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Rio de Janeiro
Julho de 2015
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola Politécnica
Engenharia Naval e Oceânica POLI/UFRJ
ENGENHARIA NAVAL E O
OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA
LITÉCNICA DA
OCEÂNICO.
Examinado por:
___________________________________________________
Profª. D.Sc. Marta Cecilia Tapia Reyes
___________________________________________________
Prof. D.Sc. Severino Fonseca da Silva Neto
___________________________________________________
Profª. D.Sc. Annelise Zeemann
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Sergio e Emilce, pelo apoio, palavras de incentivo e paciência
durante toda a vida, principalmente nos anos de graduação longe do aconchego do
lar. A minha irmã, Aline, que sempre me fez ser mais resiliente.
A toda minha família que sempre foram presentes e incentivadores do estudo.
Aos meus grandes amigos de São José dos Campos que passados tantos
anos distantes a amizade se mostra sempre grande e verdadeira e a certeza de bons
momentos quando todos estão reunidos.
A minha orientadora, Marta, pela ajuda durante o desenvolvimento desse
projeto, pelos ensinamentos e entusiasmos passados sobre Engenharia Naval durante
as disciplinas ministradas.
Aos docentes do DENO que se esforçaram em transmitir seus conhecimentos
tanto profissional como pessoal que sem dúvida farão parte da minha vida profissional.
Aos colegas de trabalho que foram excepcionais, permitindo que eu estivesse
em um ambiente agradável e de muito aprendizado, principalmente, os vistoriadores
que sempre foram solícitos em me ajudar e transmitir conhecimentos.
Aos amigos que fiz durante a trajetória acadêmica, calouros, veteranos e
colegas de turma, em especial a minha dupla de inúmeros trabalhos o Filipe e ao Caio
e Renan pela ajuda, incentivo, conselhos, risadas que sem dúvida tornaram a
faculdade uma época a ser lembrada com saudade.
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.
Julho/2015
Com a retomada da indústria naval brasileira nos anos 2000 houve uma ampliação
dos estaleiros nacionais que viram o número de navios a serem construídos crescer.
Os muitos anos sem movimentação expressiva nesse setor tornaram-no escasso de
mão de obra, principalmente de soldadores. Fato esse que colabora para que existam
erros durante a construção. Após 15 anos de mercado aquecido ainda são
encontrados problemas nos estaleiros brasileiros, precisamente os do estado do Rio
de Janeiro.
Com o intuito de analisar a curva de aprendizado de um estaleiro ao construir navios
irmãos foi realizado esse projeto que consiste em acompanhar a construção de 4
embarcações de apoio marítimo denominadas de manipuladores de linhas “Line
Handling” a fim de identificar os problemas enfrentados (defeitos em soldas, não
conformidades estruturais, erros de projeto, desconhecimento de normas e
regulamentos entre outros) e como eles foram solucionados e aprendidos para a
construção dos navios subsequentes.
Ao final foi possível obter um panorama da situação do estaleiro que é um recorte dos
estaleiros encontrados no Brasil.
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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
July/2015
In the 2000s with the resumption of the Brazilian shipbuilding industry there was an
expansion of domestic shipyards and they seen the number of ships to be built to
increase. The many years without significant movement in this sector made a scarce of
manpower, mainly of welders. A fact that contributes to there are errors during
construction. After 15 years of hot market are still found problems in Brazilian
shipyards, precisely in the state of Rio de Janeiro.
In order to analyze the learning curve of a shipyard to build sisters ships was made this
project which was to follow the construction of four offshore support vessels know as
"Line Handling" to identify the problems faced (like defects in welds, structural non-
conformities, design errors, lack of knowledge of rules and regulations etc.) and how
they were solved and learned to build the subsequent ships.
Then it was possible to obtain an overview of the yard's situation which is an excerpt of
the shipyards found in Brazil.
vi
ÍNDICE
1 - Introdução ............................................................................................................... 1
2 - Curva de Aprendizado ............................................................................................. 2
3 - O Estaleiro ............................................................................................................... 6
4 - A Embarcação Manuseio de Espias ........................................................................ 8
5 - O Processo de Inspeção na Construção................................................................ 14
5.1 – Controle de Qualidade e Sociedade Classificadora........................................ 14
5.2 – Processo de Inspeção .................................................................................... 14
6 - Principais Não Conformidades Analisadas ............................................................ 22
6.1 – Não Conformidades de Soldas....................................................................... 22
6.1.1 – Porosidade .............................................................................................. 22
6.1.2 – Inclusão de Escória ................................................................................. 24
6.1.3 – Falta de Fusão ........................................................................................ 26
6.1.4 – Falta de Penetração ................................................................................ 27
6.1.5 – Mordedura ............................................................................................... 28
6.1.6 – Respingo ................................................................................................. 30
6.1.7 – Trincas .................................................................................................... 31
6.1.8 – Geometria ............................................................................................... 35
6.2 – Não Conformidades Estruturais ..................................................................... 36
6.2.1 – Desalinhamento ...................................................................................... 36
6.2.2 – Erros em peças estruturais ...................................................................... 38
6.2.3 – Empeno ................................................................................................... 39
6.3 – Outras Não Conformidades ............................................................................ 41
7 – Acompanhamento da Construção ......................................................................... 49
7.1 – Casco 01 ........................................................................................................ 49
7.2 – Casco 02 ........................................................................................................ 50
7.3 – Casco 03 ........................................................................................................ 51
7.4 – Casco 04 ........................................................................................................ 52
8 – Análise dos Resultados......................................................................................... 54
8.1 – Estudos da Série de embarcações manuseadores de linha ........................... 54
8.2 – Curva de Aprendizado da Série de embarcações manuseadores de linha ..... 58
8.3 – Interpretação dos resultados .......................................................................... 59
8.4 – Sugestões ao Estaleiro .................................................................................. 60
9 – Conclusão ............................................................................................................. 61
10 – Referências Bibliográficas................................................................................... 63
ANEXO A – Planilhas com os Dados Analisados........................................................ 65
ANEXO B – Tipos de Financiamento na Área Naval ................................................... 69
ANEXO C – Lista de Documentos necessários para a embarcação operar ................ 78
vii
1 - INTRODUÇÃO
O Brasil sempre teve em sua história uma forte ligação com a indústria naval, desde a
época colonial com a criação do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (1), depois no
final da década de 50 com o Plano de Metas em que estaleiros como Ishibrás e
Verolme vieram para o Brasil e agora nos anos 2000 que com o Programa de
Renovação da Frota de Apoio Marítimo (PROREFAM), criado em 2000; o Programa
de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (PROMINP), criado
em 2003 e o Programa de Modernização e Expansão da Frota (PROMEF), criado em
2004 possibilitou o ressurgimento da indústria naval brasileira.
