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ESTUDO E PERSPECTIVA DA UTILIZAÇÃO

DA TECNOLOGIA HVDC
Luiz Leonardo de L. Saunders e Victor Marques Silva
Relatório Final – Estudo HVDC – Disciplina: Técnicas de Alta Tensão
Professor: Ivan José da Silva Lopes
UFMG – Belo Horizonte – Dezembro/2019

com o passar do tempo, temos em vista diferentes níveis das


I. INTRODUÇÃO grandezas que envolvem este fenõmeno. Assim, inicia-se uma
descrição histórica com início no século XIX onde pode-se identificar
O uso do HVDC (High Voltage Direct Current), vem diversos fatores que explicam o uso e o posterior desuso dessa
aumentando no cenário mundial e podemos destacar os 228 tecnologia.
projetos em operação ou construção em todo o mundo, O uso dos sistemas de transmissão de energia elétrica em corrente
correspondendo a uma capacidade total de transmissão de contínua iniciou-se com Thomas Edison em 1882, onde a primeira
317.717 MW (Comitê de Transmissão e Distribuição - IEEE, subestação de energia elétrica do mundo foi construída. Localizada
2012). Em menos de 10 anos, a capacidade de transporte de na Pearl Street em Nova York, onde era fornecido uma tensão de 110
energia envolvendo o sistema HVDC mais que triplicou e isso V que supria a demanda de 59 clientes em um raio de
mostra que essa tecnologia está voltando a ser viável nas aproximadamente 1,6 Km, utilizava-se máquinas a vapor para atender
necessidades atuais e demanda energética graças ao avanço a um gerador CC. Contudo, existia uma dificuldade em manipular a
das tecnologias e da pesquisa em torno desta técnica. tensão, além dos altos níveis de perdas que fizeram com que essa
Sendo assim frente a tal expansão, no contexto da disciplina tecnologia ficasse limitada no quesito distãncia entre a geração e o
de Técnicas de Alta Tensão, essa tecnologia chamou nossa centro consumidor.
atenção, motivando este estudo comparativo entre a tecnologia Partindo deste pressuposto, Nikola Tesla em parceria com
HVDC e HVAC. Dados os nossos conhecimentos, é razoável George Westinghouse desenvolveram uma nova tecnologia que
acreditar que em casos semelhantes, os sistemas CA utiliza a corrente alternada (CA) e juntamente com o transformador,
apresentam desvantagens consideráveis, sendo uma das mais o motor de indução e os circuitos polifásicos marcaram o início de
relevantes a indutância da linha. Essa indutância deve ser uma nova era. Desta forma, foi possível implantar sistemas
compensada durante a transmissão por meio de equipamentos elétricos de potência em CA, sendo que o transformador por ser
específicos, que aumenta o custo e viabiliza o uso do sistema robusto, simples e eficiente permitiu o uso de diferentes níveis de
CC, cuja frequência das grandezas corrente. Desta forma, ao tensão desde a geração até a distribuição de energia. Os
se considerar um dos principais requisitos de análise, que é a motores de indução, por serem simples e relativamente baratos
distância entre a geração e o consumo, é de se esperar que para foram de perfeito encaixe nas indústrias e residências. Já o sistema
uma grande quantidade de energia transmitida a longas polifásico foi importante para evitar pulsos de potência, com isso, o
distâncias, deve-se considerar a corrente contínua como uma movimento do motor de indução é suavizado. O sistema AC se
alternativa. mostrou mais vantajoso por essas e outras diversas razões, e essa
competição entre os sistemas DC e AC foi chamado de "Guerra das
Correntes".
Com isso, no final do século 19, os sistemas DC foram superados
e sua utilização ficou cada vez mais escassa. Assim, os sistemas AC

Fig. 1. Potência Acumulada HVDC entre 1965 e 2020 (IEEE, 2012)

