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Universidade Federal Fluminense


Disciplina: Psicologia da Educação

1º RESENHA:
“ESCOLARIZANDO O MUNDO:
O Último Fardo do Homem Branco”

Apresentado por:
LUCAS LIMA
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Escolarizando o Mundo é um filme que bombardeia o espectador com ideias e


emoções que são praticamente impossíveis de descrever.
Começando pela Índia, o documentário mostra uma senhora e sua vida no
campo, contando sua experiência com uma educação que levou seus filhos embora
e lhe privou de sua família. Após essa experiência que já deixa claro um dos
propósitos mais notáveis, a crítica ao que se tem por educação atualmente, o filme
ataca a imagem de um quadro retratando o processo de educação norte-americano,
enfatizando uma vilania do como a educação tem se manifestado.
A escolarização criadora de uma estratificação, causa de um rompimento
com morais tradicionais e religiosas, arma de destruição cultural e treinamento
obrigatório de pessoas destinadas a atender as necessidades de uma elite são
apenas algumas das perspectivas apresentadas pelo vídeo. Um ponto que me
chamou muita atenção foi quando um dos convidados no documentário fala sobre
uma “miopia cultural”, etnocêntrica, algo realmente marcante no processo de
educação ocidental. Outro momento marcante é quando dizem que o ensino
tradicional, baseado na vivência ancestral do ecossistema em questão, sobreviveu
até o momento do contato com a educação moderna em uma relação de
sustentabilidade, a educação moderna implanta uma urbanização artificial e,
enquanto global, não ensina o indivíduo a sobreviver em seu próprio ecossistema.
Também mencionado no filme é o esforço dos países em contribuir cada vez
mais para a economia mundial, transforma a juventude em engrenagens da
economia sob uma bandeira de incentivo a educação.
Aos 26min do documentário á o início de uma comparação do que foi
mostrado como moderno (uma sátira à escolarização estadunidense), global, e os
“atrasados”, lugares onde antes as pessoas se enxergavam como semelhantes
dentro do mesmo habitat, a educação se tornou uma forma de descriminação social
em que não saber ler e escrever faz da pessoa um nada.
Outro ponto importante do filme é quando dito que a educação é tida como
ajuda ao combate à pobreza, noção que ela mesma criou. Talvez essa parte possa
ser traduzida como “o inferno está cheio de boas intenções”, pois mostra o caso de
uma estrangeira ocidental que, ao encontrar uma comunidade indiana notada por
sua felicidade e receptividade, decide “ajudá-la” levando para lá a modernidade, a
Escola e, sem notar, acaba destruindo o modo de vida daquele lugar, cortando os
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profundos laços e tradições que formavam aquela cultura, fazendo-a deixar de ser
aquilo com que a visitante se encantou.
Aos 41min, um pesquisador fala sobre as línguas, como elas são a janela
para uma cultura, cheias de significados. Com a chegada do modelo escolar e a
padronização do inglês como língua franca, muitas dessas línguas deixam de ser
ensinadas e se perdem com o tempo. Em algumas escolas indianas é proibido o uso
de qualquer idioma que não seja o inglês, acarretando uma punição em dinheiro.
Uma frase dita por um dos convidados, já nos últimos minutos do filme, me
foi muito marcante:
Uma das grandes tragédias da escolarização é como ela arrancou as
pessoas da natureza e as trancou em salas durante oito horas por dia.

Já no final do documentário, embalado pela fantástica música Little Boxes de


Malvina Reynolds e entre citações como Einstein, a declaração de Tolstoy além de
impactar profundamente, marcou o fim do filme para mim.

Educação é uma ação compulsória e forçada de uma pessoa sobre a outra.


Cultura é a relação livre entre pessoas... A diferença entre educação e
cultura está apenas na coerção, a qual a educação se julga no direito de
exercer. Educação é a cultura sob limitação. Cultura é livre. (Leo Tolstoy).
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REFERÊNCIA

SCHOOLING The World. Direção de Carol Black. Produção de Neal


Marlens, Jim Hurst, Mark Grossan. 2010. (65 min.), HD, son., color.
Legendado.

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