Essa retomada aproveitou o cenário favorável do petróleo, por exemplo, com a
descoberta em 2007 do pré-sal, pela Petrobras. Para se ter uma ideia desse forte
incentivo pode-se observar que no 3º PROREFAM lançado em 2008, que prevê a
contratação de 146 embarcações com conteúdo local mínimo de 70%. (2)
Um dos problemas no ressurgimento da indústria naval brasileira foi a falta de mão de
obra, por exemplo, soldadores qualificados. Esse é um problema que afeta
diretamente na produtividade dos estaleiros nacionais, pois durante realização de
inspeções pelo controle de qualidade ou pela Sociedade Classificadora é comum
encontrar problemas de solda, além de problemas por falta de peças; desalinhamento
e empeno.
Nos últimos anos as carteiras dos estaleiros nacionais tem estado cheias,
principalmente por causa dos programas citados anteriormente. Outra característica
proporcionada por esses programas é a de existência de “Sister Ships”, ou seja,
navios irmãos que utilizam o mesmo projeto para ser construído.
Uma das vantagens desses navios irmãos é o aprendizado tanto dos armadores como
dos estaleiros no que diz respeito aos processos construtivos, ou seja, é esperado que
o estaleiro aprenda a cada nova construção, mais ainda se forem navios irmãos.
Nesse projeto foi estudada uma série de navios irmãos de apoio offshore
denomidados “Line Handling - LH” com o objetivo de verificar a melhora na
produtividade ocasionada pela curva de aprendizado.
No capítulos seguintes serão abordados o que é a curva de aprendizagem, juntamente
com as especificidades dela para a área naval e a importância de se conhecer os
processos produtivos, as características do estaleiro serão abordados em um novo
capítulo. Em outro capítulo é explicado como é a embarcação da série que será
estudada, as dimensões, equipamentos, quantidade de tanques. Outro capítulo é
destinado a explicar o processo de inspeção durante a construção, quais são as
1
etapas e os papéis tanto do estaleiro como da sociedade classificadora. Em seguida
serão apresentadas as principais não conformidades encontradas durante as
inspeções, como elas ocorrem e como são constatadas. Nos capítulos seguintes são
referentes ao estudo realizado, a reunião de dados para posterior análise deles dados,
mostrando a curva de aprendizado da série estudada.
Nos anexos do trabalho tem uma explicacação sobre o tipo de financiamento da
embarcação e uma explicação dos documentos exigidos para que ela navegue.
2 - CURVA DE APRENDIZADO
2
Fonte: Jack Malcolm (4)
Com o método moderno de construção por blocos e o uso de soldas além de novas
formas de movimentar estruturas no estaleiro, foi possível a construção de navios em
paralelo.
3
Figura 2 - Plano de Blocos
Uma vez que os blocos construídos são menores e podem ser construídos
simultaneamente com os blocos de outros navios, não há mais a necessidade de
concluir uma embarcação para começar a outra. Apesar de uma maior necessidade de
interação entre as etapas construtivas, a construção por blocos tem vantagens como a
de permitir que o bloco não seja construído necessariamente no mesmo local da
edificação, flexibilizando a construção; evitar o trabalho sobre cabeça seja nas soldas,
4
assim como na instalação de suportes e tubulações; instalação de equipamentos sem
precisar fazer cortes no casco para que sejam instalados a bordo, facilidade na pintura
por ser uma área menor e ter mais acesso aos locais de difícil acesso.
Outro ponto importante na construção em paralelo é a de controlar o intervalo de
batimento entre quilhas para que não seja muito longo e a execução do projeto se
torne muito custosa e nem que seja muito curta, pois aumenta a necessidade de
gerenciar melhor as construções, além das lições aprendidas com os erros cometidos
no navio anterior não conseguirem ser colocadas em práticas gerando mais gastos.
Da economia sabe-se bem que a produção em massa e a economia de escala estão
diretamente ligadas com a diminuição dos custos de produção. Navios não são iguais
carros que são produzidos em massa, porém a construção de navios irmãos utiliza
esse princípio para reduzir o esforço da construção.
Todos os estaleiros experimentam uma diminuição do número de horas necessário
para construir os navios subsequentes, principalmente se forem navios irmãos
obviamente que uma alteração no projeto do navio ou nos processos produtivos do
estaleiro possa alterar e normalmente aumentar essas horas. Medidas de curvas de
aprendizado mostram que elas não são lineares, o ganho entre o primeiro e segundo
navio não é repetido nos navios seguintes. Apesar do maior ganho ser no início
mesmo em programas maiores é perceptível o ganho navio pós navio.
As curvas de aprendizado de construção naval de 90% a 94% são típicas (5) e podem
ser vistas na figura abaixo.
Fonte: Naval Shipbuilding Australia’s $250 bilion Nation Building Opportunity (5)
5
Ou seja, uma curva 90% quer dizer que a cada vez que a produção é dobrada, a
redução no tempo é de 10%.
3 - O ESTALEIRO
7
Figura 6 - Bloco de proa. Estrutura da grelha de reforçadores montada antes das chapas
curvas.
A função principal do navio manuseio de espias é como seu nome já diz manipular
linhas de amarração dos navios tanques até a manobóia de descarga, como funções
auxiliares esses navios também auxiliam na operação de carregamento de navios
atracado em bóia única devido a sua capacidade de reboque marítimo e, também,
participam da manutenção de mangotes flexíveis flutuantes por ter uma área de
convés onde é possível manuseá-los enquanto são realizados os serviços de
8
manutenção. Essa área de convés permite também o transporte de suprimentos da
base para as unidades offshore ou entre elas (em menor quantidade que um Platform
Supply Vessel – PSV, mas com um custo diário menor do que os PSV’s).
Para conseguir realizar suas funções o navio possui um guindaste hidráulico com
capacidade segura de trabalho de uma tonelada em um raio máximo de dez metros. O
guindaste é importante para a movimentação de cargas no convés. Ele fica localizado
no convés principal à meia nau.
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Para rebocar cabos, espias e até mesmo embarcações existe também um gato de
reboque localizado, também, no convés principal a meia nau.