II. O CONTEXTO DA TECNOLOGIA HVDC

A. Histórico do uso da corrente contínua na transmissão de


energia elétrica
Partindo do pressuposto de que a transmissão de energia é o transporte
da mesma de um ponto de geração até o centro consumidor, Figura 2. Primeiro sistema HVDC a entrar em operação – Suécia
se provaram mais eficientes e viáveis, e desta forma, desde aquela III. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA HVDC
época a vitória dos sistemas AC foram instaladas no mundo inteiro.
Em 1930, após o desenvolvimento das válvulas a arco de A tecnologia HVDC é utilizada na transmissão de energia
mercúrio em 1930, um sistema HVDC foi comissionado em Berlim, em longas distãncias para interligar estações de sistemas síncronos
mas nunca entrou em operação devido às consequências do final da e assíncronos. O sistema HVDC é basicamente composto por duas
Segunda Guerra Mundial. O primeiro sistema a realmente entrar estações conversoras e uma linha CC (vide Figura 4). As estações são
em operação foi uma ligação entre a costa da Suécia e uma ilha responsáveis pela conversão CC/CA e CA/CC e possuem
situada a aproximadamente 90 Km à seu leste (vide Figura 2). diversos componentes envolvidos nessa atividade. Alguns
Baseado em conversores a arco de mercúrio e cabos submarinos, desses componentes de extrema importãncia dos sistemas
essa tecnologia foi adotada em outros lugares como Sardenha — HVDC serão listados abaixo:
Itália em 1967, em uma Linha de Transmissão (LT) de longa Disjuntor CA: Isolador do sistema HVDC do sistema CA
distãncia Pacific Intertie - EUA em 1970 e em 1973 no Canadá. O quando ocorre alguma falha ou incidente. O disjuntor é
retificador a arco de mercúrio foi utilizado para a transmissão de dimensionado para transporte de corrente em plena carga, mas
sistemas de potência e processos industriais entre 1930 e 1975, interrompem a condução na ocorrência de faltas. São normalmente
até que foi superada pelas válvulas de tiristores. O início dos posicionados entre o barramento CA e a linha HVDC.
tiristores foi marcado pelo primeiro sistema HVDC back-to-back em Filtros CA e Bancos de Capacitores: Remove harmõnicos
El River, no Canadá. Essa tecnologia dominou o mercado durante os gerados pelo conversor, podem ser usados para absorver ou injetar
anos de 1975 até o ano 2000. potência reativa
Com o desenvolvimento dos semicondutores para a eletrõnica de Transformador Conversor: Manipula a tensão do sistema CA
potência, os chamados IGBTs (Insulated-gate bipolar transistor), para alimentar a linha HVDC, além de servir como um isolador dos
GTOs (Gate turn-off thyristor), os conversores fonte de tensão sistemas.
(VSC — Voltage Source Converter) têm alcançado altos Reatores de Alisamento e Filtros CC: O reator de alisamento
níveis de suportabilidade de tensão e corrente e hoje são as reduz a ondulação de corrente CC, assim evita a descontinuidade em
tecnologias mais utilizadas. níveis de baixa potência. O filtro CC em conjunto com o reator
protegem a válvula de falhas durante a comutação.
B. Aspectos Gerais Conversor: Executa a conversão de tensão CC para CA ou o
Atualmente, os principais fornecedores da tecnologia para projetos inverso, é o principal componente dos sistemas HVDC e tem
HVDC são as empresas ABB, Siemens e Alstrom que juntos, extrema importãncia.
atuam em 155 projetos dentre os 228 citados na introdução deste Portanto, é importante destacar que estes equipamentos que
estudo. Dentre outros fabricantes, encontram-se gigantes no setor como envolvem o sistema HVDC e também o fluxo de energia entre as
GE, Hitachi, Toshiba e Areva. Os países que mais investem em estações e os sistemas envolvidos em uma visão simplificada e geral da
projetos no mundo são a China e EUA, seguidos por Canadá, transmissão. O custo desses equipamentos são mais caros que os
India e Brasil, como pode ser observado na Figura 3. Podemos sistemas de transmissão CA, porém, em uma determinada faixa de
observar que todos os países citados acima possuem operação e distãncia de transmissão os custos são compensados, como
características territoriais que geram a necessidade de transportes a será discutido no decorrer deste trabalho.
longas distâncias, todos são países com grandes áreas, além da grande
quantidade de energia demandada pelos mesmos.
Outro importante fator que leva ao investimento na transmissão de energia
é o crescimento econõmico acelerado de países asiáticos como
a China e também a Índia, este fato estão intimamente ligados, levando
em consideração que o crescimento econõmico sempre esteve em
sintonia com a demanda energética de um país.

