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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Humanas

Cecilia Alves, Eduardo Ferreira, Gianni Morais Faria, Nathan Sacchetto, Roberto
Ferreira, Tatiany Santos, Vinícius de Souza, Vitor Augusto.

GEOTURISMO EM BRUMADINHO: Efeitos do rompimento da barragem I da


Mina Córrego do Feijão para o turismo de Brumadinho

Belo Horizonte
2020
Cecilia Alves, Eduardo Ferreira, Gianni Morais Faria, Nathan Sacchetto, Roberto
Ferreira, Tatiany Santos, Vinícius de Souza, Vitor Augusto.

GEOTURISMO EM BRUMADINHO: Efeitos do rompimento da barragem I da


Mina Córrego do Feijão para o turismo de Brumadinho

Trabalho de práticas interdisciplinares


apresentado ao curso de licenciatura em
Geografia da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais.

Orientadora: Prof. Magda Maria Diniz Tezzi

Belo Horizonte

2020

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BR: Rodovia Federal Radial do Brasil


CNJB: Comissão Nacional de Jardins Botânicos
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEF: Instituto Estadual de Florestas
MG: Minas Gerais
MPMG: Ministério Público de Minas Gerais
PIB: Produto Interno Bruto
RMBH: Região Metropolitana de Belo Horizonte
S/A: Companhia ou Sociedade Anônima

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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................5
1.1. Objetivos....................................................................................................................6
1.2. Objetivo Geral............................................................................................................6
1.2.1. Objetivos Específicos...............................................................................................6
1.3. Hipóteses....................................................................................................................7
1.4. Justificativa................................................................................................................7
1.5. Procedimentos Metodológicos................................................................................8
2 REFERECIAL TEÓRICO CONCEITUAL............................................................................8
2.1. Espaço.......................................................................................................................8
2.2. Território....................................................................................................................9
2.3. Lugar.........................................................................................................................11
2.4. Paisagem..................................................................................................................12
2.5. Geografia e Turismo................................................................................................13
3 ASPECTOS GERAIS DO MUNICÍPIO ...............................................................................14
3.1. Caracterização física do município........................................................................14
4 HISTÓRIA DO MUNICÍPIO.................................................................................................22
5 DA MINERAÇÃO À ATIVIDADE TURÍSTICA NA CARACTERIZAÇÃO
ECONOMICA DE BRUMADINHO.............................................................................29
5.1. O papel do turismo na economia de Brumadinho...................................33
5.1.1. Artes, manifestações populares e folclóricas enquanto potencial turístico de
Brumadinho..........................................................................................36
5.1.2 Inhotim........................................................................................................39
5.1.3 A serra da Moeda.......................................................................................43
5.1.4 A serra do Rola Moça.................................................................................45
6 O ROMPIMENTO DA BARRAGEM E O TURISMO EM BRUMADINHO..............48
7 UMA REFLEXÃO SOBRE O ESTUDO DE CASO.................................................54
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................64
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................66

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5
1. INTRODUÇÃO
Localizado a 58 km de Belo Horizonte, Brumadinho recebe este nome pelas
brumas constantes do Rio Paraopeba. O município compõe a Região Metropolitana,
e seu acesso se dá pelas rodovias BR 381 e BR 040. Sua área 1 corresponde a
639,43 km² e seu território é bastante fragmentado, sendo composto por quatro
distritos: São José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba, Aranha e Conceição do
Itaguá. Além destes, existem diversos povoados isolados.

Ilustração 1- Mapa de localização dos distritos de Brumadinho

Aranhas

Fonte: Google Maps, 2020

Sobre a origem do município, de acordo com a “Enciclopédia dos Municípios


Brasileiros” (2007), um estudo realizado e publicado pelo IBGE, foram os paulistas
os pioneiros das terras do Espinhaço Meridional, onde hoje se encontra o município
de Brumadinho. Estes bandeirantes, conduzidos por Fernão Dias Paes Leme,
fundaram um núcleo de abastecimento da bandeira, um ponto de descanso de

1
Os dados referentes à área do município de Brumadinho estão disponibilizados no site do IBGE, disponível em:
<https://ibge.gov.br/cidades-e-estados/mg/brumadinho.html>
6
tropas e também local de verificação de alimentos. Posteriormente, o núcleo de
abastecimento se tornou um pequeno povoado de mineradores.
De acordo com Faria (2012), além da exploração mineradora, Brumadinho
também passou por outra fase em sua história, em que a região adquiriu
características de um local de passagem, de produção e de comercialização de
produtos agrícolas para abastecimento dos núcleos mineiros, desde a descoberta
das minas de ouro no século XVIII. Dessa forma, ao longo dos séculos, Brumadinho
se desenvolveu gradualmente, sendo inclusive uma das cidades que compõem a
Região Metropolitana de Belo Horizonte, tendo como uma das principais atividades a
mineração.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, um dos principais eixos de
sua economia é o setor de serviços, em sua maior parte representado pelas
atividades do ramo do turismo, chegando a ser responsável por 12,6% do total de
empregos existentes no ano de 2010.
No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem I na mina Córrego do Feijão, em
Brumadinho, se rompeu. Causando cerca de 270 óbitos e 11 desaparecidos,
impactando diretamente na vida dos habitantes da região. Esse estudo se direciona
a buscar compreender os efeitos do rompimento da barragem no turismo de
Brumadinho, processo este que se insere na construção da memória e da identidade
do sujeito em relação ao tempo e espaço geográfico.

1.1. Objetivos

1.2. Objetivo Geral

Estudar os efeitos do rompimento da Barragem I, localizada na mina Córrego


do Feijão, para o turismo de Brumadinho.

1.2.1 Objetivos Específicos

 Caracterizar os aspectos físicos da região;


 Sintetizar a história, cultura e tradições do município;

7
 Relacionar o fluxo turístico antes e depois do rompimento da barragem
na região.

1.3 Hipótese

A diminuição da movimentação turística no município tem relação significativa


com o rompimento da barragem I da mina Córrego do Feijão, essa ligação se deve
ao desastre ter tido proporções catastróficas, ocasionando centenas de vítimas
fatais e gerando temores de que outras barragens na região possam se romper.
Para o turismo essas consequências podem acarretar à falência de negócios como
hotéis, pensões, pousadas e restaurantes que dependiam inteiramente dos turistas,
que tinham Brumadinho como local de descanso e tranquilidade.

1.4 Justificativa

Este trabalho se justifica pelos acontecimentos ocorridos no começo da tarde


do dia 25 de janeiro de 2019, o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão,
em Brumadinho, que espalhou 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério
por mais de 46 km de acordo com site da BBC News Brasil. Isto vai afetar
diretamente um dos setores mais importante da economia do município - o setor do
turismo, que se desenvolveu a partir do apelo das condições naturais e históricas
deste lugar. Daí a importância deste trabalho que propõe fazer um paralelo entre o
rompimento da barragem e o turismo.
Desta forma, iremos discutir os danos causados pelo rompimento da
barragem no mercado de turismo em Brumadinho, abrangendo o Instituto Inhotim,
Casa Branca, Serra da Moeda, Serra do Rola Moça e Piedade do Paraopeba.
A pesquisa irá caracterizar a cidade de Brumadinho como um todo: sua
população, os centros turísticos que foram afetados pela barragem, além de
entrevistar alguns moradores ou donos de hospedagens de turistas para realizar um
balanço do turismo antes e após o rompimento.

8
Sendo o turismo em Brumadinho um dos fatores determinantes para a
arrecadação de bens para a cidade e população, almejamos colaborar compondo
bases para novos estudos em um futuro próximo, assim aumentando e ajudando na
divulgação de dados e de novos campos a serem explorados pelo turismo em uma
cidade com uma inimaginável beleza.

1.5 Procedimentos Metodológicos

Por se tratar de uma pesquisa na área das ciências humanas, mais


especificamente, da Geografia, e visando o eficiente levantamento de dados e
conseguinte apresentação, utilizou-se para a realização desta pesquisa os seguintes
procedimentos metodológicos: entrevistas semiestruturadas com profissionais da
área, objeto desta pesquisa, analises bibliográficas e documentais.
Em relação às entrevistas semiestruturadas, sua condução e andamento
seguiram um modelo de roteiro especializado de acordo com a especificidade do
perfil do entrevistado, além de se basear nos estudos e levantamentos obtidos pelo
referencial teórico desta pesquisa. Após à realização das entrevistas, foi efetuada
transcrição das informações, retiradas nos excertos de falas dos entrevistados após
gravação autorizada por meio eletrônico;
Ademais, cabe destacar a seleção bibliográfica e análise documental e de
dados, provenientes de órgãos e fontes públicas, envolvidas na temática da
discussão.

2 REFERENCIAL TEÓRICO CONCEITUAL

A presente pesquisa traz como tema o geoturismo no município de


Brumadinho. Como aporte teórico conceitual para este estudo se torna
importante uma reflexão sobre algumas categorias de análise em geografia,

9
como espaço, território, paisagem e lugar, além de considerações sobre a
interface entre geografia e turismo.

2.1 Espaço

Para iniciar essa abordagem conceitual/teórica da pesquisa, partiu-se


do conceito de espaço proposto por SANTOS, Milton (1988). Sobre conceito
de espaço:

[...] O espaço não é nem uma coisa e nem um sistema de coisas, mas uma
realidade relacional de coisas e relações juntas. Deve ser considerado como
um conjunto indissociável de que participam de um lado certo arranjo de
objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais; e de outra vida que
os preenche os anima, ou seja, sociedade em movimento. (SANTOS, Milton
1988 p.10)

De acordo com MOREIRA, Ruy (2006), olhando o mundo vemos que


ele é formado por uma diversidade e povoado por uma pluralidade formada
por árvores, animais, nuvens, rochas, homens. Portanto, para ele, o espaço é
a resposta da geografia à pergunta sobre a “unidade da diversidade”.
Neste sentido, podemos complementar essa ideia a partir do que
afirma SANTOS (1998), que do espaço “participam, de um lado, certo arranjo
de objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida
que os preenche e os anima...” (SANTOS, 2012, p.31) Para ele, os objetos
geográficos dizem respeito as formas onde cada forma encerra uma fração do
conteúdo, ou seja, a própria sociedade.
Numa discussão conceitual de espaço, como categoria de análise da
realidade sócio espacial no viés geográfico, Lopes (2012) assim o descreve:

10
(…) salientamos que o espaço é um equilíbrio, uma espécie de equação
engendrada pela forma e pelos diferentes sentidos que ela é capaz de
suscitar e condicionar. Equacionados e construídos socialmente, os
sentidos e significações da organização do espaço são sempre advindos de
uma perene relação, isto é, o espaço é uma constituição relacional, relação
entre objetos/coisas espacialmente distribuídas, da relação entre os objetos
e suas funções, o que traz os seus sentidos e significados, da relação entre
esses objetos e as vivências, isto é, das práticas sociais. (LOPES, 2012,
p.25)

2.2 Território

Num primeiro momento, é possível identificar uma configuração territorial através de


seus recursos naturais, lagos, rios, planícies, montanhas, florestas e através dos
recursos criados pelo próprio homem como as estradas de ferro e de rodagem,
barragens, açudes, cidades, etc. E, as escalas também mudam: o território de um
município, o território de um estado, o território de um país. “À configuração territorial
é o conjunto total, integral, de todas as coisas que formam a natureza em seu
aspecto superficial e visível;” (SANTOS, 2012, p. 85).
De acordo com SAQUET, o território é produzido e nesta produção envolve relações
de poder.

[...] O território é produzido espaço- temporalmente pelas relações


de poder engendradas por um determinado grupo social dessa
forma pode ser temporário ou permanente e se efetiva em
diferentes escalas portanto não apenas naquela
convencionalmente conhecida como o território nacional sobre
gestão do Estado-nação. (SAQUET apud CANDIOTTO, 2004
p.81).

O território de Brumadinho além de apresentar grandes recursos


ligados à sua hidrografia, como belas cachoeiras, uma rica fauna e flora,
contém o minério de ferro, o ouro e por isso em seu território a mineração,
exerce seu poder desde a chegada dos bandeirantes no século XVII, usado
como rota para exploração mineral e ocupação de Minas Gerais, até os dias
atuais, sendo esta a principal atividade econômica do município. Sobre este

11
território uma luta vem sendo travada, de um lado, o poder dos agentes da
mineração e, do outro, a busca por uma atividade econômica que possa
significar uma proposta mais sustentável do ponto de vista ambiental, o
turismo.
Diante disto é preciso chamar atenção para o que nos coloca Milton
Santos (2000), quando ele distingue o conceito de território normado, abrigo
de todos, e território como recurso, aquele de interesse das empresas.

Para os autores hegemônicos o ‘território usado’ é um recurso,


garantia de realização de seus interesses particulares. Desse
modo, o rebatimento de suas ações conduz a uma constante
adaptação do seu uso, com adição de uma materialidade funcional
ao exercício das atividades exógenas ao lugar, aprofundando a
divisão social e territorial do trabalho, mediante a seletividade dos
investimentos econômicos que gera um uso corporativo do
território. (...) Os atores hegemonizados têm o território como um
abrigo, buscando constantemente se adaptar ao meio geográfico
local, ao mesmo tempo que recriam estratégias que garantam sua
sobrevivência nos lugares.” (SANTOS, Milton. “O papel da
Geografia um manifesto” Revista Território. 9. ed. Rio de Janeiro,
ano V, n" 9, p. 108, jul./dez. Santos 2000).

