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APOSTILA DA DISCIPLINA:

SISTEMA E GESTÃO INTEGRADA EM


SEGURANÇA PÚBLICA MUNICIPAL

CARGA HORÁRIA: 20
horas/aula

1
INSTRUTOR :
GCM Mário Delaiti

EMENTA: Visa abordar a temática da Gestão Integrada


dos órgãos de segurança pública, seguindo diretrizes do
Sistema Único de Segurança Pública
– SUSP, bem como o papel da Guarda Municipal no
processo de integração, no intuito de promover uma gestão
estratégica.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS............................................................. 03


1.1. Conceito............................................................................................. 03
1.2. Funcionamento................................................................................... 03
1.3. O Ciclo completo de polícia................................................................
07
2. SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA - SUSP......................... 10
2.1. Conceito de Integração...................................................................... 15
2.2. Estrutura e Funcionamento................................................................ 15
2.3. Modalidades de inserção do município no SUSP.............................. 16
3. GESTÃO INTEGRADA EM SEG. PÚBLICA MUNICIPAL...................... 16
3.1. A necessidade de Planejamento - os Planos de segurança.............. 16
3.2. O plano Nacional de Segurança Pública........................................... 17
3.3. No nível Estadual - O Pacto pela Vida - detalhamento...................... 18
3.4. Processos e métodos de gestão da segurança existentes nos
municípios - estudo de caso do Pacto pela vida do 19
Recife................
3.5. O PRONASCI - Programa Nacional de Segurança com Cidadania..
19
3.6. Os Gabinetes de Gestão Integrada no nível estadual e Municipal -
GGIE e GGIM..................................................................................... 20
4. O PAPEL DOS CONSELHOS COMUNITÁRIOS DE SEGURANÇA
PÚBLICA................................................................................................. 22
.
5. O Livro Azul das Guardas Municipais..................................................
24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 25

⦁ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS

2
⦁ Conceito

Sistema (do grego: sun = com, e istemi = colocar junto) “é um


conjunto de elementos que estão dinamicamente
relacionados”.
O sistema dá a ideia de conectividade: “o universo parece
estar formado de conjunto de sistemas, cada qual contido em
outro ainda maior, como um conjunto de blocos para
construção”. O mecanicismo ainda está presente nessa
conceituação.

Segundo Chiavenato (2014, p.463) Sistema é um conjunto de


elementos dinamicamente relacionados entre si, formando uma
atividade para atingir um objetivo, operando sobre entradas
(informação, energia ou matéria) e fornecendo saídas
(informação, energia ou matéria) processadas.
O conceito de sistemas proporciona uma visão compreensiva,
abrangente, holística e gestáltica de um conjunto de coisas
complexas, dando-lhes uma configuração e identidade total. A
análise sistêmica – ou análise de sistemas – das organizações
permite revelar o “geral no particular”, indicando as
propriedades gerais das organizações de uma maneira global e
totalizante, que não são reveladas pelos métodos ordinários de
análise científica. (A tese principal da Gestalt é a de que “o todo
é maior do que a soma das partes”).

⦁ Funcionamento

Todo sistema caracteriza-se por:


⦁ Uma pluralidade de elementos
⦁ Combinados entre si
⦁ Em uma rede ou esquema de comunicação identificável.

Do ponto de vista de sua relação com o meio ambiente, o


sistema pode ser fechado ou aberto ou fechado.

Sistema fechado - apresenta fronteiras impermeáveis ao ambiente.

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No Sistema Aberto existe um movimento de entrada e saída
de elementos através das fronteiras. O sistema aberto recebe
do ambiente: novos elementos, matéria prima, energia,
informações (input) e devolve ao ambiente, produtos do

3
sistema (output). O sistema aberto orienta-se no sentido de
consecução de objetivos.

Fig. 01 – Esquema clássico de sistema.

Fig.02

4
Fig.03

5
Fig.04

As figuras 02,03 e 04 referem-se ao Sistema Circulatório,


Sistema Respiratório e Sistema Esquelético respectivamente.
Há uma intercomunicação entre o sistema respiratório com o
circulatório, e o sistema esquelético. Em todas podemos
perceber que o mau funcionamento da menor parte,
compromete todo o sistema.

Nosso próximo passo é refletir sobre o sistema social, formado


a partir do indivíduo, seguido da família, da comunidade, do
município, do estado, e do país. Se aplicarmos nossa reflexão
anterior, podemos perceber que há uma interligação entre as
partes. Também é possível raciocinar que se a menor parte
não funcionar bem, o sistema como um todo estará
comprometido.

Sistema Social
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Fig.05

Supersistema ou subsistema – Em geral o sistema está


contido dentro de um sistema mais amplo, que é um
supersistema. Por outro lado, o sistema pode ser constituído de
partes que também são sistemas. A esses sistemas que são
partes de um sistema maior, dá-se o nome de subsistema.

Examine o exemplo:

Fig.06

Sapori (2006; 2007) apud Ballesteros, afirma que: “o sistema


de justiça criminal brasileiro construído nessas bases sofre de
dupla falta de articulação: a que se refere ao conflito entre as
organizações que o compõem, e a que se verifica entre lei e
prática. Para o autor, estas organizações operam por meio de

6
uma “informalidade institucionalizada” fundada em diferentes
lógicas, muitas vezes criando conflito entre as instituições –
que, em tese, teriam um mesmo objetivo a ser compartilhado –,
e causando, assim, a ineficiência do conjunto do sistema. O
alto grau de desconfiança e a diferença de “prestígio” entre os
órgãos, associados à demanda por eficiência, levaria o sistema
de justiça criminal a funcionar com base em “padrões
cartoriais” (RATTON; TORRES; BASTOS, 2011), que
configurariam uma “justiça de linha de montagem” (SAPORI,
2006) muito distante de responder às demandas substantivas
da população diante do crime e de outras formas de
violências”.

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Nenhum sistema pode funcionar bem, sem que todos estejam
envolvidos em fazê-lo funcionar bem, interagindo com os
demais. A posição simples de que: “estou fazendo a minha
parte”, não garante que o sistema funcione.

7
Fig.06

É imprescindível que nos apercebamos que todos estamos no


mesmo barco, e que se algo der errado, todos vamos afundar
juntos. Isso vai exigir que em uma organização como a nossa,
a visão sistêmica seja exercida por todos, disso dependerá o
sucesso e o bom funcionamento.

É por isso que se diz que em sistemas, o todo é maior que a


soma das partes, porque implica em considerar as inter-
relações que existem no sistema, e isso só acontece na
interação humana.

Todos são responsáveis pelos problemas gerados no


sistema

A boa integração dos elementos é o pleno exercício da


denominada sinergia, determinando que as transformações
ocorridas em uma das partes influenciará em todas as outras.
A alta sinergia de um sistema faz com que seja possível a este
cumprir sua finalidade com eficiência; já a sua falta pode
implicar em mau funcionamento, inclusive em falha completa
do sistema.

