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Tecnologia e Sistemas de Tratamento de

Águas
2020/2021

Ensaio laboratorial de coagulação e floculação:


Aplicação a um efluente têxtil (Trabalho 1)

Autores:

Hugo Espírito Santo - up201508171


Iara Oliveira– up201808945

Docente:

Professora Cidália Botelho


Sumário

O procedimento desta atividade experimental passou pela medição do pH de seis amostras de


um efluente têxtil, das quais se pretendia remover a cor. Deste modo, procedendo à realização
de ensaios em Jar Test de coagulação/flutuação, determinou-se o valor ótimo do pH para o
efeito pretendido, bem como do efeito da adição de um floculante.
No que toca ao tratamento de águas e efluentes, os processos de coagulação e floculação
representam uma das primeiras etapas, permitindo a remoção de turvação e cor. Os ensaios
em Jar Test revelam-se importantes neste tipo de simulações uma vez que auxiliam o
dimensionamento de estações de tratamento, podem ser usados para avaliar a velocidade de
formação de flocos (em função da energia fornecida) e a decantabilidade dos flocos formados.

Uma vez realizados os ensaios, foi calculada a eficiência do processo de coagulação/flutuação


na remoção da cor. Através da comparação dos resultados pode-se aferir que o pH ideal foi de
5,02 (≈5) estando, por isso, dentro da gama de valores estudados. Pode-se, portanto, concluir
que o processo de floculação é mais eficiente já que contribui para a formação de maiores
agregados e, consequentemente, uma maior remoção da cor.

A eficiência obtida, no caso em que se adicionou floculante, foi de 96,8 % e, no caso da


ausência de floculante, foi de 97,2 %. Constata-se que o processo de floculação apresenta um
maior valor de eficiência devido à formação de maiores agregados, que permitiram uma
remoção superior da cor e pela análise qualitativa foi possível verificar que a velocidade de
sedimentação era maior para o caso em que se adicionou o floculante.

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Resultados e Discussão

Terminados os ensaios no Jar Test foi feita uma análise qualitativa, para cada gobelé, do
aspeto da água sobrenadante, do tamanho dos flocos em suspensão e da velocidade de
sedimentação. Para além disso, tomando nota do pH ótimo, avaliou-se o efeito da adição de
um floculante. Esta análise é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 - Análise qualitativa de cada amostra.

Tamanho dos Velocidade de


Gobelé pH Aspeto do sobrenadante
flocos sedimentação
Sem flocos depositados. Água
1 4 muito turva e com uma cor Pequenos Muito lento
forte e homogénea.
Poucos flocos em suspensão,
2 5.02 quase tudo depositado. Cor Pequenos Rápido
fraca e água mais límpida
Alguns flocos em suspensão, e
3 5.9 alguns depositados. Cor forte e Pequenos Muito rápido
água turva.
Muitos flocos depositados e em
4 6.84 suspensão. Cor muito forte e Pequenos Lento
água turva.
Muitos flocos depositados e em
5 8.02 suspensão. Cor muito forte e Pequenos Rápido
água turva.
Maioria dos flocos depositados.
6 8.86 Pequenos Lento
Cor muito forte e água turva.

4.93 Poucos flocos em suspensão,


Com adição
(pH elevado depósito. Cor fraca e Pequenos A mais elevada
de floculante
ótimo) água bastante límpida

Clarificou-se assim o facto do valor de 5,02 para o pH ser o ideal para a remoção da cor do
efluente. Valor que se encontra na gama ótima de valores de pH (de 5 a 8) do coagulante
utilizado (Al2(SO4)3.14H2O). Note-se, também, que em todos os gobelés o tamanho dos flocos
se apresentou aproximadamente igual. Tal poderá estar relacionado com a qualidade do
efluente analisado, bem como do coagulante utilizado. Mesmo assim, seria de esperar que o
tamanho dos flocos aumentasse com o aumento do pH, já que quanto maior o valor de pH,
menor a concentração de H+ e, consequentemente, maior a carga eletrostática negativa à

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superfície das partículas. Os coagulantes atuam neutralizando a carga eletrostática negativa na
superfície das partículas, diminuindo a repulsão entre elas logo, quanto maior o valor de pH,
maior a necessidade das partículas de se agregarem e maior o tamanho dos flocos. Não se
tendo verificado tal comportamento, é legítimo questionar a qualidade do efluente utilizado.
Foram ainda retiradas amostras de sobrenadante dos gobelés, com vista a analisar a
absorvância de cada uma. Este procedimento permitiu traçar um gráfico que relaciona a
eficiência de remoção (%) com o valor de pH de cada um dos gobelés onde, mais uma vez, se
associa o valor de pH de 5,02 ao pico de eficiência de remoção