Na discussão sobre o território, como categoria de análise, Lopes


(2012) cita Raffestin que estabelece a diferença entre espaço e território.

(…) É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao


território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de
uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um
programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço,
concreta ou abstratamente (…) o ator “territorializa” o espaço.
(RAFFESTIN apud, LOPES, 2012, p.28).

12
2.3 Lugar

De acordo com Lopes (2012), as concepções da categoria lugar podem


ser atreladas a geografia fenomênica/humanista e a geografia crítica. Na
perspectiva humanista vê-se o lugar na base da existência humana, enquanto
experiência pessoal, mediatizada por símbolos e significados subjetivos, Na
perspectiva crítica, do materialismo histórico/dialético, “o lugar tem qualidade
de construção social que se dá ao longo da história (…) é um meio de
promoção da funcionalidade do mundo”. (POPES, 2012, p.27)
Para Yi-Fu Tuan, lugar é o sentido do pertencimento, a identidade
biográfica do homem com os elementos do seu espaço vivido. No lugar, cada
objeto ou coisa tem uma história que se confunde com a história dos seus
habitantes.

[...] Significa pensar a história particular de cada lugar se


realizando em função de uma cultura, tradição, língua, hábitos que
eles são próprios constituídos ao longo da história, e o que vem de
fora, isto é que vai se construindo e sim impondo como
consequência do processo [...] (CARLOS, Ana F. A. O lugar no /
do Mundo. São Paulo: HUCITEC, 1996, p.150).

É o lugar que dá o tom da diferenciação do espaço do homem - não do


capital- em nosso tempo. Enquanto lugar, podemos afirmar que Brumadinho
ainda preserva as raízes da cultura afrodescendente, abrigando comunidades
quilombolas e mantendo suas tradições e sua identidade. Os primeiros
povoados constituídos de escravos libertos que se fixaram próximo aos
pontos de apoio para a passagem dos bandeirantes. A cultura negra e o
modo de vida rural ainda se fazem presentes nas diversas manifestações
culturais como festas de congados, festivais de colheitas, e práticas

13
religiosas. “[...] lugar significa muito mais que o sentido geográfico de
localização. Não se refere a objetos e atributos das localizações, mas a tipos
de experiências e envolvimento com o mundo, a necessidade de raízes e
segurança (RELPH, 1979, p. 156).

2.4 Paisagem

A categoria paisagem pode ser tratada na perspectiva sistêmica e na


cultural. De acordo com Lopes (2012), quando tratamos a paisagem na
perspectiva sistêmica ela passa a ser compreendida como uma realidade
posta, produto da dinâmica dos seus componentes formadores, ou seja, de
seus elementos físico-naturais e sociais. Considerada um conjunto singular,
inseparável e em constante mutação. Na perspectiva cultural, a paisagem “é
um entremeio entre o mundo das coisas e o da subjetividade humana”.
Ao afirmar que paisagem é a parte visível do espaço, Santos vai
explicitar que:
A paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e
artificiais; é formada por frações de ambas, seja quanto ao
tamanho, volume, cor, utilidade, ou por qualquer outro critério. A
paisagem é sempre heterogênea. A vida em sociedade supõe uma
multiplicidade de funções e quanto maior o número destas, maior
a diversidade de formas e de atores.” (SANTOS, 1988, p.118).

Paisagem na geografia é a porção do espaço que podemos alcançar


através dos sentidos num dado momento. Pires (2001) divide a paisagem em
três aspectos:

Dimensão estética ou visual: mais primitiva e intuitiva, relaciona-se


com a reação sensitiva e resposta perceptiva do ser humano
diante da expressão visual de uma paisagem;
Dimensão cultural: considera a paisagem um recurso no sentido
humano de sua modificação, onde o homem atua como seu
agente modelador. Determinadas paisagens culturais são
testemunhos da história, e por isso, estão carregadas de valores

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emocionais que transcendem qualquer conceito de beleza estética
ou de equilíbrio;
Dimensão ecológica: considera a paisagem como resultado do
conjunto de inter-relações entre seus componentes, ou seja, entre
rochas, água, vegetação, relevo, uso do solo, clima, etc.,
representando, dessa forma, a resposta visual da evolução
conjunta dos elementos físicos e biológicos que a constituem.
(PIRES, 2001, p.23).

A paisagem é explorada como sendo um importante apelo para a


atividade do turismo. E, em Brumadinho onde se constata diferentes
paisagens, está se transforma em base para o turismo local. Na atividade
turística em Brumadinho, é explorada a paisagem nas três dimensões
apontadas por Pires: estética, cultural e ecológica.
Considerando a tragédia ocorrida em 2019, que contabilizou 270
mortos e um dano ambiental, talvez irrecuperável, um triste marco na relação
entre mineração e comunidade, se pode concluir que tal ocorrência impactou
negativamente a economia local, principalmente aquela ligada a atividade
turística. E essa problemática é abordada neste trabalho numa perspectiva
geográfica.

2.5 Geografia e Turismo

Geografia do turismo se refere ao estudo da dimensão sócio espacial


da prática do turismo pela abordagem da geografia afim de compreender mais
essa forma de produção e uso do espaço geográfico. Atividade turística é
uma atividade consumidora de espaços (CRUZ, 2002) e também pode ser
concebida como uma experiência geográfica na qual a paisagem se constitui
como elemento essencial (PIRES, 2002).
Nesse contexto, a geografia se torna muito importante para o estudo
da atividade turística, possibilitando entender melhor a transformação dos
espaços e a sociedade em movimento, seus impactos em termos de
população, meio ambiente, infraestrutura, transporte, etc.
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Através de uma ciência crítica e reflexiva com bases teórica e
metodológicas, a geografia pode contribuir com o desenvolvimento
sustentável, preservação do meio ambiente e da identidade cultural dos
lugares chamados destinos turísticos, “(…) a Geografia do Turismo serve para
alimentar e irrigar a reflexão na Geografia” (RODRIGUES 2001, p. 95)
O turismo representa uma chance de desenvolvimento para
determinadas regiões, uma vez que a indústria do turismo mobiliza todos os
recursos que pode para vender a viagem como, por exemplo, pontos de
observação nos topos das montanhas e paisagens longe das regiões
aglomeradas e industriais.

O turismo é, incontestavelmente, um fenômeno econômico, político,


social e cultural dos mais expressivos das sociedades ditas pós-
industriais. Movimenta, em nível mundial, um enorme volume de
pessoas e capital, inscrevendo-se materialmente de forma cada vez
mais significativa ao criar e recriar espaços diversificados.
(RODRIGUES, 1996).

Brumadinho, embora esteja próximo a Belo Horizonte, o que facilita o


deslocamento das pessoas, ainda apresenta uma paisagem de especial
beleza, embora ameaçada pela presença das mineradoras. Explorar essa
vocação turística se torna um opção mais sustentável de fonte de renda,
diminuindo a dependência econômica do município em relação a mineração.
Além disso fortalece a identidade do lugar, legitimando e reafirmando a
relação da comunidade com o lugar.

O turismo é um tema que motiva e mobiliza as pessoas: por um


lado, é um negócio regido pelas leis do mercado; fala através de
números e cifras. Por outro, é uma prática cultural ligada a valores
afetivos e simbólicos; não se mede exclusivamente por ganhos
materiais, uma vez que se refere à qualidade da experiência do
visitante. Assim, pode facilitar o diálogo entre desenvolvimento
econômico e preservação do patrimônio, desde que planejado com
sustentabilidade social, buscando fortalecer nas comunidades
anfitriãs os laços de identidade e de pertencimento ao lugar.
(FREIRE, 2005, p. 200).

3. ASPECTOS GERAIS DO MUNICÍPIO


O município de Brumadinho está situado na região metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH) possuindo 639 Km² de extensão territorial, sendo possível
16
acessá-lo por duas vias: ao sul pela BR 040 e a oeste pela BR 381. O acesso mais
curto da capital à cidade de Brumadinho é pela rodovia BR 040. O município de
Brumadinho faz divisa com 13 municípios, dentre eles ao Norte o município de Mário
Campos e Sarzedo, ao sul o município de Moeda, ao Oeste o município de Rio
Manso e a leste o município de Nova Lima. (Ilustração 2)

Ilustração 2 - Mapa do município de Brumadinho (MG)

Fonte: Google Maps, 2020

17
Em relação à Região Metropolitana, considerando a divisão em vetores de
expansão da RMBH, Brumadinho está situado ao vetor Sul. (Ilustração 3)

Ilustração 3 – Mapa de localização do município de Brumadinho na


delimitação dos vetores de expansão da RMBH

Fonte: Felipe Pimentel Palha (2019, p.50)

A
cidade conta com cinco distritos que são Brumadinho, Conceição do Itaguá, Piedade
do Paraopeba, São José do Paraopeba e Aranha.

18
Ilustração 4- Mapa de localização dos distritos de Brumadinho-MG

Aranhas

Fonte: Google Maps, 2020


Além dos cinco distritos, vale destacar a área urbana de Casa Branca,
localizada distante da sede, próxima ao Parque Estadual do Rola Moça, onde
concentram vários condomínios fechados.
De acordo com o IBGE, em 2010, Brumadinho possuía uma população
estimada em 33.973. Atualmente a população estimada é de 40.666 pessoas.
Apresentando densidade demográfica em 53,13 hab./Km². O IDHM (Índice de
desenvolvimento humano municipal) foi 0,747   em 2010. Tendo por PIB per capita
em 2017 o valor de 51.164,41.
Brumadinho está situado ao norte da região denominada Quadrilátero
Ferrífero, caracterizada pela grande reserva de minério de ferro. Conforme descrito
por Barbosa & Rodrigues (1967). (Ilustração 4)

19
O Quadrilátero Ferrífero corresponde a um bloco de estruturas geológicas
do Pré-Cambriano, elevadas em seus quatro lados por erosão diferencial.
Assim, quartzitos e itabiritos formam cristas nas altitudes de 1300 a 1600
metros; tais cristas correspondem ao alinhamento da serra do Curral (...)
(BARBOSA & RODRIGUES 1967, p. 187).
Consequência disso a principal atividade econômica é a mineração, realizada
por grandes empresas como a Vale. A agropecuária é outra atividade econômica.
Sua prática se restringe a pequenas propriedades, sendo uma agricultura familiar.

Ilustração 5 - Mapa de localização do Quadrilátero Ferrífero

20
Fonte: Alkmim & Marshak, 1998

O vetor sul da RMBH do qual o município Brumadinho faz parte, é marcado


pela mineração, e pelas unidades de preservação ambientais. Os atributos físicos
naturais que compõem o espaço garantem 35% do abastecimento hídrico da região
metropolitana e desempenham um papel de reserva de recursos naturais e de
produção de alimentos diante a metrópole. Brumadinho em seu extenso território
abriga uma grande diversidade de formas, extensas áreas de vegetação preservada
e mananciais. No mapa realizado por Gaspar (2005), (Ilustração 5), a autora divide
Brumadinho em áreas de interesses diversos, representando área de condomínios,
área de preservação, área de mineração, e administração. A autora ainda completa:

Além dessas, podemos ainda acrescentar as áreas rurais, que se


encontram dispersas por toda a extensão do município, com pouca relação
com a sede municipal e economia voltada para pequena produção
agropecuária. (GASPAR 2005 p.33)

Ilustração 6 – Mapa de divisão de interesses diversos do Brumadinho


(MG)

21

Fonte: GASPAR, Floriana, 2005


3.1 Caracterização física do município

Relevo
A topografia do município é muito variável apresentando desde
algumas áreas planas e áreas de terrenos ondulados até extensas áreas
montanhosas, estas constituindo 60% do seu território. O relevo plano está presente
apenas nas planícies aluviais do Paraopeba, que apresentam 700 metros de altura
sendo as menores altitudes do município.
As montanhas do entorno da cidade formam a letra "L", que significa o
encontro de duas cadeias de montanhas, ou seja, a "Serra da Moeda" e o
"Fecho do Funil." No encontro das duas localiza-se a "Serra do Rola Moça".
Na "Serra da Moeda", em uma área conhecida como "Serra da Calçada", se
encontra o ponto mais alto do município, a 1583 metros de altitude (Paiva et
al, 2008, p.85).

As serras em torno de Brumadinho constituem um bem natural e que além da


incrível beleza guardam um grande depósito de recursos minerais. A ilustração 7
mostra a imagem da Serra da Moeda.

Ilustração 7 – Serra da Moeda.

22
Fonte: Google Earth,2020

Vegetação
Na cobertura vegetal características do município predominam os campos de
montanha, os campos sujos e o cerrado, ocorrendo vestígios de matas nas
encostas, topos das serras e matas de galerias junto às nascentes e cursos de água
(mata ciliar). A vegetação configura-se como mata de transição, formada por árvores
de tamanhos e espécies diferentes; em geral, troncos finos, poucas folhas e porte
médio. A reserva natural da Serra do Rola Moça, onde está o Parque Estadual do
mesmo nome, tem uma vegetação diversificada que proporciona ao local um
colorido especial e um relevo peculiar, sendo encontradas espécies como orquídeas,
bromélias, candeias, jacarandá, cedro, jequitibá, arnica e a canela-de-ema, que se
tornou o símbolo do Parque. O Parque está situado numa zona de transição de
Cerrado para Mata Atlântica, rico em campos ferruginosos e de altitude.
Solo
Embora o aspecto geológico mais marcante da região seja a presença
de jazidas de minério de ferro, estudos recentes demonstraram que sob floresta
estacional sem decidual e relacionados ao intemperismo do granito, é que estão os
solos não ferruginosos mais evoluídos: Latos solos Vermelhos e Vermelho-Amarelos
localizam-se no terço superior da única vertente estudada na região. Cambissolos
Háplicos e Húmicos também foram descritos em Brumadinho, cujas variações de
classes e atributos estão intimamente relacionados ao relevo local. Além disso, a
observação in loco das rochas expostas possibilitaram sua identificação como
granito, relacionados aos Complexos Metamórficos de idade arqueana supracitados.