Para que o cabo possa ser rebocado é importante que a popa do navio seja
adequada, ou seja, que possua um rolo de popa ou que seja arredondada e reforçada
devido ao atrito durante as operações.
Figura 9 - Visão da popa da embarcação, com detalhe para o rolo de popa; gato de reboque e
guindaste.
10
Para a realização da ancoragem da embarcação ela deve possuir um molinete,
localizado na proa da embarcação.
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Quadro 2 - Divisão dos blocos
Dados dos blocos
Unidade Peso Total (kg) Descrição
B01 32648 Duplo Fundo (PM)
B02 11530 Costado Duplo BB (PM)
B03 11530 Costado Duplo BE (PM)
B04 10657 Tanques e Cofferdam BB
B05 10635 Tanques e Cofferdam BE
B06 3589 Estrutura Central entre tanques de óleo 5 e 6
B07 2173 Estrutura base da chaminé
B08 10424 Convés Principal (PM)
B09 23670 Tanque de água doce / Piso da acomodação
B10 11313 Acomodação inferior / convés do castelo
B11 19483 Tanques de óleo diesel 1 e 2 / convés principal (Ré)
B12 10083 Pique tanque de vante
B13 26382 Pique tanque de ré
B14 14015 Acomodações superiores
B15 5912 Passadiço e estrutura superior das chaminés
B16 5379 Quilha (até caverna 20)
B17 1069 Quilha (caverna 20 à 38)
B18 965 Quilha (a partir da caverna 38)
B19 3459 Borda falsa (até caverna 23 BB e BE)
B20 3562 Borda falsa (a partir da caverna 23 BB e BE)
B21 2176 Rabeta (BB e BE)
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Figura 11 - Plano de blocos dos LH's
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5 - O PROCESSO DE INSPEÇÃO NA CONSTRUÇÃO
14
Figura 12 - Fluxograma de inspeções realizadas durante a construção.
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No Brasil, não é comum que as chapas de aço saiam das siderúrgicas já certificadas
pela classificadora, por isso o primeiro passo na construção dos blocos é a certificação
de chapas e perfis estruturais.
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Figura 14 - Montagem de painéis
Figura 16 - Bloco 02 (Costado Duplo BE) içado para junção com blocos 01 (Duplo Fundo) e 03
(Costado Duplo BE)
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Após a construção dos blocos é feita a vistoria pela Sociedade Classificadora, bloco a
bloco. É feita uma vistoria estrutural para verificar se foi construído de acordo com o
desenho aprovado, com todas as estruturas, dimensões corretas, se existe uma
continuidade estrutural, o alinhamento das estruturas.
Em seguida o bloco passa pela inspeção de soldas que visa garantir a existência de
soldas e a qualidade delas primeiramente pelo visual e onde forem necessários
ensaios não destrutivos são solicitados.
Algumas vezes blocos adjacentes já foram emendados durante a vistoria da
Sociedade Classificadora, é importante que nas emendas de blocos seja verificado o
alinhamento das estruturas, a existência de soldas, pois é comum o estaleiro deixar
uma parte do bloco sem solda para facilitar o alinhamento entre os blocos. Nesta
etapa, se houver dúvidas do vistoriador da classificadora, pode ser requerido um
ultrassom ou raios-X para assegurar a qualidade das emendas. Ou incluir esse ponto
de dúvida no raio-X ao final de todas as soldas de edificação.
Nas emendas de solda externas do zero até a altura de linha d’água é realizado o
teste caixa de vácuo para verificar a existência de vazamentos.
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O teste de vácuo é um teste para verificar somente a estanqueidade, ou seja, se não
há vazamentos pela solda. Ele é aplicado com um “kit” que consiste numa caixa com
um manômetro e borracha para vedação, no cordão de solda a ser testado é passada
uma solução (água e sabão) para que caso haja algum vazamento quando o ar for
retirado da caixa (pressão negativa) se formem bolhas, identificando assim o
vazamento. Ele costuma ser usado após algum reparo ou quando existe alguma
dificuldade momentânea em pressurizar um tanque. Logo, ele não tem a capacidade
de verificar a resistência estrutural, deformações, além de como explicado acima, das
soldas que ficam entre a quilha e a linha d’água e não se encontram delimitadas por
tanques.
Figura 18 - Teste Caixa de Vácuo nas soldas externas até a linha d'água
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Figura 19 - Exemplo de vazamento em Teste de Pressão Pneumático (TPP)
Outra etapa é a dos testes das redes de tubulação, ou seja, a tubulação juntamente
com as válvulas, estas devem possuir um certificado de tipo aprovado pela Sociedade
Classificadora. Antes da instalação das mesmas a bordo, elas são testadas em
bancadas, ou seja, é feito um teste com uma vez e meia a pressão de trabalho a fim
de garantir que não existam defeitos. Após a instalação de toda a rede no navio é feito
o teste delas, através do teste hidrostático, com até 1,5 vezes a pressão de trabalho
ou com teste pneumático com no máximo 1,1 vezes a pressão de trabalho. Nesse
caso também se joga uma mistura de água e sabão para verificar se não há
vazamentos nas soldas, nos flanges e nas gaxetas.
Pressão de
Rede
Teste (Kgf/cm²)
Óleo Diesel de Carga 6,0
Água Doce Carga 4,0
Óleo Diesel Serviço 6,0
Água Doce Serviço 5,0
Resfriamento MCP 3,0
Resfriamento MCA 2,0
Lastro 4,0
Incêndio 4,0
Note que como a finalidade do TPH é de garantir a integridade estrutural dos tanques
a Sociedade Classificadora por se tratar de navios irmãos aceita que seja aprovado os
tanques apenas em uma embarcação do que em todas.
A Sociedade Classificadora também deve acompanhar a instalação dos eixos
propulsores, motores, lemes e hélices a fim de garantir o alinhamento e a vedação
necessária entre outras partes, como por exemplo, o gato de reboque e a
determinação da Tração Estática (Bollard Pull) da embarcação.
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Após terminar as soldas de emendas de blocos é comum a realização de radiografias
de alguns pontos do casco a fim de saber como foi a qualidade da soldagem no casco
como um todo. Para isso o vistoriador escolhe pontos aleatórios, pontos que peguem
interseções de soldas, regiões suspeitas, ou outro a critério do vistoriador. Caso seja
encontrado algum problema nas radiografias, além das soldas terem de ser refeitas,
juntamente com as radiografias para comprovar que não há mais problemas, novos
pontos podem ser incluídos para que se tenha confiança no restante da solda da
embarcação.
