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Aumentar o nível de qualificação da população portuguesa é um im- Numa primeira tentativa de balanço, em que se dá início à avaliação
perativo essencial que se coloca na nossa sociedade. dos investimentos concretizados e dos resultados obtidos, consi-
derámos plenamente justificado retomar nesta edição da Formar o
E é essencial porque a intensidade dos níveis de competição e a tema da reforma da formação profissional e sobre ele reflectir, ex-
profundidade das mudanças que enfrentamos exigem-nos o contí- plicando, ainda que sucintamente, em que consistiu e de que for-
nuo aumento da produtividade, aposta que está em larga medida ma o próprio IEFP, I.P. dela se apropriou, repensando e reorientando
dependente do acréscimo das competências profissionais e pes- os seus centros de formação no sentido de potenciar novas formas
soais que formos capazes de proporcionar à nossa população. Tal é de actuação e respostas convergentes com os objectivos em pre-
o imenso desafio que temos pela frente. sença.
A necessidade de respondermos de forma eficiente e ágil às opor- Salientam-se ainda, nesta edição, entrevistas realizadas a respon-
tunidades que o presente e o futuro nos colocam suscitou a génese sáveis de entidades públicas e privadas empenhadas nas experiên-
da reforma do sistema de formação profissional, tornando-o mais cias dos Centros de Novas Oportunidades, bem como os relatos de
eficaz e exigente, assente na definição de objectivos, dotado de ins- formandos e trabalhadores envolvidos em processos de RVCC, des-
trumentos adequados e conferindo-lhe as soluções institucionais e tacando a forma como as suas histórias de vida se entrecruzaram
os recursos financeiros necessários à sua execução. E isto tendo nestes «novos» contextos formativos.
em atenção as metas definidas na Iniciativa Novas Oportunidades
e no Programa Operacional Potencial Humano.
REVISTA FORMAR N.º 65 DOSSIER
Ficha Técnica
Colaboraram neste número: Ana Paula Filipe, Ana Rita Lopes, Acácio
Duarte, Ana Teresa Penim, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Ribeiro,
Filomena Faustino, João Amaral, José Alberto Leitão, Leonor Rocha,
Lídia Serras, Margarida Ferreira dos Santos, Maria Fernanda Gonçal-
ves, Maria Manuela Nave Figueiredo, Marta Fagulha, Paulo Buchinho,
Paulo Cintra, Paulo Feliciano, Ruben Eiras, Vanda Vieira, Vânia Neto
DOSSIER
Dossier › 4
A Agenda de Reforma da Formação Instrumentos de Formação › 43
Profissional Formação com retorno garantido
Paulo Feliciano › 4 Ruben Eiras, Vanda Vieira › 43
Divulgação › 61
Análise Crítica › 30 SkillsPortugal – campeonato das profissões
á empresas que investem a sério
H Marta Fagulha › 61
na formação!
Ana Teresa Penim › 30
edagogia das competências e mudança
P
de paradigma da educação-formação
Filomena Faustino, Leonor Rocha, Margarida Ferreira
dos Santos › 33
Actuais › 37
Educação para o empreendorismo
Carlos Ribeiro › 37
O ambiente competitivo dos mercados
e o esforço em formação
Maria Manuela Nave Figueiredo › 40
DOSSIER
DOSSIER
REVISTA FORMAR N.º 65
› PAULO FELICIANO
Vice-Presidente da
Agência Nacional para a
Qualificação, I.P. (ANQ)
DOSSIER
REVISTA FORMAR N.º 65 DOSSIER
tivo de elevar para o patamar do nível se- a articulação da estratégia e dos critérios
cundário as qualificações mínimas da po- de financiamento.
pulação portuguesa. O segundo é um desa- Ao nível dos adultos importa destacar ain-
fio que agora se renova através da adopção da, além da diversificação da oferta de cur-
de novos instrumentos mas que tem esta- sos profissionalizantes, a organização dos
do, e continuará a estar, no centro das po- percursos de educação e formação em mó-
líticas de formação profissional, constituin- dulos de curta duração certificados, enco-
do um imperativo de resposta aos proces- rajando e facilitando o envolvimento dos
sos de mudança na actividade económica. activos empregados em trajectos de quali-
A mudança nos contextos de exercício pro- ficação.
fissional é incessante e, por isso, é contí-
nua a necessidade de dar resposta à solici- A educação e formação
tação de adaptabilidade e reconversão pro- de adultos e o dispositivo
fissional que lhe é inerente. de reconhecimento, validação
Sabemos, também, que o nível de qualifi- e certificação de competências
cações de base detido pelos indivíduos de- Neste plano, cumpre distinguir a forte ex-
termina de forma muito significativa a sua pansão e consolidação da Rede de Centros
disponibilidade para continuarem a inves- Novas Oportunidades enquanto disposi-
tir em formação ao longo da vida. Neste tivo privilegiado para promover o envolvi-
contexto, as opções assumidas na Agen- mento de activos em processos de apren-
da de Reforma da Formação Profissional dizagem ao longo da vida e a expansão da
valorizam uma forte articulação estratégi- oferta de educação e formação de adul-
ca entre as políticas de educação e forma- to da população jovem como junto daquela tos com dupla certificação. A valorização
ção, correspondendo ao reconhecimento que já se encontra na vida activa, assegu- das competências adquiridas por via da
de que dela depende uma resposta mais rar um quadro de regulação capaz de propi- experiência e a construção de percursos
coerente e eficaz, e propõem a concentra- ciar a aquisição de competências escolares de formação «à medida» são atributos
ção dos instrumentos de política na res- e profissionais certificáveis, mais do que fundamentais para promover os níveis de
posta aos objectivos centrais que guiam a uma conveniência, é um imperativo. participação dos adultos na aprendizagem
estratégia. Ao mesmo tempo, os resultados alcança- ao longo da vida.
dos pelas ofertas de dupla certificação mos- É hoje consensual que a recuperação da
As ofertas de dupla certificação tram a sua valia tanto no que se refere à pro- qualificação de adultos, sobretudo quando
Centrar a oferta de educação e formação, moção da escolarização de nível secundá- realizada em larga escala, requer a valoriza-
seja no âmbito da formação inicial, seja na rio como na promoção da empregabilidade. ção de contextos não formais de aprendiza-
perspectiva da aprendizagem ao longo da Nesta perspectiva, a diversificação de vias gem, na justa medida em que a valorização
vida, constitui uma opção de fundo para e estratégias de qualificação surge como das competências assim adquiridas é fun-
tornar relevante, social e individualmen- uma linha de aposta decisiva para promover damental para promover o (re)ingresso em
te, o investimento em formação e assegu- a participação de jovens e adultos em per- percursos de aprendizagem.
rar o seu contributo para a progressão das cursos de educação e formação. Os Centros Novas Oportunidades assumem,
qualificações escolares e profissionais. Um Assim, cumpre destacar a opção de valori- assim, um papel estruturante na coordena-
olhar retrospectivo sobre o investimento zar os cursos profissionalizantes como dis- ção da educação e formação de adultos,
em formação feito nas últimas décadas diz- positivo encorajador das taxas de partici- constituindo-se como plataformas de aces-
-nos que este é um princípio da maior im- pação de jovens e adultos em percursos de so ao reconhecimento de competências e,
portância para alcançarmos uma maior efi- qualificação, associada à adopção de uma em articulação com este, à formação. Esta
ciência na aplicação dos recursos públicos estratégia que coordena e integra as inter- é uma condição importante para promover
dirigidos a este fim. Com efeito, muito do venções ao nível dos sistemas educativo e a relevância do investimento em formação
investimento realizado não salvaguardou de formação profissional. Esta é, com efei- contínua, na medida em que a mediação
um quadro de organização curricular propi- to, uma condição primordial de eficácia da dos Centros contribui para que a procura
ciador da aquisição de competências esco- abordagem proposta, na medida em que de formação se dirija, fundamentalmente,
lares e profissionais certificáveis. No con- permitirá promover a articulação da rede para respostas formativas que se integrem
texto de baixas qualificações da sociedade de actores e equipamentos associados, o em percursos de certificação de competên-
portuguesa, em que não são dispensáveis planeamento integrado da determinação cias, respondendo assim a efectivas neces-
todos os progressos alcançáveis tanto jun- de necessidades e da definição da oferta e sidades individuais.
