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All content following this page was uploaded by João Carlos Gonçalves Lanzinha on 16 December 2014.
Resumo. Atualmente, o sector da construção vive dias difíceis, em resultado da crise económico -
financeira que o país atravessa. O sucesso de um empreendimento de construção passa cada vez
mais pela sua qualidade, que deve ser satisfeita num todo.
Os métodos de controlo e certificação existentes visam maioritariamente a qualidade das construções
na fase de execução, tendo sido subvalorizada a importância da conceção dos projetos na fase
inicial.
A qualidade dos projetos é atualmente reconhecida como um fator fulcral na melhoria da qualidade da
construção e utilização dos edifícios. As soluções adotadas no projeto são de extrema importância no
controlo de custos tanto a nível do cumprimento do programa predefinido como na durabilidade dos
materiais, exploração e manutenção do edifício. Também se insere aqui uma preocupação ambiental
e social de enquadramento do edifício com a envolvente.
No entanto, é raro o projeto que não apresente deficiências e omissões, que levam a desvios
significativos de preços e prazos. Frequentemente, esta situação implica o recurso a projetos de
alterações. A revisão de projetos surge neste âmbito como um meio preventivo de eventuais
insuficiências no projeto e visa incrementar a qualidade global dos mesmos.
Nos projetos de reabilitação há uma necessidade ainda maior de recorrer à revisão dos projetos, pois
a probabilidade de haver erros é maior. Mas, como nem sempre há possibilidade para tal, deve haver,
no mínimo, alguns pontos-chave que devem obrigatoriamente ser verificados antes de se começar a
construir.
Uma vez que não há conhecimento de nenhum modelo que permita fazer a avaliação rápida da
compatibilidade entre os projetos, foi criada uma Check-list / Lista de Verificação que permite fazer a
comparação entre os vários projetos, como meio de confirmação de compatibilidade. São analisados
pontos importantes dos projetos e situações específicas em que se torna mais complicado conseguir
fazer coincidir os projetos.
Apresentam-se neste artigo as principais características do modelo da Lista de Verificação e as
principais conclusões da sua aplicação ao projeto de reabilitação de um conjunto de edifícios
devolutos, com elevado estado de degradação, que iriam sofrer obras de reabilitação.
Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
1. INTRODUÇÃO
Com a crise económico-financeira instalada em Portugal, o sector da construção atravessa uma fase
crítica. Para garantir o sucesso de um empreendimento de construção, é necessária uma aposta
crescente na sua qualidade. Esta exigência de qualidade deve ser satisfeita num todo, incidindo em
todas as vertentes do mesmo empreendimento.
Contabilizando a totalidade dos custos envolvidos num edifício, desde a sua conceção até à sua
demolição, a fase inicial de conceção, projeto e construção representa apenas 15 a 20%. Os outros
80 a 85% são custos de utilização e manutenção. Da parcela correspondente à conceção, projeto e
construção, apenas uma pequena percentagem, da ordem dos 10 a 20%, é gasta em conceção,
projeto e fiscalização, sendo os restantes 80 a 90% gastos na construção. Isto significa que apenas
cerca de 3% dos custos totais envolvidos pela construção e exploração de um edifício correspondem
à conceção, projeto e fiscalização. No entanto, a qualidade do projeto é primordial para a redução dos
custos ao longo da vida útil do edifício. [1]
Nos últimos anos tem-se assistido a um incremento dos métodos de controlo e certificação, que
visam a qualidade das construções na fase de execução, tendo sido subvalorizada a importância da
conceção dos projetos na fase inicial. No entanto, a qualidade dos projetos deve ser um fator fulcral
na melhoria da qualidade da construção e utilização dos edifícios. As soluções adotadas no projeto
são de extrema importância no controlo de custos tanto a nível do cumprimento do programa
predefinido como na durabilidade dos materiais, exploração e manutenção do edifício. Também se
insere aqui uma preocupação ambiental e social de enquadramento do edifício com a envolvente.
Mas é raro o projeto que não apresente deficiências e omissões, que levam a desvios significativos
de preços e prazos. Frequentemente, esta situação implica o recurso a projetos de alterações.
A título de exemplo, um estudo recentemente realizado no norte do país sobre a qualidade dos
projetos de estruturas de betão de edifícios constatou-se que 64% dos projetos classificados quanto
ao nível da qualidade obtiveram nota “medíocre” ou “mau”, e só 2% obtiveram “bom”. [2]
Neste panorama, faz todo o sentido investir na revisão dos projetos. A revisão dos projetos permite
referenciar as eventuais insuficiências existentes no projeto e visa incrementar a qualidade global dos
mesmos. O trabalho de revisão de projetos deve decorrer em simultâneo com o trabalho dos
projetistas, permitindo que a contratação da obra seja efetuada com consideráveis ganhos a todos os
níveis (qualidade, custos globais e prazos de execução) para todos os intervenientes (Donos de
Obra, Fiscalização, Empreiteiro e Utilizador final). De uma forma geral, à medida que aumenta o grau
de complexidade dos projetos, assim deverá aumentar, também, o nível de exigência dos trabalhos
de revisão.
Nos projetos de reabilitação há uma necessidade ainda maior de recorrer à revisão dos projetos, pois
é grande a probabilidade de haver erros significativos no seu desenvolvimento, especialmente
devidos às imprecisões e aos erros no levantamento da situação inicial. Pode-se ainda afirmar que
uma das maiores dificuldades em obras de reabilitação é a compatibilidade entre os diversos projetos
de especialidades.
Uma vez que não há conhecimento de qualquer modelo que permita fazer a avaliação rápida da
compatibilidade entre projetos, foi criada uma Check-list / Lista de Verificação que permite fazer a
comparação entre os vários projetos, como meio para então confirmar a sua compatibilidade.
