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Elementos de Máquinas II
ENGRENAGENS
2012
Folhas
de
Apoio
à
unidade
curricular
Elementos
de
Máquinas
II
Engrenagens
Índice
7.6. Geometria das engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais. ........................................................................ 12
7.7. Geometria das engrenagens cónicas de dentes rectos. .................................................................................... 14
7.12. Relação de transmissão nos trens de engrenagens simples. ........................................................................ 19
7.13. Relação de transmissão nos trens de engrenagens compostos. ................................................................... 20
7.14. Relação de transmissão nos trens de engrenagens planetários. .................................................................. 21
7.16.
Cálculo
de
engrenagens
cilíndricas
para
mecânica
geral.
............................................................................
28
7.16.1.
Tipo
de
ruína.
............................................................................................................................................
28
7.16.2.
Equação
de
flexão
de
Lewis.
.....................................................................................................................
29
7.16.3.
Dureza
da
superfície.
................................................................................................................................
31
a) b)
Figura 7.1 – a) Engrenagens primitivas (2600 A.C.) [1]; b) Engrenagens de uma “nora” [8].
As engrenagens são portanto um dos tipos de transmissão mecânica de maior aplicação prática, são órgãos
de máquinas que transmitem movimento de um veio motor a um veio movido, por meio de dentes que
entram sucessivamente em contacto uns com os outros.
À menor das duas rodas em contacto é designada de Pinhão ou Carreto (Pinion), à maior das duas é
chamada de Roda (Gear).
Nas figuras seguintes estão representadas várias aplicações de engrenagens, desde aparelhos domésticos,
brinquedos até aplicações automóveis (Figura 7.2 e Figura 7.3).
a) b)
c) d)
Figura 7.2 – Aplicações de engrenagens: a) Misturadora [2]; b) Relógio de brincar [9]; c) Caixa
redutora de velocidades [1]; d) Caixa redutora de velocidades manual de um automóvel [7].
As engrenagens cilíndricas podem-se apresentar de duas formas: de Dentes Rectos (Figura 7.4) e de
Dentes helicoidais (Figura 7.5).
As engrenagens Cilíndricas de dentes rectos (Spur Gear) caracterizam-se pelo tipo de engrenagem mais
simples, mais comum, mais económico, possuem dentes paralelos ao eixo de rotação e só transmitem
movimento entre eixos paralelos.
Nas engrenagens Cilíndricas de Dentes Helicoidais (Helical Gear) o movimento transmite-se de modo
igual que nas cilíndricas de dentes rectos, mas com maiores vantagens. Possuem dentes inclinados em
relação ao eixo de rotação e podem transmitir movimento entre eixos paralelos (Figura 7.6 a) ou cruzados
(Figura 7.6 b), geralmente a 90º.
As engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais têm a vantagem de transmitirem mais potência do que as
de dentes rectos, podem transmitir mais velocidade e são mais silenciosas. Quanto aos inconvenientes,
pode-se dizer que se desgastam mais do que as de dentes rectos, são mais dispendiosas e precisam
geralmente de mais lubrificação do que as de dentes rectos.
a) b)
Figura 7.6 – Engrenagens cilíndricas de Dentes Helicoidais: a) com eixos paralelos; b) com eixos
cruzados [3].
As engrenagens cónicas são montadas em eixos que se intersectam entre si excepto as Hipóides e podem
ser ou não perpendiculares (Figura 7.7). Os dentes das engrenagens cónicas estão localizados nas
superfícies cónicas e podem ser Rectos, Inclinados (helicoidais), em Espiral e Hipóide.
As Engrenagens Cónicas de Dentes Rectos (straight bevel gear) (Figura 7.8 a) têm elementos cónicos
com a mesma direcção da geratriz do cone primitivo. As engrenagens cónicas de dentes rectos são as mais
simples e mais usadas na família das engrenagens cónicas. Estas engrenagens geram mais ruído do que
as engrenagens cónicas helicoidais e são usadas para transmitir movimento entre eixos que se cruzam em
variados ângulos.