Hidrografia
Brumadinho é banhado pelos rios Veloso, Águas Claras, Manso e Paraopeba,
todos integrantes da bacia do rio São Francisco. O rio Paraopeba, o mais caudaloso
entre eles, atravessa o município em toda sua extensão longitudinal. Pelo fato do
município apresentar expressivos recursos hídricos, ser muito extenso e apresentar
um relevo montanhoso, nele foram implantados os sistemas de preservação e
distribuição de água potável de rio Manso e Catarina, operados pela Copasa, que

23
garantem o abastecimento de cerca de um quarto da demanda de água da Região
Metropolitana de Belo Horizonte. O Parque da Serra do Rola Moça abriga seis
importantes mananciais de água - Taboões, Rola moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca
e Catarina - declarados pelo Governo Estadual como Áreas de Proteção Especial,
que garantem a qualidade dos recursos hídricos que abastecem parte da população
da região metropolitana. Brumadinho possui, ainda, grandes aquíferos de águas
minerais.

Clima
Com temperatura média anual de 20°C média máxima anual de 27ºC e média
mínima anual de 16 C°, classificado como clima subtropical úmido Cwa, Brumadinho
apresenta estações bem definidas, sendo seca de Abril a outubro e chuvosa de
novembro a março.

Dados os principais aspectos geográficos e físicos de Brumadinho torna-se


evidente sua importância econômica - royalties da mineração - e preservação de
recursos naturais fundamentais não só para a grande RMBH, mas também ao
estado de Minas Gerais. Embora a relação possa parecer antagônica, os interesses
convergem em direção à preservação do espaço, já que muitas áreas foram
ocupadas por uma população abastada, especialmente pela expectativa de contato
com a natureza, vendida pelo setor imobiliário de alto luxo, e favorece também uma
boa Ilustração da atividade minerária frente à sociedade.
As mineradoras e o capital imobiliário passaram a se apropriar dos
mecanismos de preservação ambiental “[...] transformando-os em
mercadoria e agregando valor à terra e ao produto” (COSTA,2006, p. 120).

Para entender a dinâmica da relação de poder estabelecida no território de


Brumadinho pelo capital minerário\imobiliário é pertinente entender prioritariamente
a construção histórica da sua paisagem, sua ocupação e usos conflitantes.

4. HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE BRUMADINHO

24
Neste item será abordado o papel das bandeiras na formação da cidade de
Brumadinho, e também a história em si do município. Dessa forma, as informações
aqui inseridas foram extraídas do livro “Historias e Riquezas do Município de
Brumadinho” (1982) dos autores Décio Lima Jardim e Marcio Cunha Jardim. O livro
foi escrito por encomenda feita pelo ex-prefeito Professor Cândido Amabis Neto,
com o objetivo de destacar e manter viva a história e riquezas do município.
Segundo os autores JARDIM, D.L e JARDIM, M.C (1982) o processo de
formação do município de Brumadinho se divide em duas fases distintas, sendo a
primeira delas ao final do século XVII e início do século XVIII, devido a ocupação
dos bandeirantes no Vale do Paraopeba. Na primeira fase surgiram os povoados de
São José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba, Aranha e Brumado do Paraopeba
em que, mais tarde, suas terras deram origem ao município de Brumadinho. Já a
segunda fase possui relação com o período de nascimento da cidade de
Brumadinho e a construção do ramal do Paraopeba, da Estrada de Ferro Central do
Brasil, no início do século XX.
Nesse sentido, para que se entenda tal processo, é necessário compreender
o trabalho das bandeiras, que tinham como objetivo explorar e conquistar territórios.
Vale destacar as adversidades encontradas pelos bandeirantes em sua jornada de
penetração e conquista, enfrentando os desafios do relevo acidentado, florestas
desconhecidas e o confronto com tribos indígenas, que resultavam na morte de
grande parte dos nativos dessa região. Todo esse processo de desbravamento das
terras brasileiras é movido pelo desejo dos portugueses em encontrar riquezas que
pudessem ser extraídas e retiradas, sendo o ouro o principal objeto de desejo
(JARDIM, D.L; JARDIM, M.C, 1982).
Através do contato com os nativos da região, os bandeirantes passaram a
tomar conhecimento de suas lendas e histórias sobre lugares que continham
riquezas inexploradas. Dessa forma, tomaram ciência da possível existência de duas
serras, que teria a possibilidade de conter prata em sua composição. Uma das
serras recebeu pelos índios o nome de Itaberaba-açu - ou “montanha esplendente” -
e depois, pela transformação da pronúncia, passou a ser a Sabaraboçú. Já a outra,
por ser constituída de pedras preciosas, recebeu, também pelos indígenas, o nome
de Serra das Esmeraldas. Foram realizadas várias expedições para encontrar as
25
tais serras, porém todas sem sucesso. Sendo assim, o Rei de Portugal, D. Afonso VI
tenta convencer os bandeirantes paulistas a realizar uma nova expedição em busca
de Sabaraboçú e da Serra da Esmeralda.
É nesse contexto que se destaca Fernão Dias Pais, um sertanista da cidade
de São Paulo, prestigiado pela Coroa Portuguesa por desbravar o sul do Brasil,
chegando até a região que compreende atualmente o Uruguai. Tinha cinquenta e
seis anos quando recebeu do rei de Portugal uma carta régia solicitando que se
empenhasse em encontrar as minas das esmeraldas. Casado e já com a idade
avançada, Fernão Dias presava por descanso, entretanto o pedido do rei o fez
reconsiderar sua “aposentadoria” dos desbravamentos, se colocando à disposição
de montar uma grande expedição de conquista. A preparação dessa bandeira levou
cerca de dez anos, já a expedição aconteceu quando Fernão Dias possuía cerca de
sessenta e seis anos.
O roteiro realizado pela bandeira de Fernão Dias possivelmente percorreu
alguns caminhos, chegando em algumas regiões que atualmente compõem alguns
municípios mineiros e que, inclusive, constituem parte da Região Metropolitana de
Belo Horizonte. (Ilustração 8)

Ilustração 8 – Mapa do roteiro da bandeira de Fernão Dias

26
Fonte: Historias e riquezas do município de Brumadinho (1982, p. 22).

É importante destacar que essa trajetória levou a formação do povoado de


Piedade do Paraopeba, que se mostrou como um grande orgulho para Brumadinho,
sendo o local onde foi fundado o ponto de abastecimento para a bandeira mais
importante da história de Minas Gerais, que confere tal importância por ter explorado
longas distancias e, por consequência, formar povoamentos, ainda que tal
expedição não tenha encontrado as riquezas procuradas. Um dos efeitos do
bandeirantismo de Fernão Dias foi a facilitação da exploração do território por
desbravadores que vieram depois de sua existência.
Tal exploração levou à localização do ouro no Vale do Tripuí, região onde
atualmente está localizada Ouro Preto. Nesse sentido, a descoberta do ouro foi a
motivação para que se fosse iniciado intensa imigração para o estado de Minas
Gerais durante o século XVIII e, por consequência, o povoamento de algumas
regiões. Dessa forma, o Vale do Paraopeba foi ocupado também nesse momento, e
foi fundado os povoados de São José do Paraopeba, Aranha e Brumado do
Paraopeba (JARDIM, D.L e JARDIM, M.C 1982).
Os povoados formados iam se expandindo em torno dos primeiros centros
mineradores e se tornando pontos de abastecimento dos mesmos conforme era
encontrado ouro. Nessa perspectiva, os povoados se tornavam arraiais e
gradativamente iam crescendo, sendo construído nesses locais capelinhas que
depois poderiam se tornar igrejas, choupanas e ruas. Não tendo sucesso na
27
exploração do ouro, esses locais eram abandonados e os que ali residiam iam à
busca de novos lugares para moradia e exploração dos metais preciosos. Nesse
sentido, subentende-se que as igrejas de magnífica arquitetura construídas em São
José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba e Brumado do Paraopeba possuem
relação com a permanência dessas pessoas nas regiões que provavelmente tinham
êxito na exploração do ouro. A ilustração 9 mostra uma foto antiga da igreja matriz
de Piedade do Paraopeba.

Ilustração 9 – Foto antiga da Igreja Matriz de Piedade do Paraopeba

28
Fonte: Historias e riquezas do município de Brumadinho (1982, p.
68).

Aqui
pode-se finalizar a primeira parte dessa história que se direcionou a evidenciar a
compreensão, com maiores informações acerca de seu passado, da primeira fase
de formação do município. Por conseguinte, é possível adentrar ao ponto inicial de
sua segunda fase de formação, que tem como ponto de partida a construção do
Ramal de Paraopeba da Estrada de Ferro Central do Brasil. (Ilustração 10)

Ilustração 10 – Foto antiga da estação da estrada de ferro em


Brumadinho

29
Fonte: Historias e riquezas do município de Brumadinho (1982, p.
47).

De acordo com a autora Lanna (2012) a construção de malhas ferroviárias no


Brasil autoriza-se por meio da promulgação da lei n°101 ou lei Feijó:

Em 31 de outubro de 1835, poucos anos após Sthevenson ter posto em


movimento a primeira locomotiva, ligando Manchester-Liverpool,
promulgava-se no Brasil a Lei n° 101, conhecida como Lei Feijó, que
autorizava a criação de companhias que visassem construir uma "estrada
de ferro da Capital do Império para as de Minas Gerais, R i o Grande do Sul
e Bahia", com privilégio de uso garantido por 40 anos. Mas apenas em 1854
foram inaugurados os primeiros quilômetros de via férrea no Brasil. Foi
necessário que se passasse quase outra década para que ferrovias fossem
construídas a fim de atender às pretensões político-econômicas
estabelecidas nos anos 1830. (LANNA, p.8, 2012)

Nesse contexto, Jardim, D.L e Jardim M.C (1982) apontam para a importância
das construções das ferrovias para economia mineira:

Em 1896, o Governo Estadual havia organizado um Plano de viação férrea,


ligando entre si as estradas existentes e completando a rede convergente
para Belo Horizonte. Era um plano de ambiciosa envergadura, mas em 1937
já estava quase todo completado. O Estado de Minas Gerais arrojou-se na
construção ferroviária desde o final do século passado até o início do
presente. (JARDIM, D.L e JARDIM M.C, p.45, 1982).

O ramal Paraopeba faz parte dessa importante fase de edificação das


ferrovias, sendo as jazidas de minério de ferro encontradas nessa região o fator
determinante para a construção da linha. A obra do ramal Paraopeba movimentou
pessoas de várias regiões do Estado e até mesmo de fora do Brasil. Muitas famílias
de Brumadinho possuem origens estrangeiras, e isso se deve ao fato dos
trabalhadores do ramal ferroviário resolverem se instalar na cidade após o fim da
construção. A autora Lanna (2005) cita o uso da mão de obra e até mesmo da
matéria prima estrangeira no processo de construção das ferrovias no Brasil:

30
A participação em empresas ferroviárias foi, em todo o mundo, uma área de
atuação dos ingleses, seja no financiamento das várias empresas nacionais,
seja na atuação direta ou, ainda, através da atividade comercial de
exportação de locomotivas e demais materiais necessários para a
viabilidade dos empreendimentos. As atividades ligadas à montagem e à
operação das ferrovias faziam, na Inglaterra, parte do processo de
industrialização que desenvolveu o setor de bens de capital e consolidou as
bases da dominação mundial inglesa. Uma parcela significativa do material
em ferro, utilizado no Brasil, na construção das linhas, das máquinas e das
estações, era de origem inglesa. Nas décadas de 1850-1860, a mão-de-
obra qualificada envolvida na construção das primeiras ferrovias era
estrangeira. (LANNA, p.8, 2012)

Segundo os autores JARDIM, D.L e JARDIM, M.C (1982), quando a empresa


responsável pela construção chegou as proximidades de Brumado do Paraopeba, foi
instalado um ponto de reunião de material e de pranchas de mantimentos, ponto
este que também funcionava como acampamento de trabalhadores. Tal
acampamento deu a origem ao município de Brumadinho. Com a construção do
ramal em 1914 é que se teve início à construção dos primeiros casebres nessa
região, onde antes não havia nenhum sinal de habitação. A movimentação de
trabalhadores no povoado fez com que outras pessoas acabassem também se
instalando naquela região, transformando o povoado em uma pequena cidade.
A estação foi inaugurada em 1917, mas somente em 1918 é que foi concluída
a construção do prédio. Já em 1923, o povoado que se desenvolveu nos arredores
da estação recebeu o nome de “Distrito de Brumadinho”, pertencendo ao município
de Bomfim, sendo transferido à condição de distrito de Brumado do Paraopeba
(Conceição do Itaguá)2 para Brumadinho. Brumado, por sua vez, se extinguiu como
distrito e passou a pertencer ao distrito de Brumadinho. No ano de 1938 é criado o
decreto n°148 de 17 de Dezembro, que oficialmente criou o município de
Brumadinho, sendo nesse dia comemorado o aniversário da cidade.
O local recebe o nome de “Brumadinho” devido a estação ali construída que,
por sua vez, tem o nome originado do povoado mais próximo: Brumado do
Paraopeba. JARDIM, D.L e JARDIM, M.C (1982) revelam existir algumas opiniões
acerca do significado do nome “Brumado”

