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Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 1, p.

187-194, 2000 187


ISSN 0103-8478

EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DA TRISTEZA PARASITÁRIA


BOVINA NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

EPIDEMIOLOGY AND CONTROL OF BOVINE BABESIOSIS AND


ANAPLASMOSIS IN SOUTHEAST REGION OF BRAZIL

Patrícia Macêdo Gonçalves1

- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA -

RESUMO southeast region. Factors influencing enzootic stability and


instability of both species are also discussed. The control
A babesiose bovina e a anaplasmose (Tristeza Para- measures employed at present are chemoprophylaxis, use of
sitária Bovina) são enfermidades transmitidas pelo carrapato acaricides for B. microplus, premunition and vaccination.
Boophilus microplus e por moscas hematófagas, respectivamen-
te, ocorrendo em caráter endêmico no Brasil, acarretando eleva- Key words: anaplasma, babesia, epidemiology, control, Brazil.
das perdas econômicas na pecuária. Nesse país, observa-se uma
grande variedade de fatores epidemiológicos influenciando sua
ocorrência, tais como: variação climática, práticas de manejo,
controle de carrapato e introdução de bovinos susceptíveis. INTRODUÇÃO
Assim, esta revisão aborda aspectos epidemiológicos do controle
da anaplasmose e da babesiose bovina do Brasil, com ênfase na A Tristeza Parasitária Bovina é um
região sudeste. Fatores que influenciam a instabilidade e a
estabilidade enzoótica de ambas as espécies também são discuti- complexo de doenças causadas por infecções com
dos. As medidas de controle empregadas atualmente são: quimi- Babesia e Anaplasma, transmitidas por carrapatos
oprofilaxia, o uso de acaricidas para o controle do carrapato (Boophilus microplus) e moscas hematófagas
vetor B. microplus, a premunição e a vacinação.
(Stomoxys calcitrans, tabanídeos, culicídeos),
Palavras-chave: anaplasma, babesia, epidemiologia, controle, respectivamente, constituindo-se fator limitante ao
Brasil. desenvolvimento da pecuária nos países tropicais e
subtropicais (DE VOS, 1992).
No Brasil, os principais agentes etiológi-
SUMMARY
cos dessa enfermidade são o Anaplasma marginale
Bovine babesiosis and anaplasmosis are diseases (THEILER, 1910), a Babesia bovis (BABES, 1888)
transmitted by Boophilus microplus and haematophagous e a B. bigemina (SMITH & KILBORNE, 1893). As
diptera, respectively, occurring in endemic character in Brazil, perdas econômicas são devido à redução na produ-
resulting in high economic loss on livestock production. In this
country a wide range of epidemiological factors influencing their ção de leite e carne, infertilidade temporária de ma-
occurrence, such as climate variations, husbandry practices, tick chos e fêmeas, custo de tratamentos (LIMA, 1991),
control and susceptible purebreed cattle that are regularly gasto com medidas preventivas necessárias, quando
imported to upgrade local stocks have been described. This
review focuses the epidemiological control and some aspects of se introduz animais de áreas livres em áreas endêmi-
bovine babesiosis and anaplasmosis in Brazil, with emphasis in cas e, principalmente, devido à mortalidade.

1
Aluno de Doutorado em Ciência Animal – Departamento de Medicina Veteterinária Preventiva, Escola de Veterinária, Universidade
Federal de Minas Gerais, CP 567, 30161-970, Belo Horizonte, MG E-mail: pmacedog@dedalus.lcc.ufmg.br
Recebido para publicação em 27.05.98. Aprovado em 24.03.99
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Epidemiologia da Babesiose de uma região, devem-se avaliar os fatores inerentes