Figura 4. Sistema elétrico simplificado aliado à transmissão de energia C.C.

Figura 3. Projetos HVDC por país (IEEE, 2012)


IV. HVDC VS HVAC distância está entre 25 km e 50 km. Em outras palavras, a
partir dessas distâncias, o sistema HVDC passa a ser
A escolha entre esses dois sistemas de transmissão é baseada economicamente mais atrativo do que um sistema equivalente
na avaliação dos custos de transmissão, aliado aos quesitos HVAC.
técnicos e relacionados à questão ambiental. Um dos Outro ponto a ser destacado pela figura, são as perdas que
principais pontos no planejamento do sistema é a distância apresentam em cada um deles. Como pode ser ilustrado na
entre a unidade geradora e as unidades consumidoras. Em Figura 6, percebe-se que em um sistema HVDC possui menos
distâncias superiores a 400 km, a potência mínima dos elos perdas quando comparado ao sistema HVAC, para a mesma
CC, é na grande maioria das vezes, superior a 500 MW. Para quantidade de energia transportada. Na Figura 6, as curvas
essa faixa de potência, o transporte de energia utilizando tracejadas, representam a transmissão desconsiderando as
corrente alternada apresenta desvantagens, sendo uma das perdas. Na curva contínua, onde as perdas são consideradas, o
principais a indutância inerente a essas linhas. Os efeitos ponto de interseção se localiza a uma distância inferior as das
causados por esse fenômeno devem ser compensados ao longo curvas tracejadas, o que leva a concluir que, ao incluir as
de toda a transmissão CA, o que acarretará no aumento do perdas, os sistemas em HVDC se tornam mais viáveis do que
custo à medida em que a linha se torna maior. No caso da os sistemas HVAC a partir de uma distância inferior.
transmissão CC, cujo a frequência de tensão e corrente são A rápida controlabilidade do sistema de transmissão em
iguais a zero, a reatância indutiva é irrelevante. corrente contínua faz com que no mesmo tenha pleno controle
Avaliando sistemas de isolamentos semelhantes para níveis sobre a potência transmitida, além de conferir a capacidade de
de tensão de pico para ambas as linhas CA e CC, a linha de melhoria no estado de transitório e estabilidade dinâmica em
corrente contínua consegue transportar a mesma quantidade de redes CA conectadas ao sistema. Outros problemas associados
energia, com dois condutores (polaridade positiva e polaridade aos sistemas de transmissão em corrente alternada também são
negativa) quanto uma linha de corrente alternada com três superados pelo sistema HVDC. Dentre eles, podem ser
condutores de mesma dimensão. Sendo assim, cmo visto na citados:
Figura 5, para a mesma potência, uma linha CC requer menos a) Limites de estabilidade: o limite de transmissão de energia
linhas e torres mais simples e mais baratas, o que implica na em uma linha CA é reduzido à medida que a distância e os
redução dos custos de condutores e isoladores. Além disso, a ângulos das tensões aumentam, o que não ocorre no HVDC,
necessidade de uso de bancos de reatores em paralelo para pois não existe defasagem angular entre as tensões.
compensação de reativos é um fator a mais no custo das linhas b) Controle de tensão: o HVAC requer controle de potência
CA à medida em que sua extensão aumenta. reativa para manutenção de tensão constante nos terminais.
Em contrapartida, as estações conversoras e seus Como as linhas CC não requerem potência reativa, controle de
componentes, como disjuntores CC, que são utilizadas nas tensão é facilitado.
extremidades do sistema HVDC, são mais caras que os b) Controle de tensão: o HVAC requer controle de potência
terminais equivalentes para o sistema HVAC, e de tal forma, reativa para manutenção de tensão constante nos terminais.
há um ponto de equilíbrio entres os dois sistemas. Esse ponto Como as linhas CC não requerem potência reativa, controle de
de equilíbrio é denominado de “breakeven distance” e pode tensão é facilitado.
ser ilustrado na Figura 6. c) Problemas de interconexão nos sistemas CA: sistemas CA
necessitam de um perfeito sincronismo entre os Controladores
Automáticos de Geração – GAC, para garantir a manutenção
da frequência nominal de operação do sistema. A rápida
controlabilidade do fluxo de energia nas linhas CC elimina o
problema referido.
d) Transmissão por cabos a longas distâncias: um sistema
HVAC através de cabos subterrâneos não é viável para uso em
longas distâncias devido aos efeitos capacitivos dos mesmos.
O HVDC não sente os efeitos capacitivos desses cabos.
