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Resenha sobre o texto

“Direitos Humanos e Justiciabilidade:


Pesquisa no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro”

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É importante começar essa análise ressaltando que os direitos humanos
constituem o principal instrumento de defesa, garantia e promoção das liberdades
públicas e das condições materiais essenciais para uma vida digna.
A busca da efetividade dos direitos humanos na esfera judiciária torna
necessário averiguar a maneira pela qual os juízes concebem e aplicam as normas
de direitos humanos. Assim sendo, a pesquisa tem por objetivo investigar o grau de
efetividade dos direitos humanos na prestação da tutela jurisdicional.
A pesquisa foi analisada em duas vertentes, na teórica, em que um estudo
sistemático dos fundamentos jurídicos, filosóficos e políticos dos direitos humanos
foi realizado, e na vertente empírica, em que foi realizado um levantamento em 225
das 244 varas em funcionamento de primeira instância do TJRJ em que um
questionário foi aplicado a fim de descobrir o modo que cada magistrado concebe e
aplica os direitos humanos e o nível de formação dos juízes na área de direitos
humanos. Considerando que o objetivo primordial da pesquisa era a tutela
jurisdicional levada a cabo pela ação do juiz, foi preciso coletar dados por meio de
entrevista direta com os juízes.
Foram visitadas 225 das 244 varas e em cerca de 44% das varas o
questionário não foi preenchido. Com o objetivo de elaborar questões que pudessem
compor tanto os elementos subjetivos quanto os objetivos conformadores das
condições reais de decisão, o questionário contemplou questões relacionadas a
características do juiz, a formação pré-universitária e universitária, a concepção de
direitos humanos e a atuação na prestação de tutela jurisdicional.
Com relação ao perfil dos juízes pode-se constatar um total de 60% dos
juízes como sendo do sexo masculino, havendo uma predominância de juízes
homens. Contudo, as instituições acabam recebendo uma maior presença feminina
ao longo dos anos, devido a mudanças na sociedade. Os magistrados mais antigos
são os que aportam a menor porcentagem de mulheres juízas atuantes.
A tabela 1 mostra a Distribuição dos Juízes Participantes da Pesquisa por
tempo de Magistratura e segundo Classes e Idade. Constata-se na tabela que são
pequenas as chances de alguém se tornar juiz titular antes dos 30 anos de idade e
que entre os 77 juízes entrevistados (que se incluem na faixa de 31 a 50 anos) 44
têm de 11 a 20 anos de magistratura e nenhum juiz dessa classe de idade têm mais
de 20 anos de carreira.
No gráfico um constata-se que os auto declarados brancos encerram 86% do
total de juízes confirmando que existe uma intensa exclusão da população
negra/parda na magistratura.
Com relação à formação específica em diretos humanos, as disciplinas
relacionadas à temática dos direitos humanos não contam em geral com grande
prestígio nos cursos de graduação das universidades. Um percentual baixo (4%) dos
juízes teve a disciplina como obrigatória. No gráficos dois pode-se constatar que 42
magistrados nunca estudaram direitos humanos e como visto no gráfico três cerca
de 73% estariam dispostos a estudar o tema.
Já na tabela 2 pode-se perceber que 7,6% dos juízes afirmaram serem
“valores sem aplicabilidade efetiva”. Para outros 34,3%, os direitos humanos
constituíram “princípios aplicados na falta de regra específica” e para 54,3%
configurariam “regras plenamente aplicáveis”.
Historicamente, os direitos humanos surgem como direitos civis opostos à
ação invasiva do Estado, na esfera das liberdades individuais e do patrimônio
privado, exigindo, portanto uma absorção estatal. Bobbio afirma em uma de suas