Não existem trabalhos epizootiológicos ao animal, como por exemplo, a queda de imunidade
no Brasil que permitam um mapeamento das áreas devido à redução do número de carrapatos e outros
livres, das áreas de estabilidade e das áreas de insta- que podem estar interagindo no ambiente. Entre eles,
bilidade enzoótica para a babesiose bovina. As pu- raça, idade, variações climáticas, estresse, manejo e
blicações disponíveis na literatura nacional apresen- tipo de pastagens (ALONSO et al., 1992).
tam regiões de instabilidade enzoótica Para evitar o aparecimento de animais do-
(PATARROYO et al., 1982; MADRUGA et al., entes em uma área, em função de altas infestações
1984; MARTINS et al., 1994). Entretanto, segundo de carrapatos e, conseqüentemente, doses infectantes
KESSLER et al. (1983), o território brasileiro é uma de babesia maiores, recomenda-se que os rebanhos
área de estabilidade enzoótica para a doença, onde recebam de 10 a 20 larvas de carrapato/animal/dia
os bovinos se encontram naturalmente imunizados (LIMA, comunicação pessoal). Esse número de
contra Babesia. carrapatos é necessário para inoculação das babesias
A babesiose bovina no país é mais fre- na manutenção da estabilidade enzoótica em um
qüentemente encontrada em bezerros. Estudo da rebanho. No país, a taxa de infecção dos carrapatos
doença, no Mato Grosso do Sul, demonstrou sua e, conseqüentemente, a taxa de inoculação, é obtida
presença em bezerros com idade inferior a quatro em inúmeras propriedades em que se realiza o con-
meses (MADRUGA et al., 1986). Situação devido à trole estratégico. Pode-se considerar também estabi-
queda da imunidade passiva a partir do 28º dia após lidade enzoótica aquela em que a porcentagem de
o nascimento (MADRUGA et al., 1984). animais infectados é menor que 20%, onde a popu-
As áreas de estabilidade enzoótica são lação de carrapatos está possivelmente em níveis
aquelas em que existe equilíbrio entre imunidade e muito baixos, estando próximo de sua erradicação.
doença, onde 75% dos animais com idade acima de Nessas áreas, ocorrem baixas taxas de inoculação,
9 meses são portadores de hemoparasitos. Isso não propiciando a surtos.
significa que a maioria desses animais estão Situação altamente indesejável é a que
adquirindo a infecção ainda como bezerros (primo- ocorre nas áreas de instabilidade enzoótica, onde a
infecção precoce durante a fase mais resistente às porcentagem de infecção em animais acima de 9
plasmoses). Essa infecção vem sendo mantida meses está entre 20 e 75%, sendo esses níveis de-
assintomaticamente nos animais mais velhos através tectados através de testes sorológicos. A primo-
das reinfecções pela manutenção da população de B. infecção é verificada em idade avançada. Ocorrem
microplus, infestando os animais durante todo ano e surtos da doença em animais adultos e, conseqüen-
acarretando baixa mortalidade pelas temente, altas taxas de mortalidade. Ocorrem flutua-
hemoparasitoses em animais adultos. ções na população de vetores por condições climáti-
O número de vetores no meio ambiente, cas desfavoráveis, manejo ou medidas de controle
no que diz respeito à taxa de inoculação do hemopa- dos vetores inadequados (MAHONEY.& ROSS,
rasito, é um importante fator que afeta a epidemiolo- 1972).
gia. Em áreas endêmicas, onde a população de vetor Alguns fatores influenciam a susceptibili-
é alta e presente durante todo o ano, a maioria dos dade dos animais às hemoparasitoses, destacando-se:
animais jovens são infectados, quando então apre- os animais Bos taurus são mais sensíveis aos carra-
sentam resistência natural. Além disso, a incidência patos e assim às hemoparasitoses, enquanto o gado
sazonal de Babesia spp na hemolinfa de carrapatos zebu é naturalmente mais resistente; os bovinos
pode interferir na taxa de inoculação do parasito. Em jovens são mais resistentes do que os adultos. Essa
áreas onde a ocorrência do B. microplus infectado resistência decorre da presença de anticorpos colos-
com Babesia é permanente, há um equilíbrio entre o trais, rápida resposta da imunidade celular, maior
bovino e o parasito, criando uma situação de estabi- eritropoese da medula óssea e da presença de hemo-
lidade. Nessas áreas, não são esperados surtos da globina fetal nos eritrócitos. Sendo assim, a infecção
doença e nem de mortalidade em animais adultos, precoce é importante devido a menor susceptibilida-
pois eles já são portadores. de dos animais jovens que apresentam quadros clíni-
Em algumas regiões do Sudeste e do cos menos severos (RISTIC, 1960). A primo-
Centro-Oeste, o manejo de carrapatos vem sendo infecção ocorre geralmente entre quatro a seis sema-
feito adequadamente (MAGALHÃES & LIMA, nas de vida, sendo que o pique de parasitemia coin-
1991), pois os animais, em contato com o vetor, cide com a queda do volume globular (MADRUGA
adquirem a infecção nas primeiras semanas de vida, et al., 1986). Pode ocorrer instabilidade pela presen-
mantendo-se infestados no decorrer dos anos. Para ça de fatores imunossupressivos em associação à alta
se determinar o perfil de estabilidade/instabilidade carga parasitária pelo vetor no período. Como causas