e) Interconexão assíncrona: diferente do sistema HVAC, a
tecnologia HVDC pode conectar dois sistemas de energia
assíncronos através de chaveamento dos conversores. Essa
característica é utilizada em sistemas back-to-back, que não
possuem linhas de transmissão (LT). Além disso, por
apresentar rápida controlabilidade, o sistema HVDC
proporciona melhoria no estado transitório e estabilidade
Figura 5. Torres HVAC (a) e HVDC (b). dinâmica em redes CA fracas conectadas a ele, que podem
apresentar maiores oscilações e desvios de frequência
Como mostrado na Figura 6, o ponto de equilíbrio composto nominal.
por linhas aéreas está localizado entre 400 km e 800 km,
sendo que para cabos subterrâneos ou subaquáticos, essa
FURNAS, correspondendo a uma capacidade
aproximada de 13 mil MW;
• A energia gerada em Itaipu é transmitida pelas
seguintes linhas de transmissão de FURNAS:
a) Em Corrente Contínua (600 kV):
• Foz do Iguaçu - Ibiúna Bipolo 1: 792 km
• Foz do Iguaçu - Ibiúna Bipolo 2: 820 km
b) Em Corrente Alternada (750 kV):
• Foz do Iguaçu - Ivaiporã 1: 322 km
• Foz do Iguaçu - Ivaiporã 2: 323 km
• Foz do Iguaçu - Ivaiporã 3: 331 km
• Ivaiporã - Itaberá - 1: 265 km
• Ivaiporã - Itaberá 2: 264 km
• Ivaiporã - Itaberá 3: 272 km
• Itaberá -Tijuco Preto 1: 305 km
• Itaberá -Tijuco Preto 2: 304 km
• Itaberá -Tijuco Preto 3: 312 km
Figura 6. Custos de linhas de transmissão CC e CA.
Cabos:
a) Nas linhas de transmissão de FURNAS são utilizados cabos
f) Aspectos ambientais: o HVDC possui menores restrições
condutores de alumínio, reforçados mecanicamente por alma
para os campos magnéticos gerados pela linha CC e menor
de aço, denominados ACSR (Aluminum Conductor Steel
quantidade de torres e linhas, no entanto, a presença de rádio
Reinforced). Nas linhas de corrente alternada (750 kV), esses
interferências ao longo de toda a linha CC devido às
cabos são do tipo BLUEJAY, 1.113 MCM, e nas linhas de
frequências de chaveamentos das válvulas e de ruídos audíveis
corrente contínua (600 kV) são do tipo BITTERN, 1.272
nas estações conversoras se tornam negativos visto por esse
MCM;
aspecto.
b) São utilizados quatro cabos desse tipo para cada fase,
Isso posto, o sistema HVDC possui suas desvantagens e
totalizando 12 cabos por linha de transmissão;
limitações, como todo sistema, são eles:
a) Alto custo dos equipamentos de conversão.
Torres:
b) Incapacidade de usar transformadores para alterar os
a) As alturas das torres típicas de FURNAS variam de 27,5 m
níveis de tensão.
a 60,5 m para as linhas de transmissão de 750 kV e de 24m a
c) Geração de harmônicos.
57m para as linhas de 600 kV.
d) Exigência de potência reativa pelos conversores.
b) Em Corrente Contínua (600 kV):
e) Dificuldade de inserção de novas cargas ou geração ao
• Foz do Iguaçu - Ibiúna Bipolo 1: 1707 torres
longo da linha, para topologia de rede ponto a ponto.
• Foz do Iguaçu - Ibiúna Bipolo 2: 1828 torres
f) Complexidade de controles.
Média de peso de cada torre 8.420 kg
Com o avanço da tecnologia no setor de transmissão ao
c) Em Corrente Alternada (750 kV):
longo dos últimos anos, a superação gradual tem
proporcionado a superação das desvantagens listadas acima, o • Foz do Iguaçu - Ivaiporã 1: 697 torres
que resulta numa melhoria da confiabilidade e redução dos • Foz do Iguaçu - Ivaiporã 2: 697 torres
custos de conversão em linhas de corrente contínua. • Foz do Iguaçu - Ivaiporã 3: 720 torres
• Ivaiporã - Itaberá 1: 572 torres
• Ivaiporã - Itaberá 2: 577 torres
V. ITAIPÚ EM NÚMEROS, UM COMPARATIVO DE • Ivaiporã - Itaberá 3: 618 torres
CUSTOS • Itaberá - Tijuco Preto 1: 686 torres
• Itaberá - Tijuco Preto 2: 674 torres
Um sistema integrado por cinco linhas de transmissão: • Itaberá - Tijuco Preto 3: 727 torres
• As linhas cruzam 900 km desde o estado do Paraná Média de peso de cada torre 14.950 kg
até São Paulo; A cotação de torres foi realizada na empresa SAE Towers
• Três linhas funcionam em corrente alternada de 750 em Set/2014 fornecendo:
kV e duas linhas em corrente contínua de +- 600 kV, • Preço da estrutura metálica R$ 10,50/kg
necessárias para contornar o problema de diferentes A cotação de cabos foi realizada na empresa Prismiam em
frequências utilizadas por Brasil e Paraguai; Set/2014 fornecendo:
• Toda a energia produzida pela Usina de Itaipu para • BLUEJAY, 1.113 MCM – R$ 13,41/metro
atender as necessidades do Sistema Elétrico • BITTERN, 1.272 MCM – R$ 14,75/metro
Brasileiro passa pelo sistema de transmissão de
VI. CONCLUSÃO DOS AUTORES DOS ESTUDOS

