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DANTO A - A Arte Depois Do Fim Da Arte - Paper
DANTO A - A Arte Depois Do Fim Da Arte - Paper
1 Danto, A. C., Narration and Knowledge (Including the Integral Text of Analytical Philosophy of History),
New York, Columbia University Press, 1985. 2 Danto, A. C., Analytical Philosophy of Action, London,
Cambridge University Press, 1973. 3 Danto, A. C., Analytical Philosophy of Knowledge, London, Cambridge
University Press, 1968. 4 Danto, A. C., Jean-Paul Sartre, edited by Frank Kermode, New York, The Viking
Press, 1975. 5 Danto, A. C., Nietzsche as Philosopher, New York, Columbia University Press, 1980.
2 Citamos sempre: Arthur Danto, Após o fim da arte, trad. Saulo Krieger, São Paulo, Odysseus Ed., 2006.
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
Definições da arte
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
3 “Art is the kind of things that depends for its existence upon theories” (Danto, The Transfiguration of the
Commonplace, Cambridge, Harvard University Press, 1981; p. 135).
4 Em suma, o essencialismo na arte impõe o pluralismo, seja ele ou não, de fato, historicamente percebido.
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
219), ou, noutras palavras, não poderá elevar a critério da arte qualquer determinação deste
tipo.
Por fim, Danto encontrará no horizonte do fim da história da arte, que é o farol da
sua reflexão historicista, uma caução de autoridade – outrora impensável – para este
imperativo pluralista (cito):
Arte e filosofia
5“The history of art is the history of the suppression of art.”, Danto, The Philosophical Disenfranchisement of Art,
Nueva York, Columbia University Press, 1986 ; p. 4
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
A estética parece cada vez mais inadequada para lidar com a arte a partir da década
de 1960 – com a «arte depois do fim da arte», como já a denominei alhures – ,
sendo um sinal disso que uma das disposições iniciais era a recusa em se considerar
a arte não-estética ou anti-estética como arte.6 (p. 94)
6 Assim, a mesma divergência lógica que separa o estético do prático separa a arte de qualquer coisa útil. E a
estética kantiana serviu à crítica de arte contemporânea conservadora ao pôr de lado, como irrelevante para a
arte, quaisquer ambições instrumentais que os artistas pudessem ter no sentido de fazer a arte trabalhar a
serviço deste ou daquele interesse humano, e mais particularmente de interesses políticos. «O que a arte tem
que ver com política?», pergunta o crítico conservador, como se a questão fosse retórica, e a resposta —
«Nada!» — uma certeza previsível.
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
Mas, por outro lado, Danto não é demasiado claro à hora de caracterizar uma nova
disposição crítica da filosofia em relação à arte. Se a relação entre arte e filosofia conhece
uma história, correspondendo a cada figura da arte uma figura da crítica, não é fácil
compreender qual seria a figura correspondente à crítica na época da emancipação da arte
em relação à filosofia (em resumo, a arte emancipa-se ou não?). Danto escreve:
Não fica claro o que pode significar isto. O fato é que Danto afirma que “Warhol e
os artistas da pop em geral tornaram qualquer coisa escrita por filósofos sobre arte inútil, ou,
na melhor das hipóteses, de importância pontual” (p. 138). Logo, uma filosofia da arte que
não seja puramente formalista, mas que também não implique uma teleologia da arte (com
fins impostos pela filosofia), aparece como um imperativo da crítica, mas só aparece como
imperativo, como programa, e fica por explicar em que possa consistir (cito Danto):
Como fazer uma crítica de arte que não seja nem formalista nem emancipada por
uma narrativa mestra é algo a que devo me ater mais tarde. (p. 109)
Mas sejamos justos com Danto, e digamos que, pelo menos, encontramos na sua
obra alguns elementos para a elaboração dessa ponte que permitiria restituir o trânsito da
estética para a crítica da arte. À luz das mudanças na prática crítica que foram impostas pela
revolução da década de 1960, com efeito, Danto propõe a construção de uma «estética
revisionista» que:
não dependa de uma narrativa histórica excludente, mas que tome cada obra em
seus próprios termos, em termos de suas causas, de seus significados, de suas
referências e do modo como esses itens são materialmente incorporados e como
devem ser compreendidos. (p. 167)
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
Segundo Danto, o fim da arte é o fim desta lógica de legitimação. Mas o fim não é a
morte da arte. Pelo contrário, o fim da arte, enquanto fim desta lógica de legitimação,
significa também, imediatamente, a dissolução de todo o critério de des-legitimação da arte
por inadequação a uma narrativa mestre determinada.