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da diminuição do “status” imune, podem-se assinalar Minas Gerais, a anaplasmose tem sido considerada
a imunidade passiva insatisfatória, o estresse, o esta- uma das doenças de maior importância, constituin-
do nutricional, a época do ano, o manejo instituído, do-se em fator limitante à criação de bezerros
periparto e tipo de pastagens. Os fatores climáticos (RIBEIRO et al., 1983). O organismo pode ser
podem ter importância na epidemiologia da babesio- transmitido biologicamente através de carrapatos
se, influenciando a população de carrapatos ou a (AGUIRRE et al., 1994), mecanicamente via picada
transmissão do protozoário. A variação sazonal do de mosquitos e moscas hematófagas (HAWKINS et
B. microplus tem sido demonstrada no estado de al., 1982) e congenitamente (RIBEIRO et al., 1995).
Minas Gerais (MAGALHÃES & LIMA, 1991). Numa população de animais susceptíveis,
Deve-se levar em conta que as mudanças na intensi- principalmente aqueles em processo de premunição
dade da população de carrapatos nos bovinos afetam ou transportados de áreas indenes e/ou de instabili-
a taxa de inoculação do protozoário no hospedeiro. dade enzoótica, a mortalidade em decorrência da
Uma população de carrapatos deve estar controlada anaplasmose é maior em animais mais velhos
em níveis economicamente viáveis, favorecendo (HUNGERFORD & SMITH, 1997). Os animais
dose infectante ao animal que proporcione capacida- mais novos adquirem a infecção e, quando manifes-
de de resposta imunológica anterior ao aumento da tam sintomas clínicos, são mais resistentes do que os
parasitemia. Em propriedades com determinados adultos. A explicação para isso deve-se ao fato de
tipos de bezerreiros, onde os animais se encontram que animais mais jovens ainda apresentam soro e
permanentemente estabulados, ocorre freqüente- hemoglobina fetal, o que prejudica parcialmente a
mente a presença da doença clínica, logo que esses multiplicação do agente no sangue e determina uma
animais vão a pasto. Práticas de manejos instituídas maior atividade eritropoiética da medula óssea
no sistema de criação como o uso de instalações tipo (RISTIC, 1960). Também a presença de anticorpos
“Free Stall”, onde as vacas ficam estabuladas sem maternos adquiridos pelo colostro (CORRIER &
contato com carrapatos, favorecem o aparecimento GUZMAN, 1977) confere uma imunidade parcial.
de surtos quando esses animais são colocados em Dessa forma, animais mais velhos, susceptíveis,
pastagens infestadas, no período seco. Nesses casos, tendem a apresentar maiores parasitemias e uma
ocorrem eliminação da infecção assintomática e anemia mais severa. Nos animais adultos, a doença