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obras que os direitos humanos são históricos e constituem um conjunto
permanentemente aberto a novas articulações, especificações e atualizações.
Sobre a questão acerca da indivisibilidade dos direitos humanos, a despeito
das diferentes classificações que recebe, sejam direitos civis ou políticos ou direitos
econômicos e sociais, os direitos humanos são complementares e interdependentes.
A Declaração de Direitos Humanos de Viena reitera a concepção indivisível dos
direitos humanos.
Para um pequeno número de juízes, a aplicação dos direitos econômicos e
sociais não pode ocorrer da mesma forma que a dos direitos civis e políticos. Ainda
que havendo opiniões divergentes, a ampla maioria dos magistrados defende a
aplicação complementar dos direitos econômicos e sociais e dos direitos civis e
políticos.
No gráfico quatro constata-se que 52% dos magistrados entrevistados
atuaram esporadicamente no julgamento de demandas em que eram suscitadas
normas de direitos humanos. Por outro lado, a maioria dos juízes entrevistados
declarou que os direitos humanos são normas plenamente aplicáveis no
ordenamento jurídico brasileiro. O não-conhecimento de tal aplicabilidade pode estar
relacionado a um conhecimento precário do tema, ou mesmo a seu
desconhecimento.
Um dos princípios mais consagrados é o da isonomia. Observa-se ao longo
do tempo que a mera consagração do direito na lei não garante que os indivíduos
tenham as mesmas oportunidades de efetivo acesso às prerrogativas
disponibilizadas pela sociedade. As políticas públicas de ação afirmativa almejam
combater as desigualdades político-sociais, consistindo em qualquer meio de
incentivo que venha a distribuir direitos não atingíveis pelos grupos discriminados.
Segundo dados gráficos e dados inscritos em tabelas chega-se a conclusão
que a Convenção Americana dos Direitos Humanos é extremamente sub-utilizada,
em que 66% dos magistrados não a utilizam, apenas 9% dos magistrados
entrevistados a utilização com uma determinada freqüência, o que é preocupante,
pois a em média os magistrados da Comarca da Capital do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro não dão a importância devida aos direitos humanos, daí se
levanta a pergunta, e nos estados do interior?
Existe também uma outra convenção que é igualmente importante, e
infelizmente, também igualmente sub-utilizada, que é a Convenção pela eliminação
de todas as formas de racismo, convenção a qual o Brasil aderiu formalmente em
pleno regime militar (27/03/1968), porem era pouco utilizada e assim se manteve, o
gráfico aponta 75% de magistrados que não utilizam a convenção, o que é péssimo,
pois discriminação é uma prática que não combina em nada com a idéia de direito,
relembro que para a existência de uma sociedade livre, justa e solidária é preciso
que todas as formas de discriminação sejam expurgadas da mesma, porque do
contrário é inviável.
Outras convenções presentes no texto da resenha e que chamam atenção
pela sua extrema importância e pela sua sub-utulização são:

 Convenção pela eliminação de toda forma de discriminação contra a mulher


 Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos
ou degradantes.
 Convenção sobre os direitos da criança

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As convenções supracitadas como foi dito são de importância estratégica,
pois tratam do povo e a idéia que o povo tem dele próprio, e mantêm a uma média
de utilização muito baixa, algo entorno de 70%, o que representa a possibilidade de
um descaso em relação a casos de discriminação.
Um caso de discriminação que é especialmente vergonhoso e infame é a
discriminação contra portadores de deficiências. Em um país com 24 Milhões de
pessoa portadoras de algum tipo de deficiência é surpreendente perceber que
existem muito poucas ações efetivas no sentido de amenizar as colossais diferenças
que a sociedade estabelece entre as pessoas ditas “Normais” e as pessoas
“Deficientes”, e é ai que entra a “Função Social” do Direito, garantir a todos o mínimo
de dignidade para a vida em sociedade, porém vemos que a realidade é um pouco
mais fria que isto, 71% dos Magistrados não utilizam a Convenção Internacional
para eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras
de deficiências.
Pela analise das tabelas utilizadas para se saber como foram processados os
dados dessa pesquisa chegamos a seguinte conclusão:

 O Grau de Conhecimento dos sistemas internacionais de proteção dos


direitos humanos;
 A “cor” do juiz, cor essa que é feita pela auto-declaraçao;
 A área de atuação desse juiz (Civil, Trabalhista, Penal e etc);

Mas a conclusão que tiramos da substancia do texto é alarmante, os


Magistrados do segundo maior Tibunal de Justiça do Brasil não levam
adequadamente em considaração os tratados e convenções internacionais no que
tange aos direitos humanos, é uma área que precisa ser desenvolvida no Brasil, mas
desesnvolvida de forma pragmática, os direitos humanos precisam ser levados em
conta se quisermos construir um sociedade livre, justa e democrática.

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