As Engrenagens Cónicas de Dentes helicoidais (helical bevel gear) (Figura 7.8 b) são praticamente
iguais às de dentes rectos, mas possuem um ângulo de inclinação da hélice e usadas para transmitir
movimento entre eixos que se cruzam em ângulo recto.
As Engrenagens Cónicas de Dentes em Espiral (spiral bevel gear) (Figura 7.8 c) são constituídas por
rodas cónicas de dentes com um ângulo de hélice dos dentes espirais. São rodas mais complexas de obter
mas apresentam maior capacidade de carga e menor ruído. A diferença com o cónico recto é que possui
uma maior superfície de contacto nos dentes e possui um funcionamento relativamente silencioso.
As Engrenagens Cónicas Hipóides (hypoid bevel gear) (Figura 7.8 d) são formadas por um pinhão
redutor de poucos dentes e uma roda de muitos dentes. A principal aplicação de uma engrenagem hipóide
está na unidade diferencial de um automóvel em que a montagem exige posicionamentos descentralizados
dos eixos. Os dentes helicoidais numa engrenagem hipóide produzem menos vibrações do que
uma engrenagem com dentes rectos. A disposição em espiral do dentado permite um maior contacto dos
dentes do pinhão com os da coroa, obtendo-se maior robustez na transmissão.
a) b)
c) d)
Figura 7.8 – Engrenagens cónicas: a) de Dentes Rectos; b) de Dentes Inclinados; c) em Espiral; d) Hipóide.
Engrenagens sem-fim são usadas quando grandes reduções de transmissão são necessárias. É constituída
por uma rosca de um parafuso com uma roda dentada especial e tal como os parafusos podem possuir
mais do que uma rosca. Possui uma eficiência de transmissão elevada e transmite movimento entre veios
que não sejam paralelos nem se intersectem.
a) b)
Figura 7.9 – Engrenagem parafuso sem-fim: a) esquema [2]; b) aplicação num redutor [10].
7.2.4. Cremalheira.
Cremalheira é uma barra provida de dentes, destinada a engrenar numa engrenagem cilíndrica de dentes
rectos ou helicoidais. Com esse sistema, pode-se transformar movimento de rotação em movimento
rectilíneo e vice-versa. (Figura 7.10).
A cremalheira pode ser considerada como sendo uma roda de raio infinito. Nesse caso, a circunferência da
roda pode ser imaginada como um segmento de recta. Desse modo, a circunferência primitiva da
engrenagem é tangente à linha primitiva da cremalheira.
No entanto o processo mais utilizado e usual é o de maquinagem (corte por arranque de apara), designado
por talhe do dente.
• rectificação;
• rectificação fina;
• navalhagem.
• Ferro Fundido: Menos ruidosas que as de aço inox. Alta resistência à flexão. Boa durabilidade
superficial. Mais barato.
• Aços Inox com ligas de:
o Níquel – Facilita a execução da tempera e aumenta a resistência à tracção e à fadiga, sem
reduzir a plasticidade e a resiliência.
o Crómio – Facilita a execução da tempera, aumentando a dureza, ou seja, a resistência aos
esforços e ao desgaste, mas dá-lhe mais fragilidade.
o Molibdénio – Concede aos aços uma textura fina, pelo que também lhes aumenta a
dureza, mantendo a plasticidade.
o Níquel + Crómio + Molibdénio – melhores resultados.
• Bronze: Material não ferroso.
• Plásticos:
o Nylon – Resistência ao desgaste. Baixo coeficiente de atrito. Baixo ruído. Não necessitam
de lubrificação quando a baixas cargas.
• Compósito:
o Fibra de carbono com resina epóxida – Grande resistência mecânica aliada ao baixo
peso.
Na Tabela 7.1 pode-se ter uma ideia, a título informativo, das combinações possíveis dos materiais para os
principais tipos de engrenagens.