perda de imunidade. Em áreas endêmicas, os bezer- apresenta-se de forma aguda ou hiperaguda.
ros recebem proteção passiva de anticorpos presen- Nas áreas endêmicas, em rebanhos au-
tes no colostro, aproximadamente até três meses de tóctones com manejos extensivos e/ou semi-
idade (JAMES et al., 1985). A proteção pode persis- extensivos e alta população de vetores, os animais
tir por até 6 meses de idade para B. bovis e de três a adquirem o A. marginale nos primeiros dias de vida,
quatro meses para B. bigemina. Segundo alguns sendo que o parasita aparece entre 50 a 74 dias de
autores, após a primo-infecção, os animais permane- idade. Assim sendo, o equilíbrio é estabelecido pre-
cem sorologicamente positivos por um período de cocemente, pois esses animais se infectam logo após
quatro anos para B. bovis e, pelo menos, dois a três o nascimento e, conseqüentemente, apresentam
anos para a B. bigemina (WRIGHT et al., 1990). parasitemia moderada (ERIKS et al., 1989). O pique
Quanto ao A. Marginale, esse período é de 8 meses da parasitemia varia de 2 a 13% (média 7%) e ocorre
(MAGONIGLE & NEWBY, 1984). Em temperatu- de uma a quatro semanas após o aparecimento das
ras abaixo de 20°C, os ovos postos pelas teleóginas primeiras hemácias parasitadas. Nesse período, há
não apresentam infecção pelas babesias, em função remoção somente das hemácias parasitadas que
da inibição da multiplicação desse agente no carra- apresentam alterações celulares. Com a evolução da
pato. Geralmente, bezerros que nascem em épocas patogenia, aparecem os auto-anticorpos que aderem
de frio na região Sul adquirem infecção mais tardi- aos eritrócitos infectados e não infectados, aumen-
amente, na primavera, e no verão ou no outono tando a fagocitose das hemácias pelos macrófagos,
quando as populações de carrapatos estão maiores. principalmente no baço. Ocorrem diminuição do
Esse fato, associado à ausência dos fatores que for- volume globular e anemia, que podem levar o ani-
necem resistência às babesioses, leva à alta incidên- mal à morte (RISTIC, 1960).
cia da doença clínica, a partir da primavera, nos O percentual de animais doentes e a taxa
animais nascidos no inverno. de mortalidade dependerão de algumas condições
epidemiológicas, tais como: número de vetores no
Epidemiologia da Anaplasmose ambiente, estado nutricional e doenças concomitan-
A infecção por A. marginale determina tes. Recuperando-se da doença, os animais tornam-
significativas perdas econômicas na pecuária bovina se portadores assintomáticos. Embora esses bovinos
do Brasil (MADRUGA et al., 1984). No Estado de sejam portadores assintomáticos da anaplasmose,

