A metodologia aplicada pelas industrias internacionalmente para determinar a
eficácia de um protetor solar é um número de FPS, que pode ser um meio de comparação feita pelo consumidor na hora de avaliar produtos concorrentes. (SOUZA, 2008). O Fator de Proteção Solar (FPS) quantifica a proteção que um determinado produto é capaz de oferecer, em termos de tempo de exposição, contra a queimadura solar se comparado à exposição desprotegida. Assim, se um determinado protetor apresenta o valor de FPS 30, isso significa, na prática, que é necessária uma exposição solar 30 vezes maior para produzir eritema (queimadura), se comparada à situação em que este usuário não estaria usando aquele protetor. (SCHALKA, 2011). Considerando localizações geográficas, estações do ano, condições climáticas e período do dia, uma pessoa de pele clara que pode ficar 20 minutos exposta ao sol sem protetor solar, poderá ficar 300 minutos exposta ao sol com um protetor de FPS = 15, pois 20 x 15 = 300. (DAVOLOS, 2007). O valor do FPS é calculado através da Equação 1, onde DME = dose mínima eritematosa, ou seja, dose mínima de radiação UVB necessária para ocorrer o eritema, expressa em KJ/min. (DAVOLOS, 2007) FPS = DME da pele com proteção/DME da pele sem proteção (1) O padrão quantitativo de protetor solar aplicado na pele necessário para atingir o FPS em humanos é 2 mg/cm2. Apesar dessa recomendação, diferentes trabalhos publicados na literatura demonstram que a quantidade de protetor solar aplicada pelos usuários varia de 0,39 a 1,3 mg /cm2, muito inferior ao preconizado. (SCHALKA, 2011). A quantidade aplicada é ainda menor de protetor inorgânico quando comparada ao protetor orgânico, devido a maior dificuldade de espalhá-lo na pele. Essa prática faz com que o FPS obtido não atinja o valor proposto. (DAVOLOS, 2007). Dessa forma, reforça-se a necessidade de maior atenção em relação à adesão do usuário para o uso adequado do fotoprotetor, incluindo a aplicação da quantidade correta e a reaplicação periódica. (SCHALKA, 2011).
EFEITOS DA RADIAÇÃO
A pele é o maior órgão do corpo humano e corresponde a 15% do peso total do
homem. É o órgão que reveste e delimita o organismo, protegendo-o e interagindo com o meio externo. (BARDINI, 2012). A pele tem papel importante na regulação da temperatura corporal, da sensibilidade e da absorção de substâncias, além de ser exposta diariamente a agressões externas e internas, sendo também uma barreira física a agentes externos como a radiação ultravioleta (RUV). A exposição solar tem efeitos terapêuticos e benéficos (por exemplo, a produção de vitamina D), mas também pode prejudicar a pele, causando pigmentação cutânea, queimaduras, fotoenvelhecimento, fotossensibilidade e neoplasias cutâneas (câncer de pele). (BATISTA, 2012). Isso porque a radiação UV danifica o DNA, oxida os lipídios, produz perigosos radicais livres, causa inflamação, rompe a comunicação celular e enfraquece a resposta imune da pele. (SOUZA, 2008). O espectro solar que atinge a Terra é quase completamente de radiação visível (VIS), infravermelho (IR) e ultravioleta (UV). Nosso corpo percebe as radiações de formas diferentes, com diferentes cores detectadas pelo sistema óptico para os raios visíveis, com calor para as ondas infravermelhas e reações fotoquímicas para as radiações ultravioletas. (SILVA, 2015). A radiação ultravioleta abrange os comprimentos de onda de 200 a 400nm, sendo formada por radiação UVC (menor do que 290nm), UVB (entre 290 e 320nm) e UVA (entre 320 e 400nm). (CHORILLI, 2007). A radiação UVC é conhecida pela ação germicida ou bactericida. Mas, por possuir energia elevada associada ao seu menor comprimento de onda, é altamente lesiva ao homem, com efeitos carcinogênicos e mutagênicos. É absorvida em sua maioria pela camada de ozônio, barreira natural de proteção que recobre a terra, de tal forma que a quantidade dessa radiação que atinge a população é muito pequena. A radiação UVB, embora de menor comprimento de onda e com menor poder de penetração na pele, sendo absorvida pela epiderme, é a mais energética. Devido à sua alta energia, é responsável pelos danos agudos e crônicos à pele, tais como manchas, queimaduras (eritema e bolhas) e neoplasias cutâneas. Já a radiação UVA, de maior comprimento de onda, é menos energética e penetra mais profundamente na pele, atingindo a derme. A radiação UVA origina radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento cutâneo precoce (fotoenvelhecimento ou envelhecimento actínico), por doenças de fotossensibilidade e por contribuírem para o desenvolvimento de câncer. (SOUZA, 2008). A intensidade da radiação e o comprimento de onda da luz solar dependem de fatores como altitude, latitude, estação do ano, horário e condições atmosféricas. As radiações mais lesivas ocorrem entre as 10-11 horas da manhã e as menos lesivas entre as 16-17 horas da tarde. (SILVA, 2015). Os efeitos da exposição solar também dependem das características individuais da pele exposta, intensidade, freqüência e tempo de exposição. (DAVOLOS, 2007).