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AVALIAÇÃO DA MUTAGENICIDADE DO CORANTE TARTRAZINA EM CULTURA DE LEUCÓCITOS

HUMANOS

Jassana Moreira Floriano 1

Tais Fernanda Andrzejewski Kaminski 2

Fernanda Borgmann Reppetto 3

Elizandra Gomes Schmitt 4

Paola Ribeiro Motta 5

Luis Flávio Souza de Oliveira 6

Resumo:

A atenção da comunidade científica tem aumentado em relação à toxicidade de corantes, especialmente os artificiais, pois,
ainda há um número reduzido de trabalhos que atestem a segurança do uso de corantes alimentares, bem como as
concentrações que sejam seguras. A Tartrazina, é um corante alimentar que confere a cor amarelo-limão em alimentos, com
uso amplamente difundido na fabricação de inúmeros produtos alimentícios, além de produtos farmacêuticos e cosméticos.
Assim, considerando o frequente consumo do corante Tartrazina e a necessidade de mais estudos na área toxicológica
relacionada ao tema, este trabalho buscou contribuir com a avaliação preliminar da mutagenicidade do corante Tartrazina em
cultura de leucócitos humanos, considerando que é um tipo celular considerado apropriado para testes toxicológicos dada sua
responsividade a xenobiontes. O estudo foi realizado no Laboratório de Toxicologia Celular da UNIPAMPA, Campus
Uruguaiana. A matriz biológica, é mantida no laboratório a partir de protocolo aprovado no CEP. As culturas foram
preparadas utilizando 0,5 mL de cultura de leucócitos mantidas em laboratório (2 x 105leucócitos/mL), e transferido para o
meio de cultura contendo 10 mL de meio RPMI 1640, suplementado com 10% de soro fetal bovino e 1% de
estreptomicina/penicilina, após foram colocados em estufa de CO2 5% a 37ºC por 72 horas. O controle negativo continha 500
µL de tampão PBS 7,4 e o controle positivo 3 g/mL de bleomicina. Aos grupos testes foram adicionados 5, 17,5, 35 e 70
µg/mL de tartrazina, considerando a concentração de pico plasmático (35 µg/mL) e concentrações acima e abaixo. Todos os
grupos foram ensaiados em triplicata. A mutagenicidade foi avaliada através do teste de micronúcleos, segundo a técnica
descrita por SCHMID. As análises foram realizadas no software estatístico específico. Os dados foram avaliados por análise
de variância (ANOVA) seguida de teste Post-Hoc de Bonferroni. Os resultados foram expressos em percentual e foram
considerados significativos os valores de p