E esta segunda conseqüência é a grande novidade que traz consigo o anúncio do
fim da arte, o seu significado profundo, que vem transvalorar o sentido do fim e converter
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
esse fim em um novo começo. A arte, longe de acabar, recomeça sobre outro solo. Escreve
Danto:
na verdade minha intenção era anunciar que havia ocorrido algum tipo de
encerramento no desenvolvimento histórico da arte, que uma era de surpreendente
criatividade, com uma duração de aproximadamente seis séculos no Ocidente, havia
chegado a um fim, e que, qualquer que fosse o tipo de arte a ser desenvolvido a
partir de então, seria marcado pelo que eu estava preparado para chamar de caráter
pós-histórico. (p. 23)
Começam então a aparecer slogans como «tudo é obra de arte», ou, como o de
Beuys, «todo mundo é artista», que jamais teriam ocorrido a alguém que estivesse
sob o influxo das grandes narrativas que identifiquei acima. A história da busca,
pela arte, de uma identidade filosófica havia se acabado. E, agora que havia se
acabado, os artistas estavam livres para fazer tudo o que desejassem fazer. (...) Uma
coisa não é mais certa do que outra. Não há mais uma direção única. Na verdade,
não há mais direção. E foi isso o que pretendi dizer com o «fim da arte», quando
comecei a escrever sobre esse fim em meados da década de 1980. Não que a arte
morreu ou que os pintores deixaram de pintar, mas sim que a história da arte,
estruturada narrativamente, chegara ao fim. (p. 139)
O fim da arte é, portanto, o fim das narrativas mestres da arte, mas não designa um
fim sem designar ao mesmo tempo um novo começo, a alvorada de uma nova época
(mesmo se, como veremos, a noção de época pode não responder ao que Danto tem em
mente).
Aquilo que começa com o fim da arte é a sua fase pós-histórica. E esta fase pós-
histórica se caracteriza pela ausência de linhas reitoras ou de horizontes de sentido
predefinidos, assim como pela existência de “incontáveis direções a serem tomadas para a
prática da arte, nenhuma delas mais privilegiada, pelo menos historicamente, do que as
demais” (p. 150).
Esta nova fase não é o resultado de uma resolução filosófica ou a conseqüência de
um processo histórico mundial do qual a arte seria só um epifenômeno, mas a abertura
decorrente da emancipação da arte em relação aos imperativos filosóficos e às ideologias
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
históricas que a sobredeterminaram até então. Por tudo isto, para Danto, anunciar o fim da
arte é anunciar o princípio da sua existência pós-histórica (uma existência cuja natureza
iremos explorar).
O fim da arte anunciado por Danto, portanto, não tem um caráter absoluto, não
significa o fim da produção de obras de arte, da sua circulação ou do seu consumo, mas
simplesmente o fim de uma prática que compreende todos esses elementos segundo
relações específicas e historicamente determinadas, e da qual podem rastrear-se as suas
origens assim como se pode assinalar o seu fim.