DOSSIER
DOSSIER DOSSIER
Novo Modelo funcional mação profissional cada vez mais flexíveis e mação flexível e dos diferentes papéis
para os Centros de Formação articuláveis com dispositivos de reconheci- que o indivíduo tem que desempenhar na
Profissional mento e validação de competências. sociedade, bem como a natureza do pró-
O Sistema Nacional de Qualificações (SNQ), O grande desafio que se coloca no presente prio trabalho – «uma carreira laboriosa ac-
actualmente em fase de implementação, é, então, o de responder às solicitações es- tiva que cubra toda a existência da pessoa
adoptou os princípios aprovados no acor- truturadas deste novo contexto nacional e será a excepção e não a regra» (Dahren-
do celebrado com os parceiros sociais e re- a uma economia mundializada marcada por dorf, A Quadratura do Círculo, 1996) –,
estruturou a formação profissional inserida um elevado grau de imprevisibilidade, sem conduz a uma revisão não apenas da or-
no sistema educativo e a inserida no merca- esquecer que todo o processo de educação ganização e do funcionamento das activi-
do de trabalho, integrando-as com objecti- e formação deve estar centrado no sujeito dades produtivas mas, também, dos sis-
vos e instrumentos comuns sob um enqua- aprendente que, ao apropriar-se do seu iti- temas de qualificação destinados a jovens
dramento institucional renovado. nerário formativo, reflecte sobre as suas e adultos.
Este novo ciclo no âmbito das qualificações práticas tendo, também, em consideração É neste contexto que se enquadra o pro-
em Portugal vem convergir com os desenvol- as relações que estabelece com os outros cesso, em marcha, de reforma do modelo
vimentos recentes do Quadro Europeu das e com o contexto em que se insere. Quer di- funcional dos Centros de Formação Profis-
Qualificações (QNQ) e do Sistema Europeu de zer, a formação deve privilegiar o «aprender sional assente em quatro eixos considera-
Créditos da Educação e Formação Profissional a aprender» preparando o indivíduo para dos estratégicos: (i) Organização e gestão;
(ECVET), enquanto instrumentos fundamen- intervir em todas as dimensões da vida em (ii) Front Office – valência Formação Pro-
tais para a transparência das qualificações, e sociedade: a família, a comunidade, o traba- fissional e valência Centro Novas Oportu-
a mobilidade dos cidadãos, reforçando a im- lho e o lazer. nidades; (iii) Articulação entre Centros de
portância dos resultados da aprendizagem e Neste sentido, o conceito de qualificação Emprego e Centros de Formação Profissio-
a emergência de sistemas de educação e for- que emerge do novo paradigma da auto- nal; (iv) Formação dos intervenientes.
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FP) constituem-se como unidades orgânicas Via Directa Via Centros de Emprego
FRONT OFFICE
› Jovens › Jovens
› Activos empregados › Activos desempregados
país pela sua intervenção na qualificação dos › Empresas (Público caracterizado)
BACK OFFICE
mação de gestão participada, as escolas, Equipa Técnico-Pedagógica (ETP):
› EAT (COP/TSS/TMT)
autarquias, empresas e associações da socie- Validação › Equipa Formativa (Técnico de
Formação + Responsável Pedagógico
+ Formadores)
dade civil. Esta dimensão, agora aprofundada,
Autoformação e Formação em Posto de Trabalho
› Profissional de RVC
› Tutor RVC
deve ser reflectida, anualmente, na elabora- › Profissional de RVC
(Diferentes tipologias de
› Formadores
Cursos Especialização
ção dos respectivos planos de actividades.
› Formação Modular
› Avaliador Externo
Formação Contínua
› Outras formações
Cursos Educação e
› Certificada (CNQ)
Formação Jovens
Aprendizagem
Para dar resposta aos novos desafios pro-
Tecnológica
Cursos EFA
percurso)
(Nível 3)
(Nível 2)
(Nível 4)
cedeu-se a uma redefinição da estrutura Formação complementar
(até 50 horas)
orgânica e do modelo organizativo dos CT/
FP no sentido de lhes imprimir uma maior Certificação Certificação
eficácia e eficiência no seu funcionamento,
privilegiando-se os resultados obtidos atra-
vés de uma actuação flexível que facilite as privilegiadas de negócio dos Centros de For- do IEFP, I.P. ao definir as condições que fa-
articulações entre as actividades operacio- mação Profissional, bem como com outras cilitam a articulação entre os Centros de
nais e as actividades de suporte à gestão. entidades formadoras (outros centros de Emprego e os Centros de Formação Profis-
formação, escolas e outros CNO). Com esta sional. As novas soluções formativas e de
Front Office – valência Formação nova organização consolida-se, também, qualificação, ao serem disponibilizadas de
Profissional e valência Centro a integração do CNO no funcionamento do forma flexível, satisfazem, por um lado, as
Novas Oportunidades Centro de Formação, criando condições fí- necessidades das empresas – eliminando
Na relação directa com os públicos que pro- sicas, técnicas e de recursos humanos que os desajustamentos entre a oferta e a pro-
curam a qualificação é de salientar a opera- facilitam o acesso generalizado dos adultos cura de emprego – e, por outro, as necessi-
cionalização do conceito de Front Office, se- à procura de qualificação, diagnosticando dades e expectativas dos indivíduos. O pa-
gundo eixo estratégico, impondo uma nova as suas necessidades e encaminhando-os pel que passa a ter, agora, o Front Office dos
abordagem que valoriza o espaço e as con- para a resposta que seja mais adequada. O Centros de Formação e a intervenção dos
dições de atendimento ao assegurar, de for- CNO torna-se, assim, determinante para que respectivos CNO, implica uma adequação
ma adequada e integrada, as actividades de a formação passe da lógica da oferta para a das metodologias de encaminhamento que
recepção e de primeiro diagnóstico dirigido a lógica da procura, uma vez que responde, são desenvolvidas nos Centros de Emprego.
jovens e adultos, nomeadamente na supres- privilegiadamente, às necessidades identifi- As metodologias usadas nos Centros de Em-
são das barreiras arquitectónicas existentes cadas de cada adulto ou grupos de adultos, prego passam a privilegiar a sectorização
que permitirão criar condições para o acolhi- promovendo as respostas mais adequadas dos desempregados através da identificação
mento das pessoas com deficiências e inca- à certificação escolar e/ou profissional. do seu nível de adquiridos – activos desem-
pacidades. pregados sem competências relevantes ad-
O Front Office, cujo fluxograma se apresenta, Articulação entre Centros de quiridas e activos desempregados com com-
além de identificar a origem dos públicos e o Emprego e Centros de Formação petências adquiridas relevantes para efei-
seu percurso dentro do Centro de Formação, Profissional tos de reconhecimento e validação. Face a
mostra também a interface deste com as O terceiro eixo estratégico integra uma área esta diferenciação organiza-se, no Centro de
valências CNO e Formação, enquanto áreas crítica da intervenção da rede de Centros Formação, a recepção e o encaminhamento
REVISTA FORMAR N.º 65 DOSSIER
seu respectivo conteúdo funcional, definiu- mento local; (ii) o desenvolvimento de uma
-se uma estratégia de formação, articulada sensibilidade acrescida no domínio da evo-
entre diferentes serviços a nível central e re- lução das qualificações, oferecendo forma-
gional, que melhora os desempenhos profis- ção actualizada, organizada de forma flexí-
sionais e induz uma atitude favorável a uma vel, adequada às necessidades das pessoas,
resposta adequada aos actuais desafios. das empresas e da economia; (iii) o estreita-
A mudança da lógica de funcionamento dos mento de uma relação de proximidade com
Centros de Formação pretende provocar os empregadores que permita, por um lado,
mudanças essenciais também no sentido a formação de profissionais que satisfaçam
da flexibilização dos modelos de formação, as necessidades das empresas e, por outro,
passando estes a integrar a complexidade que promova a sua participação no proces-
das práticas quotidianas de todos os acto- so formativo, designadamente através do
res e experimentando metodologias de for- desenvolvimento da formação em contexto
mação diferenciadas. Pretende-se, assim, a de trabalho; (iv) a optimização da rede for-
requalificação dos colectivos de trabalho, mativa, consolidando a articulação com os
implicando que a estratégia de formação restantes operadores de formação que in-
seja integradora, quer dizer, destinada a to- tervêm no território, transformando-a numa
dos os elementos que intervêm no Centro, rede especializada e de prestígio reconheci-
e não só organizada por categorias profis- do, evitando desta forma o excesso ou o dé-
sionais. A formação que privilegia a equipa fice de oferta formativa e permitindo a satis-
dos candidatos, agilizando, a partir de pres- de trabalho apresenta melhores resultados fação das necessidades de jovens e adultos
tações técnicas, a sua integração em percur- na sustentabilidade dos efeitos produzidos que procuram um qualquer percurso de for-
sos de formação ou em processos de RVCC. bem como na melhoria dos desempenhos mação (estratégia de complementaridade
As condições que enquadram esta nova for- individuais e colectivos e, consequente- territorial); (v) a elevação dos níveis de qua-
ma de relacionamento entre as duas unida- mente, no desempenho e na qualidade dos lidade da formação nas vertentes pedagógi-
des orgânicas da rede do IEFP, I.P. encontram- serviços prestados pela organização. ca, científica, tecnológica e organizativa.