Tabela 7.1 – Combinação de materiais adequados para os principais tipos de engrenagem [5].
ra
ssu
pe
es
círculo de folga
𝜔!
dG
𝜔!
dp
rG
r bp roda
pinhão
rp
r bG
φ
Círculo Primitivo (pitch circle) – é o círculo teórico, sobre o qual os cálculos são normalmente efectuados.
Os círculos de duas engrenagens acopladas são tangentes;
𝒁 - Número de dentes;
𝑑! + 𝑑!
𝐶 = = 𝑟! + 𝑟! (7.1)
2
𝒎 𝑚𝑚 - Módulo (module) – é a relação entre o diâmetro primitivo e o número de dentes de uma
engrenagem. O módulo é a base do dimensionamento das engrenagens no sistema internacional. Duas
engrenagens acopladas possuem sempre o mesmo módulo;
𝑑 𝑑! 𝑑!
𝑚 = = = (7.2)
𝑁 𝑁! 𝑁!
𝑷 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑙𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎 𝑠𝑒 𝑑 [𝑖𝑛] – Passo Diametral (diametral Pitch) – é a razão entre o número de dentes da
engrenagem e o diâmetro primitivo, ou seja o inverso do módulo. O passo diametral é a grandeza
correspondente ao módulo no sistema inglês (Figura 7.14);
𝑁 𝑁! 𝑁! 1
𝑃 = = = ⟺ 𝑃 = (7.3)
𝑑 𝑑! 𝑑! 𝑚
Na Tabela 7.2 apresentam-se os valores normalmente utilizados para o módulo, 𝑚, e para o passo
diametral, 𝑃.
módulo, 𝒎 [𝒎𝒎]
Preferidos 1, 1.25, 1.5, 2, 2.5, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 16, 20, 25, 32, 40, 50
Próxima escolha 1.125, 1.375, 1.75, 2.25, 2.75, 3.5, 4.5, 5.5, 7, 9, 11, 14, 18, 22, 28, 36, 45
𝒑 [𝑚𝑚] - Passo Primitivo (circular pitch) – é a distância, medida no círculo primitivo, de um ponto num dente,
até ao ponto correspondente no dente adjacente. O passo primitivo é igual à soma da largura do dente com
o espaço entre dentes;
𝜋𝑑 𝜋
𝑝 = = 𝜋𝑚 𝑜𝑢 𝑝 = (7.4)
𝑁 𝑃
𝒕 [𝑚𝑚] – Espessura do dente – é medida no círculo primitivo e é metade do passo primitivo.
𝑝
𝑡 = (7.5)
2
𝒂 [𝑚𝑚] – Altura da cabeça do dente ou Saliência (addendum) – é a distância radial entre a superfície da
coroa (cabeça) e o diâmetro primitivo;
𝒃 [𝑚𝑚] – Altura do pé ou Reentrância (dedendum) – é a distância radial entre a superfície da raiz (pé) e o
diâmetro primitivo;
ℎ! = 𝑎 + 𝑏 (7.6)
Círculo de folga (clearance circle) – é o círculo tangente ao círculo da saliência da engrenagem acoplada,
ou seja é o círculo tangente à superfície do dente da outra roda;
𝑐 = 𝑏 − 𝑎 (7.7)
Recuo (Backlash) – é a quantidade que o espaço entre dentes que excede a largura do dente engrenado
no círculo primitivo;
Tabela 7.3 – Sistemas de dentes padronizados e usados normalmente nas engrenagens cilíndricas de
dentes rectos [4].