Por outra parte, o fim dessa prática dá lugar a outra prática, como no seu momento
sucedeu outra prática anterior. Assim, Danto indica que:
Do mesmo modo:
o conceito de artista não fazia parte da explicação das imagens devotas, mas é claro
que o conceito de artista se tornou central na Renascença, a ponto de Giorgio
Vasari ter escrito um grande livro sobre a vida dos artistas. (p. 4)
Danto apela a esta teoria do nascimento da arte no século XV com o intuito de dar
uma caução de autoridade à sua tese. Com efeito, diz:
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
em arte depois do fim da arte, como se estivéssemos emergindo da era da arte para
algo diferente, cuja forma e estrutura exatas ainda precisam ser compreendidas. (p.
5)
Como assinalamos antes, para Danto a arte ganha a sua autonomia ao tornar-se
auto-consciente e deixar de depender da filosofia (e da ideologia, deveríamos acrescentar)
para determinar a sua própria natureza. Então, a arte deixa de comportar-se de acordo a
idéias que não são o produto da sua própria reflexão e passa a poder fazer o que bem
quiser, encontrando ao mesmo tempo um novo ponto de partida e uma liberdade nunca
antes experimentada. Foi neste sentido que Warhol teria dito que “Você deve poder ser um
expressionista abstrato na semana que vem, ou um artista da pop art, ou um realista, sem
achar que está desistindo de alguma coisa”. Coisa que Danto comenta do seguinte modo:
Warhol disse muito bem. Essa foi uma resposta à arte dos manifestos, em que a
principal crítica de seus adeptos a outras artes consistia no fato de que não tinham o
«estilo» certo. Warhol está dizendo que isso deixou de fazer sentido: todos os estilos
possuem igual mérito, nenhum é «melhor» do que o outro. E óbvio que isso deixa
abertas as opções de crítica. Não implica que toda a arte seja igual e
indiferentemente boa. Apenas quer dizer que ser uma arte boa ou ruim não é uma
questão de pertencer ao estilo certo, ou de subsumir ao manifesto certo. É a isso
que me refiro com «fim da arte». Refiro-me ao final de certa narrativa que foi
desvelada na história da arte no decorrer dos séculos, e que chegou a seu fim em
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meio a certa liberdade de conflitos que eram inescapáveis na Era dos Manifestos.7
(p. 42)
Neste sentido, o fim da história da arte é também o fim dos estilos artísticos. Com
efeito, se um estilo é a manifestação de uma determinada concepção ou de um programa
para a arte, ditado ou deduzido de alguma forma de filosofia (da história), uma vez que esta
perde o seu papel legitimador, a arte não fica obrigada a assumir um estilo em detrimento
de outro. Qualquer estilo é possível na medida em que nenhum estilo é necessário.
Com Warhol, ficou claro que não há uma forma especial que necessariamente uma
obra de arte deve ter – ela pode parecer uma caixa de Brillo ou uma lata de sopa.
Mas Warhol é apenas um em um grupo de artistas que fizeram essa profunda
descoberta. A distinção entre música e barulho, entre dança e movimento, entre
literatura e o mero escrever, coetânea à ruptura de Warhol, estabelece com ele um
amplo paralelismo. (p. 40)
Reivindicar que a arte chegou a um fim significa dizer que as críticas desse tipo não
são mais legítimas. Nenhuma arte é mais historicamente imperativa comparada com
qualquer arte. Nenhuma arte é historicamente mais verdadeira do que outra, nem
em especial mais falsa. (p. 31)
7 É por isso que eu prefiro chamá-la simplesmente de arte pós-histórica. Qualquer coisa jamais feita poderia ser
feita hoje e ser um exemplo de arte pós-histórica. Por exemplo, um artista apropriacionista como Mike Bildo
poderia mostrar uma série de Piero dela Francesca na qual houvesse uma apropriação de todo o corpus de sua
obra. Piero certamente não é um artista pós-histórico, mas Bildo o é, e um apropriacionista suficientemente
hábil para que seus Pieros e as pinturas de Piero possam parecer tão semelhantes quanto ele gostaria de fazê-
las parecer - e, assim como o seu Piero, os seus Morandis parecer com Morandis, os seus Picassos, com
Picassos, e os seus Warhols, com Warhols. No entanto, num sentido relevante, que não se pode crer
facilmente acessível ao olhar, quanto ao estilo os Pieros de Bildo teriam mais em comum com as obras de
Jenny Holzer, Barbara Kruger, Cindy Sherman e Sherrie Levine do que com os próprios pares estilísticos de
Piero. Assim, o contemporâneo é, de determinada perspectiva, um período de desordem informativa, uma
condição de perfeita entropia estética. Mas é também um período de impecável liberdade estética. Hoje não
há mais qualquer limite histórico. Tudo é permitido.