Ao final da construção são realizados os testes finais da embarcação como a Prova de
Cais onde a embarcação é testada na sua totalidade antes da realização da Prova de
Mar que são feitos os mesmos testes que os feitos no cais além de outros para
assegurar sua navegabilidade e segurança.
Com os resultados satisfatórios dos testes acima são realizadas as vistorias para a
emissão dos certificados para a liberação da embarcação à navegação, tais como
Certificado de Segurança da Navegação (CSN); Certificado Nacional de Borda-Livre
(NBL); Certificado de Classe; Certificado de Arqueação; Certificados MARPOL e os
demais explicados no Anexo C.
6.1.1 – Porosidade
Os poros são a inclusão de gás ainda sob pressão no interior do material, às vezes
surgem na superfície do cordão de solda. Eles podem ter uma forma de esfera ou
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forma alongada e podem ser distribuídos ao longo do cordão de três maneiras:
aglomerados, isolados e alinhados.
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Figura 26 - Esquema da inclusão de escória no cordão de solda.
A causa pode ser: uma sequência incorreta de passe, caso em que as cavidades são
geralmente uma linha fina, uma manipulação incorreta do eletrodo, ou seja, a
deposição da escória sendo feita à frente da poça de fusão, remoção insuficiente de
escória entre passes de soldas.
Figura 27 - Inclusões de escória no cordão de solda resultado da falta de limpeza entre passes.
25
Os critérios de aceitação para a inclusão de escória é baseada, também, na ISO-5817
(8) tamanhos de no máximo 2 mm de altura ou largura da inclusão e não mais do que
25 mm de comprimento.
É a falta de fusão entre o metal base e o metal de solda. Um dos defeitos de soldas
mais graves que existem e que são difíceis de detectar através de Ensaios Não
Destrutivos (END). As opções são a radiografia, que apenas consegue captar grandes
faltas de fusão por detectar inclusões e vazios, mas não a falta de fusão em si e o
ultrassom que é o método mais indicado, porém grandes defeitos de falta de fusão
geram baixa refletividade o que acarreta em avaliar como “defeitos pequenos,
aceitáveis”.
As causas desse defeito são: quando o arco é muito longo ou a corrente é muito baixa,
velocidade muito alta, chanfros estreitos, ou seja, são problemas do proccesso de
soldagem e, portanto, é preciso rever o procedimento, se o mesmo está sendo
seguido.
A falta de fusão cria uma região com concentrador de tensões sendo suscetível
a trincas e uma diminuição da seção efetiva de solda que resiste à solicitações
mecânicas.
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Figura 30 - Falta de fusão na raiz de junta T à esquerda.
Segundo a ISO-5817 (8) e a Recomendação N°20 da IACS (9) não são permitidas
faltas de fusão.
Essa não conformidade ocorre quando a solda não atinge a profundidade desejada,
não se consegue preencher a raiz ou quando os cordões não se interceptam nas
soldas com chanfro em X (Duplo V).
As causas são: corrente muito baixa, velocidade de soldagem muito alta, não dando
tempo de preencher as laterais, bitola do eletrodo muito grossa para o chanfro ou
chanfro muito apertado, em peças espessas corre o risco de não conseguir penetrar a
raiz.
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Figura 32 - Falta de penetração entre os cordões de solda.
Vale salientar que nem todas as soldas precisam de penetração total, mas há locais
em que é necessário, como por exemplo, em caixas de mar e bases de equipamentos
que haverá muito esforço.
6.1.5 – Mordedura
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Figura 34 - Desenho esquemático de mordedura
O motivo é o uso de corrente alta demais ou um arco muito longo, ou seja, a pouca
habilidade do soldador.
O problema que as mordeduras causam são o aumento da concentração de tensão e
a diminuição da resistência à fadiga.
Elas são visualmente verificadas, vale notar que apesar de ser uma não conformidade
ela é prevista e existem critérios para a sua aceitação, segundo as referências ISO-
5817 (8), a Recomendação N°20 (9) e a Recomendação N°47 (11) da IACS para
espessuras de chapas até 3 mm não são aceitas mordeduras, para espessuras
maiores são aceitas mordeduras de até 0,5 mm de profundidade, porém é preciso que
seja suave a mudança da geometria para não criar um concentrador de tensões. Se a
profundidade for maior do que 1 mm é preciso preencher a mordedura com solda.
29
6.1.6 – Respingo
O respingo de solda normalmente não traz problemas futuros, porém indica que os
parâmetros de soldagem não estão corretos. Eles são gerados pela corrente muito
alta, arco longo, peça suja, enferrujada, úmida ou o eletrodo se encontra úmido e são
facilmente identificados em um exame visual.
30
6.1.7 – Trincas
As trincas são as não conformidades mais graves existentes, pois formam um local de
concentração de tensões que acarreta na formação de mais trincas e que no futuro vai
acarretar a perda de integridade do cordão de solda e posteriormente da estrutura.
As trincas podem ser formadas durante a soldagem (trincas à quente), ou serem
formadas até 48h após a soldagem (trincas à frio) e são resultado de tensões de
tração.
Deve-se atentar ao formato da poça de fusão, ou seja, a velocidade de soldagem.
31
Figura 39 - Técnica "Step back"
Trincas à quente
Elas são geradas devido às tensões residuais e o intervalo de solidificação do
processo de soldagem por causa de impurezas, como: Fósforo, Enxofre, Carbono e
são atenuadas na presença de Manganês. Essas trincas possuem a característica de
serem encontradas na zona de soldagem, principalmente, paralelas ao eixo de
soldagem.
32
Figura 41 - Ilustração das zonas existentes no processo de soldagem.
33
Figura 43 - Solidificação de fora para o centro do cordão de solda e relação
largura/profundidade.
34
Como pode ser observado as trincas à frio ocorrem nas ZTA, diferentemente das
trincas à quente que ocorrem na zona soldada.
6.1.8 – Geometria
As dimensões das soldas como perna e garganta, se forem diferentes das previstas no
projeto podem ser consideradas como não conformidades.
35
Figura 48 - Exemplo de um cordão de solda mal feito.
6.2.1 – Desalinhamento
36
Figura 49 - Uso de giz para identificar a solda do outro lado, mostrando um desalinhamento.