Sistema de dente Ângulo de pressão, 𝝓 [𝒎𝒎] Saliência, 𝒂 [𝒎𝒎] Reentrância, 𝒃 [𝒎𝒎]
20 1
𝑃 ou 1𝑚 1.25
Profundidade ! 1 𝑃 ou 1.25𝑚
22! 𝑃 ou 1𝑚
completa 1.35
1 𝑃 ou 1.35𝑚
25 𝑃 ou 1𝑚
0.8 1
Curto 20 𝑃 ou 0.8𝑚 𝑃 ou 1𝑚
Sendo a velocidade linear do círculo primitivo a mesma em rodas que estejam em contacto (pinhão e roda),
vem que:
𝑣 = 𝜔! . 𝑟! = 𝜔! . 𝑟! (7.12)
Logo a relação entre raios e velocidades angulares é designada por relação de transmissão, 𝒊, dada por:
𝜔! 𝑟!
𝑖= = (7.13)
𝜔! 𝑟!
ou também:
𝜔! 𝑑! 𝑍!
𝑖= = = (7.14)
𝜔! 𝑑! 𝑍!
angulo de
hélice 𝜓
𝒏
𝒑
𝒑𝒕
𝒑𝒙
𝑝! = 𝑝! cos 𝜓 (7.15)
𝑝!
𝑝! = (7.16)
tan 𝜓
tan 𝜙!
cos 𝜓 = (7.17)
tan 𝜙!
𝑝! . 𝑃! = π (7.18)
𝑝! = π. 𝑚! (7.19)
𝑃!
𝑃! = (7.20)
cos 𝜓
𝑚! = 𝑚! cos 𝜓 (7.21)
Na Tabela 7.4 apresentam-se os sistemas de dentes normalmente usados nas engrenagens cilíndricas de
dentes helicoidais.
Tabela 7.4 – Sistemas de dentes padronizados e usados normalmente nas engrenagens cilíndricas de
dentes helicoidais [4].
Quantidade Equação
1
Saliência, 𝑎 = 1𝑚!
𝑃!
1.25
Reentrância, 𝑏 = 1.25𝑚!
𝑃!
𝑍! 𝑍! 𝑚!
Diâmetro primitivo do pinhão, 𝑑! =
𝑃! cos 𝜓 cos 𝜓
𝑍! 𝑍! 𝑚!
Diâmetro primitivo da roda, 𝑑! =
𝑃! cos 𝜓 cos 𝜓
Diâmetro de base do pinhão, 𝑑!" 𝑑! cos 𝜙!
Diâmetro de base da roda, 𝑑!" 𝑑! cos 𝜙!
Ângulo de hélice da base, 𝜓! tan!! tan 𝜓 cos 𝜙!
Engrenagem externa
𝑑! + 𝑑!
Distância entre eixos, 𝐶
2
Diâmetro externo do pinhão, 𝑑!"# ! 𝑑! + 2𝑎
Diâmetro externo da roda, 𝑑!"# ! 𝑑! + 2𝑎
Diâmetro de base do pinhão, 𝑑!" 𝑑! − 2𝑏
Diâmetro de base da roda, 𝑑!" 𝑑! − 2𝑏
Engrenagem interna
𝑑! − 𝑑!
Distância entre eixos, 𝐶
2
Diâmetro interno, 𝑑!"# 𝑑 − 2𝑎
Diâmetro de base, 𝑑! 𝑑 + 2𝑏
Em que as relações podem ser obtidas através dos números de dentes da roda e do pinhão:
𝑍!
tan 𝛾 = (7.22)
𝑍!
𝑍!
tan 𝛤 = (7.23)
𝑍!
em que:
𝑳 [𝑚𝑚] – Avanço;
𝑍! . 𝑝!
𝑑! = (7.24)
𝜋
O diâmetro do parafuso sem-fim deve ser seleccionado para estar dentro do seguinte intervalo:
𝐶 !.!"# 𝐶 !.!"#
≤ 𝑑! ≤ (7.25)
3,0 1,7
𝐿 = 𝑝! . 𝑍! (7.26)
𝐿
tan 𝜆 = (7.27)
𝜋. 𝑑!
7.9. Interferência.
Se as condições de engrenamento entre duas rodas dentadas forem tais que, em algum ponto de
engrenamento, os perfis dos dentes em contacto deixem de ser conjugados, irá ocorrer Interferência de
Funcionamento.