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
Uma obra pode ser má apenas na medida em que, dada a poética que postula ou na
qual se propõe inscrever, não é bom exemplo da mesma.
O sentido em que tudo é possível é aquele em que todas as formas são nossas. O
sentido em que nem tudo é possível é o de que temos de estabelecer uma relação
recíproca com elas de nossa própria maneira. (p. 220)
Na época das narrativas mestres ou dos manifestos (“O modernismo foi, acima de
tudo, a Era dos Manifestos”), distinguiam-se as obras de arte na medida em que se
adequavam a uma idéia feita do que a arte devia ser, como se a crítica tivesse feito a
descoberta filosófica do que a arte é na sua essência. Mas a verdadeira descoberta filosófica é,
para Danto, que não existe uma arte mais verdadeira do que outra, bem como que não há uma
única forma que a arte necessariamente deva assumir. Isto é, que toda arte é igual e
indiferentemente arte.
Tal é a marca da arte contemporânea: em contraste com o modernismo, não existe
qualquer coisa como um «estilo contemporâneo». Não há nenhuma limitação a priori no
modo em que as obras de arte devem parecer (elas podem assumir qualquer aparência).
É esta uma das razões pelas quais Danto fala de arte pós-histórica e não de arte
pós-moderna. Pelo fato de que “o termo «pós-moderno» designa certo estilo que podemos
aprender a reconhecer, do mesmo modo como aprendemos a reconhecer exemplos do
barroco ou do rococó”, enquanto que a arte pós-histórica aparece como a arte para além
do estilo (o que deve entender-se: como a época da arte na qual o estilo não define se uma
obra pertence ou não pertence à arte).
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
Grande parte do meu livro, voltado para as narrativas da história da arte, deve
forçosamente ocupar-se com Greenberg como o grande narrador do modernismo
(p. 10)
Assim, por exemplo, à hora de assinalar um exemplo das interdições que as grandes
narrativas da história da arte impunham sobre a prática efetiva da mesma, por
contraposição à liberdade e ao pluralismo da arte pós-histórica, podemos ler:
Nada se encontra interditado, do modo como Clement Greenberg supôs que a arte
surrealista deixara de fazer parte do modernismo como ele o compreendia. O nosso
é um momento, pelo menos (e talvez unicamente) na arte, de profundo pluralismo
e total tolerância. Nada está excluído. (p. XVI)
Foi Greenberg, com efeito, quem construiu – para Danto – a narrativa por
excelência do modernismo, substituindo as características miméticas da pintura pre-
modernista (definidas por Vasari) por uma série de características não miméticas, através
das quais a pintura se tornou não-objetiva ou abstrata.
É Greenberg, do mesmo modo, quem ilustra melhor que ninguém – para Danto –
o modo em que as narrativas mestres da história da arte formulam os seus imperativos,
trocando ilegitimamente o valor duma parte pela validez do todo, tal como podemos
deduzir da seguinte passagem:
8O modernismo na arte representa o limite antes do qual os pintores se dedicaram a representar o mundo
como este se apresentava, pintando pessoas, paisagens e acontecimentos históricos como eles próprios se
apresentavam ao olhar. Com o modernismo, as próprias condições de representação tornaram-se centrais, de
modo que a arte de certa forma se tornou o seu próprio assunto. Essa foi precisamente a forma como
Clement Greenberg definiu a questão em seu famoso ensaio de 1960, "Pintura modernista". "A essência do
modernismo", escreveu ele, "reside, tal como a vejo, no uso dos métodos característicos de uma disciplina
para criticar a própria disciplina, não para subvertê-la, mas para entrincheirá-la mais firmemente em sua área
de competência."