Desse modo, inferimos algumas reflexões sobre sistema:

⦁ Sistema é sempre mais do que a simples soma de suas partes;


⦁ Se uma das partes não estiver funcionando bem, o
sistema todo pode ser afetado;

8
⦁ Um sistema geralmente funciona tão bem quanto
permite a sua parte mais fraca;
⦁ Soluções óbvias não funcionam para ossistemas;

⦁ Página 6
⦁ Para que qualquer sistema flua naturalmente as partes
precisam se comunicar bem;
⦁ É preciso compreender que cada um dos integrantes
enfatiza uma parte do sistema.

⦁ O Ciclo Completo de Polícia

Mais uma "meia-polícia"?


Prof.MSc.
Ricardo
Aureliano*

O Brasil é o único lugar no mundo onde a atividade de polícia


nos Estados é composta por duas polícias que realizam, cada
uma, a metade do chamado ciclo completo de polícia; ou seja,
cada uma faz a metade do que deveria fazer para funcionar de
forma eficiente e eficaz. Explico:
O Ciclo Completo de Polícia compreende as atividades de:
prevenção do crime, prisão em flagrante-delito, investigação
criminal, coleta de provas, feitura do inquérito, e remessa ao
Ministério Público. Ou seja, a atividade policial compreende
desde a prevenção até a repressão do crime.
Doutrinariamente há uma distinção entre as atividades de
polícia administrativa e de polícia judiciária. A polícia
administrativa faz a parte da prevenção do crime e à polícia
judiciária cabe a repressão. Note que estamos falando de
atividade e não de instituição.

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Fig.07

No âmbito da União, as instituições existentes (Polícia Federal


e Polícia Rodoviária Federal) já fazem o chamado "ciclo
completo de polícia", ou seja, em suas atividades realizam
desde a prevenção até a repressão ao crime.
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O mesmo não ocorre no âmbito dos Estados com suas
instituições (Polícia Militar e Polícia Civil). Nos Estados, cabe a
Polícia Militar as atividades de prevenção através do
policiamento ostensivo fardado, a prisão em flagrante delito, e
a condução das partes envolvidas à delegacia de polícia, para
isso lavrando o Chamado B.O. - Boletim de ocorrência - e ai
encerram as atividades. Na sequencia, iniciam-se as atividades
de polícia judiciária pela Polícia Civil, tais como: ouvidas das
partes,

coleta de provas, perícias, investigações criminais, captura de


eventuais foragidos, enfim, tudo que for necessário para
confecção da peça "inquérito policial" e sua consequente
remessa ao ministério público.
A visível consequência dessa repartição de atividades por
instituições pode ser sumariamente descrita como:
⦁ No local de crime - erros no isolamento do local,
destruição de provas, arrolamento apressado de testemunhas -

10
isto porque na própria formação do policial militar esses
conteúdos são vistos de forma apressada e sem significado
para o exercício de suas atividades, pois não lhes pertence tal
atuação. Limita-se ao campo teórico, pois é algo que será
exercido pela polícia civil. É comum na cena do crime o
amontoado de gente por todo lado vendo o cadáver e
passando por cima das eventuais provas, alterando todo o
local.
⦁ Boletins Policiais mal feitos ou incompletos, como peça
introdutória para orientações ou pistas para atuação das
atividades de polícia civil;
⦁ Nas Delegacias - de posse dos Boletins de Ocorrência, e
nas muitas vezes em que não se decide pela confecção do
Flagrante Delito, adiam-se as atividades para a feitura de um
inquérito policial com rito normal comum que depois de iniciado
duram cerca de 30 ou no máximo 60 dias para ouvida das
partes, coleta de provas, investigações, captura de foragidos, e
finalização com a remessa da peça (puramente informativa) ao
Ministério Público, a quem cabe oferecer ou não denúncia à
Justiça de que houve crime ou não. Diga-se das dificuldades
muitas vezes de remontar a cena do crime quando as provas
no local do crime não foram coletadas corretamente ou foram
apagadas.
⦁ O ministério Público examina a peça e muitas vezes
constata a falta de provas suficientes, falta de perícias, ou seja,
inquéritos mal feitos ou insuficientes para o oferecimento de
denúncia - resultado: a sensação de impunidade aumenta pela
ineficiência das polícias.

Após esse breve exame, o ponto seguinte nos aponta para o


âmbito do município e o papel a ser desempenhado pelas
Guardas Municipais e a pretensão de se municipalizar a
atividade policial como uma tendência a ser experimentada.

O tom provocativo de reflexão do assunto em tela, diz repeito a


inserção das Guardas Municipais na questão da segurança
pública, não somente com o que prevê a Constituição da
República Federativa do Brasil, promulgada em 1988; mas a
sua regulamentação a partir da Lei nº 13.022 de 08 de agosto
de 2014, e as diversas tentativas de ampliação dessa
regulamentação em face da criação de um Sistema Único de
Segurança e da tramitação de projetos de alteração não
somente da nomenclatura, da denominação de Guardas
Municipais para Polícias Municipais, mas das atribuições e
competências para o policiamento ostensivo no âmbito do
município. Aliás, o Estatuto das Guardas Municipais já
contempla a expressão "patrulhamento preventivo", uma
11
questão muito mais de semântica do que efetivamente o
trabalho já realizado pelas polícias militares.

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Campo vasto para discussão perpassa por pressões de uma
população sequiosa de segurança e certa ciumeira por parte
das polícias militares nos Estados, avocando- se até decreto
Lei nº 667 de 02 de julho de 1969 que trata da exclusividade da
atividade. Diga-se também o quanto nesse processo de
Eleições 2018 o tema assumiu importância na agenda dos
candidatos.

Fig.08 – Alguns municípios já usam a expressão Polícia Municipal.

Ao meu ver, a discussão passa ao largo da questão do


exercício do ciclo completo de polícia, com divisão de
atribuições como já ocorre de maneira descentralizada com o
trânsito no âmbito municipal. Luta-se pelo nome polícia muito
mais como uma busca de status ou reconhecimento para
aquisição de direitos, que na direção efetiva de resolução das
questões de segurança em prol dos cidadãos assustados com
tanta violência.

Luiz Flavio Sapori (2007) analisando os diversos sistemas de


Justiça Criminal no mundo faz referência a que na sociedade
norte-americana existem cerca de 17 a 25 mil polícias,
havendo superposição das polícias dos municípios, condados e
estados. Já na Inglaterra existem mais de 40 polícias de
abrangência provincial, além da Polícia Metropolitana de
Londres. Todos fazem o ciclo completo de polícia.