2
O distrito de Brumado do Paraopeba passou a se chamar Conceição do Itaguá. Conforme
aponta os autores JARDIM, D.L e JARDIM M.C (1982)
31
[...] A de uso mais corrente, mais conhecida, é que “brumado” tem origem
no fenômeno que ocorre nas proximidades na Garganta do Fecho do Funil,
de condensação de uma neblina forte- “bruma” – que dura, nos meses mais
frios, durante toda a noite e grande parte da manhã. Mas a explicação mais
correta nos parece outra. O termo “brumado” que foi dado no lugar,
significa, na linguagem do oeste de São Paulo (note-se: região de origem
dos bandeirantes que povoaram o Vale do Paraopeba), moitas cerradas e
baixas; mato ou capoeira basta fechada. (JARDIM, D.L e JARDIM M.C.
p.49, 1982)

Ainda que possua significados diferentes para o nome “brumado”, pode se


entender que ambos cabem como resposta para sua origem.
A origem do munícipio de Brumadinho evidencia que a existência da
mineração esteve presente em boa parte de sua história, sendo que a sua criação
se estabeleceu a partir de um ponto de apoio para os mineradores que buscavam
ouro na região. Anos mais tarde, o ouro deu lugar ao minério de ferro que se tornou
alvo das grandes multinacionais do ramo da mineração. Entretanto, o munícipio
também mostra sua busca em explorar e expandir seus potenciais turísticos para
ampliar a economia do munícipio em outros setores.

5. DA MINERAÇÃO À ATIVIDADE TURÍSTICA NA CARACTERIZAÇÃO


ECONÔMICA DE BRUMADINHO

Desde os tempos que procederam ao ciclo exploratório do ouro nas Minas


Gerais, a região do Vale do Paraopeba, na qual se encontra o município de
Brumadinho, têm sido um polo captador de primeira importância no que se refere à
mineração, em especial a ferrífera:

Na medida em que o ouro rareava – podemos concluir, tornando-se mais


custosa a sua extração -, mais nítida se tornava a necessidade de baixar os
custos de sua produção, fazendo aqui mesmo o ferro e as ferramentas
usadas na mineração. Assim é que tem início a produção siderúrgica em
Minas Gerais (JARDIM, D.L e JARDIM M.C. 1982, pg. 98).

Sabe-se que o ferro é extremamente necessário para o desenvolvimento da


siderurgia, e está para o progresso material e econômico das sociedades devido ao
seu uso indispensável nas indústrias de base que proporcionam novos produtos

32
essenciais para os outros ramos industriais, como o aço empregado na construção
civil em diversas escalas.
Nesse sentido, essa situação pode ser claramente observada no contexto
municipal de Brumadinho, sendo o setor industrial, englobando as atividades
mineradoras, um motor chave na dinâmica econômica local, como se depreende da
análise comparativa dos gráficos abaixo, que indicam a parcela do produto interno
bruto do município referente à atividade industrial e o produto interno bruto per
capita entre 2010 e 2017, respectivamente: (Gráfico 1 e 2)

Gráfico 1: Produto Interno Bruto (PIB): Indústria em Brumadinho

Fonte: IBGE, 2020

Gráfico 2: Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Brumadinho

33
Fonte: IBGE, 2020

Dessa forma, é possível quantificar e delinear as influências


aproximadas que o setor industrial, e com ele a mineração, exercem em relação à
totalidade da geração de riquezas, bens e serviços no município. Nota-se que o
formato linear apresentado para o PIB per capita segue aparentemente a mesma
forma do PIB computado para as atividades industriais. Assim, conclui-se que certa
forma de interdependência irá se estabelecer entre esse setor e os demais
processos, relações e dinâmicas socioeconômicas de Brumadinho:

Em termos econômicos, o desenvolvimento da mineração de larga escala


sabota e isola outros setores econômicos, expandindo sua presença em
detrimento de outras atividades produtivas. A formação dessas relações de
poder faz com que os empregos formais e as receitas dessas localidades
sejam compostos em grande parte pela atividade mineradora de larga
escala (COELHO, 2020, p.30).

Portanto, o preponderante município localizado no Quadrilátero Ferrífero, na


Região Central de Minas, destacou-se em oitavo lugar em 2008 no cenário estadual
da atividade mineradora; está delimitando, direcionando e afetando os rumos do
planejamento econômico do território, a natureza, forma e organização/distribuição
espacial das demais ações antrópicas e suas relações com o meio ambiente. Este
fato também pode ser nitidamente observado, através da disparidade na razão entre
o número de grandes empresas mineradoras e grandes
corporações de outros setores presentes no território brumadinhense, como
demonstrado no gráfico 3.

Gráfico 3: Número de grandes empresas por setor da produção no


município de Brumadinho no ano de 2008

34
Fonte: os autores, 2020

Além do grande papel exercido pela mineração nos circuitos econômicos de


Brumadinho, devem ser listadas aqui algumas atividades que complementam e
integram a produção local: pecuária (predominantemente leiteira); fruticultura;
olericultura; cachaça artesanal; exploração e comercialização de águas minerais;
construção/venda de condomínios horizontais e altíssima potencialidade turística.
A agropecuária mantém seu papel tradicional de importância nas dinâmicas
locais de empregabilidade e na configuração territorial do município ferrífero, sendo
principalmente composta por mão de obra familiar e trabalhada em pequenas e
médias propriedades, servindo como braço auxiliar no abastecimento da população
desde os primórdios da colonização do Vale do Paraopeba.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente no
ano de 2017 o número de pessoal ocupado na agropecuária chegou à marca de mil
quatrocentos e setenta e seis cidadãos, estimando um percentual aproximado de
15,07% em relação ao número total de pessoas ocupadas no município, de nove mil
setecentos e noventa e cinco indivíduo.
Essa funcionalidade da agropecuária nas lógicas produtivas internas de
Brumadinho é verificável de outro modo na computação das áreas ocupadas pelo
setor, comparadas com a extensão utilizada por outras atividades, em quilômetros
quadrados, no ano de 2017, como se apresentam no gráfico 4.

35
Gráfico 4: Comparação entre área ocupada pela agropecuária e o
restante da extensão territorial do município de Brumadinho no ano de 2017

Fonte: os autores, 2020.

5.1 O Papel do turismo na economia de Brumadinho

Outra atividade relevante na conjuntura econômica de Brumadinho que deve


ser mencionada é a ampla e diversificada gama de segmentos turísticos que tomam
forma ao longo do território municipal. A potencialidade dessa atividade decorre
principalmente da existência das mais propícias condições naturais, como o clima
agradável, reservas ambientais da fauna e flora, destaques topográficos e uma
posição geográfica relativamente bem situada junto às grandes vias, BR-040 e BR-
381, que ligam Brumadinho à metrópole central de Belo Horizonte. Dentre as várias
possibilidades que o turismo brumadinhense oferece, destacam-se: visitas guiadas a
sítios paisagísticos, trilhas, voos livres e reservas naturais (ecoturismo e turismo de
aventura); oferta gastronômica, festas, eventos e apresentações culturais das
comunidades tradicionais locais (turismo cultural e comunitário); além do famoso
museu, jardim botânico e parque temático do Instituto Cultural Inhotim, que desde
sua criação é um dos pilares e focos atrativos predominantes nos circuitos turísticos
do município, tendo já recebido aproximadamente três milhões de visitantes entre os
anos de 2006, de sua fundação, e 2017.
36
A influência do setor turístico cresce em Brumadinho e expande os efeitos
socioeconômicos de sua realização para as demais esferas que compõem o
mercado e a vida social cotidiana de uma maneira geral. Essa influência pode ser
brevemente visualizada por meio da análise do número de postos de emprego por
setor em Brumadinho, dos anos de 2002 até 2010. (Gráfico 5)

Gráfico 5: Emprego em turismo e mineração – Brumadinho: 2002-2010

Fonte: Faria, 2012.

Pode-se correlacionar essa “expansão turística” com a existência de uma


básica rede infra estrutural de serviços primários, ainda em desenvolvimento, sendo
constituída por diversos tipos de estabelecimentos, que proporciona e melhora a
viabilidade de investimentos relacionados ao turismo devido a sua capacidade de
recepção e retenção dos fluxos sazonais e contínuos de turistas. Essa rede pode ser
atestada como um dos fatores que permitiram desde cedo o crescimento do turismo
em Brumadinho, conforme dados levantados por Faria (2012) no quadro 1.

Quadro 1: Oferta turística – Nº de estabelecimentos: 2008-2010


Brumadinho

37
Fonte: Faria, 2012.

O quadro 1 testifica a existência antiga dessa rede infra estrutural que permite
o desenvolvimento de outras atividades turísticas; sendo que essa rede constitui-se
principalmente de empreendimentos na área de alojamentos (hotéis, pousadas,
albergues) e alimentação (restaurantes, bistrôs e lanchonetes).
Dessa forma, a visualização dos efeitos socioeconômicos decorrentes da
aceleração vertiginosa do crescimento turístico em Brumadinho torna-se claramente
observável; contabilizando-se agora como mais um nicho de exploração econômica
nas cadeias de produção e consumo locais, não podendo o estudo de tal fenômeno
ser descartado ou menosprezado, pois o mesmo se caracteriza atualmente como
uma peça chave para o entendimento e concretização da vivência comum dos
cidadãos do município.
Nesse sentido, a partir dessa sucinta caracterização econômica de
Brumadinho, fica evidente o laço de interdependência existente entre as demais
atividades locais em relação aos imponentes segmentos da mineração e do turismo.
Por um lado, há a continuidade tradicional e histórica do exercício minerador
influindo o poder financeiro/material advindo de sua execução em praticamente
todos os pequenos aspectos componentes da vida social, econômica e cultural
brumadinhense. Por outro, dá-se o advento dos empreendimentos turísticos como
um novo motor de transformação produtiva, material, paisagística e socioeconômica
do território.

38
Portanto, é necessário salientar a seguinte e iminente possibilidade: a
ocorrência de uma fatalidade qualquer provinda desses setores produtivos
invariavelmente trarão algum tipo de consequência e efeito na estrutura
socioeconômica de Brumadinho e nas vivências cotidianas dos seus habitantes.
Assim, estabelece-se a importância sumária e final deste estudo como uma
ferramenta para a compreensão das variações nos fluxos turísticos de Brumadinho,
em decorrência do rompimento da barragem I na mina Córrego do Feijão, em 25 de
janeiro de 2019, e seus efeitos na construção da memória e da identidade do sujeito
em relação ao tempo e espaço geográfico.
Para o entendimento claro desse fenômeno de interdependência e correlação
entre turismo, mineração e a dinâmica socioeconômica de Brumadinho; torna-se
vital o levantamento e listagem de algumas das mais proeminentes manifestações
culturais, de cunho folclórico e tradicional, vivenciadas pela população local: tratadas
enquanto potencial turístico e por isso mesmo passível de preservação diante de
ameaças provindas da operação em outros setores econômicos, como a mineração.
Dessa forma, destacam-se a seguir alguns dos principais pontos turísticos de
Brumadinho.

5.1.1 Artes, manifestações populares e folclóricas enquanto potencial turístico


de Brumadinho

O município de Brumadinho guarda até os dias atuais sua tradição em termos


de manifestações culturais. Tais manifestações são de origem da formação da
cidade. Algumas dessas manifestações como a Folia de Reis, as guardas de
Moçambique e as guardas de Congo, fazem parte dessa fase.
O município possui uma guarda de Congo e sete guardas de Moçambique
(Ilustração 11), sendo que suas apresentações acontecem nas festas religiosas
realizadas nas igrejas e capelas da cidade. Atualmente a sobrevivência desses
grupos se dá por auxílios institucionais ou através de rifas e bingos realizadas pelos
mesmos, para arrecadar fundos com o intuito de comprar vestuários e instrumentos.
Essa condição se faz presente tendo em vista que muitos estão sob risco de
extinção.
39
Ilustração 11- Guarda de Congo de São Benedito –
Povoados de Sapé e Marinhos

Fonte: Inventario de Oferta Turística de Brumadinho (2008 p. 255).