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
Grande parte do livro de Danto, como dizemos, está dedicado à crítica deste tipo
de formulações na obra crítica de Greenberg. Dou mais um exemplo:
Clement Greenberg, em ensaio que definiu como «uma apologia histórica à arte
abstrata» – «Toward a Newer Laocoõn»- insistia que «o imperativo [para se fazer
arte abstrata] vem da história» e que o artista é mantido «num tornilho do qual, no
momento presente, ele só pode escapar capitulando de sua ambição e retornando a
um passado bolorento». Em 1940, por ocasião de sua publicação, a única «estrada
verdadeira» para a arte era a abstração. E isso valia mesmo para artistas que, embora
modernistas, não eram de todo abstracionistas: «A lógica do desenvolvimento era
tão inexorável que ao final da sua obra se constituía em meramente mais um passo
em direção à arte abstrata». (p. 30)
Quando Dando reivindica que a arte chegou ao seu fim, quando anuncia o termo
das narrativas historicistas de legitimação, o seu alvo é, mais ou menos explicitamente, a
crítica de Clement Greenberg (e, se quisermos, as que pretendem dar continuidade ao seu
modelo). Diz Danto:
Reivindicar que a arte chegou a um fim significa dizer que as críticas desse tipo não
são mais legítimas. Nenhuma arte é mais historicamente imperativa comparada com
qualquer arte. Nenhuma arte é historicamente mais verdadeira do que outra, nem
em especial mais falsa. Assim, no mínimo, a crença de que a arte chegou a um fim
exige um tipo de crítico que não se pode ser, se alguém pretende ser crítico de
qualquer modo (p. 31)
O livro de Danto é uma narrativa num segundo sentido, acaso mais problemático
dentro do próprio contexto da filosofia.
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
Quero dizer, dentro da lógica das narrativas mestres, «moderno» veio a denotar –
segundo Danto – um estilo e, mediatamente, a definir um período. Seria de esperar,
portanto, que com o fim das narrativas esse tipo de etiquetas viessem a ser instrumentos
puramente nominais, mas sem nenhum valor normativo historicista.
Porém, a definição que nos propõe Danto da fase pós-histórica da arte não deixa de
suscitar a nossa inquietude. É o que sentimos quando, por exemplo, estabelece um paralelo
entre a periodização hegeliana das narrativas políticas e a sua própria periodização das fases
da arte (cito):
A minha é o que se pode chamar de profecia do presente. Ela vê o presente, por assim
dizer, como revelado. Só o que posso dizer sobre o futuro é a de que este é o estado
final, a conclusão de um processo histórico cuja estrutura se torna visível de uma só
vez. (p. 47)
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Eduardo Pellejero – Danto: A arte depois do fim da arte
A arte finalmente tem liberdade para ser o que bem quiser, mas já não tem nada
para dizer, porque o crítico e o filósofo já disseram tudo. Tudo o que havia para dizer.
E o que arte diga, em todo o caso, as suas afirmações particulares sobre o que a arte
é ou deve ser, serão tomadas como dizeres ingênuos, postulações que desconhecem que
sobre a essência da arte já foi dito tudo – que é quase nada (da perspectiva de Danto, as
poéticas pós-históricas não podem ser levadas a sério à hora de definir a arte, nem podem
ser colocadas por cima da verdade pluralista que a sua filosofia acabou de enunciar).
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Bibliografia
● Arthur Danto, Após o fim da arte, trad. Saulo Krieger, São Paulo,
● María José Alcaraz León, La teoría del arte de Arthur Danto: de los
● María José Alcaraz León, «La historia del fin de la historia», in La balsa de