-se, actualmente, em fase de implementação, Em síntese, a mudança que se anuncia para
estando num período de observação que os Centros de Formação Profissional, que se
passa por um acompanhamento e avaliação encontra em fase de implementação, assen- Nota final: Este artigo foi elaborado com base no docu-
mento Modelo de Intervenção dos Centros de Forma-
com vista, no futuro próximo, a uma melhor ta num modelo organizativo inovador que
ção Profissional – Eixos Estratégicos, elaborado pelo
adequação da metodologia de encaminha- privilegia: (i) a abertura ao exterior, indu- Departamento de Formação Profissional a partir do
mento às diferentes necessidades identifica- zindo novas atitudes face aos territórios de trabalho desenvolvido por uma equipa constituída por
das. Este eixo estratégico revela-se de parti- inserção dos Centros e às empresas, cons- técnicos dos diferentes serviços que o integram, apro-
cular importância face à vocação do IEFP, I.P. tituindo-se estes como pólos de desenvolvi- vado pelo Conselho Directivo em Setembro de 2008.
enquanto serviço público de emprego e à ne-
cessidade de potenciar a capacidade instala-
da e o perfil dos técnicos que intervêm nos
Centros de Emprego e de Formação.
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DOSSIER DOSSIER
› Carlos Barbosa
de Oliveira
Jornalista
UNILEVER/Jerónimo Martins: Formação Profissional). Na verdade, pare- ga horária dos trabalhadores. Ao incluir no
aposta na formação interna ce fazer todo o sentido que, sendo o RVCC seu programa o método FACILA – desenvol-
Seguindo uma política de apoio ao desen- um processo de melhoria das pessoas, a vido na Suécia entre 1977 e 2002 –, a ULJM
volvimento de competências pessoais e empresa o tenha «agarrado» no intuito de teve em atenção os resultados obtidos na-
profissionais dos colaboradores com mais conferir aos seus colaboradores mais capa- quele país. Segundo alguns especialistas, o
baixos níveis de escolaridade, a Unilever/ cidades e competências. florescimento da economia sueca no último
Jerónimo Martins criou o projecto «Apren- Iniciado em Maio de 2007, com a certifi- quartel do século XX, que permitiu a mais de
der e Evoluir» no âmbito do programa do cação do 9.º ano, nos moldes concebidos um milhão de suecos subirem um patamar
governo «Novas Oportunidades». e aprovados pelo governo, o processo de no nível de educação e competências, está
Na Unilever/Jerónimo Martins (ULJM) exis- RVCC desenvolvido pela Unilever/Jerónimo intimamente relacionado com aquele pro-
te um lema que se aplica à forma de traba- Martins (ULJM) introduz no entanto uma grama.
lho interna: «Melhorar os processos, a se- pequena alteração, que favoreceu a sua Na opinião de Fátima Valério, «o proces-
gurança e a eficiência através da melhoria adaptação às exigências da empresa: o mé- so é um bocadinho mais exigente porque
das pessoas.» A Eng.ª Fátima Valério, ges- todo FACILA. Resultado de uma cooperação vamos buscar situações de trabalho real.
tora TPM (Total Productive Maintenance) da entre o governo português e a Câmara de Toda a certificação é feita com base em pro-
ULJM, resume, nesta frase, as razões que Comércio Luso-Sueca, o FACILA preenche os postas apresentadas pelas pessoas para a
levaram a empresa a implantar o RVCC para quesitos do RVCC mas introduz a especifi- melhoria do seu local de trabalho, eviden-
os trabalhadores das diversas fábricas, cidade de ser desenvolvido em contexto de ciando dessa forma as suas competências,
em colaboração com os CNO da Pontinha trabalho. Assim, todo o processo de certifi- especialmente nas áreas da Matemática e
(CFPSA – Centro de Formação Profissional cação é feito em horário laboral, duas tardes das TIC. O Referencial é o mesmo do RVCC,
Sector Alimentar) e de Tomar (Centro de por semana, não obrigando a uma sobrecar- com a particularidade de ser evidenciado
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REVISTA FORMAR N.º 65 DOSSIER
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DOSSIER
Deixou de estudar quando completou o 8.º ano, para começar a trabalhar. No início tentou continuar a estudar à
noite mas, como trabalhava por turnos, tinha dificuldade em conciliar horários e acabou por desistir.
Assim que abriram as inscrições para o RVCC foi dos primeiros a inscrever-se. Reconhece que no início teve
alguma dificuldade porque perdera os hábitos de estudo. A maior dificuldade foi encontrar o ritmo, mas uma vez
ultrapassado esse obstáculo decidiu que não iria parar e em Outubro iniciou o processo de RVCC para obter a certificação do 12.º ano.
Não pensa, no entanto, ficar por aqui e equaciona a hipótese de entrar para a Universidade, onde pretende obter a licenciatura em Eco-
nomia e Gestão. O processo RVCC «abriu-me novos horizontes, devolveu-me a confiança e agora quero progredir até onde puder».
«As voltas da vida» obrigaram-no a deixar os estudos quando terminou a 4.ª classe, mas como sempre teve
vontade de aprender e evoluir aos 18 anos recomeçou a estudar e completou o 6.º ano. Teve que voltar a parar
porque, entretanto, constituiu família e não conseguia conciliar trabalho, estudos e compromissos familiares.
Aos 56 anos, com quase 40 na empresa, frequentou o primeiro curso de RVCC (9.º ano). Enaltece as van-
tagens deste processo, quer para a empresa quer para os trabalhadores, porque abre novas perspectivas e horizontes. Não es-
camoteia as dificuldades que encontrou em relação ao Portefólio. «Quando nos pedem para identificar o nosso percurso de vida,
sentimos alguma dificuldade. Inicialmente pensei que arrumava aquilo com três ou quatro páginas, mas à medida que o processo
se vai desenrolando e nos vamos identificando com ele vamos descobrindo novas coisas e acabei por escrever dezenas de pági-
nas.» O papel dos formadores – reconhece – foi fundamental para poder progredir.
Ao longo da sua vida profissional frequentou várias acções de formação, sempre no âmbito profissional, pelo que «a vertente de enri-
quecimento de conhecimentos que esta nova lógica de aprendizagem proporciona abre novos horizontes». Pensa, por isso, frequen-
tar o RVCC para obter a certificação do 12.º ano «e quem sabe, um dia mais tarde frequentar uma universidade sénior», conclui.