Em 1929 surgiu também a “Corporação Musical São Sebastião”, fundada


pelos senhores Tarcílio Gomes da Costa, Luiza Gonzaga Júnior e Messias Luis
Pereira. Tal corporação ainda está em atividade na cidade e completou 91 anos no
ano de 2020. (Ilustração 12)

Ilustração 12 - Corporação Musical São Sebastião

Fonte: Banda São Sebastião, 2020

Entre as festividades estão a festa do milho realizada na comunidade de


Suzana no distrito de Aranha, em comemoração à colheita do milho, geralmente
40
sendo realizada na segunda semana do mês de Maio. Brumadinho é líder na
produção de mexericas pokan e por isso realiza todos os anos a festa em
homenagem a colheita da fruta. O evento se realiza no povoado de Melo Franco no
distrito de Aranha nos últimos dias do mês de maio. Já a festa do padroeiro da
cidade ocorre todos os anos no mês de Janeiro. No dia do evento ocorre
cavalgadas, venda de gado, shows e procissão com a Ilustração de São Sebastião.
Segundo os autores JARDIM, D.L e JARDIM M.C (1982) nas raízes históricas
de Brumadinho contém a existência de comunidades quilombolas tendo origem dos
povoados de Marinhos, Ribeirão Rodrigues e Sapé. Tal comunidade foi formada por
João Borges, escravo liberto, que reuniu outros escravos da região para viverem
juntos em comunidade. A origem do nome Sapé vem das casas feitas de pau a
pique e sapé construídas em uma área cedida pelo fazendeiro e dono de escravos
João Borges.
Os autores JARDIM, D.L e JARDIM M.C (1982), falam ainda da história da
“Fazenda dos Martins” (Ilustração 13), que teve origem através da construção
realizada por um dos integrantes da bandeira de Fernão Dias. A neta de um destes
bandeirantes casou-se com Manoel Rodrigues Rabelo que era um grande
comerciante de escravos naquela região, justificando a existência de uma enorme
senzala nos fundos da fazenda. A fazenda é tombada pelo IEPHA, como patrimônio
público estadual.

Ilustração 13 - Fazenda dos Martins

Fonte: Conheça Brumadinho (2015, p.13)

41
5.1.2 Inhotim

Dentre os atrativos turísticos de Brumadinho, provavelmente a Instituição


cultural Inhotim é a mais “forte” e influente no turismo, fundado no ano de 2002, o
instituto é uma espécie de museu em espaço amplo e aberto que abriga diversas
esculturas, obras, realizando um trabalho de conservar e preservar todas estas artes
do estilo contemporâneo em dezenas de hectares, realiza um papel eficiente de
conhecimento e disciplina a toda a população, não só da região de Brumadinho, mas
de toda a região ao entorno na Região Metropolitana de Belo Horizonte. (Ilustração
14)
Apesar do instituto ter sido fundado em 2002, a sua projeção vem desde
meados da década de 1980, e a sua aberta por definitivo para a apreciação do
público e atos sociais em massa em prol do município em 2006, apresentando
dezenas e diversas artes ao ar livre.
O Instituto Inhotim começou a ser idealizado pelo empresário mineiro
Bernardo de Mello Paz a partir de meados da década de 1980. A
propriedade privada se transformou com o tempo, tornando-se um lugar
singular, com um dos mais relevantes acervos de arte contemporânea do
mundo e uma coleção botânica que reúne espécies raras e de todos os
continentes. Os acervos são mobilizados para o desenvolvimento de
atividades educativas e sociais para públicos de faixas etárias distintas. O
Inhotim, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público),
tem construído ainda diversas áreas de interlocução com a comunidade de
seu entorno. Com atuação multidisciplinar, o Inhotim se consolida, a cada
dia, como um agente propulsor do desenvolvimento humano sustentável.
(Historico Inhotim. https://www.inhotim.org.br/.Disponívelem:https://www.inh
otim.org.br/inhotim/sobre/historico/. Acesso em: 4 nov. 2020).

42
Ilustração 14 – Mapa Turístico do Inhotim

Fonte: Inhotim, 2020

Diversos artistas renomados compõem a imensa galeria do instituto, trazendo


uma enorme variedade de exposições aos olhos de quem esbanja interesse e olhar
afiado, autores como Hélio Oitica, Doug Aitken, Cildo Meireles, dentre diversos
outros. (Ilustração 15)
Podemos notar o quanto este espaço serviu para trazer a visibilidade para o
município e um grande impulso cultural através de seus atos e o quanto abriga uma
maneira interessante de expor as obras.

43
Ilustração 15 – Obra ao ar livre em Inhotim

Fonte: Conheça Brumadinho (2015, p.19)

De acordo com a autora Mendes (2018, p. 42), “O Instituto Inhotim


protagonizou um rol de transformações no município, a contar pela região onde se
instalou e pela reterritorialização acarretada da comunidade que habitava o
espaço.”.
Uma série de fatores espelham nessa imensa transformação e impulso
cultural entorno da região e as pessoas que acatam as ideias com facilidade, até
mesmo no cotidiano da cidade e questões econômicas como emprego e renda que
agradaram a ala cidadã e política de Brumadinho desde que o projeto despontou de
vez.
Essas transformações podem ser resumidas assim: reterritorialização da
comunidade local para a efetivação e expansão do projeto museal;
alteração da paisagem cultural; surgimento de fluxos turísticos;
congestionamento de vias municipais, principalmente em finais de semana e
feriados; aparição de estabelecimentos hoteleiros e alimentícios nas
44
proximidades da instituição; aumento dos valores dos terrenos ao entorno
do museu; empregabilidade gerada para cidadãos locais e de regiões
próximas; projetos culturais em parceria com as comunidades existentes no
município. Para subsidiar a discussão discorri tais transformações e
problemas dialogando com a literatura especializada proveniente dos
estudos sobre o campo da Memória, do Turismo e da Museologia.
(MENDES, 2018, p. 9)

Além do trabalho artístico, podemos notar o quanto a instituição se


compromete, pelo menos de forma visual, de como ocorre uma massiva
preservação de natureza, o “verde” que o espaço abriga é fortíssimo e abriga uma
diversidade de plantas em todo os 145 hectares, seu jardim botânico possui um
reconhecimento a nível nacional e internacional como destaque pelo trabalho de
cultivo e cuidado.
“Reconhecido com a chancela de Jardim Botânico desde o ano de 2010 pela
Comissão Nacional de Jardins Botânicos (CNJB) o JBI é, possui a maior coleção em
número de espécies de plantas vivas entre os jardins botânicos brasileiros”
(INHOTIM, 2020).
São mais de 4300 espécies de plantas sendo cultivas em todo o espaço do
Inhotim, tendo um breve destaque para as “Palmeira” (Ilustração 16), conhecido de
forma comum como Palmeiras, é mais espécie mais presente no espaço, o espaço
segue à risca, a proposta de Burle Marx, o mesmo trouxe a influência ao espaço
ainda quando a instituição era algo feito e idealizado no papel, mas o mesmo não
chegou a montar qualquer jardim, somente influenciar, e assim percebe-se uma
série de fatores de como sua percepção se espelhou no que o Inhotim carrega
atualmente em sua biodiversidade.

Sem dúvida, o Instituto beneficiou-se da rica biodiversidade da região. As


características dos biomas encontrados no terreno de Inhotim, com
predomínio de Mata Atlântica e encraves de Cerrado nos topos das serras,
são um terceiro aspecto a ser sublinhado no contexto das contingências que
contribuíram para a constituição da sua identidade. A riqueza em
biodiversidade apresenta-se favorável para a adaptação de muitas das
plantas que lá se encontram, advindas de diferentes regiões e continentes.
(VELOSO, 2014, p. 32).

Ilustração 16 – Palmeiras nos jardins do Inhotim

45
Fonte: Inhotim, 2020

5.1.3 A Serra da Moeda

A Serra da Moeda outro ponto turístico de suma importância em Brumadinho,


e a sua relevância se estende não só para o município mas também a todos no qual
a serra se prolonga, como Itabirito, Nova Lima, Ouro Preto, Belo Vale, e a própria
cidade de Moeda. (Ilustração 17)

Ilustração 17 – Mapa de uso e cobertura e uso do solo do setor da Serra


da Moeda

46
Fonte: Atividades recreativas fora de estrada (2019, p. 76)

A serra, no lado de Brumadinho, costuma ser mais conhecido como “Topo do


Mundo”, visto que a serra possui 1500 metros de altitude em relação ao nível do
mar, a caracterização também foi o nome batizado de um famoso restaurante o qual
possui uma forte estrutura e reconhecimento no local, o setor hoteleiro é diverso e
acaba atraindo grande movimentação de turistas por conta da serra, que contam
com pousadas que possuem uma boa estrutura.
O lugar carrega uma razoável oferta turística aos visitantes de sua região, ela
se destaca principalmente para a realização de atividades físicas e de adrenalina, lá
temos a possibilidade de realizar constantes voos de asa-delta e/ou parapente, nas
quais são realizadas por algumas empresas e escolas especialistas na atividade.
(Ilustração 18)

Ilustração 18 – Topo do Mundo, Brumadinho/MG

Fonte: Moises Silva, 2020

47
Além das atividades de maior adrenalina, muitas trilhas são realizadas pelos
turistas que buscam alguma alternativa de atividade física, e suas trajetórias acabam
sendo diversas, acaba dependendo de onde a pessoa que trilha opta por começar,
algumas como a “Caminhada Topo do Mundo”, “Trilha da Calçada” e “Trilha
Travessia Serra da Moeda x São Caetano” traz diversas paisagens diferentes e se
misturam com outras serras que são coladas ou próximas, são distâncias diferentes
e visões diversificadas em cada um dos roteiros.
A Serra traz uma diversidade de espécies em seu bioma (Ilustração 19). Vale
ressaltar que a serra tem caraterizações muito evidentes da mata atlântica, que tem
uma ampla área de domínio pelo estado de Minas Gerais, a serra é protegida por lei
em acordo com a Gerdau e o Governo Estadual para ser conservado, pois além de
carregar uma vasta biodiversidade rara e rica na região, é responsável pelo
abastecimento de uma parcela grande da população de Brumadinho, já que o ponto
abriga diversas nascentes, sendo batizado assim como Monumento Mãe D’Água.

As unidades de Conservação de Proteção Integral desenvolvem uma


grande função para a sociedade, como a preservação de áreas que servem
como recarga de aquíferos e, assim, produção de água utilizada para o
abastecimento público, em muitas vezes, sem necessidade de tratamento,
pois a água já é naturalmente de boa qualidade. Neste contexto foi criada a
Unidade de Conservação de Proteção Integral: Monumento Natural da Mãe
D’água, Serra da Moeda, Brumadinho/MG, com objetivo de preservar cerca
de 31 nascentes que abastecem uma população local de aproximadamente
12.000 pessoas e que, em datas comemorativas, aumenta para cerca de
20.000 pessoas, onde não há alternativa de distribuição de água pela
concessionária. (SILVA, 2013, p. 12)

Fundado nos arredores da serra, vários distritos e povoados que se abrigaram


em toda sua extensão ao decorrer do tempo e da história, o local acabou exercendo
um papel de enorme influência para estes povoados, reforçando a cultura como
estandarte e assim sendo fruto de valorização, tanto pela proximidade na localização
quanto pelo cenário em si, ou seja, a natureza acaba servindo como caraterização
principal nestas regiões que ganham uma visibilidade maior.

Ilustração 19 – Serra da Moeda

48
Fonte: Moeda, 2020

5.1.4 A Serra do Rola Moça

A Serra do Rola Moça (lustração 20), é abrigada e protegida como uma


Unidade de Conservação, e assim, abriga um Parque Estadual de 3941 hectares
sendo o terceiro maior em extensão de todo o país, e além de Brumadinho, se
estende aos municípios de Ibirité, Belo Horizonte e Nova Lima. Possui uma
avaliação positiva e o parque é constantemente buscado pelos turistas. É um dos
pontos de grande importância e relevância ao turismo do município.
O parque chegou a ser premiado por tantas avaliações e comentários
positivos recebidos, é o que cita o Instituto Estadual de Florestas (IEF) em 2018,
órgão gestor do local.
O TripAdvisor é um site de viagens que fornece informações e opiniões de
usuários sobre serviços relacionados ao turismo. O portal informa que o
Certificado de Excelência é concedido a estabelecimentos do mundo todo
que prestam serviços de alta qualidade, com base na avaliação dos
internautas cadastrados no portal. Ele é entregue a aproximadamente 10%
de todos os estabelecimentos que, invariavelmente, receberam avaliações
excelentes no ano anterior. Segundo a com Score, empresa especializada
em mensurar audiências, o TripAdvisor foi o site de viagens mais acessado
do mundo em 2017. (IEF, 2020)

O ponto turístico em Brumadinho tem como principal destaque, os mirantes


diferentes que o local proporciona, são três mirantes diferentes conhecidos pelos
seguintes nomes: Mirante Morro dos Veados, Mirante do Planeta e Mirante Morro
das Três Pedras. Os mirantes oferecerem vistas diversas e é possível observar em

49
cada um deles, pontos interessantes de outros municípios, como a região do
Barreiro em Belo Horizonte e a divisa da Capital com Ibirité, que são cidades
coladas.
Ilustração 20 – Serra do Rola Moça

Fonte:

TripAdvisor, 2016

Assim como a Serra da Moeda, o Rola-Moça costuma ser o “palco” de


diversas trilhas que seguem normas mais rígidas, mas sempre atrai os visitantes que
buscam por uma exploração, tais como a Trilha da Travessia ou a Estrada dos
Sertões são alguns dos diversos percursos ofertados pelo parque a quem interessar
apreciar melhor a natureza e o bioma. Além das caminhadas, atividades de ciclismo
são exercidas com muito fluxo pelas trilhas e extensões da serra, desde um simples
circuito até exercícios com mais adrenalina em descidas, subidas e desafios
imensos aos praticantes de Montain Bike, também proporciona diversas ações de
educação ambiental e lazer aberto, são muitas estruturas que oferecem
acessibilidade e conforto.
O Parque Estadual também abriga cachoeiras na região que são vinculadas
nas trajetórias das trilhas turísticas, uma das mais conhecidas é a Cachoeira das
Pitangueiras (Ilustração 21), que integra a trilha de mesmo nome, possui um
volume alto e tem altitude de 5 metros, carrega um rico bosque ao seu entorno em
uma parte de mata mais fechada. Outra cachoeira conhecida é a Cachoeira das
Duas Quedas, ela carrega um fato curioso, sua nomenclatura se deve pela queda de
água feita é realizada em dois tempos, ou seja, uma queda seguida de outra.
Ilustração 21– Cachoeira das Pitangueiras

