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Moradora da periferia desabafa

sobre parto humanizado

Pamella Caroline Lopes mora na zona sul de São Paulo e, antes de


dar à luz a primeira filha da maneira que sempre quis, nunca
imaginou que o parto humanizado pudesse ser parte de sua
realidade. “Está muito distante de famílias da periferia”, desabafou,
em entrevista publicada na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira. A
filha, Valentina, nasceu no Centro de Parto Normal Casa Angela,
que atua no Jardim Monte Azul, zona sul da capital paulista.
Mantida em convênio com o SUS – Sistema Único de Saúde, a
organização atende gestantes de baixa renda, com acolhida a
famílias também no que diz respeito à sensibilização e
conscientização do parto.

O depoimento de Pamella levanta duas questões centrais: a


urgência de democratização do parto humanizado e a falta de
informação a respeito do assunto, principal motivo de afastamento
das famílias. “Quando contei para minha mãe e para meu
namorado que queria o parto humanizado, eles acharam loucura.
Falaram que era coisa de açougueiro”. Relatos como este indicam
um preconceito ainda muito presente na sociedade, uma realidade
que só pode ser transformada com informação e política pública
que garanta o acesso de todas as famílias a uma
assistência humanizada ao nascimento, independente da condição
social.

A Casa Angela oferece atendimento humanizada e de qualidade na gestação, no parto e no


primeiro ano de vida do bebê.
Ter um parto humanizado é um direito, mas para isso se tornar
uma realidade é preciso que os órgãos públicos de saúde estejam
estruturados – física e emocionalmente – para acolher as famílias.
No Brasil, apenas 25% a 30% dos partos são cesarianas, enquanto
na rede particular o índice chega a 88%.

A doula Gabriela Prado afirma que as evidências científicas


comprovam que 99,5 %  das mulheres podem tentar parto normal
após uma cesárea sem ruptura uterina se tiver um
acompanhamento adequado. Leia aqui a matéria completa
do Catraquinha.

Leia o depoimento de Pamela na íntegra:

“Antes de engravidar, li no Facebook um relato sobre um parto


humanizado e achei lindo, fiquei emocionada. Não tinha previsão
de quando ia ter um bebê, mas coloquei na cabeça que seria
assim.

Em seguida, descobri que estava grávida e comecei a procurar na


internet. Achei a Casa Ângela pertinho de casa. Nem imaginei que
tivesse uma estrutura dessa, com fácil acesso.

Quando contei para minha mãe e para meu namorado que queria
o parto humanizado, eles acharam loucura. Falaram que era coisa
de açougueiro e ia ter que ir para o hospital.

Mostrei vídeos, expliquei. Aí começaram a entender um pouco,


mas só aceitaram mesmo quando a gente veio ver uma palestra na
Casa Ângela. Eles saíram encantados.

Lógico que eu tinha medo da dor, de como ia ser. Cheguei achando


que o parto ia demorar dois, três dias. Quando vi que foi
acontecendo realmente de forma natural, que o meu corpo
conseguia fazer tudo sozinho, foi maravilhoso.
Na hora, a dor é grande, não tem como fugir, mas quando soube
que a hora estava se aproximando, foi um alívio.

O tempo inteiro tinham três pessoas me ajudando, fora minha mãe


e meu namorado, que também ficaram na sala de parto comigo.
Foi incríve l. Era tudo realmente como eu queria.

No hospital, acontece da forma que os médicos querem. Muitos


nem te conhecem. Você chega lá e é mais uma, não tem um
atendimento. Aqui, a gente faz um plano de parto, eles respeito
tudo como a gente pede.

A palavra é humanizado, com a família do lado. Se eles não


tivessem comigo, acho que seria muito mais difícil. A criança nasce
com o contato pele a pele, com pai também ali do lado.

Meu parto foi totalmente humanizado, natural, sem corte, sem


ponto. A Valentina nasceu da forma que ela quis.”

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