Deixou de estudar aos 13 anos quando concluiu o 6.º ano de escolaridade. A trabalhar na ULJM há mais de
duas décadas, em 2007 foi incentivada a fazer o RVCC (9.º ano). Inseriu-se bem no processo mas inicialmen-
te sentiu grandes dificuldades na área das tecnologias. «Fazia-me tudo muita confusão... trabalhar com um
computador, enviar e-mails, era um bicho de sete cabeças, mas hoje não consigo passar sem estas ferra-
mentas todas.» Não pensa, por enquanto, prosseguir para o RVCC (12.º ano). Por agora a prioridade é aprender inglês. «Depois se
verá», remata.
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REVISTA FORMAR N.º 65 DOSSIER
lidade, a quem estiver interessado, de fazer com os pés bem assentes no chão», es-
o RVCC (9.º ano). «Isso não implica qualquer clarece a coordenadora do CNO do CEPRA,
compromisso para o trabalhador contratado a Dr.ª Cármen Ruivo, que enaltece a impor-
sazonalmente, é apenas uma possibilida- tância do RVCC escolar para o sector auto-
de de valorização proporcionada pela em- móvel, «onde a maioria das pessoas tem
presa. Obtido o RVCC e terminado o contra- uma escolaridade muito baixa».
to sazonal, se o trabalhador quiser voltar no «A valorização académica corresponde a
ano seguinte volta, mas se não estiver inte- uma valorização pessoal e muitas pessoas
ressado e o RVCC até tiver contribuído para sentem-se motivadas a prosseguirem os
encontrar um emprego mais estável, a em- seus estudos. Completado o 9.º ano voltam
presa só tem a congratular-se com isso», para a escola porque lhes foi despertada, ao
faz questão de salientar Fátima Valério. E a longo do processo de RVCC, a necessidade
concluir lança um repto: «Se houvesse mais de enriquecerem os conhecimentos. Esta
empresas a desenvolverem processos idên- é uma das grandes virtudes e potenciali-
ticos, seria melhor para os trabalhadores, dades do processo de RVCC, pois aumenta
Carmen Ruivo
para as empresas e para o país.» a auto-estima e favorece o reconhecimen-
to das potencialidades que muitas vezes as
CEPRA: Centro de Novas transnacional iniciado em 2000 que desen- pessoas ignoravam possuir. Daí que o pro-
Oportunidades está em volvia uma metodologia de Reconhecimen- cesso de RVCC termine sempre com uma
crescimento to de Competências Profissionais para me- projecção das pessoas para o futuro, pois
O Centro de Novas Oportunidades (CNO) do cânicos de automóveis. consideramos importante que cada um dos
CEPRA (Centro de Formação Profissional de Até 2005 o processo RVCC apenas certifi- participantes se consciencialize das suas
Reparação Automóvel) completa, em 2008, cava competências escolares para o ensi- potencialidades e sinta vontade de as ex-
seis anos de actividade. no básico (6.º e 9.º ano), mas em 2005 o plorar na sua plenitude», afirma.
Criado em 2002, ainda com a designação CEPRA foi convidado pelo IEFP. I.P. a iniciar
de Centro de RVCC, surge na sequência da o RVCC Profissional e, em 2007, iniciou o Combater a ideia de facilitismo
participação do CEPRA – a convite do IEFP, RVCC de nível secundário (12.º ano). «Tem Por vezes, a comunicação social passa para
I.P. – no Programa Leonardo, um projecto sido um processo desenvolvido por etapas, a opinião pública uma ideia de facilitismo
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DOSSIER
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REVISTA FORMAR N.º 65 DOSSIER
nhados para uma formação complementar Até ao momento, o CEPRA só está a fazer vantagens de incentivarem os seus colabo-
que pode passar, por exemplo, pelo ensino certificação profissional dos Mecânicos de radores a entrarem num processo de certi-
recorrente. Automóveis Ligeiros, tendo certificado as ficação integrada.»
competências de 260 profissionais num As acções de formação do CEPRA também
O RVCC PRO universo de 494 candidaturas apresenta- reflectem preocupações ambientais, fo-
O sector automóvel tem algumas caracte- das. Até final do ano, porém, a certificação mentando as boas práticas de cidadania in-
rísticas específicas em termos de mercado será alargada às áreas de Reparadores de tegradas nos conteúdos programáticos. As-
de trabalho. Se, por um lado, não há prati- Carroçarias de Automóveis Ligeiros e Meca- sim, dispõe de um Ecoponto para recolha
camente desemprego, por outro a maioria trónicos Automóveis. O objectivo do CEPRA de resíduos como o vidro, embalagens e pa-
dos mecânicos não tem certificação profis- é fazer a certificação integrada (valência pel, um contentor de pilhas e contentores
sional. Muitos começaram a trabalhar aos escolar e profissional) mas, como nos expli- para resíduos gerados na actividade for-
14/15 anos e deparam-se com a situação ca Carmen Ruivo, por agora a certificação mativa (acumuladores, baterias, óleos, em-
de, 20 ou 30 anos após terem iniciado a sua escolar e profissional são feitas em tempos balagens de plástico e metálicas, diluen-
actividade profissional, não poderem certi- e locais diferentes. O facto de o RVCC PRO tes de limpeza e aparelhos de pintura). O
ficar (comprovar) as suas competências. ser um processo muito mais rápido do que CEPRA procede, ainda, ao encaminhamento
Esta questão – aliada ao facto de a maioria o escolar (demora apenas entre 1 e 2 me- de plásticos, carroçarias e motores para re-
dos profissionais do sector apresentar uma ses) e corresponder, em grande número ciclagem.
escolaridade muito baixa – levou o CEPRA a de situações, a uma prioridade dos candi-
fazer uma forte aposta no RVCC PRO, corres- datos que o frequentam, leva a que muitos
pondendo assim ao convite que lhe foi en- descurem a vertente escolar e as suas po-
dereçado pelo IEFP, I.P. tencialidades em termos de enriquecimento
Iniciado em 2006, o RVCC PRO permite aos pessoal. De qualquer modo, o CEPRA procura
profissionais do sector de reparação auto- incentivar os profissionais que frequentam
móvel verem reconhecidas as suas com- o RVCC PRO a aproveitarem o seu portefólio
petências profissionais e obterem um Cer- para desenvolverem o RVCC escolar e vice-
tificado de Qualificação Profissional que as -versa. «A forma como este processo vai
comprove com base na sua experiência de evoluir também depende em parte da for-
trabalho. ma como as próprias empresas encaram as
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DOSSIER DOSSIER
› Carlos Barbosa
de Oliveira
Jornalista
Introdução ção que permite obter uma dupla certifica- lificações do CFP de Santarém. A Eng.ª Mó-
Ressalve-se desde já que, não sendo ain- ção (certificação escolar – 12.º ano e profis- nica Sousa, técnica de acções de formação
da possível fazer uma avaliação final so- sional – nível 3), as entidades promotoras a quem foi cometida a tarefa de coordenar
bre qualquer um dos cursos já implanta- públicas e privadas (escolas, autarquias, este primeiro curso EFA, corrobora a mes-
dos, cuja conclusão só ocorrerá em Julho empresas, sindicatos, associações e cen- ma opinião: «A forma de gestão destes cur-
de 2009, o objectivo desta reportagem no tros de formação profissional) disponibili- sos é muito flexível porque depende do gru-
CFP de Santarém visa essencialmente dar a zam igualmente aos interessados cursos po, do formador e do modelo adoptado para
conhecer a forma como o processo se está EFA-NS que conferem apenas certificação cada um.» A verdade, porém, é que as difi-
a desenvolver e qual tem sido o seu impac- escolar. culdades foram ultrapassadas com suces-
to a nível local. so, como o demonstra o facto de este ano
A implantação dos Cursos de Educação e Uma aposta ganha terem em funcionamento 11 cursos em 7
Formação de Adultos do Nível Secundá- Quando, em Novembro de 2007, o CFP de áreas diferentes.