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A resolução do problema pela ótica de "mais polícias" tem se
mostrado ineficaz no controle da criminalidade apontando para
soluções complexas que vão além da repressão e exigem
planos articulados, previsão orçamentária, foco na prevenção,
articulação com um sistema de justiça criminal, inclusão das
penitenciárias e sua eficácia na reeducação, resocialização ou
reintegração à sociedade, pois os modelos que ai estão
somente geram desconfiança e acostumamo-nos a não querer
enxergar que estão falidos.

Conclui-se, portanto que há necessidade de divisão de


atribuições entre União, Estados e Municípios de maneira
racional, mudanças na legislação inclusive como matéria
constitucional, e que a simples criação de mais um órgão de
polícia sem o exercício do ciclo completo em todas as esferas,
não resolve, só "embola o meio de campo".

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Há um espaço que é único e indisputável que cabe ao
município e seus órgãos de segurança, seja qual denominação
se adote - Guarda ou Polícia - o espaço da prevenção, que
como um "dever de casa" deve-se refletir, se essa tarefa está
sendo cumprida.

(* Artigo publicado no Blog do professor disponível em


www.aurecursos.com.br)

Leia mais:
Projeto permite que guardas municipais sejam chamados de policiais
municipais. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/SEGURANCA/559850-
CCJ- APROVA-PROPOSTA-QUE-PERMITE-QUE-GUARDAS-MUNICIPAIS-
SEJAM-
CHAMADOS-DE-POLICIAIS.html> . Acesso em 10 fev 2021.

⦁ SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA – SUSP

Antes de pensarmos que o SUSP – Sistema Único de


Segurança é algo bem atual e resultado de ações do último

13
Governo Federal, vamos esclarecer que é algo contínuo e em
desenvolvimento. Vejamos um pouco da história
contemporânea.

O estudo das constituições do Brasil nos revela que a questão


da Segurança Pública foi antes de tudo uma questão de
Segurança Interna, e com algumas variações, sempre esteve
como assunto de exclusividade dos Estados com suas polícias
civil e militar.

Nos anos 60 e 70 as Polícias Militares eram consideradas


como Forças Auxiliares e Reservas do Exército, cabendo-lhe
duplo papel e dupla subordinação.

Na década de 80 após a redemocratização do país, esperava-


se que houvesse profundas mudanças na Nova Constituição
promulgada em 1988 em relação à Segurança Pública. O país
atravessava uma transição de um Regime Militar para um
Estado Democrático de Direito, e com isso esteve em pauta a
discussão sobre a reformulação das polícias e da segurança
pública. Delegações de integrantes das polícias e até a Rede
Globo de Televisão, visitaram diversos países estudando
modelos de polícia, se civis, se militares, se uma polícia única
ou diversas organizações; tudo isso esteve em pauta. Em São
Paulo, o governador Franco Montoro chegou a propor a
extinção das Polícias Militares. Chegou-se a propor também
que cada Estado adotasse o modelo que melhor lhe
conviesse – militar ou civil. Resultado: o modelo militarizado foi
reforçado e pela primeira vez na Constituição do Brasil, os
integrantes das polícias militares aparecem como Militares
Estaduais. Não houve mudanças profundas como se esperava.

Governo Fernando Collor de Mello (1990-1992)


– O que consta no Plano Nacional de Segurança Publica –
então ministro da Justiça Jarbas Passarinho:

Página 10
Na apresentação do Plano, a constatação das barreiras de
comunicação entre as polícias: “O que se constata atrás do
federalismo – que funciona como um biombo, neste caso – é o
individualismo exacerbado das instituições policiais, a começar
pela dificuldade de relacionamento em muitos Estados entre as
próprias polícias civil e militar de uma mesma unidade
federativa”.

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No corpo do texto do Plano a pretensa criação de um:

SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

⦁ Criar, através de ato do Poder Executivo, o


Sistema Nacional de Segurança Pública,
constituído pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos
de Bombeiros Militares.
⦁ Estabelecer que a operacionalização desse
sistema dar-se-á pela observância dos programas
de integração das informações e de atuação
conjunta.
⦁ Os demais programas e sugestões constantes
deste plano são fatores fundamentais para a
obtenção de níveis confortáveis de segurança
pública.
⦁ Realizar semestralmente seminário com
representantes dos órgãos componentes do
Sistema, destinado a avaliações de seu
funcionamento, bem como ao intercâmbio sobre
medidas ou técnicas de segurança pública
adotadas regionalmente com sucesso.
⦁ Promover reuniões periódicas do Conselho
Nacional de Segurança Pública – CONASP.

(Transcrição Literal)

Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003)


Página 11
No Plano Nacional de Segurança Pública lançado no ano 2000 consta:
“O Capítulo IV descreve as medidas de
aperfeiçoamento do Sistema Nacional de
Segurança Pública, com vistas, inclusive, a
possibilitar a construção de uma base de dados
sólida e confiável e de um sistema

que permita o monitoramento do desempenho das


polícias no Brasil”.
“COMPROMISSO N.º 15 - SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA

15
PÚBLICA - As
propostas apresentadas neste capítulo destinam-
se à construção de uma base de dados mais
sólida, por meio da criação de um sistema
nacional de segurança pública que aprimore o
cadastro criminal unificado – INFOSEG, e da
criação do Observatório Nacional de Segurança
Pública, dedicado à identificação e disseminação
de experiências bem sucedidas na prevenção e
no combate da violência”.

Nesse mesmo governo foi criada a Secretaria Nacional de


Segurança Pública- SENASP, e o Fundo Nacional de
Segurança Pública.

Governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011)


No Primeiro mandato foi adotado como Plano Nacional de
Segurança Pública o documento produzido pelo Instituto
Cidadania para a campanha do candidato. Nele pode-se ler:

“As reformas substantivas apresentadas a seguir podem ser


adotadas sem necessidade de mudanças na Constituição”.

⦁ Criação do Sistema Único de Segurança Pública nos estados


Um dos maiores problemas estruturais das polícias estaduais
é a dificuldade de trabalharem integradamente. A dualidade
histórica do setor de segurança pública criou um
distanciamento entre a Polícia Militar e a Polícia Civil.
Conflitos de competência e duplicidade de gerenciamento,
de equipamentos e de ações de policiamento fazem parte do
cotidiano das polícias nos estados. Mesmo com as limitações
decorrentes da estrutura constitucional, é viável adotar
diversas iniciativas que possibilitem às polícias atuarem de
forma integrada, compartilhando determinadas rotinas,
procedimentos e estruturas, racionalizando a administração
dos recursos humanos e materiais, e otimizando a eficácia
do aparato policial. Para tanto, a subordinação de ambas as
polícias ao comando do(a) Secretário(a) de Segurança é
fundamental.
O Sistema Único de Segurança Pública centra-se nas
polícias estaduais, que vão estabelecer interface com a
Polícia Federal e com as guardas municipais. A integração
progressiva constitui uma modalidade de reestruturação
gradualista das organizações policiais estaduais, que

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viabiliza a mudança institucional reduzindo traumas e
evitando interromper a continuidade operacional, que seria
muito grave na área da segurança pública. Parte-se da
integração entre ambas as polícias, de suas estruturas,
rotinas e procedimentos para, de uma forma paulatina e em
médio prazo, criar-se uma ou mais instituições de ciclo
completo.