O reparo depende quanto foi desviado, quando 0,04b <a ≤ 0,08b, até um máximo de 8
mm: deve-se esmerilhar os cantos para suavizar ao longo de um cone, sendo a
distância mínima de L = 3a. Agora quando a> 0,08b ou 8 mm: deve-se soltar e ajustar
a uma distância mínima de L = 50a.
37
6.2.2 – Erros em peças estruturais
Outro problema comum é ter ou não uma peça ou um furo (passagem de tubulação)
que não está no desenho aprovado, logo, um novo plano é preciso ser submetido à
aprovação pela Sociedade Classificadora. Ao fazer um furo não previsto é possível
que o módulo de seção não seja mais atingido, comprometendo a estrutura.
É importante checar o dimensional das peças, pois é possível encontrar uma borboleta
150 mm x 150 mm ao invés de uma 200 mm x 200 mm (aprovada no desenho). Como
por exemplo, a emenda desses flanges do reforçador que está nitidamente com
dimensões erradas. Nesse caso o problema pode acarretar em um concentrador de
tensões por alterar a geometria bruscamente.
38
Figura 52 - Mudança de geometria abrupta (erro dimensional) entre flanges.
Nesse caso a correção é verificar no plano qual a dimensão correta e consertar a parte
que foi construída errada. Caso seja previsto em projeto, deverá fazer uma correção
parecida com o do item anterior segundo a Recomendação Nº47 da IACS (11), ou
seja, criar uma zona de transição de largura de flange diferentes.
6.2.3 – Empeno
Outra não conformidade comum nos estaleiros é o empeno e eles possuem diversas
causas: falta de precisão no controle dimensional, excesso de calor durante a
soldagem, má estocagem das chapas (poucos pontos de apoio) ou manipulação
errada permitindo que ocorra uma deformação plástica permanente.
39
Figura 53 - A manipulação com um guindaste levantando em um ponto ao meio da chapa gera
um momento de flexão na chapa que pode deformá-la plasticamente.
Figura 54 - Empeno de bloco. À esquerda a parte exterior (côncava) e à direita a parte interior
do bloco (convexa).
Para medir o empeno é usada a mesma técnica já citada aqui, com uso do barbante. A
aceitação é de 4 mm, não podendo passar de 8 mm.
40
Existem alguns procedimentos para serem seguidos para desempenar:
- Deve-se usar uma temperatura entre 200°C a 250°C nas áreas da chapa adjacentes
aos dos perfis a fim de aliviar as tensões;
- Já para os perfis pode-se usar uma temperatura entre 600°C a 650°C;
- A peça a ser desempenada deve estar livre de tensões externas;
- O calor deve ser feito primeiro nas vigas e depois nas chapas;
- O desempeno deve ser feito do centro do navio para fora. Além de baixo pra cima
(da quilha pra superestrutura);
- Áreas de menores distorções são feitas primeiro, se conseguir ser feito com prensa,
melhor;
- O aquecimento da chapa aumentam as distorções, por isso se for preciso reaquecer
a chapa é preciso aguardar o resfriamento.
- Costuma-se aplicar o calor nas regiões convexas.
Figura 56 - Ao resfriar o lado aquecido se contrai mais do que o que estava frio.
41
Figura 57 - Sobreposição de soldas.
42
Figura 59 - Costado após reparo, à esquerda o exterior e à direita o reparo no interior.
43
Figura 60 - Desalinhamento do eixo gerando folga e consequentemente a falta de vedação.
Fabricação de acessórios
O acompanhamento da fabricação do hélice para sua certificação da primeira
embarcação foi feita no interior de São Paulo. Constatou-se que o hélice estava
reprovado devido a poros, trincas e não adequação do material (foi reprovado nos
testes de tração mecânica, realizados em laboratórios certificados pela Sociedade
Classificadora).
44
Figura 62 - Presença de trincas em vários pontos do hélice. Na foto em uma das extremidades
de uma pá.
Note que trincas quando são encontradas nas extremidades das pás são
potencialmente perigosas e não podem ser aceitas para um navio recém-construído.
Qualificação de operários
Por fim, outras não conformidades encontradas demonstram a falta de qualificação
dos trabalhadores em que muitas vezes acabam arriscando a própria saúde,
segurança. Como por exemplo, na foto seguinte onde um soldador está realizando
uma solda em altura sem os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) além de
estar soldando sobre tinta que ao entrar em contato com o arco elétrico entra em
ebulição e expele gases tóxicos, prejudicando a saúde do trabalhador e podendo gerar
poros, inclusões, afetando a qualidade da solda.
45
Figura 63 - Trabalhador soldando sobre tinta em altura.
Figura 64 - Baixa qualidade de solda, com poros visíveis e cordão não uniforme.
46
A falta de cuidado com a segurança ao esmerilhar perto de produtos inflamáveis
causou um incêndio quando uma faísca caiu em uma lata de solvente. Por sorte, não
houve feridos.
47
Nos reforços secundários são permitidos em alguns casos pela regra que a solda seja
intermitente, mas no gigante a solda deve ser obrigatoriamente contínua. Não
conformidade encontrada no quarto navio da série.
48
7 – ACOMPANHAMENTO DA CONSTRUÇÃO
A coleta de dados foi obtida a partir dos relatórios do estaleiro e de relatórios de visita
da Sociedade Classificadora para a aprovação dos blocos. Os dados desses relatórios
foram inseridos em uma planilha e montada uma tabela referente a cada um dos
quatro navios que segue no anexo A.
A tabela é constituída da quantificação das não conformidades encontradas nos 21
blocos que formam a embarcação, organizadas de acordo com cada um dos três
grupos: solda; estrutural; estanqueidade – Teste de Pressão Pneumática – (TPP).
Após a organização dos dados referentes a cada navio foram feitas as análises dos
dados para cada casco e para a série.
7.1 – Casco 01
O primeiro navio da série bateu quilha em julho de 2012 e foi entregue em agosto de
2014.
Casco 01
Não Conformidade Qtd
Estrutural 52
Solda 466
Teste de Pressão Pneumática (TPP) 72
Casco 01
500
450
Número de não conformidades
400
350
300 Estrutural
250
Solda
200
150 TPP
100
50
0
Tipo de não conformidade
49
Para poder ter um melhor entendimento das não conformidades foi feito um gráfico
para analisar em relação a cada bloco.