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
Cada grupo está ainda dividido em subgrupos. Os subgrupos nada mais são que a divisão dos
grupos gerais consoante os elementos documentais a comparar.
No Grupo I – DIFERENTES ESPECIALIDADES (Tab. 1) são definidos nove subgrupos, os quais
permitem a verificação dos seguintes aspetos de compatibilidade:
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
Por último, no Grupo III - MAPA DE MEDIÇÕES / ESPECIALIDADES (Tab. 3) propõe-se uma
análise semelhante à anterior, sendo comparados os materiais previstos nos projetos de
especialidades com os contabilizados no mapa de medições. Novamente, as especialidades a
analisar são as seguintes:
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
A entidade responsável pela gestão das obras de reabilitação é a SRU, Nova Covilhã, Sociedade de
Reabilitação Urbana, que disponibiliza técnicos para acompanhar as mesmas. Os projetos foram
executados por empresas de projeto subcontratadas, que apresentaram as suas propostas em
concurso público.
Dada a sua localização, em pleno centro histórico, um ponto importante foi a consideração das linhas
mestras das fachadas, que caracterizam o conjunto de edifícios, tentando recuperá-las e corrigindo
apenas algumas debilidades vitais para a adaptação às condições de vida e exigências atuais.
Apesar do estado de degradação em que o conjunto habitacional se encontrava exigir a demolição de
algumas zonas, prevê-se aproveitar os materiais em bom estado e tenta-se manter o aspeto das
fachadas, nomeadamente o revestimento em ardósia com forma de escamas de peixe (Fig.2).
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
A fachada será preservada em corpos separados, sendo opção do projeto reformular o miolo da
intervenção, através da criação de espaços interiores. A proposta apresentada mantém o uso
habitacional dos edifícios estando, no entanto, prevista uma reformulação das frações. A divisão entre
as parcelas C124 e C125 será aberta, adaptando-se essas paredes a compartimentos interiores.
Na totalidade, estão previstos 5 apartamentos: três T1 e dois T1 duplex, todos com entradas
independentes. Na figura 3 apresenta-se, a título de exemplo, a planta do piso 0 do conjunto de
edifícios em estudo.
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
verificação.
A maior incompatibilidade verificada foi ao nível da laje do piso térreo. Os projetos de arquitetura,
térmica e pormenores não coincidem na dimensão da espessura das camadas que constituem a laje
deste piso térreo. No projeto de arquitetura faltava ainda especificar as camadas de
impermeabilização.
Também existia incompatibilidade entre as peças desenhadas da arquitetura e os pormenores quanto
à constituição da laje de cobertura, tanto a nível da espessura das camadas constituintes como,
novamente, nas peças desenhadas da arquitetura não era indicada a camada de impermeabilização.
Outros pontos onde se verificou incompatibilidade foram a inexistência de pormenorização da zona
de pilares no projeto de arquitetura, e a falta de informação, no projeto térmico, sobre as cores das
paredes exteriores. Ainda no projeto térmico, a altura prevista para as vigas não correspondia com a
especificada no projeto de estabilidade.
Quanto à compatibilidade entre o projeto de arquitetura e o projeto de redes prediais de águas e
esgotos, detetaram-se 5 pontos de não conformidade:
4. CONCLUSÃO
Uma vez que não existe um método específico para prever as incompatibilidades entre os diferentes
projetos de especialidades de uma obra, sentiu-se a necessidade de criar um modelo que permitisse
realizar essa função. A aplicação de uma lista de verificação de compatibilidade entre projetos é um
utensílio bastante útil quando se pretende encontrar pontos críticos de divergência entre soluções,
técnicas e materiais previstos.
Através da aplicação de uma lista de verificação conseguem-se detetar problemas de compatibilidade
que só seriam descobertos aquando da execução da obra. Assim, conseguem-se prevenir, antes das
obras terem início, divergências nos projetos, que provocam sempre inconvenientes e atrasos nas
obras, derrapagens de custos, dificuldades de gestão e eventuais conflitos judiciais.
No caso de obras de reabilitação, existe uma maior dificuldade em fazer coincidir todos os projetos
entre si e com a estrutura e arquitetura do edifício existente. O problema da incompatibilidade entre
projetos é acentuado, fazendo com que a aplicação da lista de verificação a este tipo de obras ganhe
ainda maior significado.
O modelo proposto vem abrir o caminho para que sejam desenvolvidos outros métodos de avaliação
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Joana F. M. M. Gomes, João C. G. Lanzinha
REFERÊNCIAS
[1] V. Cóias e I. Soares, “A Revisão dos Projetos como Forma de Reduzir os Custos da
Construção e os Encargos da Manutenção de Edifícios”.
[2] D. Ribas e J. Figueiras, “A qualidade do projeto de estruturas de betão em edifícios”,
Ingenium n.º 43, Lisboa, Dezembro 1999.
[3] http://www.revisaodeprojectos.com/, consultado em Maio de 2011.
[4] http://www.oz-diagnostico.pt/_pt/brochuras/C_05.pdf, consultado em Maio de 2011.
[5] J. Gomes, “Reabilitação de Edifícios/Construção Nova – Situação na Beira Interior”,
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, com orientação do Prof. Doutor João Carlos
Gonçalves Lanzinha, U.B.I., Covilhã, 2011.
[6] J. Gomes e J. Lanzinha, ICEUBI2011-28.2 – “Reabilitação de edifícios/construção nova –
Situação na Beira Interior” in Proceedings (ISBN 978-989-654-079-1) of ICEUBI 2011
International Conference on Engineering UBI2011 – “Innovation and Development”,
http://www.iceubi2011.ubi.pt/ Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior,
Covilhã – Portugal, 28-30 novembro 2011.
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