Se houver interferências com folga grande entre os dentes, o contacto dá-se em péssimas condições,
verificando-se vibrações importantes e desgaste rápido. Se a folga for zero, dá-se o encravamento da
transmissão.
Uma forma de eliminar a interferência, é através da adopção de um maior número de dentes nas rodas. No
entanto o aumento do número de dentes implica um aumento do diâmetro primitivo, originando uma solução
mais dispendiosa, menos compacta, maiores velocidades e mais ruído. Deste modo, esta é uma solução
que normalmente não é utilizada.
Uma outra forma de reduzir a interferência, consiste em utilizar um ângulo de pressão maior, que faz com
que o raio de base reduza e haja uma redução do risco de interferência. No entanto, também prejudica a
capacidade de transmissão de potência da engrenagem e aumenta o ruído.
Ainda outro modo de reduzir a interferência é a redução da altura da cabeça do dente, que se designa por
correcção de dentado para evitar interferência [5].
As engrenagens de dentes rectos podem ser dispostas de dois modos: engrenagens externas e
engrenagens internas. Na Figura 7.18 a) estão representadas duas engrenagens externas e o seu sentido
de rotação, ou seja, as duas rodas rodam em sentidos opostos. Na Figura 7.18 b) estão representadas duas
engrenagens internas em que se verifica que possuem o mesmo sentido de rotação.
roda, 𝑍!
pinhão, 𝑍!
a) b)
Figura 7.18 – Engrenagens: a) externas; b) internas [2].
Quanto ao sentido de rotação das engrenagens de dentes helicoidais, já é mais complexo. Há que ter em
atenção a inclinação do dente (Figura 7.19). Note-se que cada par de desenhos corresponde a um único
conjunto de engrenagens.
Figura 7.20 – Diferença entre a utilização de duas rodas ou de mais rodas [6].
A solução deste problema passa pela utilização de trens de engrenagens: conjunto de rodas dentadas
dispostas de forma a permitir a transmissão de movimento de um veio (motor ou de entrada) para outro
(movido ou de saída) (Figura 7.20).
Se o trem é usado para reduzir a velocidade, da entrada para a saída, chama-se de redutor; se é utilizado
para aumentar a velocidade, é um multiplicador.
Os trens de engrenagens podem-se classificar de duas formas:
Trens normais
(todos os veios que suportam as rodas têm apoios fixos)
Simples Compostos
(Figura 7.21a) e Figura 7.22) (Figura 7.21b) e Figura 7.23)
(cada roda tem o seu próprio veio) (há pelo menos duas rodas montadas no mesmo veio)
Com uma roda fixa (Figura 7.24) Sem rodas fixas (Figura 7.25)
a) b)
Figura 7.21 – Trem de engrenagem normal: a) simples; b) composto [2].
Z3
Z2
ω3
Z1 ω2
ω1
𝜔! 𝜔! − 𝜔! 𝜔!
𝑖= = × = − 𝑖! × − 𝑖! = 𝑖! ×𝑖! 𝑜𝑢 𝑖 = (7.28)
𝜔! − 𝜔! 𝜔! 𝜔!
onde:
O sinal (−) apenas indica que o movimento da roda considerada é inversa do da roda motora, de referência,
supostamente a roda 1.
As relações de transmissão 𝑖! , 𝑖! , são relações de transmissão parciais. Cada engrenagem parcial diz-se
um Andar de transmissão.
A relação de transmissão de um trem simples é independente do número de dentes das rodas intermédias,
essas rodas designam-se de Doidas ou Parasitas.
𝑍! 𝑍!
𝑍!
𝜔! = 𝜔!
𝜔!
𝜔!
𝑍!
𝜔!
𝑍!
𝜔! 𝜔! −𝜔! 𝜔! = 𝜔! 𝜔! 𝜔!