rio (EFA-NS) insere-se na Iniciativa Novas Santarém iniciou o primeiro curso EFA-NS, Mas recuemos um pouco... e voltemos a
Oportunidades e tem como objectivo priori- para Técnicos de Acção Educativa (TAE), os 2007 para percebermos melhor, nas pa-
tário elevar os níveis de qualificação da po- técnicos e responsáveis envolvidos no pro- lavras de Jorge Reis, como tudo começou:
pulação portuguesa adulta, quer no âmbito cesso depararam-se com um conjunto novo «Quando iniciámos os cursos EFA-NS não
escolar, quer profissional. Tendo em consi- de conceitos e referências. «Tivemos que tínhamos muito bem a percepção da sua
deração o baixo nível de escolaridade da po- mudar mentalidades e trabalhar com con- necessidade e do impacto que poderiam ter
pulação adulta e a entrada precoce de um ceitos diferentes. Foi necessário alterar ins- na comunidade local. Foi o IEFP, I.P. que nos
grande número de jovens no mercado de trumentos e processos que estavam muito lançou o desafio, a que respondemos pron-
trabalho, compreende-se facilmente o im- enraizados na nossa forma de trabalhar e tamente.»
pacto que esta via formativa poderá ter na fazer uma gestão diferente dos cursos, por- De acordo com os dados obtidos junto do
melhoria dos padrões de vida de muitos que as novas regras não decalcavam com Governo Civil de Santarém (referentes a
adultos, quer a nível profissional e econó- o percurso e o modelo de Formação Profis- 2006), a população do distrito tem vindo a
mico, quer a nível social. sional a que estávamos habituados», diz o crescer mas a sua taxa de actividade é infe-
Embora os EFA-NS sejam, essencialmente, Eng.º Jorge Reis, Chefe de Serviços da Uni- rior à média nacional. Embora não seja dos
uma oferta integrada de educação e forma- dade de Gestão e Desenvolvimento de Qua- distritos mais afectados pelo desempre-
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os formaDORES
Quisemos saber a opinião de dois › Cláudia Assis néfico, quer para os formandos, quer
formadores que trocaram o ensino para os formadores. A troca de ideias,
informal pelos cursos EFA, a quem de experiências e de atitudes enrique-
colocámos quatro questões: cem-nos a nós e, consequentemente,
aos formandos que nos rodeiam.
1. Q
ue razões o levaram a trocar
o ensino regular (formal) pelos 3. I nconvenientes propriamente ditos não
cursos EFA? há.
Formadora da Unidade Cultura, Língua e A relação formandos/formadores é mais
2. Q
uais as principais diferenças Comunicação, licenciada em Línguas e Li- frutífera e enriquecedora. A entrega tem
que encontrou? teraturas Clássicas e Portuguesa e com que ser total e entendo ambos os pó-
pós-graduação em Higiene e Segurança no los como um todo, que só se consegue
3. Q
uais as principais vantagens e Trabalho. com uma grande entrega e harmonia;
inconvenientes que encontrou Dez anos de experiência no ensino regular. a metodologia é fantástica! O progra-
nos cursos EFA (nomeadamen- ma permite-nos ir de encontro às ex-
te a relação entre formadores e 1. «
Educar não é repetir ideias, é criar, in- pectativas dos formandos em geral e
formandos, a metodologia e a ventar» e o ensino é um contrato de de cada um em particular, ao mesmo
participação/interesse/motiva- risco... assim, esta opção foi principal- tempo que usamos a nossa criativida-
ção dos formandos)? mente pelo desafio. de e originalidade; a participação/inte-
resse/motivação dos formandos (...)
4. Q
uais as dificuldades que encon- 2. A s principais diferenças prendem-se Faz-me lembrar o apaixonante livro de
trou em se adaptar à metodolo- com o público-alvo, com os conteúdos Antoine de Saint Exupéry «– Tens de
gia dos cursos EFA? a ministrar e com o facto de haver co- ter muita paciência, respondeu a rapo-
-docências. sa. Primeiro, sentas-te um pouco afas-
Neste tipo de cursos deparamo-nos com tado de mim, assim, na relva. Eu olho
grupos demasiado heterogéneos, com para ti pelo rabinho do olho e tu não di-
percursos de vida diversificados e emo- zes nada. A linguagem é uma fonte de
cionalmente instáveis, o que faz com mal-entendidos. Mas, de dia para dia,
que, positivamente, nos tenhamos que podes sentar-te cada vez mais perto...
entregar de corpo e alma, obrigando- se vieres a uma hora qualquer, nunca
-nos a crescer muito mais rápido como posso saber a que horas hei-de vestir o
profissionais. meu coração...»
No que respeita aos conteúdos, estes Foi de mãos dadas com o Principezinho
cursos apresentam conteúdos muito que entrei no mundo fascinante e mági-
diversos, abrangendo diversas áreas do co de cada um dos formandos...
conhecimento e exigindo dos formado-
res um empenho mais sólido, multifa- 4. N
ão entendo como dificuldades o ser
cetado e polivalente. formadora num curso EFA Secundário,
Em relação à co-docência, entendo sem- mas sim um desafio, quer a nível profis-
pre que o trabalho em grupo é mais be- sional, quer a nível pessoal...
mente concluir, esse aliciamento – embo- a que se tornem mais capazes e competiti- entanto, há casos em que os participan-
ra possa ser sedutor para o formando e ali- vas no mercado de trabalho. tes apenas pretendem obter uma cer-
ciante para a empresa – acaba por penalizar tificação escolar. Nessas situações, os
os formandos e desvirtuar um pouco os ob- Certificação cursos são montados apenas com essa
jectivos dos cursos, que consistem em pro- Como já se referiu, os cursos EFA-NS con- vertente. Foi o que aconteceu num curso
mover a qualificação das pessoas de molde ferem no final uma dupla certificação. No iniciado em Outubro, na Chamusca. Não
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DOSSIER
tendo sido possível uma concertação de in- tentes que permitam aos participantes ob- desde já que «é perceptível uma melhoria
teresses na vertente profissional, foi cria- terem a dupla certificação», faz questão muito considerável na autonomia das pes-
do um curso só com a componente escolar. em frisar Jorge Reis. soas; não ficam à espera de receber con-
«Este caso não pode ser encarado como E, embora não seja ainda possível fazer um ceitos e informações, vão à procura. Pen-
regra, mas sim como excepção. O nosso balanço conclusivo sobre os cursos EFA- samos ser fruto das estratégias aplicadas
objectivo é fazer cursos com as duas ver- -NS, Jorge Reis e Mónica Sousa salientam nesta modalidade. Sentimos também gran-
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Os Formadores
Os cursos EFA-NS requerem formadores
com novas características e competências.
Se na vertente profissional não há grande
dificuldade em encontrar formadores com
as características exigidas, o mesmo não
se passa na vertente escolar. Ao contrário
do que acontece no ensino formal, exige-
-se que os formadores sejam polivalentes
pois aqui não se trata de ministrar conteú-
dos sobre uma matéria específica. Por ou-
tro lado, é necessário que os formadores se
insiram e adaptem a este modelo.
os formaNDOS
› Maria João Adão, 38 anos, 10.º ano, cortadora têxtil, deixou de exercer a sua actividade há vários anos
porque a fábrica onde trabalhava encerrou. Inicialmente trabalhou como empregada em cafés e restauran-
tes, mas o seu gosto por crianças sempre a fez pensar na oportunidade de vir a trabalhar numa «escolinha».
Faltavam-lhe, porém, as habilitações necessárias, pelo que encarou a possibilidade de frequentar este curso
como a oportunidade de cumprir o seu desejo. Não nega ter encontrado algumas dificuldades em retomar os
estudos, mas a ajuda dos formadores foi fundamental para as ultrapassar. Inicialmente sentiu-se incapaz
de manejar um computador «porque tudo aquilo me fazia uma grande confusão», mas depois da formação
que lhe foi dada e do apoio e entreajuda das colegas ultrapassou as dificuldades e hoje considera o computador uma ferramenta
essencial. Encara, com entusiasmo, a ideia de abraçar uma nova etapa da sua vida.