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apresentam pouca importância como fonte de infec- temente, observa-se o uso indiscriminado de produ-
ção para os animais mais novos ou susceptíveis. tos carrapaticidas. Com o objetivo de aumentar a
Nesses portadores adultos, são detectados baixos produtividade, os pecuaristas têm adotado práticas
níveis de parasitos no sangue e os aumentos de para- de manejo como a estabulação e a aquisição de ani-
sitemia que esporadicamente apresentam, dificil- mais com melhor potencial genético. Essas práticas
mente atingem a ordem de 0,3%. Em estudos con- têm contribuído para a proliferação da população de
trolados, constatou-se que a parasitemia mínima no carrapatos e, assim, das áreas de instabilidade enzo-
animal para que a transmissão por carrapatos seja ótica aos hemoparasitos. Portanto, o carrapato não
eficiente, deve ser 0,3% (KIESER et al., 1990). deve ser erradicado da propriedade, e sim controla-
Sendo assim, os bezerros parecem ser a principal do, de forma que os animais sejam parasitados du-
fonte de infecção do A. marginale, mesmo sem a rante todo o ano com infestações baixas, permitindo
constatação de sinais clínicos, pois eles apresentam assim doses infectantes adequadas de Babesia.
parasitemia superior a 0,3%, favorecendo a trans- O controle de carrapato, associado à imu-
missão do agente infeccioso de animais portadores nização de animais susceptíveis, constitui uma me-
(bezerros em convalescência) para animais susceptí- dida apropriada de profilaxia dessa hemoparasitose
veis (ZAUGG et al., 1986). Fato esse observado nas em determinadas áreas de instabilidade enzoótica.
imediações dos estábulos de propriedades leiteiras, Para a anaplasmose, deve-se manter o controle de
onde geralmente existem os bezerreiros. Nesses moscas na propriedade, principalmente nas estações
locais, os principais vetores incriminados na trans- chuvosas, quando a população de dípteros hemató-
missão podem ser a mosca dos estábulos, S. fagos é maior, controlando assim as taxas de infec-
Calcitrans, e os culicídeos, que são facilmente en- ção por A. marginale.
contrados. A quimioprofilaxia baseia-se no uso de
Em função da disseminação da anaplas- drogas específicas em doses subterapêuticas. Na
mose pelos dípteros hematófagos no Brasil, as anaplasmose, consiste em 2-4 aplicações de subdo-
transmissões ocorrerão com maior intensidade nas ses de tetraciclina (2-4mg/kg/PV), pela via IM, in-
épocas quentes e úmidas do ano, quando a popula- tervaladas de 21 em 21 dias. Esse período é estabe-
ção dos vetores é maior. Animais que nascem em lecido de acordo com o período de incubação da
épocas de populações de dípteros muito baixas, doença e pode ser implementada a partir de 30 dias
como no inverno da região Sul, adquirirão a infecção de idade do animal. As subdoses quimioterápicas
mais tardiamente. Nessa fase, os bezerros já perde- permitirão ao animal adquirir a infecção sem sinais
ram os fatores naturais que lhes conferem resistên- clínicos ou com sinais brandos. Para a babesiose,
cia, desenvolvendo assim sinais clínicos da doença. tem-se empregado o imidocarb na dosagem de 1-
Os cervídeos são considerados reservató- 2mg/kg/PV, com resultados satisfatórios
rios naturais de A. marginale, porém, essa constata- (KUTTLER & JOHNSON, 1986), nos bezerros ao
ção é de pouca importância epidemiológica no Bra- serem colocados a pasto. Esse procedimento evita a
sil, uma vez que os próprios bovinos são reservatóri- presença do agente no organismo ou mantém sua
os do A. marginale. população em níveis subclínicos, estabelecendo o
estado de portador ao animal. Apresenta a desvanta-
Controle gem de levar a resistência a antibióticos a outros
Os métodos de profilaxia empregados patógenos, como por exemplo a Escherichia coli
para as hemoparasitoses são: o controle dos vetores, (HIRSH et al., 1974).
a quimioprofilaxia, a premunição e o uso de vacinas. A premunição constitui-se em um método
O controle de carrapato constitui-se em uma medida de controle muito utilizado, com a finalidade de
de controle da TPB e pode ser implementado em promover o desenvolvimento de imunidade contra as
dois níveis: erradicação e controle estratégico. A hemoparasitoses (BRASIL et al., 1982; LIMA,
campanha de erradicação do carrapato B. microplus 1991, NOGUEIRA et al., 1991). O processo se ba-
foi iniciada nos Estados Unidos em 1906 e é mantida seia na inoculação de sangue de animal portador em
atualmente pela vigilância sanitária (RISTIC & animais susceptíveis e com seu subseqüente trata-
MONTENEGRO-JAMES, 1988). Estudos realiza- mento usando drogas específicas. Essa medida de-
dos na Argentina (SIGNORINI & MATTOS, 1989) termina uma proteção à infecção, mesmo que ocor-
e em Porto Rico (CROM, 1992) exemplificam áreas ram variações entre amostras das espécies dos he-
que têm como objetivo a erradicação do carrapato. moparasitos e, em condições tropicais, é provavel-
No Brasil, é utilizado o controle estratégico em de- mente o procedimento de imunização mais eficaz.
terminadas áreas (OLIVEIRA, 1993), mas freqüen- Apesar da premunição apresentar alto custo, riscos