𝑖= = × × × = −𝑖! × −𝑖! × −𝑖! 𝑜𝑢 𝑖 = (7.30)
−𝜔! −𝜔! 𝜔! 𝜔! −𝜔! 𝜔!
A relação de transmissão total de um trem composto é igual ao produto das relações de transmissão
parciais (tal como nos trens simples).
A relação de transmissão de um trem composto depende dos números de dentes de todas as rodas do
trem, ou seja, é o quociente do produto do número de dentes das rodas movidas de cada andar, pelo
produto do número de dentes das rodas motoras de cada andar.
Nota: só entram para o cálculo, as rodas que recebem e transmitem movimento através dos dentes.
De relembrar, que o sinal − só indica que a roda 5 tem sentido de rotação oposto à roda 1.
• Para o mesmo número de engrenagens o Trem epicicloidal pode oferecer uma maior relação de
transmissão que o trem normal.
• A disposição das rodas confere coaxialidade e concentração em torno do eixo principal, ou seja,
maior compacidade.
• Pela utilização de vários satélites distribui-se a carga por mais dentes, não alterando o
comportamento cinemático.
𝑍!
Braço
Engrenagem
2 𝑍! interna
1
𝑍!
3
4
Para o cálculo da relação de transmissão do trem planetário, recorre-se ao método da Fórmula, ou seja,
através da fórmula de Willis.
𝜔! − 𝜔!
𝑖= (7.34)
𝜔! − 𝜔!
em que:
Exemplo: A Figura 7.29 (já apresentada anteriormente) representa um trem de engrenagens planetário.
Nomenclatura ω4
0 – Fixe; ω3
1 – Planetário – engrenagem central;
ω1
2 – Braço ou Porta-satélites; 2 4
0 3
3 – Satélite – engrenagem que se move
em torno da planetária; 1
4 – Coroa (interior);
Neste caso, se a entrada se fizer por 1 e a saída por 4, a relação de transmissão é dada por:
𝜔! − 𝜔! 𝜔! 𝜔! −𝑍! 𝑍! 𝑍!
𝑖= = × = × =− (7.35)
𝜔! − 𝜔! −𝜔! 𝜔! 𝑍! 𝑍! 𝑍!
Se 𝜔! for + significa que roda no sentido de rotação da roda 1, se for − significa que roda no sentido
oposto.
A Figura 7.30 a) mostra o pinhão 𝟏 montado no veio 𝒂, rodando no sentido horário com uma velocidade
angular 𝝎𝟏 . Este transmite rotação à roda 𝟐 (coroa), montada no veio 𝒃 com uma rotação 𝝎𝟐 . As reacções
entre os dentes em contacto ocorrem ao longo da linha de acção. Na Figura 7.30 b) as duas rodas foram
separadas para melhor visualização das forças.
𝐹!!
𝑇!!
𝜔!
𝐹!" 𝐹!"
𝑇!!
𝜔!
𝐹!!
a) b)
Figura 7.30 – Diagrama de corpo livre das forças que actuam sobre duas rodas de uma engrenagem
cilíndrica de dentes rectos.
𝑭𝟐𝟏 [𝑘𝑁] – Força exercida pela roda 2 na roda 1; 𝑭𝒃𝟐 [𝑘𝑁] – Força exercida pelo veio 𝑏 na roda 2;
𝑭𝟏𝟐 [𝑘𝑁] – Força exercida pela roda 1 na roda 2; 𝑻𝒂𝟏 [𝑘𝑁] – Binário exercido pelo veio 𝑎 na roda 1;
𝑭𝒂𝟏 [𝑘𝑁] – Força exercida pelo veio 𝑎 na roda 1; 𝑭𝒃𝟐 [𝑘𝑁] – Binário exercido pelo veio 𝑏 na roda 2;
Na Figura 7.31 está representado o diagrama de corpo livre do pinhão com as forças decompostas segundo
as direcções tangencial e radial.
!
𝐹!" 𝐹!"
!
𝐹!"
𝜔!
𝑇!!
!