50
Fonte: Nos Caminhos de Minas, 2014

A biodiversidade do Rola-Moça possui uma vasta variação de espécies, o


local se encontra em uma região onde ocorre uma transição de biomas entre Mata
Atlântica e Cerrado, portanto, é notável a região apresentar características de
ambos. Sua arborização apresenta muitas espécies, como ipês, cedro, murici,
aroeira branca, e diversas flores como canela-de-ema, orquídeas e bromélias.
A região abriga principalmente, espécies de Bromeliaceae, tendo 25
diferentes espécies, muitas delas ameaçadas de extinção dentro de Minas Gerais, o
que exige mais rigor e importância no trabalho de preservação, e maior controle nas
ações dos turistas. Além de sua rica flora aqui apresentada, diversas espécies da
fauna também habitam dentro da região, como tatus, gatos selvagens, veado, lobo-
guará, etc.
Apesar de proporcionar bastante espaço e demanda turística através de sua
área extensa, o Parque Estadual delimita os locais onde pode receber o fluxo de
visitas, pois a serra é importante no abastecimento de água para boa parte das
cidades próximas a capital de Belo Horizonte. A Companhia de Saneamento de
Minas Gerais(COPASA) se responsabiliza pelos cuidados e distribuição da água do
local para a Região Metropolitana de seis mananciais que o parque possui.
(Ilustração 22)

51
Ilustração 22 – Mapa turístico da Serra do Rola-Moça

Fonte:
Geopark, 2020

6. O

ROMPIMENTO DA BARRAGEM E O TURISMO EM BRUMADINHO

No dia 25 de janeiro de 2019, ás 12h 28min 25s ocorreu o rompimento das


barragens I, IV e IV-A localizadas na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho
(Ilustração 23). O fato teve repercussão nas mídias nacionais e internacionais, e
ficou conhecido como “Desastre da Vale”. Contabilizando 270 mortos, sendo que 11
vítimas ainda estão desaparecidas.
A barragem I destinava-se à deposição de rejeitos e as barragens IV e IV-A a
contenção de sedimentos, cujo dano potencial era classificado como alto – classe C.
Com o rompimento das três barragens, cerca de 13 milhões de metros
cúbicos de rejeitos de mineração contendo diversos metais pesados e substâncias
químicas oriundas do processo minerário foram lançados no meio ambiente
formando uma enxurrada de lama tóxica, com força para devastar o território por
onde passou. Soterrou o refeitório matando centenas de funcionários que
trabalhavam e almoçavam no momento do rompimento, alcançando ainda, parte da
comunidade da Vila Ferteco, área rural do município de Brumadinho.

Ilustração 23 – Local onde ficava o centro administrativo


da Vale, em Brumadinho
52
Fonte: Vinicius Mendonça, 2019

Os rejeitos de minério provenientes do rompimento das barragens destruíram


pontes, estradas, pousada, residências, propriedades rurais, vegetação, veículos,
contaminou o solo e o Rio Paraopeba, alterando o equilíbrio do seu ecossistema. A
perda de vidas humanas marcou o ocorrido, que também deixou um rastro de
destruição causando inúmeros reflexos socioeconômicos e socioambientais para
além dos limites do município chegando a: Mário Campos, São Joaquim de Bicas,
Betim, Igarapé, Juatuba, Esmeraldas, Florestal, Pará de Minas, São José da
Varginha, Fortuna de Minas, Pequi, Maravilhas, Paraopeba, Papagaios, Curvelo,
Pompéu.
As consequências imediatas acabaram se arrastando por meses, os
habitantes enlutados lidaram ainda com o deslocamento forçado de suas casas, o
caos nos hospitais, dificuldades de locomoção, serviços interrompidos,
desabastecimento de água, constantes buscas por corpos, o medo e a insegurança
pelos empregos perdidos e impossibilidade de desenvolver qualquer atividade
econômica dentro desse contexto caótico.
Os danos ambientais constituem-se principalmente na devastação de 140
hectares de vegetação, e a contaminação do Rio Paraopeba (Ilustração 24),
ocasionando um desequilíbrio do ecossistema aquático. Tais danos impactaram
53
diretamente as comunidades rurais e tradicionais que era fortemente ligada ao rio,
tanto pela cadeia econômica relacionada à pesca e agricultura, quanto pelas
tradições culturais.

Ilustração 24 – Retirada de rejeitos do Rio


Paraopeba

Fonte: Raquel Freitas,2019

Foi realizado pelo Ministério Público do estado (MPMG) um mapeamento


preliminar dos danos até a data do dia 30/04/19, a fim de reunir dados para a ação
civil pública movida contra a empresa Vale S.A. O documento aponta entre outros
danos: Prejuízos à infraestrutura pública e urbanismo, danos ao setor de comércio e
serviços, impactos diretos no setor de turismo, impactos na saúde, danos à
agricultura e atividade pesqueira, danos ao meio ambiente. Dentre vários direitos
humanos fundamentais violados estão: o direito à vida e à integridade física e
psíquica, direito à moradia e à propriedade, direito ao trabalho, direito à saúde, do
direito à educação (MPMG p,121). (Ilustração 25)

54
Ilustração 25 – Local onde ficava a Pousada Nova Estância que foi
destruída pela lama do rompimento

Fonte: Jornal O Tempo, 2019

Os impactos sociais e ambientais ainda teriam outros desdobramentos


fisicamente prejudiciais aos habitantes, conforme o Instituto Fiocruz concluiu em
estudos sobre os riscos à saúde dos afetados pelo rompimento:

Segundo estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as consequências


do Desastre da Vale irão perdurar por anos. A lama tóxica produzirá danos
a curto, médio e longo prazo, à população de Brumadinho e da calha do Rio
Paraopeba. Os impactos na saúde, em virtude da contaminação dos rejeitos
de minério de ferro, abarcam doenças infecciosas, respiratórias, mentais [...]
pode promover a transmissão de esquistossomose, pois a degradação do
leito do rio Paraopeba e de seu entorno vai produzir alterações significativas
na fauna, flora e qualidade da água, como perda de biodiversidade,
55
mortandade de peixes e répteis. “A bacia do rio Paraopeba é uma área de
transmissão de febre amarela e um novo surto da doença não pode ser
descartado. É urgente a vacinação da população” (MPMG p.74).

As atividades econômicas desenvolvidas no município sofreram impactos


significativos, principalmente aquelas atreladas a agricultura, pesca, e ao turismo.
Os negócios que constituem a cadeia produtiva do turismo enfrentaram problemas
com bloqueio das vias de acesso, interrupção das atividades pesqueiras, o luto e
temor de outro rompimento. Como demonstra o relatório da ação civil pública do
MPMG:

Após o Desastre da Vale o turismo teve um declínio drástico em


Brumadinho, o que causou prejuízo a pousadas, restaurantes e comércio de
pequeno e médio porte (fornecedoras das pousadas e restaurantes).
Relataram que praticamente todas as reservas estão sendo canceladas nas
pousadas. Vários restaurantes e pousadas estão fechando em razão disso.”
(Relatório CIMOS, 03 de abril de 2019, Grota Grande, Brumadinho-MPMG
p.86).

Ainda de acordo com o MPMG, o museu de arte contemporânea Instituto


Inhotim (Ilustração 26), o principal responsável pelo fluxo turístico no município,
ficou fechado temporariamente acarretando prejuízos para rede hoteleira, e demais
trabalhadores do ramo.
Um dos maiores museus a céu aberto da América Latina,
internacionalmente reconhecido, o Inhotim, teve a diminuição em mais da
metade no número de seus visitantes e chegou a ter suas portas fechadas
por dias. As reservas passaram a ser canceladas nas pousadas e um
grande clima de incerteza paira sobre a atividade turística, reflexo que
também é sentido ao longo da bacia (MPMG 2019 p87 )

56
Ilustração 26 – Museu Inhotim em Brumadinho - MG

Fonte: Raquel Freitas, 2019

O documento reúne a síntese dos resultados obtidos com a apuração dos


dados, numa lista com os principais problemas causados pelo desastre ao segmento
turístico até aquele momento.

Impactos diretos no setor de Turismo, decorrentes do rompimento da


barragem 1. Mobilidade urbana devido à obstrução do principal acesso que
liga a sede do município ao interior; 2. Inhotim maior indutor de turismo em
Brumadinho permaneceu fechado durante 02 (duas) semanas em respeito e
solidariedade ao município; 3. Destruição de uma pousada que possuía 15
(quinze) unidades habitacionais (UH”s) e uma capacidade total de 42 leitos,
o que diminui significativamente a capacidade hoteleira da região;
4. Diminuição do fluxo de turistas no município devido a insegurança de vir
para região em virtude das atividades minerárias existentes; 5. 33% de
redução no fluxo de visitantes no Inhotim considerando os meses de
fevereiro, março e abril, totalizando aproximadamente 11.488 visitantes a
menos em relação a 2017. Não se considerou o ano de 2018, visto que no
mesmo período o município passou por uma epidemia de febre amarela e,
em seguida, paralisação nacional dos caminhoneiros; 6. Desaquecimento
da receita turística local (transporte, alimentação, hospedagem); 7. 90%
cancelamentos de reservas de turistas durante os meses de fevereiro e
março nos hotéis e pousadas da região; (MPMG 2019 p.102)

57
Segundo o documento, "o setor de turismo, que até então estava em
constante crescimento, mas, após o rompimento das barragens, houve um recuo no
desempenho do setor.” (MPMG 2019 p 103)

7. UMA REFLEXÃO SOBRE O ESTUDO DE CASO

Conforme a proposta deste estudo, procuramos entender os efeitos que o


rompimento da barragem de mineração causou no setor de turismo a partir dos
relatos da prefeitura do município e empresários do ramo de hospedagem e
restaurantes que dependem do fluxo de turistas para se manterem financeiramente.
Através de entrevistas foram obtidas informações que demonstram a perspectiva
desses que foram atingidos indiretamente pela tragédia/crime da Vale. Foi
entrevistado um representante do departamento de Turismo da Prefeitura Municipal
de Brumadinho, dois proprietários de restaurantes localizados na sede do município,
três proprietários de pousadas localizadas nos municípios de Piedade do
Paraopeba, Casa Branca e na sede de Brumadinho, uma ex-funcionária do Instituto
Inhotim e empreendedora no assentamento Pastorinhas. Já para fins de
informações técnicas foram entrevistados dois professores do curso de Geografia da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais que autorizaram a divulgação de
seus respectivos nomes, já os demais entrevistados solicitaram que seu nome não
fosse citado, optamos por estender a todos os entrevistados.
De acordo com as informações fornecidas tanto pelos donos de
empreendimentos quanto pela prefeitura havia um constante e expressivo fluxo de
turistas que visitavam o município antes do rompimento. Esse quadro que se
inverteu após o ocorrido, vários setores da economia local foram afetados, além do
turismo, a própria mineração, agropecuária, restaurantes e comércio em geral.
Alguns negócios devido à localização próxima ao córrego do feijão tiveram impactos
diretos, outros devido ao luto que se instalou na cidade inteira.
Como no caso do Instituto Inhotim que embora esteja localizado mais distante
do ocorrido, teve suas portas fechadas, causando prejuízos financeiros para toda a
cadeia de empreendimentos que prestam serviços aos turistas que visitam o museu.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o diretor executivo do Instituto, Antônio Grassi
58
disse que apesar das instalações não terem sido afetadas, não havia possibilidade
de abertura porque seus funcionários foram afetados e a sociedade se encontrava
em luto. Alguns funcionários estavam recebendo atendimento psicológico depois do
rompimento da barragem da Vale. “Isso porque 80% deles moram na cidade e um
grande número tem parentes na lista de desaparecidos “. Em abril de 2019 o
Instituto publicou em site inhotim.org.br a seguinte nota:

Acreditamos que, atualmente, a melhor forma de ajudar a cidade é


fortalecendo sua reconstrução por meio da valorização da cultura, do
turismo e das riquezas naturais de Brumadinho. Além do Inhotim, a cidade
conta com uma extensa área verde, com diversas espécies da Mata
Atlântica e do Cerrado, cachoeiras e trilhas, além de ser uma cidade com
rica oferta cultural, com tradições de congado e comunidades quilombolas
reconhecidos. Nos últimos tempos, muitos hotéis e pousadas foram
construídos na região devido à crescente do turismo. Visitar Brumadinho,
prestigiar o Inhotim e informar sobre o funcionamento e a programação do
Instituto para outras pessoas também é uma forma de colaborar com uma
cidade que busca se reerguer (Instituto Inhotim, 2019).

Em todos os relatos obtidos, foram aferidas afirmações que denotam


impactos psíquicos e emocionais para toda a população do município, o que
também comprometeu também os negócios locais.