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como a disseminação de doenças e a ocorrência da As vacinas atenuadas para B. bigemina e


“doença hemolítica do recém-nascido”, esses são B. bovis são usadas, com resultados satisfatórios, em
mínimos se comparados àqueles ocasionados pela determinados países como: Austrália, Argentina,
introdução de bovinos susceptíveis e não protegidos Uruguai, especialmente nas áreas de instabilidade
em áreas enzoóticas (LIMA, 1991). enzoótica. No Brasil, trabalhos com o isolamento e a
A premunição moderna consiste na utili- atenuação de amostras de campo de B. bigemina e
zação de inóculos padronizados de cada agente (A. B. bovis foram desenvolvidos inicialmente na
marginale, B. bigemina e B. bovis), em geral con- EMBRAPA-CNPGC, seguindo-se a metodologia
gelados em nitrogênio líquido. Os inóculos são pro- australiana (KESSLER et al., 1987a, 1987b;
duzidos em bezerros esplenectomizados e o número KESSLER et al., 1991). Testes avaliando a patoge-
de parasitas/ml de sangue é quantificado (105 a 107 nicidade e imunogenicidade dessas amostras de-
hemácias parasitadas) (KESSLER et al., 1987b). monstraram baixa patogenicidade para B. bovis, pois
Esse número de parasitos inoculados, diretamente não foram observados casos de doença clínica após
dependente da virulência da amostra, torna previsí- vacinação. Em relação à B. bigemina, essa amostra
vel o período em que os animais apresentarão sinais apresentava relativa virulência, sendo verificada a
clínicos e, até mesmo, a intensidade das infecções. doença clínica em alguns animais. Nesses testes,
Isso facilita e racionaliza os tratamentos, que deve- foram demonstrados também que as duas amostras
rão ser instituídos após a avaliação de quatro parâ- eram altamente imunogênicas, protegendo os ani-
metros: temperatura corporal, parasitemia, hemató- mais contra posterior desafio. Atualmente, existem
crito e patogenicidade das amostras utilizadas. A uma vacina comercial e outras amostras vacinais
temperatura corporal deve ser determinada duas com resultados promissores em diferentes centros de
vezes ao dia, exames de esfregaços de sangue perifé- pesquisa. Em associação com as amostras atenuadas
rico e avaliação do volume globular. A avaliação da de Babesia, tem-se utilizado o A. centrale, que con-
resposta imune, através de testes sorológicos, deve fere proteção parcial contra o A. marginale, apre-
ser feita ao final de cada etapa do processo. sentando bons resultados (KESSLER et al., 1991).
Geralmente, o pico febril de 8 a 14 dias A irradiação de Babesia foi também uma
após a inoculação deve-se à babesiose. O pico febril outra tentativa de desenvolvimento de vacina para o
por anaplasmose é esperado 21 a 38 dias após a controle da babesiose (WRIGHT, 1990). Entretanto,
inoculação. Após a recuperação dos animais, devem apesar de evidências de algum grau de proteção
ser realizados outras duas ou três inoculações, com a contra cepas homólogas e heterólogas, essa linha de
finalidade de reforçar a imunidade adquirida na estudo não teve continuidade.
inoculação anterior. Após a última inoculação, os Com o advento da tecnologia do DNA re-
animais devem ser infestados por carrapatos, para combinante, vários trabalhos têm sido feitos para o
que os bovinos desenvolvam imunidade contra a desenvolvimento de uma nova geração de vacinas
amostra da propriedade. Esse procedimento torna-se contra a babesiose. O primeiro teste de vacina contra
necessário devido à existência de diversidade anti- B. bovis, utilizando proteína recombinante, mostrou
gênica entre amostras no país (KESSLER et al., pequena proteção contra desafio com cepas heteró-
1987a). Após cada etapa do processo, caso ocorram logas (TIMMS & BARRY, 1988). Apesar dos tra-
recidivas, os animais devem ser tratados. Ao término balhos já realizados apresentarem sucesso limitado,
das etapas, os animais podem ser soltos a pasto, muitos pesquisadores acreditam que a vacina ideal
porém, esse desafio deve ser gradativo, sendo reco- contra babesiose bovina só será produzida através da
mendável o acompanhamento dos animais por al- biotecnologia, seja através da clonagem de genes e
guns dias. expressão de proteínas recombinantes e/ou pela
Vários métodos de vacinação têm sido síntese bioquímica de polipeptídeos.
desenvolvidos e estudados em condições de labora- Para a anaplasmose, existem três tipos de
tório e de campo, como medidas imunoprofiláticas vacinas desenvolvidas. A vacina atenuada que utiliza
contra a babesiose bovina. Na maioria deles, utiliza- amostra de A. marginale (RISTIC et al., 1968), a
se como vacina sangue infectado de animais geral- qual é submetida à indução de mutação, pela exposi-
mente esplenectomizados, contendo formas vivas ção à radiação e seleção após duas passagens seria-
atenuadas (CALLOW & MELLORS, 1966) ou ina- das em cervídeos e ovelhas. Após aplicação, os
tivadas (TAYLOR, 1989). Outra linha de pesquisa animais desenvolvem resposta imunológica humoral
explora o uso de estágios de Babesia no carrapato e celular (RISTIC & CARSON, 1977).
(esporozoíto) como um meio de indução de imuni- No Brasil e em outros países, têm sido
dade protetora contra essa parasitose (McELWAIN feito experimentos com amostra atenuada de A.
et al., 1992). marginale. A imunidade conferida por essa vacina é