Casco 01
100
Número de não conformidades
90
80
70
60
50
40 Estrutural
30 Solda
20
TPP
10
0
Tubulações
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 4
Bloco 5
Bloco 6
Bloco 7
Bloco 8
Bloco 9
Bloco 10
Bloco 11
Bloco 12
Bloco 13
Bloco 14
Bloco 15
Bloco 16
Bloco 17
Bloco 18
Bloco 19
Bloco 20
Bloco 21
Blocos
7.2 – Casco 02
O segundo navio da série bateu quilha em janeiro de 2013 e foi entregue em janeiro
de 2015.
Casco 02
Não Conformidade Qtd
Estrutural 48
Solda 457
Teste de Pressão Pneumática (TPP) 66
50
Gráfico 3 - Não conformidades encontradas na segunda embarcação da série.
Casco 02
500
450
Número de não conformidades
400
350
300 Estrutural
250
Solda
200
150 TPP
100
50
0
Tipos não conformidade
Casco 02
90
Número de não conformidades
80
70
60
50
40 Estrutural
30
Solda
20
TPP
10
0
Tubulações
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 4
Bloco 5
Bloco 6
Bloco 7
Bloco 8
Bloco 9
Bloco 10
Bloco 11
Bloco 12
Bloco 13
Bloco 14
Bloco 15
Bloco 16
Bloco 17
Bloco 18
Bloco 19
Bloco 20
Bloco 21
Blocos
7.3 – Casco 03
O terceiro navio da série bateu quilha em junho de 2013 e foi entregue no final de
fevereiro de 2015.
51
Quadro 6 - Não conformidades encontradas na terceira embarcação da série.
Casco 03
Não Conformidade Qtd
Estrutural 37
Solda 347
Teste de Pressão Pneumática (TPP) 51
Casco 03
400
350
Número de não conformidades
300
250
Estrutural
200
Solda
150
TPP
100
50
0
Tipos não conformidade
Casco 03
60
Número de não conformidades
50
40
30
Estrutural
20
Solda
10
TPP
0
Tubulaçõ…
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 4
Bloco 5
Bloco 6
Bloco 7
Bloco 8
Bloco 9
Bloco 10
Bloco 11
Bloco 12
Bloco 13
Bloco 14
Bloco 15
Bloco 16
Bloco 17
Bloco 18
Bloco 19
Bloco 20
Bloco 21
Blocos
7.4 – Casco 04
O quarto navio da série bateu quilha em novembro de 2013 e foi entregue em maio de
2015.
52
Quadro 7 - Não conformidades encontradas no quarto navio da série.
Casco 04
Não Conformidade Qtd
Estrutural 31
Solda 315
Teste de Pressão Pneumática (TPP) 41
Casco 04
350
300
Número de não conformidades
250
200 Estrutural
150 Solda
TPP
100
50
0
Tipos não conformidade
Casco 04
60
Número de não conformidades
50
40
30
Estrutural
20
Solda
10 TPP
0
Tubulações
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 4
Bloco 5
Bloco 6
Bloco 7
Bloco 8
Bloco 9
Bloco 10
Bloco 11
Bloco 12
Bloco 13
Bloco 14
Bloco 15
Bloco 16
Bloco 17
Bloco 18
Bloco 19
Bloco 20
Bloco 21
Blocos
53
8 – ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo os dados referentes a cada navio serão comparados com a série inteira
a fim de perceber uma diminuição no número de não conformidades, diminuição no
tempo de construção, ou seja, o aprendizado obtido durante a construção das
embarcações.
Primeiramente, serão contabilizados os números totais de não conformidades de cada
navio em relação a problema Estrutural, Solda e Estanqueidade - Teste de Pressão
Pneumático - (TPP) e será feito um gráfico para perceber a evolução ao decorrer de
cada nova construção.
Outro dado importante é conhecer se existe alguma similariedade nas não
conformidades encontradas em cada um dos 21 blocos que compõe a embarcação.
Para uma melhor visualização será feito um gráfico em barras para cada bloco
mostrando cada um dos três grupos de não conformidades (Estrutural, Solda e
Estanqueidade - Teste de Pressão Pneumático - (TPP)) para cada um dos 4 navios
estudados. Dessa maneira será possível perceber se o maior número de não
conformidades de um determinado bloco existe devido a alguma peculiariedade dele,
como ele ser curvo ou ter alguma dificuldade de acesso.
Com as informações do tempo de início de construção, batimento de quilha, e da
entrega de cada embarcação será montada a curva de aprendizado para a série de
navios estudada e para efeitos comparativos também será feito um gráfico com as
curvas de aprendizado “típicas” da construção naval apresentadas no capítulo 2 para
verificar a semelhança.
Todas as análises de dados serão interpretados a fim de compreender similariedades
e dissimilariedades dos resultados esperados e como forma de ajudar a melhorar o
processo de aprendizado serão feitas algumas sugestões ao estaleiro para que se
possa maximizar a taxa de aprendizagem.
Para ter uma visão holística da série foram feitos gráficos com os dados dos quatro
navios.
54
Quadro 8 - Não conformidades da série.
Casco Casco Casco Casco
Não Conformidade 01 02 03 04
Estrutural 52 48 37 31
Solda 466 457 347 315
Teste de Pressão Pneumática (TPP) 72 66 51 41
450
400
350
300
250 Estrutural
200
Solda
150
100 TPP
50
0
1 2 3 4
Número do casco da série
Para uma melhor visualização foram feitos gráficos separados para cada tipo de não
conformidade.
Estrutural
60
Número de não conformidades
50
40
30
20 Estrutural
10
0
1 2 3 4
Número do casco da série
55
Gráfico 11 - Não conformidade Solda da série.
Solda
Número de não conformidades 500
400
300
200
Solda
100
0
1 2 3 4
Número do casco na série
70
60
50
40
30
TPP
20
10
0
1 2 3 4
Número do casco na série
Outros gráficos feitos foram o de cada não conformidade da série para cada um dos
21 blocos.
56
Número de Não Conformidades Número de Não Conformidades
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Bloco 1
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 3
Bloco 4 Bloco 4
Bloco 5 Bloco 5
Bloco 6 Bloco 6
Bloco 7 Bloco 7
Bloco 8 Bloco 8
Bloco 9 Bloco 9
Bloco 10 Bloco 10
Bloco 11 Bloco 11
Bloco 12
Blocos
57
Bloco 12
Blocos
Bloco 13 Bloco 13
Solda
Bloco 14 Bloco 14
Estrutural
Bloco 15 Bloco 15
Bloco 16 Bloco 16
Bloco 17 Bloco 17
Bloco 18 Bloco 18
Bloco 19 Bloco 19
Bloco 20 Bloco 20
Bloco 21 Bloco 21
Gráfico 14 - Não conformidade Solda da série por blocos.
