pompeia, apenas uma
camada sutil e díspar dos materiais eruptivos (6 metros de cinzas e lapilli) cobriu a
cidade, impedindo que novas construções fossem realizadas sobre ela. Em Herculano,
por outro lado, a erupção resultou em uma grossa crosta de tufo vulcânico (com
espessura variada entre 16 e 25 metros) que permitiu a edificação de um novo centro, a
cidade de Resina, que adotou o antigo nome da cidade em 1969.
Em consequência disso, somente após o século XVIII, por meio de escavações fortuitas,
os primeiros vestígios da antiga cidade de Herculano começaram a ser encontrados.
Muitos objetos antigos foram descobertos, em 1709, durante as obras de restauração de
uma mansão, propriedade de um general do exército do Reino de Nápoles, um príncipe
austríaco chamado Elboeuf. Sua paixão por colecionar vestígios arqueológicos levou o
general a intensificar as escavações, adquirindo um grande número de obras de valor
inestimável, pertencentes todas elas ao teatro da antiga cidade. Escavações regulares
começaram somente após 1738, por ordens do rei Carlos III, como parte de sua política
de proteção aos tesouros arqueológicos da Campânia. Essa campanha de escavações
continuou até 1766, quando seus responsáveis passaram a aplicar o sistema de
“escavações por túneis”, similar ao das minas, em virtude da dificuldade de perfurar o
espesso banco de material vulcânico. Esse sistema de escavação resultou na descoberta
de alguns edifícios que rodeavam o Fórum, as habitações do Cardo III e a Vila dos
Papiros.
Da mesma forma, foi nessa campanha que o entendimento sobre a população da cidade
foi ampliado. As escavações anteriores haviam descoberto apenas uma dezena de restos
humanos, o que levou os estudiosos a acreditarem que a maior parte da população,
estimada em cerca de 4500 pessoas, havia conseguido escapar. Contudo, no decurso das
escavações de 1982, foram encontrados na área da antiga praia, dentro das
chamadas fornices – espaços utilizados para o armazenamento de embarcações –, 270
corpos humanos.