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capaz de diminuir as perdas econômicas causadas estudos dos fatores ambientais que influenciam o
pela morbidade e/ou mortalidade após um desafio desenvolvimento do carrapato, visando a uma redu-
experimental ou natural com amostras virulentas de ção gradativa da incidência da doença, a fim de
Anaplasma. O outro tipo é a vacina inativada desen- alcançar um equilíbrio entre a população de bovinos
volvida a partir de sangue de animais previamente e um número reduzido de carrapatos livres de infec-
inoculados no pique da parasitemia, sendo posteri- ção (estabilidade enzoótica da TPB). No caso da
ormente as células sanguíneas lavadas, lisadas e anaplasmose, além das medidas já citadas, devem-se
liofilizadas (BROCK et al., 1965). No Brasil, não implementar práticas de manejo adequadas, pois
têm sido realizados estudos a respeito do emprego essa enfermidade é facilmente transmitida em vaci-
dessa vacina e não há autorização de sua comercia- nações, descornas e castrações. A vacinação com
lização pelas autoridades competentes. E, por últi- cepas atenuadas deve ser estabelecida de maneira
mo, a imunização através da espécie Anaplasma controlada em bovinos susceptíveis à doença, prin-
centrale, que causa infecção branda ao animal, po- cipalmente em adultos, quando esses serão expostos
dendo amenizar a severidade da infecção pelo A. pela primeira vez ao desafio com vetores. Essas
marginale. O A. centrale induz uma imunidade medidas são eficientes e econômicas para o controle
parcial contra A. marginale e vem sendo usada da TPB na região sudeste do Brasil.
como vacina heteróloga, em função de sua menor
patogenicidade. Essa vacina tem sido usada em REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
vários países e, no Brasil, está sendo difundida pela
AGUIRRE, D.H., GAIDO, A.B., VINABAL, A.E., et al.
EMBRAPA e Estado do Rio Grande do Sul Transmission of Anaplasma marginale with adult Booplilus
(KESSLER et al., 1991). microplus ticks fed as nymphs on calves with different level
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Epidemiology of babesiosis in Latin America and the
Até o presente momento, vários pesquisa- Caribbean. Revue Science Techonology Off International
dores, tanto no Brasil quanto em outros países, têm Epizootiology, v. 11, n. 3, p. 713-733, 1992.
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sitoses. Apesar dos muitos avanços alcançados para Rendus Hebdomadaires des Seances de l’Academie des
o desenvolvimento desses métodos, ainda existem Sciences, v. 107, p. 692-694, 1888.
alguns obstáculos no controle da TPB. Assim, a BRASIL, A.G., MONMANY, L.F., SÁ, et al. Premunição contra
carência de estudos epidemiológicos, levando em a tristeza parasitária a campo. A Hora Veterinária, n. 10, p.
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ambiente, constitui importante obstáculo para o BROCK, W.E., KLIEWER, I.O., PERSON, C.C. A vaccine for
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dos fatores de estabilidade e instabilidade que po- Association, v. 147, p. 948-951, 1965.
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do país, bem como a determinação das áreas endê- Australian Veterinary Journal, v. 42, p. 464-465, 1966.
micas são ferramentas importantes. Os sistemas de
CORRIER D.E., GUZMAN S. The effect of natural exposure to
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