As considerações finais explicitadas nos artigos base desse


estudo foram consoantes concluir que mediante ao estudos
realizados, comparando as tecnologias de transmissão HVDC
e HVAC apresentadas sob aspectos ambientais, econômicos e
técnicos, já se tem base para entender e analisar caso a caso
qual escolha os engenheiros podem fazer em relação à
tecnologia de transmissão a ser utilizada em determinado
empreendimento.
Um importante fator na análise para a tomada de decisão em
questão é o fator ambiental. Foi apresentado que a tecnologia
HVDC mostra-se mais ambientalmente amigável que a
tecnologia HVAC em diversos aspectos. Além disso vale
ressaltar a utilização da tecnologia HVDC em conjunto com
plataformas eólicas off shore,o que elimina a necessidade de
queima de combustíveis fósseis como o dísel para geração de
energia das plataformas além da compatibilidade com a
geração de energia em CC proporcionada por fontes solares,
uma alternativa energética renovável e mais limpa que as
derivadas do petróleo ou carvão, ainda presentes em grande
peso na matriz energética global.
Sob o aspecto econômico, é necessário levar em
Tabela 1. Orçamento simples dos custos das torres e cabos em Linhas CC e
consideração que as estações conversoras DC são bem mais
AC. caras que as subestações de transformação de tensão em AC,
no entanto existe um comprimento crítico das linhas de
transmissão, que vai de 500 a 800 km. Este comprimento
crítico estabelece um marco a partir do qual é
economicamente mais viável a implementação da tecnologia
HVDC, mediante ao impacto que as linhas de transmissão
possuem em relação ao custo total de todo o sistema de
transmissão.
Outra conclusão observada foi que dado o crescimento do
sistema elétrico brasileiro e a prospecção de desenvolvimento
para os próximos anos, enxerga-se na região Norte uma
atraente alternativa para suprir essa crescente demanda, e é de
comum acordo entre os estudiosos desse sistema, que a
transmissão da energia produzida para os grandes centros
consumidores se feita em corrente contínua, apresentará
melhor custo benefício em âmbito nacional.