𝐹!!
!
𝐹!!
𝐹!!
𝑑!
𝑭𝒕𝒂𝟏 [𝑘𝑁] – Componente tangencial da força exercida pelo veio 𝑎 na roda 1;
𝑭𝒓𝒂𝟏 [𝑘𝑁] – Componente radial da força exercida pelo veio 𝑎 na roda 1;
𝑭𝒕𝟐𝟏 [𝑘𝑁] – Componente tangencial da força exercida pela roda 2 na roda 1;
𝑭𝒓𝟐𝟏 [𝑘𝑁] – Componente radial da força exercida pela roda 2 na roda 1;
!
A carga transmitida é dada pela componente tangencial da força, 𝐹!" , ou seja:
!
60.000×𝐻
𝑊! = 𝐹!" = (7.36)
𝜋𝑑𝜔
! !
Se não houver perdas de potência entre rodas, 𝐹!" = 𝐹!" .
em que:
! !
𝐹!" = 𝐹!" 𝑡𝑎𝑛𝜙 (7.37)
!
𝐹!" ! ! ! !
𝐹!" = = 𝐹!" + 𝐹!" (7.38)
𝑐𝑜𝑠𝜙
!
𝑑
𝑇!! = 𝐹!" (7.39)
2
De relembrar que:
𝐻 = 𝑇. 𝜔 (7.40)
𝐻 = 𝐹!. 𝑣 (7.41)
𝑣 = 𝜋𝑑𝜔 (7.42)
A Figura 7.32 representa uma vista tridimensional das forças que actuam nos dentes de uma roda cilíndrica
de dentes helicoidais. O ponto de aplicação das forças situa-se no cilindro primitivo e no centro da
espessura da roda.
60.000×𝐻
𝑊! = (7.43)
𝜋𝑑𝜔
𝑊!
𝑊! = 𝑊 cos 𝜙! cos 𝜓 ⇔ 𝑊 = (7.46)
cos 𝜙! cos 𝜓
em que:
Na análise das forças transmitidas, utiliza-se a aproximação de considerar que as forças são aplicadas no
ponto médio do dente, tal como se pode verificar na Figura 7.33.
Figura 7.33 – Forças actuando nos dentes de uma roda cónica [4].
𝑇
𝑊! = (7.47)
𝑟!"
𝑑 − 𝑏 sin 𝛾
𝑟!" = (7.48)
2
onde:
Se o atrito não for considerado, a única força a actuar no parafuso é a força 𝑊, mostrada na Figura 7.34.
Esta força, possui as três componentes ortogonais, 𝑊 ! , 𝑊 ! , 𝑊 ! .
Figura 7.34 – Desenho do cilindro primitivo de um parafuso sem-fim mostrando as forças exercidas pela
roda sem-fim.
Da geometria da figura tira-se que:
𝑊 ! = 𝑊 sin 𝜙! (7.52)
𝑊 ! = 𝑊 sin 𝜙! (7.55)
sendo:
A eficiência de um parafuso sem-fim é obtida através de uma relação dos ângulos 𝜙! e 𝜆 e o coeficiente de
atrito 𝑓:
cos 𝜙! − 𝑓 tan 𝜆
𝜂= (7.57)
cos 𝜙! + 𝑓 cotan 𝜆
A ruína de engrenagens pode ocorrer devido ao aparecimento de picadas na superfície dos dentes, devido
a uma pressão de contacto excessiva, também denominado de pitting (Figura 7.35 a) ou devido à rotura dos
dentes por excesso da tensão máxima de flexão na secção crítica (pé do dente) (Figura 7.35 b).
a) b)
Figura 7.35 – Ruína de engrenagens: a) pitting; b) rotura do dente.
Na Figura 7.36 pode-se visualizar uma imagem obtida através de um ensaio de fotoelasticidade onde se
observam as franjas de tensões. Pode-se então concluir que a maior concentração ocorre em duas zonas:
(1) ponto de contacto entre os dentes; (2) na base do dente (raio da curvatura).