Palavras-chave: toxicologia, aditivo alimentar, mutagenico

Modalidade de Participação: Pesquisador

AVALIAÇÃO DA MUTAGENICIDADE DO CORANTE TARTRAZINA EM CULTURA DE LEUCÓCITOS


HUMANOS
1 Aluno de pós-graduação. florianojassana@gmail.com. Autor principal

2 Outro. tais.kaminski@ufrgs.br. Co-autor

3 Aluno de graduação. fernandabreppetto@gmail.com. Co-autor

4 Aluno de graduação. dandaschmitt237@gmail.com. Co-autor

5 Aluno de pós-graduação. paolarmotta@yahoo.com.br. Co-autor

6 Docente. tcheluisoliveira@gmail.com. Co-orientador

Anais do 9º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - SIEPE


AVALIAÇÃO DA MUTAGENICIDADE DO CORANTE TARTRAZINA EM CULTURA
DE LEUCÓCITOS HUMANOS

1. INTRODUÇÃO
A utilização dos corantes em alimentos vem sendo empregada pelo homem
desde a antiguidade, onde eram usadas especiarias em condimentos a fim de colorir
e os tornar mais atrativos. Porém, com o avanço da indústria alimentícia, grande
parte dos corantes naturais foi substituída por corantes artificiais na produção de
produtos industrializados (MENDA et al., 2011; MORAES et al., 2015). Desde então,
os aditivos alimentares têm sido incoporados à criação de novos produtos no setor
da indústria alimentar, com o intuito de melhorar a aparência dos produtos
(SCHUMAN, POLÔNIO & GONÇALVES 2008, MORAES et al., 2015).
A atenção da comunidade científica tem aumentado em relação à
toxicidade de corantes, especialmente os artificiais em detrimento dos naturais.
Contudo, ainda há um número reduzido de trabalhos na literatura que atestem a
segurança de uso de corantes alimentares, bem como as concentrações de uso que
sejam seguras. O monitoramento dos teores de corantes artificiais em alimentos
tem, continuamente, contribuído para alertar para um consumo consciente desses
produtos alimentícios. Deste modo, se abre um campo de estudo necessário e
interessante, onde há muito o que se esclarecer a respeito, mas que, até o
momento, apesar de reconhecer sua necessidade, é limitado quanto a seu aspecto
quantitativo (KOBYLEWSKI & JACOBSON, 2012; PRADO & GODOY, 2003; NINNI,
2015).
A Tartrazina, codificada como INS 102 (Figura 1), é um corante alimentar que
confere a cor amarelo-limão em alimentos. Usualmente descrita na forma de sal de
sódio, sendo autorizados também os sais de potássio e de cálcio (LIDON &
SILVESTRE, 2007). Trata-se de um corante artificial com uso amplamente difundido
e está presente na fabricação de inúmeros produtos de padaria, bebidas, laticínios,
licores, pós para sobremesas e sucos, doces, cereais, gelatinas, alimentos para
animais, dentre outros alimentos, além de produtos farmacêuticos e cosméticos
(KOBYLEWSKI & JACOBSON, 2010; CAMPOS, 2014).

Figura 1: Estrutura química do corante tartrazina (FREITAS, 2012).


Assim, considerando o frequente consumo do corante Tartrazina em produtos
alimentícios e a necessidade de mais estudos na área toxicológica relacionada ao
tema, este trabalho buscou contribuir com a avaliação preliminar da mutagenicidade
do corante Tartrazina em cultura de leucócitos humanos, considerando que é um
tipo celular considerado apropriado para testes toxicológicos dada sua
responsividade a xenobiontes.

2. METODOLOGIA

O estudo foi realizado no Laboratório de Toxicologia Celular TOXCEL da


UNIPAMPA, Campus Uruguaiana. A matriz biológica, leucócitos humanos, é mantida
no laboratório a partir do protocolo aprovado no CEP, sob o número
27045614.0.0000.5323. As culturas de leucócitos foram preparadas utilizando 0,5
mL de cultura de leucócitos mantidas em laboratório (2 x 10 5leucócitos/mL), e
imediatamente transferido para o meio de cultura contendo 10 mL de meio RPMI
1640, suplementado com 10% de soro fetal bovino e 1% de
estreptomicina/penicilina, conforme descrito em trabalho prévio (SANTOS
MONTAGNER et al.,2010).
Os frascos de cultura celular foram colocados em estufa de CO 2 5% a 37ºC
por 72 horas. O controle negativo continha apenas 500 µL de tampão PBS 7,4 e o
controle positivo apenas 3 g/mL de bleomicina. Aos grupos testes foram
adicionados 5, 17,5, 35 e 70 µg/mL de tartrazina, considerando a concentração de
pico plasmático (35 µg/mL) e concentrações acima e abaixo. Todos os grupos foram
ensaiados em triplicata.
A mutagenicidade foi avaliada através do teste de micronúcleos, segundo a
técnica descrita por SCHMID (1975). Neste ensaio, as lâminas foram analisadas em
microscópio com 1.000X de ampliação. A contabilização das células com presença
de micronúcleos levou em consideração a leitura de 500 células por lâmina.
Todas as análises foram realizadas no software estatístico específico. Os
dados foram avaliados por análise de variância (ANOVA) seguida de teste Post-Hoc
de Bonferroni. Os resultados foram expressos em percentual e foram considerados
significativos os resultados com valor de p<0,05.