Tabela 2. Custo total de um sistema de transmissão em CC x AC


VII. CONCLUSÃO DOS AUTORES DESTE
Quando as características dos sistemas HVDC e HVAC são TRABALHO
dispostos na Tabela 1, e são analisados os custos das
estruturas, fica clara a vantagem financeira de se optar por um A tecnologia HVDC está sendo redescoberta como uma
sistema de transmissão HVDC. Percebe-se que um grande alternativa a HVAC. A nossa matriz elétrica é composta, em
diferencial está nos custos dos cabos e sua mão de obra, pois é sua maioria, de geradoras de energia em corrente alternada,
muito trabalhoso erguer cabos de transmissão, o que implica sendo que para transmitir em corrente contínua seria
no seu alto preço. Mesmo se tendo em mente o maior custo necessária uma estação de conversão. Com o advento de novas
dos equipamentos das estações conversoras de um sistema tecnologias de geração de energia elétrica em corrente
HVDC, quando comparados aos terminais em corrente contínua como a solar, a transmissão em HVDC pode ser
alternada, a economia feita no sistema de transmissão se bastante vantajoso.
mostra capaz de cobri-las conforme visto nas tabelas 1 e 2, Como podemos ver nesse trabalho, os países que mais
sendo, em Itaipú, o sistema de transmissão HVAC 2,73 vezes investem nesse tipo de transmissão são os que tem dimensões
mais caro que o HVDC. continentais. As linhas de transmissões nesses casos se tornam
extremamente importantes para entregar energia de qualidade
para todo o país. Como pode-se observar na Figura 6, os
custos para se construir uma linha de transmissão depende
muito de sua distância, sendo que quanto maior ela for, mais
vantajoso financeiramente será se ela for feita em corrente
contínua.
Além das observações citadas anteriormente, a eletrônica de
potência está evoluindo muito rápido tecnologicamente. A
busca por soluções que utilizam a eletrônica de potência
cresceram bastante, o que leva a transmissão em corrente
contínua ficar cada vez mais barata. Com isso concluímos que
a tecnologia HVDC é uma ótima alternativa para longas
distâncias, sendo que a tendência é essa distância ser cada vez
menor.

REFERÊNCIAS
[1] CARVALHO, Antônio Pedro Santos Dias de. ANÁLISE TÉCNICO-
ECONÔMICA DE LINHAS DE TRANSMISSÃO EM CORRENTE
CONTÍNUA EM ALTA TENSÃO: ESTUDOS DE CASOS. Projeto
submetido ao corpo docente do departamento de engenharia elétrica da escola
politécnica da universidade federal do rio de janeiro como parte dos requisitos
necessários para obtenção do grau de engenheiro eletricista, 2013. Disponível
em: http://www.monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10005037.pdf

[2] Costa, Robson. Santos, Guilherme. SOLUÇÃO PARA A


TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM LONGAS DISTÂNCIAS,
UTILIZANDO LINHAS DE TRANSMISSÃO EM CC. Revista Científica
Semana Acadêmica. Fortaleza, ano MMXIV, Nº. 000062, 06/11/2014.
Disponível em:
https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/solucao_para_a_transmiss
ao_de_energia_eletrica_em_longas_distancias_utilizando_linhas_de_transmis
sao_em_cc.pdf

[3] Coutinho Sato, A.K., TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA EM


CORRENTE CONTÍNUA E EM CORRENTE ALTERNADA: ESTUDO
COMPARATIVO. 2013. 89 f. Trabalho de graduação (Graduação em
Engenharia Elétrica) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá,
Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2013. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/121076/000734882.pdf?se
quence=1

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