Tubulaç… Tubula…
Gráfico 13 - Não conformidade Estrutural da série por blocos.
Casco 04
Casco 03
Casco 02
Casco 01
Casco 04
Casco 03
Casco 02
Casco 01
Gráfico 15 - Não conformidade TPP da série por blocos.
20
15
Casco 01
10 Casco 02
Casco 03
5
Casco 04
0
Tubulaç…
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3
Bloco 4
Bloco 5
Bloco 6
Bloco 7
Bloco 8
Bloco 9
Bloco 10
Bloco 11
Bloco 12
Bloco 13
Bloco 14
Bloco 15
Bloco 16
Bloco 17
Bloco 18
Bloco 19
Bloco 20
Bloco 21
Blocos
A partir dos dados de batimento de quilha e entrega de cada embarcação foi feita a
curva de aprendizado utilizando os dados dos cascos 02, 03 e 04 como dados
relativos aos do casco 01.
1,00 1
0,80 2
primeiro navio
0,60 3
4
0,40
0,20
0,00
1 2 3 4
Número do casco
58
Gráfico 17 - Curva de Aprendizado da Série "LH's" com as curvas de aprendizado típicas.
Após analisar todos os gráficos foi possível perceber que em todas as obras o número
de problemas referentes a soldas foi muito grande e muito acima dos problemas
estruturais (como falta de peças, alinhamento) e estanqueidade (vazamentos durante
o Teste de Pressão Pneumática), embora vale notar a grande quantidade de soldas
realizadas durante a construção. Outro ponto a comentar é que a cada construção
houve uma diminuição em todas as não conformidades encontradas, na segunda a
diminuição não foi tão significativa, porém ela foi construída boa parte
simultaneamente com a primeira, logo, o aprendizado ainda não havia sido posto em
prática ou o controle de qualidade ainda não havia se adequado as exigências da
Sociedade Classificadora.
Quando analisados os blocos um a um em relação as não conformidades
encontradas, observou-se uma semelhança nas obras. Os blocos 01, 09, 11 e 13
foram os que apresentaram maiores problemas em relação à solda. Ao verificar quais
tipos de blocos são esses, observa-se que são os blocos maiores, duplo fundo,
regiões extensas e com difícil acesso, fato que justifica a maior incidência de não
conformidades devido a dificuldade de acesso.
Quanto as não conformidades estruturais surgiram mais em relação a falta de
soldagem de peças ou em posição incorreta, desalinhamento de algumas peças do
que um desalinhamento generalizado entre bloco. Além de que nas duas primeiras
59
embarcações havia algumas estruturas ou aberturas não previstas no desenho
aprovado.
Ao traçar a curva de aprendizado da série de embarcações do tipo manuseadores de
linhas observou-se que ao longo das construções o tempo para a construção diminuiu,
embora se esperasse que a segunda embarcação tivesse o maior ganho, fato que não
ocorreu. Como já dito acima, provavelmente por ter sido construída boa parte
simultaneamente com a primeira, ou seja, não foi possível incorporar os ganhos na
segunda, apenas na terceira em diante.
Vale ressaltar que a curva de aprendizado não é uma medida de produtividade do
estaleiro e sim uma função de quantos HH são necessários para a construção de uma
embarcação. A medida de produtividade do estaleiro é usualmente medida através de
HH por tonelada. Analisar a produtividade é complexo, pois dependem de fatores
como habilidade da mão de obra, qualidade no gerenciamento, capital, automação,
geografia (intempéries), equipe de projeto boa, indústria nacional que de suporte as
demandas entre outros. Esse ponto é importante, pois como foi verificado nas análises
dos dados durante a construção dos quatro navios houve diminuição das não
conformidades encontradas e uma melhora no tempo de construção, constatada
através da curva de aprendizado. Porém, se for avaliar em quantos meses foram
necessários para construir cada navio é notório que é um valor muito acima para
navios desse porte. Além de que é possível constatar que os ganhos de uma
embarcação para outra foram aleatórias, ou seja, não foi causada devido a uma ação
do estaleiro em estudar as não conformidades, identificá-las, tratá-las para que se
melhorasse o processo e elas não tornassem a aparecer nas outras construções.
9 – CONCLUSÃO
Desde o reaquecimento da indústria naval brasileira nos anos 2000, sempre foi alvo de
críticas a baixa qualidade da mão de obra e de que a médio prazo as não
conformidades diminuiriam, haveria um maior controle dimensional, possibilitando
chegar em níveis de produtividade parecidos com os dos países da Ásia, como China,
Coréia do Sul. No entanto, passados 15 anos ainda se constata a baixa qualidade nas
61
soldas nos estaleiros nacionais. É nítida a necessidade de investimento, da
capacitação dessa mão de obra e no sistema de qualidade do estaleiro.
No aspecto da duração da obra, que foram maiores do que pra embarcações do
mesmo porte, cabem ressalvas que colaboraram para esse tempo maior, tais como:
inexperiência do estaleiro; mudança de classificadora por parte do armador no início
da obra; armador construindo no mesmo estaleiro outra série de navios do tipo
rebocador, ou seja, o estaleiro chegou a ficar com 6 navios em construção
simultaneamente. Outro ponto que pode ser citado aqui e é explicado melhor no
Anexo B é sobre o tipo de financiamento das obras, a importância de se conhecer
como serão pagas as parcelas, nesse caso através da medição de avanço da obra, ou
seja, o estaleiro deve usar esse controle a seu favor, principalmente no caso de navios
irmãos, se organizando para que não haja atraso tanto no pedido como na entrega de
materiais que influenciem muito na percentagem de avanço.
Apesar de todos os contratempos durante a construção da série de navios irmãos, o
“aprendizado” do estaleiro e o visível problema no sistema de gestão, o armador já
assinou o contrato para a construção de mais 2 navios do tipo manuseador de espias,
então espera-se que com o ganho adquirido até agora e as sugestões da seção 8.4,
principalmente ao que se refere ao sistema de qualidade, possa ajudar na construção
dos próximos navios e que eles colaborem para a curva de aprendizado da série.
62
10 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
63
19. Brasil, Normas da Autoridade Marítima - Marinha do. Diretoria de Portos e
Costas. NORMAM. [Online] Marinha do Brasil, 2014. [Citado em: 16 de Março de
2015.] https://www.mar.mil.br/dhn/camr/download/normam01.pdf.