⦁ Página 12
⦁ Unificação progressiva das academias e escolas de formação
A unificação progressiva das academias e escolas de
formação não se limita à integração dos currículos. É
preciso que as polícias civis e militares, da base operacional
aos setores intermediários e superiores, sejam formadas em
uma

única academia ou escola descentralizada, fundada nos


preceitos da legalidade democrática e do respeito aos
direitos fundamentais da pessoa humana. Esse sistema de
segurança pública unificado não se confunde com a
junção das funções institucionais, legais, das polícias.
Pressupõe isso sim, a unificação da formação, da
requalificação, das rotinas e das áreas de atuação das
polícias civis e militares. A formação unificada das polícias é
fator imprescindível para a integração coordenada,
profissional e ética do trabalho preventivo e investigativo,
tendo sempre como destinatário o cidadão, a sua defesa e a
proteção de seus direitos.

⦁ Integração territorial
Para integrar a atuação operacional de ambas as polícias
serão criadas em todas as unidades da Federação as Áreas
Integradas de Segurança Pública (AISPs), dividindo o estado
em circunscrições territoriais, cada uma sob a responsabilidade
do comandante do batalhão local da Polícia Militar e dos
delegados titulares das delegacias distritais. A superposição
entre as esferas de responsabilidade de ambas as
instituições – mesmo respeitando a independência
constitucional de cada polícia, cuja subordinação hierárquica
se restringe à linha de comando cujo vértice é ocupado pelo(a)
secretário(a) de segurança e pelo(a) governador(a) – impõe o
trabalho cooperativo cotidiano, desde o momento inicial, de
análise atenta da dinâmica criminal, até o momento da
avaliação comum do desempenho policial, passando pela
17
implementação operacional dos métodos de ação
consensualmente adotados. O que parece óbvio se reveste de
grande originalidade, dado o grau de atraso organizacional da
segurança pública: o planejamento e as ações policiais devem
passar a ser compartilhados, de forma descentralizada,
estimulando-se as iniciativas policiais locais, sem prejuízo da
supervisão centralizada, necessária para o enfrentamento de
certas práticas criminais, cujo âmbito de incidência ultrapassa
o nível local. A experiência cooperativa servirá para derrubar
tabus corporativistas e para demonstrar as virtudes da
integração entre as diversas etapas do ciclo policial.

O atual modelo dualizado de polícia, com instituições


policiais de ciclo incompleto, está esgotado. A criação do
Sistema Único de Segurança Pública nos estados e no
âmbito da União, com interface com os municípios por meio
das guardas municipais, tem por objetivo criar um novo
modelo de polícia para o país. Essas mudanças práticas
dependem, fundamentalmente, da vontade política dos
governantes. O Sistema Único de Segurança Pública
propiciará mais policiais nas ruas, com melhoria na qualidade
e na eficiência do serviço público prestado.
Página 13
O Sistema Único de Segurança Pública deve ter como
objetivo a criação paulatina de uma ou várias polícias
estaduais de ciclo completo. As mudanças práticas
implementadas no âmbito dos governos federal, estaduais e
municipais impulsionarão, a médio e longo prazo, as
mudanças constitucionais necessárias para a emergência
do novo marco legal que fundamentará as polícias da
democracia. As polícias estaduais de ciclo completo,
produtos do novo marco constitucional, têm como base o
Sistema Único de Segurança Pública, iniciado pelos
governos estaduais e federal, e suas interfaces com os
municípios.

Governo Dilma Rousseff (2011-2016)


Em seu programa de governo é possível ler:
⦁ ampliação das ações do PRONASCI, visando dar maior
efetividade às polícias locais no combate ao crime, por meio de
cooperação entre os níveis de Governo;
⦁ incentivo à constituição de consórcios intermunicipais,
especialmente para sistemas regionais de saneamento,

18
segurança, saúde, transporte e desenvolvimento econômico;
[...]
e) ampliar as iniciativas do PRONASCI para permitir mudanças
substantivas nas polícias estaduais com a incorporação
crescente da problemática dos Direitos Humanos na formação
policial e em suas práticas cotidianas;

Política
de
Segura
nça
Pública
[...]
⦁ criar o Fundo Constitucional de Segurança Pública para,
progressivamente, instituir e subsidiar o piso salarial nacional
das policias civis e militares até 2016, quando os Estados da
Federação passarão a ser responsáveis integralmente pelo
cumprimento do piso.
⦁ Estender de forma completa, o PRONASCI para os 27 Estados
brasileiros.

Ainda em seu governo surge a Lei nº 13.022, de 8 de agosto


de 2014, a qual dispôs sobre o Estatuto das Guardas
Municipais e instituiu normas gerais para as guardas
municipais, disciplinando assim o § 8o do art. 144 da
Constituição Federal.

Governo Michel Temer (2016-2018)


⦁ Cria o Ministério da Segurança Pública
⦁ Cria por Lei o SUSP (LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE
2018)
⦁ Regulamenta o SUSP através de Decreto Nº 9.489, DE
30 DE AGOSTO DE 2018
⦁ Lança e divulga o Sistema Único de Segurança
Pública - A Política Nacional de Segurança Pública e
Defesa Social – e o Plano Nacional de Segurança
Pública e Defesa Social – para o período de 2018-2028.

Governo Jair Messias Bolsonaro (2019...

⦁ Extingue o Ministério da Segurança Pública;

⦁ Página 14
19
⦁ SENASP publica o LIVRO AZUL DAS GUARDAS
MUNICIPAIS (PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS DA
SEGURANÇA PÚBLICA MUNICIPAL), documento
técnico, que contribui na orientação dos gestores em
sua nobre missão de zelar pela segurança de suas
cidades e reafirma seu entendimento sobre a
importância dessa primeira frente de proteção da
população brasileira.

⦁ Conceito de Integração

O conceito é o da integração de diversos segmentos, de forma


a estabelecer e aprimorar a gestão da segurança pública,
englobando todas as condicionantes envolvidas no processo e
possibilitando um desenvolvimento uniforme e harmônico entre
todos os interessados, de forma a atingir os objetivos
propostos, adequados as necessidades e características de
cada comunidade.

