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ESTUDO DA INSERÇÃO DE LATERITA EM COMPÓSITOS POLIMÉRICOS:

RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
Mota, 1
T.C. , Mendes, 2
B.H.A. , Sales, 3
S.S.P. , Santos, 4
L.G.S. , Cunha, 5
E.J.S. , Costa, 6
D.S. , Souza, J.A.S. 7

58º CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA


SÃO LUÍS, MARANHÃO, 6 A 9 DE NOVEMBRO DE 2018

INTRODUÇÃO
Os materiais compósitos são formados pela mistura de outros materiais com
o objetivo de melhorar a qualidade de um produto final seja química, mecânica ou
fisicamente. Alguns fatores são importantes para a determinação das
propriedades finais, dentre os quais a interação entre os constituintes. Geralmente
são usados nos compósitos fibras ou particulados, além de compósitos híbridos
com os dois tipos de constituintes, sendo que, os particulados tendem a ser mais Para os testes de mistura, em virtude do tempo de ponto de gel e da
frágeis que as fibras, mas compensam por seu baixo custo (CAMPBELL, 2010). capacidade de percolação da resina no meio particulado, foi possível a obtenção
As vantagens da utilização de resinas termofixas em compósitos são: baixo dos compósitos até um limite de 30%, acima do qual tornou-se inviável a produção
custo, estabilidade térmica e dimensional, considerável resistência e facilidade sem sedimentação e aglomeração do particulado.
para moldagem. Em contrapartida, é necessária a utilização de material para A Figura 1 apresenta a composição química do resíduo utilizado, obtido
reforço devido a sua baixa resistência à fratura. Polímeros, também chamados de através de Espectroscopia de raio X por dispersão em energia (EDS), onde nota-
resinas, são usados devido às várias vantagens como o seu baixo custo, se uma elevada quantidade de compostos de Ferro e alumínio, em forma de óxido
estabilidade térmica, resistência química a altas temperaturas e facilidade de se e hidróxido, bastante característico do processo de formação do material.
moldar peças com grandes dimensões. Porém, a sua baixa resistência à fratura
faz-se necessário a introdução de reforços (SANCHEZ et al., 2010;
MAHESHWARI et al., 2015; DAVALLO et al., 2010).
A laterita é um tipo de solo muito alterado com grande concentração de
hidróxidos de ferro e alumínio. A laterização é um longo processo de
transformação do solo, com a ação do vento, da chuva e outras condições
climáticas. Os solos originados por este processo são também chamados solos
lateríticos (PENTEADO, 1983). Desta forma, foram produzidos compósitos de
matriz poliéster isoftálico com adição de laterita em diferentes percentuais para
CONCLUSÕES
avaliação da resistência à Tração conforme a Norma ASTM D638.
Conclui-se que o processo foi satisfatório para a fabricação dos compósitos
METODOLOGIA nas frações analisadas. O ensaio de tração mostra que os materiais, apesar de
não gerarem um aumento na resistência, não ocasionaram um impacto negativo
Os materiais utilizados para a produção dos compósitos foram: Resina até a fração de 20% em volume. Dessa forma, a inserção de Laterita como reforço
Poliéster Isoftálica de média viscosidade e não acelerada, acelerador de Cobalto, na matriz de Poliéster não foi significativa, funcionando somente como
Iniciador de Peróxido de Metil Etil Cetona, Desmoljet líquido e laterita ferruginosa. enchimento, garantindo uma redução na quantidade de resina e reaproveitando
Foram efetuados testes para a determinação das frações aplicadas no materiais sem valor econômico agregado
trabalho, quando à determinação do tempo de ponto de gel e dos limites de
mistura até a saturação. O processo utilizado para os testes de mistura e para a
produção dos corpos de prova foi o Hand Lay Up em molde aberto à temperatura AGRADECIMENTOS
ambiente, utilizando-se um molde de silicone de acordo com a norma ASTM D638. Os autores agradecem à Universidade Federal do Pará e ao CBQ 2018.
Os constituintes foram inseridos em frações mássicas de 5%, 10%, 20% e 30% de
Laterita. REFERÊNCIAS
O processo de produção consistiu da adição do acelerador de cobalto (1,5%
da massa de resina) em resina agitando até a dissolução completa. Após esse CAMPBELL, F. C. Introduction to Composite Materials. In: ___. Structural
processo insere-se a quantidade previamente medida de laterita agitando composite materials. ASM International, 2010. p. 1-10.
novamente para a homogeneização do material e por fim adiciona-se o iniciador CUNHA, E. J. de S. Influência do uso de resíduos do processo Bayer nas
(1% da massa de resina). propriedades térmicas e mecânicas de compósitos de base polimérica reforçados
Para o ensaio de tração foram produzidos 5 corpos de prova, conforme com fibra de curauá (ananas locidus. Mill). 2015. 152 f.: Tese de Doutorado
norma ASTM D638. O ensaio foi realizado no Laboratório de Engenharia (Doutorado em Ciências e Engenharia de Materiais) – Universidade Federal do
Mecânica em uma máquina de ensaio universal da marca KRATOS - KE 2000 MP, Pará, Instituto de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
com célula de carga de 5 kN e velocidade de 2 mm/mim. Recursos Naturais, Belém, 2015
DAVALLO, M.; PASDAR, H.; MOHSENI, M. Mechanical properties of unsaturated
RESULTADOS E DISCUSSÃO polyester resin. International Journal of ChemTech Research, v. 2: p, 2113-2117,
2010.
A Tabela 1 apresenta os resultados de resistência à tração das diferentes MAHESHWARI, N.; THAKUR, S.; NEOGI, P.; NEOGI, S. UV resistance and fire
frações adotadas, onde se pode notar uma manutenção da resistência com a retardant property enhancement of unsaturated polyester composite. Polym. Bull.
inserção Laterita, em torno de 17 MPa, indicando, para um percentual de até 20%, v.72: p.1433-1447, 2015.
uma significativa interação entre a matriz e a carga. Contudo, com 30% de PENTEADO, M.G. Fundamentos de Geomorfoloogia. 3 ed. IBGE. Rio de Janeiro,
particulado a resistência do compósito diminuiu, o que pode ser causado pela 1983.
saturação da matriz, dificuldade de dispersão e distribuição, por se tratar de um SANCHEZ, E. M.; CAVANI, C. S.; SANCHEZ, C. G. Compósitos de resina de
material que apresenta cargas de superfície e tendência a aglomerar (Cunha, poliéster insaturado com bagaço de cana-se-açúcar: Influência do tratamento das
2015). fibras nas propriedades. Polímeros, v. 20: p. 194-200, 2010.

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