Entusiasmada está também Sofia Nunes, 27 anos, 9.º ano, desempregada. Tal como a sua colega sempre
gostou de crianças, por isso foi com grande alegria que recebeu a notícia de que fora seleccionada para fre-
quentar o curso. Não encontrou qualquer dificuldade e gosta do método utilizado nos cursos EFA-NS, onde
realça o empenho e a motivação que lhe é dada pelos formadores. «É muito diferente da escola, aqui pres-
tam-nos mais atenção e estão sempre dispostos a ajudar-nos a resolver os problemas.» O futuro? Com este
curso estou certa de que vou conseguir realizar o meu sonho de trabalhar com crianças.
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Introdução gica de convergências que potenciem a sua das competências visadas em cada perfil
No âmbito da Iniciativa Novas Oportuni- intervenção junto do público jovem e adul- de saída, ou a adopção gradual do Catálo-
dades, a centralidade das medidas que vi- to. Neste contexto, os Cursos de Aprendiza- go Nacional de Qualificações, na óptica da
sam o aumento das qualificações reflecte a gem, modalidade de formação da iniciativa transparência das qualificações), e optimi-
consciência de que é necessário actuar, de do IEFP, I.P., assumem-se como uma ofer- zar os investimentos efectuados, valorizan-
forma decisiva, para qualificar mais e me- ta de dupla certificação de nível secundá- do a sua característica diferenciadora – a al-
lhor os Portugueses, constituindo um pilar rio particularmente relevante, dirigida a um ternância dos contextos de aprendizagem.
essencial das políticas de emprego e de for- público com idades compreendidas entre Pretende-se, assim, criar as condições fa-
mação profissional. os 15 e os 25 anos e que privilegia a inser- voráveis à promoção de uma nova dinâ-
Simultaneamente, o Sistema Nacional de ção no mundo do trabalho sem limitar, no mica, mais actual e flexível e, deste modo,
Qualificações afirma, entre os seus objecti- entanto, o prosseguimento de estudos de mais consentânea com as necessidades e
vos primordiais, a promoção da generaliza- nível superior. as expectativas dos jovens e das respecti-
ção do nível secundário como qualificação vas famílias, assim como das empresas e
mínima da população; a elevação da forma- Revisão do enquadramento legal da economia nacional.
ção de base da população activa, possibili- Decorridos cerca de 10 anos sobre o pro- O reforço e a vitalidade dos Cursos de Apren-
tando a sua progressão escolar e profissio- cesso de revisão que culminou com a pu- dizagem passam assim, em grande medida,
nal; a estruturação de uma oferta relevante blicação do Decreto-Lei n.º 205/96, perío- pelo reconhecimento do potencial forma-
de formação inicial e contínua ajustada às do de tempo em que ocorreram mudanças tivo da situação de trabalho, encarando a
necessidades das empresas e do merca- significativas nos sistemas de educação e alternância não como uma mera sucessão
do de trabalho; a promoção de uma oferta de formação, a actual proposta de enqua- alternada de contextos de formação, cum-
formativa diversificada, no contexto da for- dramento legal para os Cursos de Aprendi- prindo cada um o seu papel com reduzido
mação ao longo da vida, geradora de quali- zagem pretende harmonizar, num quadro nível de interactividade, mas antes como
ficações baseadas em experiências e a ga- de co-existência com outras modalidades uma sucessão de contextos de formação,
rantia de que os cursos profissionalizantes de dupla certificação de nível secundário, articulados entre si, que promovam a reali-
de jovens conferem dupla certificação (es- os aspectos que são passíveis de harmoni- zação das aprendizagens com vista à aqui-
colar e profissional). zação e que se traduzem em vantagens di- sição das competências que integram um
Num quadro de co-responsabilidade na con- rectas para os destinatários (por exemplo, determinado perfil de saída.
secução destas políticas, o IEFP, I.P. tem su- a revisão das cargas horárias, no sentido da A valorização crescente da intervenção
blinhado, no seu papel de operador, uma ló- sua redução sem prejuízo para a aquisição e do contributo formativo das empresas,
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› Acácio Duarte
Consultor em formação
e desenvolvimento
Uma ainda mais estreita relação conta, e que, portanto, lhe coloca obstáculo tes de esforço que as sociedades actuais
entre a formação e o emprego a seguir a obstáculo, pondo-a em constan- poderão encontrar solução para o problema
Para a pessoa com deficiência que, mesmo te risco de exclusão, faz com que o conceito de acesso à formação e ao emprego, para o
quando colocada perante uma oportunida- «igualdade de oportunidades» não chegue problema da inclusão socioprofissional de
de de emprego em igualdade de qualificação para resolver o problema se não for cuida- todos os seus cidadãos com deficiência.
com outros candidatos, continua em risco dosa e sistematicamente articulado com o
de ser preterida, o problema essencial a re- conceito «discriminação positiva». Um amparo jurídico-normativo
solver é o do emprego, já que é este que lhe Para derrubar os obstáculos é necessário adequado e um dispositivo de
dá possibilidade de «governar a sua vida»; um esforço acrescido por parte de todos os intervenção atento e competente
a formação, sendo naturalmente importan- intervenientes: desde logo da própria pes- A Convenção das Nações Unidas sobre os Di-
te para a solução do problema, não deixa de soa com deficiência e das suas famílias (es- reitos das Pessoas com Deficiência cobre a
ser apenas um meio, um objectivo intermé- forço particular); também, naturalmente, área da qualificação e do emprego das pes-
dio. Pelo que uma boa política de formação dos que lhe estão próximos, dos amigos e soas com deficiência em vários dos seus
pressupõe uma boa política de apoio ao em- das organizações solidárias da comunidade artigos, nomeadamente: no art.º 24.º, rela-
prego e uma muito estreita articulação entre (esforço social); também, obviamente, das tivo ao Direito à Educação, no art.º 26.º, re-
elas; se assim não for, muito do investimen- entidades públicas que tenham a seu cargo lativo à Habilitação e Reabilitação, e no art.º
to feito em formação acabará por se perder. as políticas de formação, emprego e inclu- 27.º, relativo ao direito ao Trabalho e Empre-
são socioprofissional (esforço público); e go. A Convenção faz corresponder à afirma-
Um esforço acrescido por parte sobretudo, mesmo que não pareça tão ób- ção dos Direitos das Pessoas com Deficiên-
de todos os intervenientes vio, das empresas, dos empregadores, no cia a obrigação dos Estados de «salvaguar-
A diferença que a pessoa com deficiência quadro da sua função de responsabilidade darem e promoverem a realização desses
apresenta, num mundo que não foi conce- social (esforço privado). Será na conjuga- direitos adoptando medidas apropriadas,
bido e organizado tendo essa diferença em ção e articulação destas quatro componen- incluídas na legislação».