(2)
(1)
O cálculo da resistência do dentado é baseado na determinação da tensão máxima de flexão que ocorre na
secção mais crítica do dente (base do dente). Esta análise deverá ser feita tanto para o pinhão como para a
roda.
𝑏
a) b)
Figura 7.37 – Forças aplicadas num dente de uma engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais [4].
Para a análise há que calcular a tensão máxima de flexão na base do dente. Esta tensão é calculada
através da fórmula de Lewis e supondo o dente como sendo uma viga (Figura 7.37 a) [4]:
𝑡
𝑀𝑐 𝑊! . 𝑙 6𝑊! 𝑙
𝜎= = 2 ⇔𝜎= (7.58)
𝐼 1 ! 𝑏𝑡 !
𝑏𝑡
12
em que:
A equação (7.58) pode ser transformada para se adaptar aos dentes da engrenagem, podendo ser dada em
função do passo diametral ou em função do módulo (S.I.). A fórmula de Lewis vem então dada por:
𝑊! 𝑃 𝑊!
𝜎= ⇔𝜎= (7.59)
𝑏𝑌 𝑚𝑏𝑌
onde:
𝒀 – Factor de Lewis;
O factor de Lewis, 𝑌, é função da geometria do dente e pode ser obtido através da equação (7.60) ou
através da Tabela 7.5
2𝑥𝑃 2𝑥
𝑌= 𝑜𝑢 𝑌 = (7.60)
3 3𝑚
com:
𝑡!
𝑥= (7.61)
4𝑙
Quando um par de engrenagens roda a uma velocidade moderada ou elevada e há ruído, vão ocorrer os
efeitos dinâmicos, logo a equação de flexão de Lewis toma a seguinte forma [4]:
𝑊! 𝑃 𝑊!
𝜎= . 𝐾! ⇔ 𝜎 = .𝐾 (7.62)
𝑏𝑌 𝑚𝑏𝑌 !
em que:
O factor de velocidade pode ser dado através das relações expressas na Tabela 7.6, consoante o tipo de
acabamento das engrenagens e a velocidade linear.
A Máxima pressão de contacto superficial, ou seja a tensão hertziana vem dada por:
!/!
1 1
𝑊! +
𝑟! 𝑟!
𝑝!"# = 𝜎! = (7.63)
𝜋𝑏 cos 𝜙 1 − 𝜈!! 1 − 𝜈!!
+
𝐸! 𝐸!
com:
𝑑! sin 𝜙
𝑟! = (7.64)
2
𝑑! sin 𝜙
𝑟! = (7.65)
2
em que:
𝝓 - Ângulo de pressão;
Sabendo que a AGMA define o coeficiente elástico, 𝐶! dado pelo denominado do segundo grupo da
equação (7.63) por:
!/!
1
𝐶! = (7.66)
1 − 𝜈!! 1 − 𝜈!!
𝜋. +
𝐸! 𝐸!
!/!
𝑊! . 𝐾! 1 1
𝑝!"# = 𝜎! = −𝐶! . + (7.67)
𝑏 cos 𝜙 𝑟! 𝑟!
Referências Bibliográficas:
th
[1] Juvinal, R. Marshek, K. Machine Component Design. 5 Edition, Wiley, 2012.
[2] Hamrock, B.J. Jacobson, B. Schmid, S.R. Fundamentals of Machine Elements. McGra-Hill. 1999.
[4] Budynas, R. Nisbett, J.K. Elementos de máquinas de Shigley. 8ª Editção, McGraw Hill, 2011.
[5] Moura Branco, C. Martins Ferreira, J. Domingos da Costa, J. Silva Ribeiro, A. Projecto de Órgãos de
Máquinas. Fundação Calouste Gulbenkian. 2005.
Páginas de catálogos:
[7] Inter-Matic Portugal. http://caixasdevelocidades.com/index.html, acedido em Julho 2012.