97.0

96.5

96.0

95.5
ε (%)

95.0

94.5

94.0

93.5
0 2 4 6 8 10 12 14
pH

Figura 1 – Eficiência de remoção em função do pH

O ensaio foi posteriormente repetido para o valor de pH ótimo, com adição de floculante. O
processo de floculação resulta da formação de flocos maiores, que estabelece agregados com
as partículas já coaguladas. Assim obteve-se uma limpeza mais eficiente do efluente,
comparando com o processo de coagulação dos seis ensaios anteriores. Mais uma vez esta
informação pode ser verificada na Tabela 1, tal como a rápida velocidade de sedimentação, a
partir da fase de repouso.

Foi ainda medida a absorvância do efluente inicial, do sobrenadante do gobelé com pH ótimo e
do sobrenadante do gobelé no qual se adicionou o floculante. Estas medições foram feitas no
espetrofotómetro, a 620 nm, tendo sido obtidos os seguintes valores:

Absorvância do efluente inicial = 0,159

Absorvância do sobrenadante a pH ótimo = 0,010

Absorvância do sobrenadante a pH ótimo, com adição do floculante = 0,008

Estes resultados verificam, portanto, um valor mais baixo na absorvância do sobrenadante a


pH ótimo e um valor ainda mais baixo no sobrenadante a pH ótimo com adição de floculante.
Como seria de esperar, a remoção de cor do efluente foi superior no caso em que se realizou a
experiência a pH ótimo e se adicionou floculante. Este registo permitiu determinar a eficiência

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do processo na remoção de cor do efluente têxtil utilizado. As eficiências obtidas encontram-
se na Tabela 2 e a demonstração de cálculo no Anexo A.

Tabela 2 – Eficiência de remoção de cada amostra.

Amostra Eficiência de remoção (%)

pH ótimo (coagulação) 93,7

pH ótimo (floculação) 94,9

Assim verifica-se que, no caso em que se adicionou floculante, a eficiência do processo de


remoção foi superior: o processo conjunto coagulação-floculação é mais eficiente no
tratamento do efluente em análise.

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Conclusão

Com esta atividade laboratorial era pretendida a remoção da cor/turvação de um efluente


têxtil, recorrendo a ensaios de coagulação/flutuação. Como já foi referido neste relatório,
concluiu-se, através do ensaio no Jar Test, que o pH ótimo para se atingir o objetivo da
experiência era 5.02. De seguida procedeu-se à determinação da absorvância do sobrenadante
que, comparada com a absorvância do efluente inicial, assumiu um valor inferior. Esta
comparação permitiu a obtenção da eficiência do processo, fixada em 93,7%.

Seguidamente, utilizando o sobrenadante a pH ótimo, adicionou-se um floculante com o


intuito de verificar qual o processo que apresentava menor absorvância associada e,
consequentemente, maior eficiência de remoção de cor. Pode-se concluir que o processo de
floculação apresentava associada uma maior eficiência de remoção, assumindo o valor de
94,9%.

Derradeiramente, passou a ser evidente a importância do processo conjunto de


coagulação/flutuação no tratamento de efluentes têxteis.

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Bibliografia

• Botelho, C. (2020) Documentação da Unidade Curricular Tecnologia Ambiental.


Caracterização e tratamento físico-químico de águas e efluentes. FEUP.
• Botelho, C. (2019) Protocolo das aulas laboratoriais. Trabalho 1 - Ensaio
Laboratorial de Coagulação e Floculação - Aplicação a um efluente têxtil.. FEUP.

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Anexo A

Cálculo das eficiências:

➢ Eficiência de remoção da cor na solução sem floculante =


Absorvância do efluente inicial − Absorvância sobrenadante pH ótimo
× 100 = 𝟗𝟑, 𝟕%
Absorvância do efluente inicial

➢ Eficiência de remoção da cor na solução com floculante =


Absorvância do efluente inicial − Absorvância sobrenadante pH ótimo, com adição do floculante
×
Absorvância do efluente inicial

100 = 𝟗𝟒, 𝟗%

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