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articulação das intervenção do IEFP, I.P. e to; mas, a meu ver, temos também de conti- instrumental – adaptações, ajudas técni-
das instituições do sector social. nuar a contar com a intervenção comple- cas... – enquanto na deficiência intelectual
No que se refere à «procura» de serviços: mentar à dos serviços do IEFP, I.P, realiza- as limitações têm a ver com a própria com-
por um lado, temos as pessoas cuja defi- da pelas instituições do sector social, para preensão, a própria capacidade de aprendi-
ciência é de origem genética ou de estabele- resposta a segmentos de necessidades zagem, o patamar de desenvolvimento cog-
cimento precoce, que transitam do sistema cujas características tornam a sua solu- nitivo, o nível de abstracção e o nível de ela-
de ensino, da educação especial; por outro ção em contexto de atendimento integrado boração mental em que a pessoa opera e
lado, temos as pessoas cujas situações de muito complexa para as condições actuais as consequentes dificuldades também no
deficiência vão surgindo já em idade activa; e próximo-futuras de funcionamento dos campo do domínio de determinadas com-
e temos ainda uma outra componente cuja serviços de atendimento comuns. Estou a petências sociais de grande relevo para
dimensão, composição e necessidades são pensar, nomeadamente, em certas modali- um desempenho adequado nos complexos
pouco conhecidas, constituída pelos adul- dades de formação profissional e no apoio contextos da vida profissional (nas empre-
tos activos com deficiência que foram con- a certas modalidades atípicas de emprego sas, no mercado de trabalho).
duzindo a sua vida sem qualquer apoio dos para pessoas com deficiência intelectual No segmento da deficiência intelectual, de
serviços de (re)habilitação. ou com multideficiência. modo geral, o patamar cultural de partida
No que se refere ao dispositivo de resposta: Um segundo apontamento relativo à seg- é o da escolaridade obrigatória (e mesmo
temos, por um lado, o reforço da vertente de mentação metodológica do universo de assim, para muitos sem algumas das com-
prestação de serviços às pessoas com defi- problemas a resolver para que a diferentes petências de saída supostas pelo 9.º ano
ciência pelos próprios Centros de Emprego tipologias de problemas correspondam di- de escolaridade); normalmente transitam
e Centros de Formação Profissional do IEFP, ferentes tipologias de soluções. Desde logo, da educação especial para a área da for-
I.P, numa lógica de atendimento integra- a meu ver, uma segmentação que teria a ver mação profissional e do emprego; as acti-
do; temos, por outro lado, a mobilização de com a deficiência física, por um lado, e a de- vidades profissionais para que podem ser
competências técnicas específicas de ins- ficiência intelectual, por outro. Na deficiên- encaminhados situam-se na faixa inferior
tituições do sector social, numa lógica de cia física, limitações de visão, audição, mo- do universo das qualificações; para muitos,
«Centros de Recursos» de apoio ao aten- bilidade, manualidade, esforço físico, etc., sobretudo quando associada à deficiência
dimento prestado pelos centros do Institu- apontam para soluções de natureza mais intelectual se encontram outras deficiên-
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ANÁLISEANÁLISE
CRÍTICA
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CRÍTICA
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Empresas focadas nos resultados, mas também para a fidelização e motiva- Quem investe a sério na formação está
não no processo ção das suas equipas. também mais aberto a novas metodologias
«Lugar comum»: quem faz da formação a «Lugar fora do comum»: essas empresas in- pedagógicas, a novas práticas de promoção
sua vida profissional sabe bem que há em- vestem mesmo quando o mercado não está da aprendizagem e da motivação dos seus
presas que apostam e investem a sério na tão risonho. Elas sabem que é nesses mo- colaboradores. O motivo para essa disponi-
implementação de projectos de qualifica- mentos que uma boa atitude, comportamen- bilidade é simples: essas empresas estão li-
ção e de aprendizagem contínua dos seus tos adequados e competências sólidas mais vres de baias administrativas da organiza-
colaboradores, afectando-lhes recursos fi- contam para marcar a diferença. Para refor- ção da formação rigorosamente impostas,
nanceiros, físicos e humanos próprios mui- çar a competitividade e para conseguir en- nomeadamente nos planos de formação co-
to significativos. Essas empresas acredi- frentar novos mercados. Criar novos oceanos -financiados. Elas só têm uma preocupação:
tam que a formação é um caminho incon- que lhes permitam navegar mais à vontade, ver resultados! Para tal, investem muito na
tornável não só para a sua performance, em rotas distintas das da sua concorrência. preparação. Numa preparação a sério!
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› Filomena Faustino
Consultora-coordenadora da Quaternaire Portugal
› Leonor Rocha
Consultora da Nova-Etapa
› Margarida Ferreira dos Santos
Consultora independente
1. Contextualização que 85% das pessoas com 22 anos tenham os perfis de competências identificados
1.1. A abordagem das competências completado o nível secundário. O Governo como relevantes para o tecido produtivo e
na agenda da reforma da formação define, também para 2010, que as vias pro- os respectivos referenciais de formação.
profissional fissionalizantes representem 50% da oferta A identificação de qualificações baseadas
A agenda de reforma para a formação pro- de nível secundário, o que permitirá a Por- em competências constitui uma ruptura
fissional, doravante Agenda RFP, impõe al- tugal deixar de ser, nos países da OCDE, o em relação aos anteriores sistemas de qua-
terações profundas na área da formação país com o valor mais baixo de jovens in- lificação. Os modelos baseados em compe-
profissional centradas em cinco linhas seridos e a concluírem o nível secundário tências são mais flexíveis e mais facilmen-
fundamentais: estruturação da oferta com através desta via. te actualizados. Por outro lado, exigem (ou
critérios de relevância e de certificação, O seu principal instrumento de generaliza- têm sido acompanhados de) modalidades
reforma das instituições e regulação da for- ção do nível secundário como qualificação de organização da formação e de ensino/
mação (prioridades e modelos de financia- mínima da população é a Iniciativa Novas formação-aprendizagem diferentes do mo-
mento), promoção da qualidade da forma- Oportunidades, através dos Centros de No- delo predominante, centrados na transmis-
ção e facilitação do acesso. vas Oportunidades (CNO), que assumem são e aquisição de conhecimentos. A Agen-
Estas linhas aparecem num contexto de ne- um papel relevante no processo de reco- da da RFP faz referência à necessidade de
cessidade de superação dos défices estru- nhecimento, validação e certificação de adopção de modalidades de organização da
turais de qualificação, como condição es- competências, na diversificação das ofertas formação adequadas ao envolvimento dos
sencial para o desenvolvimento económico de educação e formação. Outro instrumen- trabalhadores de pequenas e médias em-
e social de Portugal. O patamar de qualifica- to de gestão estratégica das qualificações presas, nomeadamente a programas de for-
ção colocado pelo Governo português situa- de nível não superior é o Catálogo Nacio- mação-consultoria.
-se no nível secundário, à imagem da estru- nal de Qualificações (CNQ), que integra as Apesar do alinhamento do CNQ com as re-
tura de habilitações da população de países qualificações baseadas em competências, comendações europeias, nomeadamente
com melhores índices de desenvolvimento possibilita uma melhor adequação das res- com o European Qualifications Framework
e coerente com a meta estabelecida pela postas formativas às necessidades das em- e com as experiências de países mais de-
União Europeia, que estabelece para 2010 presas (Decreto-Lei n.º 396/2006), integra senvolvidos, não se identificam linhas de
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orientação, nesta Agenda, relativamente a é um conceito polissémico e até há quem Relativamente ao confronto entre com-
modelos pedagógicos baseados nas com- diga que a competência é «um camaleão petência e qualificação, há autores que
petências, como seria de esperar, uma vez conceptual», o que se compreende porque defendem que o primeiro aparece em subs-
que se tem vindo a afirmar um modelo de este conceito é quase sempre confrontado tituição do segundo, como também há au-
produção de qualificações baseado em com o conceito de qualificação, também ele tores que defendem que existe um «deslo-
competências, e por conseguinte focaliza- classificado da mesma forma. camento conceptual» da qualificação para
do em resultados, e por outro lado, uma vez
que se tem o objectivo de intensificar a pro- Aprender, fazendo, o que Relação entre saberes
não se sabe fazer e sua utilização
cura de formação através da organização
modular dos percursos de formação, bem Função – destreza cognitiva
Philippe Meirieu Philippe Perrenoud Mobilizar os conhecimentos na situação
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ACTUAIS
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Empreendedorismo Educacional
No Norte do país surgiram nos últimos tem- público que garantem. Neste momento, não e professores responsáveis, a
pos vários projectos nas escolas da região há uma única escola que não esteja em vá- nível de escola, foi também contem-
com a finalidade de promover o espírito em- rios programas e projectos de melhoria da plada no edital, tendo-se realizado se-
preendedor junto dos alunos e envolver a qualidade da educação. Temos que admitir minários e reuniões de formação e sensi-
comunidade escolar em acções com uma que o caminho percorrido por uma escola bilização ao longo do ano lectivo.
maior interactividade com o meio empre- não é necessariamente o mesmo que outra
sarial. A DREN – Direcção Regional de Edu- prossegue, mesmo que o objectivo final seja
cação do Norte tem incentivado as equipas o mesmo. A adesão a este programa tem C. R.: Quais são os resultados mais signi-
pedagógicas e as estruturas directivas nes- sido muito significativa e pude já observar o ficativos destes projectos de empreende-
se sentido e tem ainda criado as condições entusiasmo com que professores, órgãos de dorismo educacional? Tem sido possível
necessárias para que os projectos avancem gestão e, naturalmente, alunos se envolvem envolver entidades e pessoas exteriores à
com alguns apoios. nestas actividades. Não me parece, assim, comunidade educativa?
