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Tom Regan: fim da pecuária,


prova de respeito aos animais
Segundo Regan, o erro fundamental é a existência de um
sistema que nos permite ver os animais como nossos
recursos a serem explorados
19 de março de 2019

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“Corrigir o erro do tratamento que dispensamos aos animais de criação requer mais
do que tornar os métodos de criação ‘mais humanos’; isto requer a dissolução total
da agropecuária” (Fotos: Reprodução/The Animals Voice)

Existem, eu sei, pessoas que professam crença nos direitos


animais, mas não reconhecem esses objetivos. A agricultura
industrial, dizem eles, está errada – viola os direitos animais –
mas defendem que está tudo bem em usá-los na agricultura
não industrial.

Testes de toxicidade de cosméticos em animais violam seus


direitos, mas a pesquisa é importante – o uso de animais na
pesquisa de câncer, por exemplo. A caça às focas bebês é
abominável, mas não a caça às focas adultas. Eu costumava
pensar que entendia esse raciocínio. Não mais. Você não muda
as instituições injustas consertando-as.

O que está errado – fundamentalmente errado – como a forma


como os animais são tratados não são os detalhes que variam
de caso a caso, mas todo o sistema. O desemparo do bezerro é
comovente, de partir o coração; a dor lancinante do chimpanzé
com elétrodos instalados em seu cérebro é repulsiva. A lenta e
tortuosa morte do guaxinim com a perna presa em uma
armadilha é agonizante. Essa combinação é o que está errado.
 Às vezes – muitas vezes – eles fazem muito, muito pior. Mas
esse não é o erro fundamental.

O erro fundamental é a existência de um sistema que nos


permite ver os animais como nossos recursos para serem
consumidos, cirurgicamente manipulados ou explorados por
esporte ou dinheiro. Uma vez que aceitemos essa visão dos
animais – como nossos recursos – o resto é tão previsível
quanto lamentável. Por que se preocupar com a solidão, a dor,
a morte?

Desde que os animais existam para nós, para nos bene ciar de
um jeito ou de outro, o que os prejudica realmente não importa
– ou importa apenas se começar a nos incomodar, nos fazer
sentir um pouco desconfortáveis quando comemos nosso
escalope de vitela, por exemplo.

Então, sim, vamos retirar bezerros de um con namento


solitário, dar-lhes mais espaço, um pouco de palha e alguns
companheiros, mas vamos manter nosso escalope de vitela.
Mais um pouco de palha e alguns companheiros não vão
eliminar – nem sequer apontar – que o que existe de errado é a
nossa visão desses animais como nossos recursos.

Um bezerro morto para ser consumido depois de viver em


con namento é visto e tratado dessa forma [como recurso].
Mas o outro que é (eles dizem) tratado “mais humanamente”
também. Corrigir o erro do tratamento que dispensamos aos
animais de criação requer mais do que tornar os métodos de
criação “mais humanos”; isto requer a dissolução total da
agropecuária.

Quanto à agropecuária, a visão dos direitos animais assume


uma posição abolicionista, o erro moral fundamental não é que
os animais são mantidos em con namento estressante ou em
isolamento, ou que sua dor e sofrimento, suas necessidades e
preferências, sejam ignorados ou minimizados. Tudo isso está
errado, é claro, mas não são os erros fundamentais.

São sintomas e efeitos de um erro mais profundo e sistemático


que permite que esses animais sejam vistos e tratados como
desprovidos de valor independente, como recursos para nós.
Dar aos animais de fazenda mais espaço, ambientes mais
naturais, mais companheiros, não modi ca o erro fundamental
que seria o mesmo que dar aos animais de laboratório mais
anestesia ou gaiolas maiores e mais limpas.

Nada menos que a total dissolução da agropecuária permitirá


corrigir esse erro, assim como, por razões semelhantes, a
moralidade exige nada menos que a eliminação total da caça e
das armadilhas para ns comerciais e esportivos. A perspectiva
da visão de direitos, então, como eu disse, é clara e
intransigente.

Como fazemos isso, quer façamos isso ou, como no caso dos
animais na ciência, se e como abolir seu uso – é, em grande
parte, questão política. As pessoas devem mudar suas crenças
antes de mudar seus hábitos. Muitas pessoas, especialmente
aquelas eleitas para cargos políticos devem acreditar na
mudança – devem querer – antes de termos leis que protejam
os direitos animais.

Tom Regan em “The Case for Animal Rights”, lançado em 1983 e que
teve grande repercussão no contexto mundial dos direitos animais.
Falecido em 2017, Regan foi professor de loso a da Universidade
Estadual da Carolina do Norte, onde lecionou por 34 anos. Em 2006,
teve o seu livro “Empty Cages”, ou “Jaulas Vazias” publicado no Brasil
pela Editora Lugano.

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David Arioch
http://davidarioch.com

Jornalista e especialista em jornalismo cultural,


histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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1 COMENTÁRIO

Sandra 24 de agosto de 2020 at 15:08

Essa espécie Homo Sapiens sem sabedoria já poderia


estar em outro patamar histórico, de respeito às outras
espécies, contribuindo para sua conservação e
preservando-lhes o direito à vida, se já nos tivéssemos
despojado da ganga que oculta os valores humanos de
sensibilidade, empatia e vínculo com a dor de quem sofre.
Sentir a dor do outro e morrer com sua morte, é tudo o
que em resumo falta para que sejamos melhores do que
temos sido, ou pelo menos, menos ruins. Por enquanto
ainda somos maus, nem racionais e nem superiores, ainda
somos maus, sabe-se lá até quando.
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