Contempla os aspectos institucionais, administrativos,


financeiros, territoriais, legais, sociais, de competências e
técnico-operacionais. Significa mais do que o gerenciamento
técnico-operacional das ações de segurança pública, mas a
conjugação integrada de esforços para prevenir a violência e
enfrentar o crime.

Na esfera da política de segurança pública, a gestão integrada


é a articulação e o diálogo estratégico entre os órgãos de
segurança pública e demais atores das três esferas de governo
que atuam em um município, bem como entre os diferentes
setores responsáveis pela sua construção, implementação,
execução e monitoramento, com a finalidade de se inter-
relacionarem para a consecução de objetivos comuns.

Dessa forma, a gestão integrada é um novo modo de conceber


a política pública de segurança, envolvendo todos os setores
por ela responsáveis. Nela, o Estado passa a atuar também de
forma preventiva e não apenas repressora, dialogando e
centrando a atenção principalmente nas ações capazes de
evitar a ocorrência de novos delitos e prevenir a violência. Em
outras palavras, a Gestão Integrada nada mais é que um
conjunto de referências político – estratégicas, institucionais,
legais, financeiras e sociais, capaz de orientar a organização
das ações, programas e projetos, no caso de segurança
pública, locais.
20
⦁ Estrutura e Funcionamento

Para tanto, são elementos indispensáveis na composição de


um modelo de gestão integrada na segurança pública:
⦁ O reconhecimento dos diversos agentes sociais
envolvidos, identificando os papéis por eles
desempenhados e promovendo sua articulação;
⦁ A integração dos aspectos técnicos, sociais,
institucionais e políticos para assegurar a
sustentabilidade das ações;
⦁ A consolidação da base legal necessária e dos
mecanismos que viabilizem a implementação das leis;
⦁ Os mecanismos de financiamento para a auto-
sustentabilidade das estruturas de gestão e do
gerenciamento;

⦁ Página 15
⦁ A informação à sociedade das ações que vem sendo
desenvolvidas para que haja controle social;
⦁ O planejamento integrado e elaboração de um Plano de
Ação, orientando a implementação das políticas públicas
para o setor.
⦁ A internalização pelos participantes da necessidade de
integração das ações.

⦁ Modalidades de inserção do município no SUSP

Podemos depreender do texto constitucional que SEGURANÇA


PÚBLICA, é uma condição, ou estado, que incumbe ao Estado
o dever de assegurar à sociedade, pro meio do provimento de
serviços prestados pelos órgãos referidos ao final do Art. 144.
E que o “provimento da segurança pública”, implica em
assegurar um estado de coisas em que o cidadão esteja
protegido da vitimização pelo crime e pela violência, sinistros,
acidentes e desastres. (Plano Nacional de Segurança Pública)

A Lei nº 13.022, de 8 de agosto de 2014, dispôs sobre o


Estatuto das Guardas Municipais e instituiu normas gerais
disciplinando assim o § 8o do art. 144 da Constituição Federal.

21
Define que As guardas municipais são instituições de caráter
civil, uniformizadas e armadas conforme previsto em lei, e tem
a função de proteção municipal preventiva, ressalvadas as
competências da União, dos Estados e do Distrito Federal.

A nova Lei trouxe ainda os princípios mínimos sobre os quais


deve está alicerçada a atuação das guardas municipais, quais
sejam:
(...)
C
A
P
Í
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U
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Art. 3º São princípios mínimos de atuação das guardas
municipais:

⦁ proteção dos direitos humanos


fundamentais, do exercício da cidadania e das
liberdades públicas;
⦁ preservação da vida, redução do sofrimento
e diminuição das perdas;
⦁ patrulhamento preventivo;
⦁ compromisso com a evolução
social da comunidade; e V uso
progressivo da força.
Leia Mais:

22
Aprofunde a leitura da Lei nº 13.022, sobre as competências geral e específicas
das Guardas Municipais, de forma a dirimir dúvidas sobre qual é o maior
patrimônio a ser preservado no município?

⦁ GESTÃO INTEGRADA EM SEG. PÚBLICA MUNICIPAL

⦁ A necessidade de Planejamento - os Planos de segurança

Página 16
Conforme registros históricos, até o final da década de 90, o
governo federal pouco atuava na área da segurança pública
local, deixada sob responsabilidade dos governos estaduais.
Nesse período foi criada a Secretaria de Planejamento de Ações
Nacionais de

Página 17
Segurança Pública -SEPLANSEG, sucedida pela atual
Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP.
No ano de 2000 o governo federal propõe uma nova agenda
para a segurança pública nacional e lança o Plano Nacional
de Segurança Pública PNSP e o Fundo Nacional de
Segurança Pública - FUSP). O governo passa a priorizar a
prevenção da violência e criminalidade, a segurança cidadã
em substituição ao modelo tradicional de polícia
essencialmente repressiva.
Passados três anos e com a criação do Sistema Único de
Segurança Pública - SUSP, a Senasp passa a ser o órgão de
execução dos programas do SUSP, com a tarefa de planejar,
implementar e avaliar todas as políticas públicas do governo
federal para o setor. Deve promover programas de gestão
integrada dos órgãos de segurança, processo de caráter
participativo entre União, Estados, Municípios.
Deve ainda incentivar a elaboração de planos estaduais de
segurança nos moldes federais e a criação de conselhos
municipais de segurança. Tais metas seriam implantadas
através do FUSP.
Além disso, o envolvimento da sociedade, do terceiro setor,
do meio acadêmico, e dos próprios profissionais de segurança
na elaboração e condução desses planos é fundamental
para que se tenha uma política pública implementada a partir
da interação entre sociedade e governo, com ênfase na
23
participação do público alvo do programa.

⦁ O plano Nacional de Segurança Pública

Governo Jair Bolsonaro :

Lança Projeto Piloto - O projeto-piloto será implementado


em cinco cidades, uma em cada região: no Norte, em
Ananindeua (PA); no Nordeste, em Paulista (PE); no
Sudeste, em Cariacica (ES); no Sul, em São José dos
Pinhais (PR); e, no Centro-Oeste, em Goiânia (GO). "Esse
não é um projeto do governo federal unicamente. A ideia
aqui é uma verdadeira união; uma parceria com os
governadores dos estados, com os prefeitos dos
municípios, para que nós tenhamos ação conjunta
integrada, não só das forças federais, estaduais e
municipais, mas igualmente dos agentes de políticas
públicas transformadoras", afirmou o ministro Sergio Moro.