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO

A figura 2 apresenta o percentual de células com micronúcleos (MN) após


exposição a diferentes concentrações de tartrazina. As concentrações analisadas (5
a 70 µg/mL) demonstram que não houve processo mutagênico nos leucócitos
humanos em cultura, considerando o percentual de micronúcleos encontrado no
controle negativo.
Figura 2: Avaliação mutagênica de todas as concentrações de tartrazina testadas a
partir do teste de micronúcleo em comparação ao controle negativo e positivo. Os
dados estão expressos em média de percentual ± desvio padrão. As letras sobre as
barras representam diferenças significativas entre os grupos; CN=controle negativo;
CP=controle positivo.

O teste de micronúcleo (MN) fornece um índice confiável que representa


perdas ou quebras cromossômicas. O micronúcleo é expresso em células no
processo de divisão, as quais possam conter quebras cromossômicas com falta de
centrômeros (fragmentos acêntricos) e/ou cromossomos inteiros, porém, que não
são capazes de migrar para os polos durante a mitose (FENECH, 2000).
Os testes de mutagenicidade, como o teste de micronúcleo, são empregados,
na maioria das vezes, para prever o desenvolvimento de câncer, pois uma das
teorias de carcinogênese química indica o desenvolvimento de uma mutação como
evento inicial deste processo. Assim, os testes de mutagênese têm sido utilizados
como triagem no intuito de prever o potencial carcinogênico das substâncias;
entretanto, apenas avaliam as substâncias que produzem câncer por mecanismos
genotóxicos, isto é, que interagem diretamente com o material genético (LOUREIRO
et al., 2002).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de nossos resultados não terem demonstrado mutagenicidade, há
necessidade de verificar a concentração que possa iniciar o processo de lesão,
como o mutagênico. Adicionalmente, há necessidade de confirmação dos resultados
obtidos com outros testes de avaliação de mutagenicidade.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, P. R. P. Desenvolvimento e validação de um método de quantificação de


corantes em amostras de suco artificial em pó. Tese (doutorado) ± Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa
de Pós Graduação em Química. Natal, 2014. 168p.

FENECH, M. The in vitro micronucleus technique. Mutation Research, v. 455, p. 85-


89, 2000.

FREITAS, A. S. Tartrazina: Uma revisão das propriedades e análises de


quantificação. Acta Tecnológica, v.7, n.2, p. 65-72, 2012.

KOBYLEWSKI, S.; JACOBSON, M. F. Toxicology of food dyes. International Journal


of Occupational and Environmental Health, v. 18, n. 3, p. 220-246, 2012.

LIDON, F.; SILVESTRE, M. M. Indústrias Alimentares - Aditivos e Tecnologia. 1ª Ed.


Editora Escolar: 2007. 380p.

LOUREIRO, A. P. M.; DI MASSIO, P.; MEDEIROS, M. H. G. Formação de adultos


exocíclicos com bases de DNA: implicações em mutagênese e carcinogênese.
Química Nova, v. 25, n. 5, p. 777-793, 2002.

MENDA, M.; MARTINHO, L. A. P.; MONTEIRO, A.; MASSABNI, A. C. Corantes e


Pigmentos. Química Viva, Conselho Regional de Química IV Região. 2011. 4p.

MORAES, A. C. de A; KAPP, A. P.; MILANI, F.; IWAZAKI, M. M. Presença de


Corantes em Alimentos Consumidos com Frequência pelo Publico Infantil. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição). Universidade Municipal de São
Caetano do Sul. 2015. 32p.

NINNI, K. Alergias, rinite, hiperatividade e tumores são possíveis males da exposição


aos corantes. Química no dia a dia, p. 40-41, 2015.

PRADO, M. A.; GODOY, H. T. Corantes Artificiais em Alimentos. Alimentos e


Nutrição. v.14 n. 2, p. 237-250. 2003.

SANTOS MONTAGNER, G. F. F. et al. Toxicological effects of ultraviolet radiation on


lymphocyte cells with different manganese superoxide dismutase Ala16Val
polymorphism genotype. Toxicol in Vitro, v. 24, n.5, p. 1410-1416, 2010.

SCHIMID, W. The Micronucleus Test. Mutation Research, n. 31, p. 09-15, 1975.

SCHUMANN, S. P. A.; POLÔNIO, M. L. T.; GONÇALVES, E. C. B. A. Avaliação do


consumo de corantes artificiais por lactentes, pré-escolares e escolares. Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 28, n. 3, p. 534-539, 2008.

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