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FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL

Semana II (8 a 14 de fevereiro)

Nome: Luiz Menezes Azevedo Filho – Matrícula: 202033820

Resenha

FRAGOSO, Joao Luis Ribeiro. Homens de Grossa Aventura e Hierarquia na Praga


Mercantil do Rio de Janeiro (1790-1830). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1992.

COSTA, Iraci del Nero da. Repensando o modelo Interpretativo de Caio Prado Júnior. In:
O Capital Escravista-Mercantil e a escravidão nas Américas. São Paulo: EDUC:
FAPESP, 2010. p. 77-111

A importância de Caio Prado Júnior para a historiografia brasileira é


imensurável. Seu livro mais famoso, Formação do Brasil Contemporâneo, em
composição com “Casa-Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, e de “Raízes do Brasil”
de Sérgio Buarque de Holanda são os alicerces de estudo das estruturas sociais que
construíram o Brasil.

No tocante à historiografia econômica, Formação do Brasil


Contemporâneo é um marco, pois delimitou o aspecto econômico como fundamental na
construção do Brasil, bem aos moldes do preconizado pela teoria marxista, a qual Caio
Prado era adepto.

Nesse trabalho o autor vai estabelecer o conceito de “sentido da


colonização” para caracterizar a economia colonial brasileira.

Resumidamente, pode-se dizer que o “sentido da colonização” era a


constituição e organização do Brasil unicamente para fornecer gêneros – como açúcar e
tabaco dentre outros mais tarde – para o comércio europeu sem vislumbrar dar atenção a
qualquer outro interesse que não fosse atender a necessidade do colonizador – mercado
externo.
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Feita tal contextualização, abre-se a perspectiva de análise das obras que
são objeto dessa resenha.

O texto de Fragoso apresenta um caráter bem mais descritivo em relação


ao exposto por Costa. Inicialmente, Fragoso apresenta além dos argumentos de Caio
Prado Júnior e posições similares como a de Celso Furtado, especialmente no que tange
ao comércio exterior como eixo norteador do funcionamento econômico do Brasil
colonial.

Ademais, segundo Fragoso, descobertas posteriores reforçaram os


posicionamentos de Prado Júnior como defenderia Fernando Novais nos anos 50 e 60.

Ciro Cardoso foi a primeira dissidência ao argumento proposto por Caio


Prado Júnior, conforme expõe Fragoso, a qual foi acompanhada em seguida por Jacob
Gorender. Sinteticamente, pode-se dizer que respeitadas as especificidades teóricas,
ambos criticavam a excessiva ênfase no mercado externo e o completo abandono da ideia
de existência de um mercado interno.

Costa por sua vez apresenta uma crítica mais contundente ao modelo do
“sentido de colonização”. Para este, Caio Prado Júnior atrelou realidades econômicas
distintas sob um mesmo prisma.

Em síntese, Costa defende que o modelo de Prado Júnior obscurece muitos


aspectos da vida econômica por serem colocados indistintamente sob um mesmo rótulo.
Dessa maneira, perde-se a especificidade de cada um, sem alcançar-se uma síntese
esclarecedora.

De maneira geral, o surgimento de novos dados sobre a historiografia


econômica brasileira serve para elevar o nível da pesquisa e das discussões referente a
este tema. Todos esses novos achados devem ser expostos à análise dos conceitos
propostos pelo “sentido da colonização” e devem servir para qualificar a teoria posta ou
refutá-la. Contudo, é imprescindível que uma ressalva seja feita: que o bebê não seja
jogado fora com a água.

Em outras palavras: novos elementos que não estavam disponíveis no


momento de elaboração da teoria podem eventualmente chocar-se com ela. Entretanto,
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isto não quer dizer que todo o seu desenvolvimento e o fenômenos explicados estejam
incorretos.

Assim, deve-se valorizar o surgimento de novos achados para testar e


moldar os argumentos teóricos propostos, mas estabelecendo cuidados para que tais
inovações sejam um complemento benéfico para o avanço da ciência econômica.

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