Imagina uma cidade onde todo mundo conhece todo mundo e todo mundo
perdeu um amigo um vizinho um parente. Então, pelo menos nos dois
primeiros meses você não tinha cabeça para sair e comprar uma roupa,
para passear para viajar sair à noite para um restaurante então assim todos
os negócios na cidade foram atingidos com rompimento da barragem.
(Empresário do ramo de gastronomia, em entrevista realizada no dia 12 de
novembro de 2020.)

Ao perguntarmos se o rompimento da barragem causou efeitos negativos


nos negócios associados ao turismo, foi respondida de forma unânime pelos
entrevistados: Sim, os negócios do segmento turístico em Brumadinho sofreram
com a tragédia do rompimento, tanto em aspectos financeiros/econômicos quanto
em aspectos pessoais e emocionais. Alguns negócios chegaram a encerrar suas
atividades.

59
De acordo com órgãos públicos do município, o rompimento desencadeou ou
aprofundou a crise econômica principalmente nos negócios dos ramos de hotelaria e
alimentação, voltadas para o turismo, que já enfrentavam dificuldades antes da
tragédia.

A gente tinha um fluxo bem grande, bem forte né!? E assim, principalmente
final de semana e feriado, chegava à lotação máxima, e após o rompimento,
teve uma queda aí de talvez 90% do fluxo de clientes que a gente tinha e
em detrimento do rompimento né?! Pelo medo e insegurança mesmo, das
pessoas de estarem vindo pra uma região que aconteceu... Apesar de a
gente estar à 15 quilômetros né!? De onde aconteceu a tragédia né!? Mas
mesmo assim é... Quando fala que nós estamos em Brumadinho é... acaba
que naturalmente as pessoas já associam né!? (Empresária do ramo de
hospedagem em entrevista realizada no dia 18 de novembro de 2020.)

Os entrevistados citaram as noticiais veiculadas na imprensa como um fator


agravante da situação. Segundo eles, diante da enorme repercussão do caso,
predominou-se uma versão deturpada que sugeria que todo o território municipal
teria sido afetado pela lama, assim contribuíram para reduzir o fluxo de turistas na
região.

Foi muito mal noticiado, a barragem rompeu a uns 20 km da sede, e muitas


pessoa acham que a cidade foi devastada. Não teve o trabalho de mostrar
que foi longe do centro. (Empresário do ramo de hospedagem gastronomia,
em entrevista realizada no dia 12 de novembro de 2020.)

O principal ponto de dicotomia entre os empresários do segmento turístico e


a secretaria de turismo municipal, encontra-se no relato sobre as ações tomadas
para mitigação dessa crise econômica que se instalou no setor após o rompimento.
Segundo os empresários houve poucas ações significativas no sentido de retomada
da atividade, a principal ação citada foi a campanha de publicidade veiculada na
emissora Rede Globo, realizada pela Associação de Turismo de Brumadinho em
parceria com órgãos públicos e financiada pela mineradora. E também citaram uma
ação que para eles foram insatisfatórias diante do desafio como: palestras e
consultorias que a mineradora ofereceu aos gestores do ramo.

60
Ao ser questionada a Prefeitura enumera diversas ações tomadas pelo
órgão para recuperação do turismo em parceria com a Vale, além da campanha
“Abrace Brumadinho” citada pelos empresários. Conforme o representante da
Prefeitura, o plano de recuperação visava a melhoria da estrutura física da cidade, a
capacitação de pessoas do ramo e a promoção e fomento do setor, porém devido a
pandemia somente as obras de infraestrutura foram realizadas.
(...) era uma proposta que nós tínhamos, tudo isso, desde dezembro, era
algo que a gente queria caminhar, onde veio a pandemia, também a gente
não pode deixar de falar disso. Então muito dessas ações, principalmente
as de qualificação e as de promoção, elas foram suspendidas, as únicas
que continuam são as de estruturação, as de infraestrutura, essas
continuam, boa parte delas. (Entrevista realizada com Turismólogo e gestor
da Secretaria municipal do Turismo e Cultura de Brumadinho no dia 13 de
novembro de 2020.)

Seguindo nossos objetivos, exploramos questões ligadas ao turismo,


solicitando a visão da comunidade sobre vários aspectos ligados ao tema. Como por
exemplo a relação conflituosa dada entre os dois usos econômicos do espaço, a
mineração e o turismo, cuja complexidade mostra-se neste contexto atual em que
uma tragédia minerária causou impacto na paisagem e nas relações sociais que
envolvem todos os demais usos do espaço, principalmente o turismo, visto que a
paisagem é o fator que viabiliza a atividade. Os entrevistados mencionaram que este
debate ganhou mais importância principalmente depois do rompimento e que, entre
os moradores existem grupos que lutam contra a atividade minerária e também
pessoas que defendem a mineração, especialmente caminhoneiros e outros
trabalhadores ligados ao ramo.

Grupos que lutam contra mineração o argumento deles aqui na nossa


região é voltado para esse aspecto da água, então a luta é na verdade em
defesa da água e a mineração é uma coisa que está destruindo as nossas
águas né!? E água é vida, água é tudo né!?. E mineração a gente sabe que
o minério acaba né, ele não é uma fonte renovável. Então quando eles
acabarem de minerar aqui, quando acabar todos os contratos eles vão
embora, daí a gente vai ficar sem água? Esse é o argumento. E bom, tem
aquelas pessoas que defendem a mineração e que são principalmente os
órgãos públicos, pois dependem desse dinheiro, dessa atividade econômica
e os trabalhadores que também dependem dessa atividade econômica,
então aqui em Casa Branca a gente tem muito motoristas de caminhão, tem
pessoas que trabalham na área administrativa também, então essas
pessoas defendem que a mineração tem que existir, e tem mesmo né, só
que não dessa forma desequilibrada como acontece. (Empresária do ramo
de hospedagem em entrevista realizada no dia 18 de novembro de 2020)

61
Apesar de todos os entrevistados manifestarem medo de uma outra tragédia
e uma preocupação com os danos ambientais causados pela mineração,
especialmente pela questão da preservação dos mananciais, eles também
expressaram ter consciência da importância econômica que a mineração tem para a
renda e receita do município. De acordo com eles, as duas atividades podem
coexistir desde que bem regulamentadas para que a mineração fosse feita de forma
mais responsável e limitada a área que ocupa. Nesse sentido, alguns entrevistados
levantaram temores em relação à expansão da atividade mineradora, a mesma
poderia acabar inutilizando o potencial turístico de algumas áreas propícias para tal
atividade. Essa conjuntura se viabilizaria através de uma reelaboração da
administração e planejamento do uso do território municipal, pela qual se
determinariam zonas específicas para a execução das duas atividades; visando a
utilização equilibrada do espaço municipal.
A mineração é fundamental para nosso dia a dia, todo mundo entende que
esse é um mal necessário, então é determinar bem, não é daqui uns anos
correr o risco deles conseguirem uma licença ambiental e minerarem a serra
da moeda, é determinar bem isso aqui é turismo e vai ser sempre assim,
isso aqui é mineração, e vai ser sempre, dessa forma os dois podem
coexistir. (Empresário do ramo de hospedagem e gastronomia, em
entrevista realizada no dia 12 de novembro de 2020.)

O minério-dependência é um debate que ganhou mais espaço e ainda mais


relevância principalmente após as tragédias de Mariana e Brumadinho. Torna-se
mais pertinente discutir formas alternativas à econômicas de cidades minerárias, que
constituam menor impacto social e ambiental. Pelo o que foi observado nos relatos
coletados, há um consenso de que o turismo representa essa alternativa, visto que o
ramo está entre os pilares da economia do município, movimentando uma grande
cadeia de serviços e comércios ligados à atividade. Segundo a prefeitura são 2 mil
empregos diretos, fora os empregos informais. Porém os empresários consideram
insuficientes as ações da prefeitura (que são mais voltadas para obras na estrutura),
e cobram um investimento específico na área.

(...) a gente chama de "minério dependentes” né!? Eles são muito


dependentes dos royalties que o município recebe né!? Então não há muita
vontade pública pra fazer acontecer o turismo no município. Apesar de ter

62
umas ações muito isoladas assim né!? Enfim, como às vezes placas eles
colocam coisas bem básicas assim. Falta um apoio maior por parte da
prefeitura, pra que isso seja prioridade nos planos de ação, porque tudo ta
muito vinculado ainda com a mineração, a mineiro-dependência, como eu
havia citado, então tudo é voltado para a mineração, então por exemplo tem
que ver se a estrada está boa porque os caminhões precisam passar com
minério, e (...) então é muito pensado nessa logística de transporte de
minério do que o turismo em si né!? (Empresária do ramo de hospedagem
em entrevista realizada no dia 18 de novembro de 2020.)

Segundo a prefeitura, a mineração gera valores muito superiores aos gerados


pelo turismo, porém para a comunidade este tem maior importância econômica e
social, por fim chama a mineradora a responsabilidade de fomentar outras
atividades.

Você tem essas três matrizes econômicas. Uma, do ponto de vista


econômico, ela é suficiente para o município, que é a mineração. O turismo
e a agricultura, talvez do ponto de vista econômico de arrecadação
municipal, talvez ela é insignificante. Porque os royalties do minério são
muito superiores aos impostos gerados pelo turismo que é o ISS né, então é
muito superior. Mas o que se deve avaliar é a riqueza econômica, que é a
questão de empregabilidade, então o turismo ele emprega muito mais que a
própria mineração, o turismo ele gera uma cadeia de serviços terceirizados
muito superior ao da mineração, então assim, eu imagino que essas
atividades elas se completam. Agora, a mineração pra ela ficar no topo,
como ela está eu acho que ela tem que fazer é fortalecer as matrizes
econômica já existentes, porque como ela é limitar, como ela, mais cedo ou
mais tarde, vai se findar. (Entrevista realizada com Turismólogo e gestor da
Secretaria municipal do Turismo e Cultura de Brumadinho no dia 13 de
novembro de 2020.)

O ponto turístico de maior notoriedade na região é o Museu a céu aberto


Instituto Inhotim, que recebe grande número de visitantes todo ano. Sobre o Instituto
Inhotim e seu papel na cadeia de turismo da região. Todos os entrevistados
disseram que o museu é o ponto central de visitação e é fundamental para o ramo
de hospedagem e alimentação em seu entorno. O Turismólogo entrevistado, diz que
o museu além de ser um indutor para Brumadinho como destino turístico, também
gera fluxo para o turismo nacional e pontua que: “Inhotim não só de Brumadinho,
mas também do Estado e do País, um dos maiores indutores de turismo hoje.”
Porém alguns entrevistados acrescentaram que infelizmente o fluxo de
turistas não alcança a maioria dos negócios localizados no interior da cidade, ou não
agrega muito a outros pontos turísticos mais distantes. O ponto central levantado

63
pelos entrevistados foi a insatisfação quanto a divulgação dos outros pontos
turísticos existentes na cidade. Para a maior parte, existe muito potencial além de
Inhotim, porém este recebe pouca atenção da prefeitura, o acaba não gerando o
fluxo de turistas que poderia.

Você chega na cidade se não tem placa, não tem sinalização, se não tem
uma casa de Cultura bem situada com opções de coisas para fazer um
guichê dando informação uma coisa assim a pessoa fica perdida. Ela chega
faz o que tem que fazer no caso visita em Inhotim, vai para um hotel come e
dorme e vai embora sem saber das outras opções, quando ela poderia ter
ficado aqui consumindo na cidade, mas uns dois dias ajudando o comércio
local ajudando uma cadeia de prestação de serviços não é só os hotéis e
restaurantes. A pessoa que está aqui ela sente uma dor de cabeça precisa
de um remédio, estou te dando exemplos de que acontece aqui: um chinelo
arrebenta ela precisa comprar numa loja de tênis. Então assim não é só a
rede de hotelaria e restaurantes e na área de prestação serviços, é
comércio todo ele ganha com isso a pessoa abastece o carro quando vai
rodar mais aqui na cidade. Então precisa entender que desenvolver turismo
não é ajudar hotel e restaurante é a cidade toda, o comércio local e a cadeia
de prestação de serviços. Então se investe na promoção do turismo, um
portal bonito, as pessoas saberem as opções que tem, a pessoa tem uma
reserva no hotel para 2 dias ela vai ficar quatro para conhecer essas outras
opções. (Empresário do ramo de hospedagem e gastronomia, em entrevista
realizada no dia 12 de novembro de 2020.)

Ao serem perguntados sobre os pontos turísticos de Brumadinho,


observamos que os relatos não contemplavam uma descrição de todos os pontos de
interesse turístico localizados no território municipal, os empresários citaram alguns
pontos mais notórios como por exemplo o Instituto Inhotim, as Serras, Igreja Nossa
Senhora da Piedade, Quilombos, sempre se atentando a própria localização do seu
negócio, ou ao seu contexto social. Por exemplo: os atrativos naturais foram mais
citados pelos empreendedores situados no distrito Casa Branca, já um
empreendedor situado no centro de Brumadinho desconhece os festivais de
produtos agrícolas que acontecem no distrito Aranha. Evidenciando uma visão
desintegrada acerca dos atrativos turísticos.
A mesma pergunta foi direcionada ao representante da prefeitura, que citou
uma lista precisa dos pontos, inclusive distinguindo potenciais pontos turísticos e
atrações consolidadas, e as ações tomadas em termos de reestruturação,
sinalização e divulgação dos pontos. Tal relato tornou evidente que possivelmente a
desinformação também atrapalha o fluxo de visitação mais abrangente do destino e

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as atividades ofertadas. A prefeitura cita o problema e lista ações para orientar a
população, centrados na conscientização a partir de materiais educativos, voltados
para as escolas, para informar os alunos sobre o que é patrimônio, quais tipos de
patrimônio existem dentro do município, etc.