⦁ No nível Estadual - O Pacto pela Vida – detalhamento

O Pacto Pela Vida - PPV é um programa do governo do


Estado de Pernambuco que tem como finalidade reduzir a
criminalidade e controlar a violência. O PPV foi apresentado à
sociedade pernambucana em maio de 2007 com o objetivo
primordial de promover a redução da criminalidade violenta, em
especial os crimes contra a vida. Naquele mesmo período foi
apresentado também, o Plano Estadual de Segurança
Pública –PESP-PE, contendo as diretrizes estratégicas para
todo o Governo.
O PPV, apesar de sofrer críticas tanto da sociedade quanto dos
24
profissionais executores da política de segurança pública que
ele preconiza, é considerada uma iniciativa exitosa, pois
contribuiu decisivamente para a redução no número de
homicídios em Pernambuco.
A implementação do PPV, desde 2007 colocou em curso uma
série de estratégias de repressão e prevenção do crime com
foco na redução dos homicídios, o que culminou na diminuição
de quase 40% dos homicídios no estado entre janeiro de 2007
e junho de 2013.
Segundo os dados do IBGE (2013) Pernambuco é o segundo
estado mais populoso do nordeste Brasileiro e possui a
cidade mais populosa da região, Jaboatão dos Guararapes,
com 654.786 habitantes. E como em todos os grandes centros
urbanos em que os problemas sociais estão presentes a
violência e a criminalidade também se apresentam. Em
especial a criminalidade violenta contra a vida.

Para fazer frente a esse triste cenário, foram estabelecidos


algumas diretrizes e elementos reguladores da gestão do PPV,
a fim de que a política viesse a torna-se concreta e, pudesse
influenciar e transformar a realidade local. Senão vejamos:
⦁ Estabelecimento da meta de redução de 12% ao ano na
taxa dos Crimes Violentos Letais Intencionais– CVLI’s
(homicídios, lesão corporal seguida de morte e
latrocínio);
⦁ Realização do diagnóstico, no qual foram identificados
os principais óbices no Sistema de Justiça Criminal local;
⦁ Criação de canal de articulação e espaços de debate
entre as agências do Sistema de Justiça Criminal local
(as Polícias, o Poder Judiciário e o Ministério Público)
sob a nova concepção de segurança pública;
⦁ Concepção do trabalho integrado das polícias, com
coordenação tanto no nível central do governo, quanto
na Secretaria de Defesa Social;
⦁ Criação do Comitê Gestor do PPV, como mecanismo de
monitoramento da política pública de segurança, com
início de suas atividades em 2008, sob a coordenação
política do Governador do Estado.

Página 18
Como resultados dessa política, Pernambuco apresentou uma
taxa média de homicídios por 100.000 habitantes de 50,40
durante o período compreendido entre 2000 e 2011,
segundo os dados do Sistema de Informação de Mortalidade
do Ministério da Saúde (DATASUS, 2013). Entre os anos de

25
2000 e 2005, a média foi de 54,13 enquanto que entre 2006
e 2011 a média da taxa de homicídios foi de 46,67.
Houve, portanto, em Pernambuco no período compreendido
entre 2007 e 2011 uma redução de 26,26% nas taxas de
homicídio, com uma redução média de 5,25% ao ano,
segundo os dados do sistema de informações da
Secretaria de

Defesa Social de Pernambuco - INFOPOL/SDS- 2014.

⦁ Processos e métodos de gestão da segurança existentes nos


municípios -
estudo de caso do Pacto pela vida do Recife

Política Integrada de Prevenção à violência urbana: Pacto pela vida


do Recife

A partir dos resultados exitosos alcançados pelo PPV no


âmbito estadual, na capital pernambucana, por meio da
Prefeitura da Cidade do Recife, implementou um projeto
denominado de ‘Pacto pela Vida do Recife’ o qual consiste em
uma política de prevenção à violência que está ligada a quatro
eixos de atuação: Promoção da cultura cidadã; Mobilização e
prevenção social; Recuperação de situação de risco e Controle
e OrdemPública.
Lastreado no modelo do PPV estadual, o projeto Pacto pela
Vida do Recife, defende e implementa a ideia da integração
de ações que devem ser realizadas em conjunto com esferas
de poderes públicos federais, estaduais e municipais, além da
participação da sociedade civil.
O projeto fundamenta-se ainda em algumas diretrizes do pacto
que estão sendo somadas a iniciativas da prefeitura.
As metas do projeto acompanham as do governo do Estado:
⦁ Estabelecimento da meta de 12% ao ano na redução da
violência;
⦁ Criação da Secretaria de Segurança Urbana, como
órgão coordenador da política de segurança municipal;
⦁ Estabelecimento de ações de melhoria no controle urbano;
⦁ Criação de um Conselho Gestor para proceder ao
acompanhamento semanal das atividades
desenvolvidas pelos atores envolvidos e
⦁ Lançamento do primeiro e segundo Compaz - Centro
Comunitário da Paz (outros ainda estão em fase de
construção).
26
Reforço da Aprendizagem – Pesquisa:
Pesquise e responda ao questionamento: Goiana tem Plano Municipal de
Segurança Pública?

⦁ O PRONASCI - Programa Nacional de Segurança com Cidadania

Em 2007, o governo federal apresenta o Programa Nacional de


Segurança Pública com Cidadania -Pronasci, que tem como
objetivo efetivar as diretrizes do SUSP; articular ações de
segurança e políticas sociais com proteção e respeito aos
direitos humanos no âmbito federal, estadual e municipal.

Página 19
As diretrizes do Pronasci são: promoção dos direitos humanos;
desarmamento; pacificação de áreas afetadas pela violência e
criminalidade; combate ao crime organizado; à corrupção
policial; integração dos jovens (15 a 29 anos) às políticas
sociais do governo; modernização das instituições de
segurança pública e do sistema prisional; valorização do
profissional da segurança; estímulo à qualificação profissional
através de cursos à distância com bolsa de estudos; projetos
de ressocialização dos egressos do sistema prisional e dos
apenados. Para a implementação do Pronasci houve a
realização de convênios municipais e

estaduais, elaboração de planos de segurança adequados às


necessidades locais.

⦁ Os Gabinetes de Gestão Integrada no nível estadual e Municipal -


GGIE e GGIM

Os Gabinetes de Gestão Integrada foram inicialmente


concebidos no âmbito do Sistema Único de Segurança
Pública - SUSP. Na atualidade, esta instância tem como
objetivo primordial ser um espaço de interlocução permanente
entre as instituições do sistema de justiça criminal e as
instâncias promotoras da segurança pública no âmbito local,
sem prejuízo das respectivas autonomias e sem qualquer tipo
de subordinação funcional ou política, visando reduzir a
violência e a criminalidade.
Trata-se de um fórum deliberativo e executivo, que atua em
consenso e sem hierarquia, garantindo respeito à autonomia de
27
cada uma dos órgãos que o compõem. Existem Gabinetes de
Gestão Integrada Estaduais, Municipais, Distrital, de Fronteira
e Regionais, a exemplo do GGI do Entorno do Distrito
Federal.
Além de identificar as demandas prioritárias da comunidade,
difundir a filosofia de gestão integrada em segurança pública e
elaborar um planejamento estratégico das ações a serem
executadas em âmbito local, o GGI auxilia na implementação
das políticas vinculadas ao Plano Nacional de Segurança
Pública e aos planos estaduais, distrital e municipais;
estabelece uma rede de intercâmbio de informações,
experiências e práticas de gestão e cria indicadores que
possam medir a eficiência do sistema de segurança pública.

