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para se considerar subsistente na obrigação natural um vínculo jurídico, dado que é a

própria lei a negar-lhe a faculdade de exigir judicialmente o cumprimento e esta


última é inseparável do direito de crédito, daí a proibição legal à sua renúncia
antecipada (art.º 809.º, CC).
Por outro lado, este Autor nota que nas obrigações civis o cumprimento da obrigação
não aumenta o património do credor, uma vez que o devedor se limita a solver um
crédito que já consistia um valor patrimonial no âmbito desse património. Na
obrigação natural, o direito de crédito, sem a faculdade de exigir o cumprimento, não
tem conteúdo, não podendo nunca, para Menezes Leitão, considerar-se como um
valor no activo patrimonial do credor, pelo que o cumprimento da obrigação natural
representa um incremento do património do credor natural à custa do património do
respectivo devedor, levando a que a situação se aproxime da doação, sem que tenha
espírito de liberalidade.
Nas obrigações naturais inexiste consequentemente um direito primário à prestação,
como direito de crédito, limitando-se a lei a reconhecer causa jurídica à prestação
realizada espontaneamente, excluindo que o prestador possa vir a recorrer à prestação
do indevido.
Portanto, para Menezes Leitão, a obrigação natural não parece qualificável como um
dever jurídico, mas antes como um dever oriundo de outras ordens normativas que,
pelo facto de corresponder a um dever de justiça, leva a que o direito atribua causa
jurídica às atribuições patrimoniais realizadas espontaneamente em seu cumprimento.
Assim, o art.º 403.º, n.º 1, não juridificando a obrigação natural, mas antes da tutela da
aquisição pelo credor natural, em consequência da prestação, à qual se atribui causa
jurídica.

Classificação das obrigações em função dos tipos de prestações

A classificação mais importante de prestações é aquela que se reconduz à distinção


entre prestações de coisa e prestações de facto. As prestações de coisa são aquelas
cujo objecto consiste na entrega de uma coisa, enquanto que as prestações de facto
são aquelas que consistem em realizar uma conduta de outra ordem.
A classificação entre prestações de coisa e prestações de facto é aproximável da
distinção económica entre bens e serviços, correspondendo as prestações de coisa ao
fornecimento de bens e as prestações de facto à realização de serviços.
É distinguível a prestação do devedor relativamente à coisa e a própria coisa a
prestar, sendo que o interesse do devedor incide normalmente sobre a coisa, a qual
existe de forma independente da prestação e sem relação à actividade do devedor.
Portanto, o direito de crédito nunca incide directamente sobre a coisa, mas antes sobre
a conduta do devedor pois é

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