20. (IMO), International Maritime Organization. International Convention on Load
Lines (ILLC). Londres : s.n., 1966.
21. International Maritime Organization (IMO). International Convention On the
Control of Harmful Anti-Fouling Systems on Ships. 2001.
64
ANEXO A – PLANILHAS COM OS DADOS ANALISADOS
CASCO 01
65
CASCO 02
66
CASCO 03
67
CASCO 04
68
ANEXO B – TIPOS DE FINANCIAMENTO NA ÁREA NAVAL
B - Financiamento
Para a construção de embarcações no Brasil é possível recorrer ao financiamento
geralmente através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) através do FINAME (12) ou pelo Fundo de Marinha Mercante (FMM) através
dos agentes financeiros (BNDES, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal) que tem como principal fonte de recurso o
Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) (13). Outra
possibilidade é através da CAT Financial que é o banco da Caterpillar.
B.2 – FMM
As condições oferecidas pelo FMM (15) para a construção de uma embarcação
seguem abaixo:
69
1. Elaboração do projeto e entrada no DMM
2. Análise e encaminhamento ao CDFMM para apreciação
3. Concessão de “Prioridade”
4. Análise do crédito pelo agente financeiro
5. Financiamento ou reembolso de tudo o que foi investido até 6 meses antes
do protocolo do projeto no DMM
6. Prazo estimado entre o protocolo no DMM e liberação dos recursos: de 12 a
24 meses
7. Garantias reais – 130% - embarcações podem ser utilizadas
70
- Amortização:
8 anos
- Participação máxima:
Até 80%
- Custo do Contrato:
Até US$ 25 mil - advogados
- Garantias:
Hipoteca da própria embarcação
- Prazo estimado:
Entre 60 e 90 dias após protocolo no banco
- Obrigatoriedade de motores Caterpillar ou MAK
71
Tais documentos auxiliam e forçam os estaleiros a programarem as emissões de
desenhos, as compras, as contratações e as etapas de construção da embarcação.
B.5.7 – Cronograma
Para elaborar o cronograma é preciso conhecer os índices de produtividade do
estaleiro. É feito um histograma de mão de obra para estimar a duração das principais
atividades, tais como:
- Processamento
- Montagem dos blocos
- Batimento de quilha
73
- Edificação
- Acabamento em seco
- Lançamento
- Acabamento flutuando
- Comissionamento
- Testes e provas
- Entrega
74
B.5.11 – EAP: Produção
É a parte mais complexa da EAP e é através dela que é possível analisar o avanço
físico. O peso de cada disciplina é dado utilizando como referência os quantitativos de
HH estimados na OS5.
A lista das atividades geralmente utilizadas para mensurar o avanço em cada uma das
disciplinas segue abaixo:
Estrutura
- Processamento de chapas e perfis
- Submontagem
- Montagem de blocos
- Edificação
- Inspeção
- Inspeção visual
- Ensaios não destrutivos
- Teste estrutural dos tanques
Máquinas
- Inspeção de recebimento
- Colocação a bordo
- Instalação
Redes e tubulações
- Pré-fabricação
- Montagem a bordo
- Montagem das redes especiais
- Acabamento
- Teste das redes
Acabamento
- Montagem do isolamento
- Montagem do piso flutuante
- Montagem das anteparas divisórias
- Montagem de piso, portas e janelas
- Montagem de móveis e equipamentos
Tratamento e pintura
- Tratamento e pintura dos tanques
- Tratamento e pintura dos blocos/externo
- Tratamento e pintura de acabamento
Apoio
- Suporte/logística
A produção reflete o avanço físico da obra e sua medição é feita mensalmente, dando
os avanços conforme as atividades previstas na EAP forem sendo executadas.
76
A medição de avanço é feita conforme o armador libera os recursos relativos à mão de
obra indireta do estaleiro. O percentual é calculado em relação com o orçamento inicial
definido na OS-5.
77
ANEXO C – LISTA DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A EMBARCAÇÃO
OPERAR
78
regulamentos baseiam-se no valor da arqueação do navio para definir a
obrigatoriedade ou não de cumprir o proposto por eles. Todos os navios são obrigados
a ter, excetos embarcações miúdas, de esporte/recreio de comprimento menor do que
24 m e as embarcações militares.
Figura 70 - Navio com o disco de Plimsoll classificado pela japonesa Nippon Kaiji Kyokai ou
ClassNK
79
C.5 - Certificado de Tração Estática
Esse certificado é emitido após a realização de testes de tração por um engenheiro
naval responsável na presença, obrigatoriamente, da Sociedade Classificadora e
facultativa da Marinha. Nesse certificado é obrigatória a presença do gráfico Tração
Estática x Rotação do(s) Motor(es). Os procedimentos para a realização do teste
constam na NORMAM-01 (19), lembrando que o cabeço de amarração deve possuir
uma resistência mínima de três vezes a tração estática esperada.
80
C.9 - Certificado Internacional de Prevenção da Poluição por Esgoto
Segundo o anexo IV da MARPOL (6), para navios com arqueação bruta igual ou
superior a 400 que é o caso desses “Line Handling” deverão possuir um certificado
que assegure a existência de uma instalação de tratamento de esgotos, um sistema
de trituração e desinfetação de esgoto, um tanque de armazenamento.
1) Memorial Descritivo;
2) Plano de Linhas;
3) Plano de Arranjo Geral;
4) Curvas Hidrostáticas e Cruzadas;
5) Plano de Capacidade;
6) Plano de Arranjo de Luzes de Navegação;
7) Plano de Seção Mestra;
8) Plano de Perfil Estrutural;
9) Plano de Expansão do Chapeamento;
10) Plano de Segurança
81
11) Plano de Combate a Incêndio;
12) Plano de Revestimentos;
13) Arranjo de Forros e Anteparas;
14) Relatório da Prova de Inclinação;
15) Folheto de Trim e Estabilidade Intacta, incluindo cálculo do Momento Fletor
e Esforço Cortante para cada condição de carregamento analisada;
16) Manual de Carregamento de Grãos;
17) Folheto de Trim e Estabilidade em Avaria;
18) Plano de Emergência para Prevenção da Poluição por Óleo (SOPEP);
19) Manual de Peiação de Carga (Cargo Securing Manual);
20) Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) referente ao projeto de
embarcações novas ou ART referente ao levantamento técnico‚ caso se trate de
embarcação construída sem acompanhamento de responsável técnico;
21) CTS Provisório.
82