GABINETE DE GESTÃO INTEGRADA - GGI-PE

O Gabinete de Gestão Integrada foi criado através do Decreto


nº 26.800, de 04 de Junho de 2004 (Alterado pelo Dec. 29.199,
de 15 de maio de 2006). É um fórum deliberativo e executivo,
composto por representantes dos órgãos que compõem o
Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal no estado de
Pernambuco, que operam por consenso, sem hierarquia,
respeitando a autonomia das instituições que o compõem, com
base na política nacional de segurança pública, fomentam a
cultura da integração, com foco no controle da violência e
redução da criminalidade.
No rol de seus membros convidados figuram as Forças
Armadas, a Assembleia Legislativa e a Associação
Municipalista de Pernambuco, o que demonstra o esforço
conjunto de todos os órgãos, governamentais e não
governamentais, estaduais e federais ao impulsionamento das
ações integradas, controle da violência e redução da
criminalidade, o que restou demonstrado com a escolha de
Pernambuco para sediar o I Fórum Integrado de Gabinetes de
Gestão Integrada.
Página 20
Ao Gabinete de Gestão Integrada estão vinculadas Câmaras
Temáticas, que se ocupam do estudo, análise, diagnóstico e
proposição de ações a serem adotadas pelos órgãos que
integram o Gabinete. Funcionam na estrutura do GGI-PE as
Câmaras Integradas de Inteligência, de Enfrentamento à
Violência contra a Mulher e a de Repressão ao Roubo de
Cargas. As reuniões ordinárias do Gabinete ocorrem
trimestralmente e as reuniões das Câmaras Integradas
mensalmente. As reuniões ordinárias são comumente

28
realizadas no Auditório República Pernambucana, no Centro de
Convenções de Pernambuco Olinda/PE.

As reuniões das câmaras são realizadas no auditório da


Secretaria de Defesa Social, à exceção das reuniões de
trabalho da Câmara de inteligência que são realizadas no
auditório da SEP/Abin, assim como na sede de outros órgãos
que compõem a câmara.
Leia mais em:
<https://www.novo.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-publica/senasp-
1/ggipernambuco.pdf>

O GABINETE DE GESTÃO INTEGRADA MUNICIPAL -GGI-M

Nos últimos anos, o município passou a inserir-se no debate


sobre segurança publica e prevenção da violência, justamente
por ser o local em que de fato os problemas concretamente são
vivenciados pelo cidadão. Neste novo cenário, muitos
municípios brasileiros passaram a implementar ações
voltadas à segurança pública e a propor novas políticas
sociais e urbanísticas, buscando incorporar a dimensão da
prevenção da violência por meio de ações e políticas
integradas em nível local, estadual e federal.
Os municípios assumem assim papel de protagonistas
repensando e propondo políticas públicas de segurança,
esteadas principalmente, em projetos de prevenção que,
associados a outras ações de prevenção e às ações
repressivas desenvolvidas pelas polícias, têm alcançado
reduções significativas nas taxas de criminalidade e nas
ocorrências violentas.
Este papel de grande articulador das ações e da política de
segurança pública local cabe ao Gabinete de Gestão Integrada
Municipal - GGI-M.
O Gabinete de Gestão Integrada Municipal ganhou destaque
no âmbito da implementação do Programa Nacional de
Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), desenvolvido
pelo Ministério da Justiça, uma vez que o Programa entendia o
município como indispensável enquanto mecanismo de
diagnóstico dos problemas locais, racionalização dos recursos
de segurança pública e conexão com a mobilização
comunitária, realizada a partir dos Conselhos Comunitários de
Segurança.
O Gabinete de Gestão Integrada Municipal pode ser definido

29
como um fórum deliberativo e executivo composto por
representantes do poder público das diversas esferas e por
representantes das diferentes forças de segurança publica com
atuação no Município. O GGI-M opera por consenso e sem
hierarquia, não cabendo a nenhum de seus integrantes a
função de determinar ou decidir qualquer medida, devendo
haver respeito às autonomias de cada uma das instituições que
o compõem.
Página 21
O GGI-M é uma ferramenta de gestão que reúne o conjunto de
instituições que incide sobre a política de segurança no
município, promovendo ações conjuntas e sistêmicas de
prevenção e enfrentamento da violência e criminalidade e
aumentando a percepção da segurança por parte da
população.

A missão o GGI-M está pautada sobre três grandes eixos:

⦁ Gestão integrada – Busca promover a descentralização da


macro-politica e

atua de forma colegiada nas deliberações e execuções


de medidas e ações conjuntas a serem adotadas para
combater a criminalidade e prevenir a violência, no
âmbito local, reunindo os vários segmentos que
compõem a segurança publica.

⦁ Atuação em rede – Pressupõe uma rede de


informações, experiências e práticas estabelecidas, que
extrapolam os sistemas de informações policiais e
agregam outros canais de informações. Além de
apresentar um corpo gerencial plural e multidisciplinar, o
GGI-M mobiliza toda a população por meio dos fóruns
municipais e comunitários de segurança e os Conselhos
de Segurança, alem da criação de espaços de discussão
no próprio Gabinete.

⦁ Perspectiva sistêmica - Concebe em sua estrutura


espaços inovadores que aliam informação, planejamento
e gestão na promoção de políticas de segurança. O
pleno funcionamento dessa estrutura prevê a sinergia
entre as partes, garantida pelo fluxo informação –
reflexão – ação.

30
Atividade de Reforço da aprendizagem:

Pesquise na Internet, ou nos órgãos Governamentais (Prefeitura – Sec. Municipal


de Seg. Pública – ONG’s – Impresa, etc.) e descubra: Goiana tem GGI
Municipal?

⦁ O PAPEL DOS CONSELHOS COMUNITÁRIOS DE

SEGURANÇA PÚBLICA O que é um CONSEG?

A definição de CONSEG (Conselho Comunitário de Segurança)


se encaixa perfeitamente à orientação do art. 144 da
Constituição Federal do Brasil, quando diz que a preservação
da ordem pública é dever do Estado, porém, direito e
responsabilidade de todos. Contudo, a ideia do Conselho
Comunitário de Segurança surgiu para criar um espaço onde
todos poderiam se reunir e pensar estratégias de
enfrentamento dos problemas de segurança, tranquilidade e
insalubridade da comunidade, orientados pela FILOSOFIA DE
POLÍCIA COMUNITÁRIA.