Este programa ele tem algumas diretrizes que envolvem a questão da


promoção, dessa divulgação do além do Inhotim, e a questão da educação
para o patrimônio cultural, que envolve do próprio Brumadinho reconhecer
que existe dentro do território. Porque muitas das vezes, o turista ele chega
perto de alguma pessoa, que pode ter alguma informação: “o que é que tem
pra eu fazer aqui? Além de Inhotim?” E na maioria das vezes, tanto
moradores, quanto pessoas que trabalham no comércio, ou até os próprios
prestadores de serviços mesmo; “não, aqui não tem nada o que fazer, aqui
só tem Inhotim”. (Entrevista realizada com Turismólogo e gestor da
Secretaria municipal do Turismo e Cultura de Brumadinho no dia 13 de
novembro de 2020)

Segundo a prefeitura, essas e outras ações estão compreendidas em um


plano municipal de desenvolvimento do turismo, algumas já realizadas outras foram
adiadas diante do contexto de pandemia. O fato que constatamos é que tais ações
não se encontram nos relatos dos empresários, sugerindo assim que existe pouca
articulação entre as empresas do ramo e a prefeitura.
Perguntamos a respeito de alguns festivais famosos que poderiam ser
relevantes para o setor, como no caso do evento gastronômico Brumadinho
Gourmet, para empreendimento localizado na Zona Rural este evento foi
considerado restritos a participação de negócios relacionados às classe alta situada
no distrito Casa Branca e pouco significativo para o turismo como um todo : “não é
um Brumadinho Gourmet é Casa Branca Gourmet.”. Resposta parecida recebemos
de um empresário do ramo de gastronomia localizado no centro:

(...) ano passado foi em setembro o último antes da pandemia. Esse festival
com mais de 30 restaurantes só tinha um de Brumadinho. O festival
gastronômico desculpa minha franqueza, mas ele é muito mal organizado,
porque não valoriza em nada o que é de Brumadinho. Quem organiza o
evento é uma equipe acho que nem mora aqui na cidade, então assim o
festival gastronômico Brumadinho gourmet de Brumadinho não tem nada.
(Empresário do ramo de hospedagem e gastronomia, em entrevista
realizada no dia 12 de novembro de 2020.)

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Esta fala nos remete ao aspecto de identidade que o turismo carrega, as
pessoas querem se ver no turismo e compartilhar um pouco das tradições das
pessoas daquela cidade, e não somente vender uma experiência desconexa com as
suas vivências. Tal crítica ao festival gastronômico também pode ser feita ao
Instituto Inhotim conforme o relato de uma ex funcionária que trabalhava no setor de
educação ambiental do museu onde desenvolvia ações junto à comunidade:

O Inhotim é uma exceção, ele não representa as pessoas, não representam


as comunidades de Brumadinho, ele representa artistas conceituados de
arte contemporânea, então a gente não está falando de um museu de
Brumadinho é um museu que está em Brumadinho. (Ex-funcionária do
Instituto Inhotim, e empreendedora no assentamento Pastorinhas em
entrevista realizada no dia 23 de novembro de 2020.)

O turismo de base comunitária insurge como uma forma mais representativa


da cultura regional e mais sustentável, porém não conta com qualquer incentivo
financeiro por parte de órgãos públicos ou de empresas como a Vale, sendo
inteiramente desenvolvida de forma independente pela comunidade que reside ali.
Em entrevista nos concedida, a ex funcionária do Instituto que também é bióloga e
gestora de um dos projetos que visa o ecoturismo associado a comunidade cita
exemplos de turismo comunitário existentes em Brumadinho:

(…) a comunidade que eu trabalho, e uma comunidade rural, uma


comunidade de assentamento, uma comunidade a gente já desenvolveu por
dois anos, a gente realizou festivais lá nessa comunidade, tem trilha, talvez
a gente pensar em um turismo de base comunitária né, a gente tem
trabalhado isso, temos interesse nisso, no turismo rural, então tem as
comunidades quilombolas(…) porque às vezes o pessoal acha que só existe
Inhotim em Brumadinho, mas eu acho que não, eu acho que existe muito
mais, e coisas que eu considero até mais ricas assim, as próprias
comunidades, a forma de vida delas, como que elas se organizam, o que
elas pensam, o que elas trazem de história também... então eu destacaria
de imediato o Assentamento Pastorinhas que é onde eu estou atuando
diretamente e os quilombos... principalmente o quilombo de Marinho, que
onde eu conheço duas pessoas que estão à frente das atividades (Ex
funcionária do Instituto Inhotim e atual empreendedora no assentamento
Pastorinhas, em entrevista realizada no dia 23 de novembro de 2020.)

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Durante todo o processo de investigação dessa problemática que se insere os
negócios de Brumadinho após o rompimento, ouvimos os medos e angústias de um
setor que depende das visitações para se manterem, mas que por outro lado
também compartilha do medo dos visitantes em relação a possível insegurança das
barragens de mineração, ainda que a atividade minerária não ocorra na área
turística do município, o rompimento marcou a comunidade inteira.

Acredito que não que não sejam entrave, mas que as pessoas têm medo
isso tem. Recentemente foi notícia que tinha achado uma rachadura em
outra estrutura lá na vale na verdade, na mesma estrutura parece que era
uma barragem muito grande essa que se rompeu e tem mais rejeitos lá e foi
encontrado uma rachadura, isso causou um enorme reboliço aqui na cidade,
todo mundo tem medo foi muito trágico o que aconteceu aqui na cidade.
Algumas vezes eu tenho conversado com turistas principalmente hoje que
dá para falar com mais naturalidade. (...) Então assim essas cicatrizes elas
são bem frescas por que não fazem dois anos e ninguém tava pronto
ninguém esperava que isso pudesse acontecer algum dia, então quando se
fala em barragem aqui na cidade todo mundo treme todo mundo tem medo.
Quando fala qualquer coisa na tv sobre barragem quando aparece
Ilustração é muito doído para gente é muito sofrido pra gente. (Empresário
do ramo de hospedagem e gastronomia em entrevista realizada no dia 12
de novembro de 2020)

Que se depara ainda com novas incertezas agora causadas pelo atual
contexto de pandemia. As interrupções dos serviços de lazer e turismo para
prevenção do risco de contaminação, se mostra um novo desafio para os
empreendimentos que ainda se encontravam em dificuldade diante da queda de
fluxo de turistas que, como podemos verificar nesse estudo, ainda não havia se
estabelecido completamente.

Pois é, então, foi uma coisa atrás da outra, estava começando a voltar o
movimento e aí veio a pandemia e aí voltou tudo de novo, né!? Mas assim,
a gente estava sentindo que já estava voltando, as pessoas já estavam
procurando mais pelo Inhotim ...então, nós já estávamos sentindo que esse
movimento já estava voltando, que as pessoas já não estavam com tanto
medo de estourar barragem né!? (Empresária do ramo de hospedagem em
entrevista realizada no dia 18 de novembro de 2020.)

Diante disso, foi necessário realizar entrevistas com dois professores da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, a fim de buscar informações técnicas sobre
os efeitos do rompimento para o turismo de Brumadinho. O primeiro entrevistado foi
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o professor da disciplina de “Meteorologia e Climatologia” Alecir Antônio Maciel
Moreira. Ele atuou na região como orientador de trabalhos de conclusão. Nesse
sentido, através da entrevista foi destacada a preocupação com um possível
comprometimento da qualidade do ar na região afetada:

Olha, do ponto de vista climatológico é um pouco difícil de você dizer, do


ponto de vista teórico é possível, então você tem um lugar..., você primeiro
que você tem uma área que era vegetada e que foi impactada por lama,
então a cobertura vegetal foi retirada, isso significa que mudaram as
propriedade térmicas dos componentes que cobriam a superfície, em teoria
isso cria mudança microclimática, ok? Então você tem lá..., você tinha
árvore e de repente você tem uma crosta ferruginosa, certamente isto
impacta, agora mais importante do que dizer “mudou a temperatura”, ou isso
ou aquilo, a suspeita e a minha preocupação maior é que talvez a pesquisa
climatológica devesse responder é como ficou a qualidade do ar, então
aquele rejeito fino com um ressecamento produzido pelo aquecimento e
obviamente por ação do vento, por ação mecânica, etc..., estes particulados
eles podem estar sendo levados para a atmosfera, e em função de estar
sendo levado para a atmosfera, a gente já identificou isso em uma pesquisa
anterior em um Trabalho de Conclusão de Curso no ano passado, ou no 1º
Semestre deste ano, eu não me lembro..., mas nós já detectamos que as
áreas mais próximas da Mina Córrego do Feijão apresentaram maior carga
de particulado em suspensão. É..., falta claro, a gente precisa qualificar
mais esta pesquisa para poder fazer este tipo de afirmação né? Mas a
minha suspeita é de que isto vai parar no cotidiano das pessoas, vai para
dentro da casa, vai para a sua atividade cotidiana, para dentro do seu
pulmão, e isto vai criar problemas de saúde. (Entrevista realizada com
professor Alecir Antônio Maciel Moreira).

Nesse caso, o possível comprometimento da qualidade do ar pode resultar


em doenças pulmonares como destaca o entrevistado. Nessa perspectiva, o fluxo
turístico pode ser impactado pelo receio dos visitantes em contrair doenças. Outro
ponto ainda ressaltado nas entrevistas é a preocupação com a qualidade da água do
rio Paraopeba que é utilizado para o lazer, abastecimento e irrigação de hortas. O
professor de “Geologia Geral” João Henrique Rettore Totaro, destaca algumas
dessas preocupações que podem surgir:

E o turista que sabe que naquele ponto houve o rompimento de uma


barragem de mineração de ferro sempre ferro, quer dizer a composição é
muito agressiva. Mas o turista que sabe disso ele não vai agora pescar esse
peixe do jeito que muitos fazia né, num pesque e pague. Pescava, pagava,
fritava o peixe ali mesmo pra consumir com os amigos, o cara vai ficar
pensando assim: Pera aí é peixe que saiu daí do Paraopeba. Será que é
seguro consumir esse peixe? O meu amigo você que é o dono aqui da
propriedade, como é que cês fazem aqui? Cês consomem esse peixe? É,
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pois, é a gente é o único peixe que a gente tem, a gente consome e tal. Sei,
mas cês não tem nenhum problema de saúde aqui não? A população não
tem nenhum problema de saúde? É, pois, é, o negócio tá ficando cada vez
mais... Cê ta vendo que cria um mal estar, se cria uma má impressão sobre
os produtos que vão sair da região inteira do Paraopeba? Toda ela agora,
todo mundo que usa água do Paraopeba, todo mundo que planta na calha
do Paraopeba tem agora um estigma, tem uma marca negativa. Ó isso aí,
será que pode ser consumido assim? Então o que precisa ser feito?
(Entrevista realizada com professor João Henrique Rettore Totaro).

Essas considerações do professor demonstram que a recuperação da


atividade turísticas no município depende de maiores esclarecimentos a população
sobre os impactos que ainda permanecem e/ou como eles podem ser mitigados a
curto, médio e a longo prazo. Conhecer a realidade ajuda a encontrar os melhores
caminhos para a vida econômica/social nessas comunidades.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, diante do amplo quadro aqui exposto pela análise das entrevistas:
tornam-se evidentes as mais variadas e abrangentes alterações (climáticas,
ambientais, psicossociais, econômicas, etc.) que o evento do rompimento da
barragem trouxe para o município de Brumadinho e seus habitantes. Dentre a
totalidade da conjuntura municipal, ficaram concisamente explicitados acima os
efeitos negativos que esse evento proporcionou ao fluxo turístico local; imputando
um fatal golpe à incipiente articulação do segmento e legando ao desamparo as
vidas que dependem dessa atividade como meio de sustentação e sobrevivência.
Portanto, objetivando alguma mudança positiva nesse quadro, são propostas
inigualavelmente necessárias: o fortalecimento, ampliação e melhor divulgação das
ações existentes para a recuperação do turismo local; a reanálise séria de estigmas
equivocados, propagados midiaticamente, sobre a real situação em Brumadinho
após a tragédia; a ressignificação crítica e consciente do olhar sobre o espaço
comum compartilhado (Brumadinho em sua integridade) pelos próprios atores locais;
além do desenvolvimento de um planejamento estratégico, no âmbito da gestão
pública das atividades econômicas desempenhadas no município e do zoneamento
do território, que vise a demarcação de zonas especiais propícias à execução de
determinadas atividades, como a atividade turística. Assim, de alguma forma, o fluxo
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turístico de Brumadinho poderá ter uma recuperação de relevância; estabelecendo
um primeiro passo na busca da reconstrução do município e na inversão dos
infelizes efeitos resultantes da catástrofe ocorrida em 2019
Retornando-se ao projeto de pesquisa, constatou-se que os objetivos
propostos foram devidamente alcançados assim como ficou comprovada a hipótese
da pesquisa. Dessa forma, evidenciando que o rompimento da barragem I da mina
Córrego do Feijão modificou o fluxo turístico do município, afetando os negócios
ligados ao ramo do turismo.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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