Página 22
O Conselho Comunitário de Segurança é uma entidade de
apoio às polícias estadual. Em outras palavras, são grupos de
pessoas de uma mesma comunidade que se reúnem para
discutir, planejar, analisar, e acompanhar as soluções de seus
problemas, o qual se reflete na segurança pública. São meios
de estreitar a relação entre comunidade e polícia, e fazer
com que estas cooperem entre si. Cada CONSEG
realiza reuniões ordinárias mensais, normalmente no período
noturno, em imóveis de uso comunitário, segundo uma agenda
definida por período anual. A Secretaria da Segurança Pública
tem como representantes, em cada CONSEG, o Comandante
da Polícia Militar da área e o Delegado de Polícia Titular do
Distrito Policial.

Sua legitimidade tem sido reconhecida pelas várias esferas de


Governo e por institutos independentes, o que permite afirmar
que os CONSEG’s representam hoje, a mais ampla, sólida,
duradoura e bem sucedida iniciativa de Polícia orientada para a
comunidade em curso no Brasil.
31
Quais os objetivos dos CONSEGs?

⦁ Integrar a comunidade com as autoridades policiais, com as


ações que resultem na melhoria da qualidade de vida da
população;
⦁ A comunidade propor às autoridades as definições de
prioridade na Segurança Pública na sua região;
⦁ Articular a comunidade visando a prevenção e a solução de
problemas ambientais e Sociais;
⦁ Fazer com que a comunidade interaja com as unidades
policiais tendo em vista a resolução de seus problemas.

Quem participa?

Para que os CONSEG’s consigam fazer um bom trabalho na


prevenção e no combate ao crime é necessário firmar
parcerias, essas parcerias são feitas com "os seis grandes",
eles são órgãos e entidades que podem facilitar o trabalho dos
CONSEG’s.

⦁ As polícias - Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal e


Polícia Rodoviária Federal; e as Guardas Municipais;
⦁ A Comunidade - Pessoas da comunidade, que trabalhem,
residam ou estudem; 3- As autoridades cívicas eleitas -
Prefeitos, vereadores, deputados e entre outros; 4-
Empresários - Empresas pequenas, médias ou grandes que
estejam localizadas na comunidade;
⦁ Outras instituições - ONGs, igrejas, escolas, associação de
moradores, clubes de serviços, conselho tutelar, regionais da
prefeitura, secretarias municipais e estaduais, entre outros;
⦁ A mídia - Rádios locais, jornais locais, emissoras de
televisão, entre outros. Organização Social

A principal função de um CONSEG é a organização da


comunidade que representa. Tem também como objetivo
básico a busca da solução para problemas que afetam a
comunidade, buscando a sua auto-suficiência. A capacidade
de organização de uma comunidade é fator determinante para
seu progresso. Assim quanto mais autossuficiente e capaz de
se organizar na busca de satisfação de suas necessidades,
mais rapidamente obterá níveis ótimos de paz social. Para isso,
o CONSEG é uma grande ferramenta de organização social e
de exercício de cidadania.

Leia Mais:
32
Página 23
<http://www.conseg.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?
conteudo=4>
Atividade de Reforço da aprendizagem:
Pesquise na Internet, ou nos órgãos Governamentais (Prefeitura – Sec. Municipal
de Seg. Pública – ONG’s – Impresa, etc.) e descubra: Goiana tem CONSEG?

⦁ O LIVRO AZUL DAS GUARDAS MUNICIPAIS

Livro com diretrizes para criação Guardas


Municipais é lançado pelo MJSP
O objetivo da publicação é fortalecer a segurança pública no
âmbito municipal

Brasília, 19/12/2019 – O Ministério da Justiça e Segurança


Pública (MJSP), por meio da Secretaria Nacional de Segurança
Pública (SENASP), lançou oficialmente, nesta quinta-feira (19),
o “Livro Azul das Guardas Municipais do Brasil”. O objetivo da
publicação é fortalecer a segurança pública no âmbito
municipal, oferecendo diretrizes para a criação de Guardas
Civis Municipais no país.
Para o secretário Nacional de Segurança Pública, Guilherme

33
Theophilo, a entrega da publicação é um marco para a
segurança pública do país. “Como sempre destaco, a
segurança pública começa no município. E, se os municípios
brasileiros não se preocuparem com isso, nós não teremos
uma segurança efetiva nem no estado, e, consequentemente,
nem em todo o território nacional. Por isso, nós temos que
incentivar a criação das Guardas Municipais, oferecendo
uniforme, equipamentos e todo o suporte”, afirmou.

LINK - Baixar para estudar e usar nas aulas e na avaliação da


disciplina:

Página 24
<https://www.novo.justica.gov.br/news/livro-com-diretrizes-
para-criacao-guardas- municipais-e-lancado-pelo-mjsp>

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros:

BALLESTEROS, Paula Rodriguez. Gestão de políticas de


segurança pública no Brasil: problemas, impasses e
desafios. Revista Brasileira de Segurança. Pública. São Paulo
v. 8, n. 1, 6-22 Fev/Mar 2014.

BEATO, C. Compreendendo e avaliando projetos de


segurança pública. Belo Horizonte: UFMG, 2008.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria Geral de


Administração. 9.ed. Barueri: Manoele, 2014.

MARQUES, E; PIMENTA, C A. A política pública como campo


multidisciplinar.
Rio de Janeiro: Fiocruz/Unesp. 2013.

RATTON, J L. Políticas locais de prevenção da violência.


IN: A segurança cidadã em debate. Recife: Urbal, 2012.

SAPORI, Luiz Flavio. Segurança Pública no Brasil: desafios


e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

SAURET, G. Estatísticas pela vida. Recife: Bagaço, 2012.

34
INTERNET:

BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). CONSTITUIÇÃO (DA)


REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. BRASÍLIA:
SENADO FEDERAL, 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_
03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 1

. LEI Nº 13.022, DE 8 DE AGOSTO DE 2014. Dispõe


sobre o Estatuto das Guardas Municipais e instituiu normas
gerais para as guardas municipais. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
_ato2011- 2014/2014/lei/l13022.htm>. Acesso em: 10fev2021.

. PORTARIA MINISTERIAL Nº 1, DE 16 DE JANEIRO DE


2014. Institui as
diretrizes nacionais orientadoras dos Gabinetes de Gestão
Integrada em Segurança Pública. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA -
SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA –
SENASP. Disponível em: <
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=
20/01/2014&jornal=1 &pagina=33&totalArquivos=92 >. Acesso em:
10fev2021.

Página 25
PERNAMBUCO 2010. PACTO PELA VIDA: plano estadual
de segurança pública, 2007. Disponível em:
<https://www.senado.gov.br/comissoes/documentos/SSCEPI/DOC%
20VCM%20034
%20Anexo%2004.pdf > Acesso em: 10fev2021.

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