O director regional adjunto, António Leite, que a questão se possa colocar nos termos
clarificou o âmbito desses projectos e desta- que a pergunta apresenta, pois as escolas e A. L.: Uma das características emblemáti-
cou os seus resultados mais significativos: os seus profissionais têm vindo a demons- cas do Projecto Nacional Educação para o
trar que estão disponíveis para as grandes Empreendedorismo (PNEE) é a instituição
Carlos Ribeiro: Há anos que ouvimos mudanças (cursos de educação-formação, de parceiras entre os sectores público e
discursos sobre a importância decisiva e cursos profissionais, escola a tempo intei- privado, nomeadamente entre os estabele-
estratégica da educação para o empreen- ro, etc.). Não se trata, portanto, de conser- cimentos de ensino, as empresas e a comu-
dedorismo. No entanto, só recentemente vadorismo ou de passividade. Por outro lado, nidade. O trabalho de colaboração estabe-
começaram a surgir acções concretas nas a alegada falta de meios ou condições para lecido entre a comunidade local e a escola
escolas. A que se deve esta mudança re- concretizar este tipo de projecto não tem im- tem sido a chave do sucesso para a forma-
cente de atitude? pedido escolas que estão longe dos grandes ção dos alunos, revelando-se crucial para
centros urbanos ou dos pólos de produção a apropriação social do espírito empreen-
António Leite: A Educação tem vido a so- cultural, nas quais ocorre alguma instabili- dedor junto das escolas. Pretende-se, com
frer ao longo dos últimos três anos uma dade do corpo docente que não apresentam, este projecto, promover iniciativas que aju-
profunda mudança que procura centrar as ainda, as condições físicas ideais, dizia eu, dem a criar uma cultura de utilização e pro-
políticas educativas na escola e a activida- que tal não as tem impedido de participar. moção do espírito empreendedor nas esco-
de desta na constante construção do su- A explicação está, parece-me, na opção que las, favorecedora do desenvolvimento das
cesso educativo de todos e de cada um dos cada escola faz e, repito, no caminho que es- competências dos alunos, da qualidade das
alunos. Neste contexto, têm sido desenvol- colheu percorrer e fazer. aprendizagens e do sucesso escolar.
vidos projectos, medidas, programas e ini-
ciativas que procuram aprofundar a iden-
tificação dos alunos com a sua escola e C. R.: Como foi resolvida a questão da pre- C. R.: Que planos existem para a expansão
tendem a aumentar a auto-estima e a capa- paração dos professores para estas novas deste tipo de projectos nas escolas da re-
cidade realizadora de cada criança e jovem. funções e tarefas? gião norte do país?
O projecto do Empreendedorismo responde
a todas estas estratégias e abre caminho a A. L.: Não obstante o envolvimento da comu- A. L.: O Projecto Nacional Educação para o
um maior sucesso educativo e uma maior nidade educativa, cabe aos profissionais da Empreendedorismo foi concebido, numa pri-
abertura da escola e dos alunos ao contex- educação, ou agentes educativos, comum- meira fase, para ter a duração de três anos
to em que se inserem, sem nunca perder de mente falando, incentivarem o empreende- escolares, pelo que a sua continuidade esta-
vista qual é o papel e objectivo da escola. dorismo dos alunos valorizando o esforço, rá assegurada até ao término do ano escolar
analisando as suas propostas de projectos 2009-10 em moldes a definir em tempo opor-
de investigação/acção, propondo e/ou acei- tuno.
C. R.: Verificamos que em algumas escolas tando metodologias de trabalho que permi- Uma medida já contemplada pelo ME é a inclu-
existe entusiasmo e até criatividade em tor- tam a realização dos seus projectos numa são da temática da Educação para o Empreen-
no deste novo desafio. Mas trata-se ainda perspectiva de aprender fazendo, cometen- dedorismo nas áreas curriculares não disci-
de uma minoria. A maioria das escolas não do e aprendendo com os erros. É também da plinares, nomeadamente a Formação Cívica e
avança por razões de «atitude conserva- responsabilidade dos docentes a integração a Área de Projecto, orientações já consagradas
dora», por «passividade» ou por falta de das aprendizagens curriculares e dos pro- no Despacho 19308/2008, de 21 de Julho.
meios e de condições para concretizar este gramas das áreas disciplinares nos objecti- Gostava ainda de salientar que o desenvol-
tipo de projectos? vos e processos de trabalho que os alunos vimento de projectos de Educação para o
desenvolverão no âmbito da execução dos Empreendedorismo será capaz de criar nas
A. L.: As escolas são realidades muito dife- seus projectos de investigação/acção. escolas a vontade e a capacidade de autono-
rentes umas das outras, mas todas se cen- A formação e a sensibilização dos agen- mamente realizarem novos projectos e de
tram, cada vez mais, na melhoria da sua tes educativos, nomeadamente os órgãos avançarem para novas etapas. Contamos
actividade e no aprofundamento do serviço de gestão e os coordenadores de projecto com isso pois confiamos nas nossas escolas.
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ACTUAIS
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ACTUAIS ACTUAIS
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ACTUAIS
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Existe uma clara sintonia com as conclu- quando se compete com base na qualida- objectivo. As respostas das empresas a es-
sões do estudo empreendido por Kitching de dos produtos ou serviços, fortalecendo tas questões podem reflectir unicamente
e Blackburn (2002), ao verificarem que se o papel estratégico da formação. as implicações mais tradicionais da pres-
podem apontar dois níveis de impacte no são competitiva a nível empresarial (os tais
esforço em formação: quando as empresas Resumo conclusivo drivers de mudança), tendo as empresas
competem com base no preço há pouco in- A maioria das empresas do sector da Meta- mais dificuldade em correlacionar essas
centivo à formação; e, pelo contrário, quan- lurgia e Metalomecânica que constituem a mudanças a novas necessidades de conhe-
do estas competem com base na qualidade amostra deste estudo consideram a quali- cimento e de competências e em sequên-
dos produtos, existem normalmente fortes dade dos produtos e serviços fundamental cia a acréscimos de actividades formati-
pressões para melhorar as competências para a sua competitividade e actuam, em vas que eventualmente tenham ocorrido.
da força de trabalho. geral, em mercados de maior exigência, que
Também Stevens e Walsh (1991), com as «obrigam» a evoluir constantemente e
base nos contributos teóricos e empíricos a criar dinâmicas próprias para estarem en-
desenvolvidos em torno dos factores deter- tre as «melhores». De acordo com os resul-
minantes da formação, afirmam que, quer tados do estudo, nestes casos as empre-
seja do ponto de vista do desenvolvimento sas envolvem-se mais em acções perspec-
de novos produtos – implicando alterações tivadas para o desenvolvimento das novas
nos processos de produção, nos métodos competências adequadas à sua evolução,
e nos equipamentos –, quer seja do ponto recorrendo à formação, entre outras vias
de vista das alterações estruturais das em- de valorização do seu capital humano. Não
presas – afectando, designadamente, a for- se pode, no entanto, estabelecer um efeito
ma como as tarefas são desempenhadas causal da concorrência sobre a formação.
–, a introdução de mudanças poderá cons- Ambas as variáveis, fortemente correlacio-
tituir um forte incentivo para melhorar o ní- nadas entre si, podem ser influenciadas por
vel das competências da força de trabalho outros factores.
Assim, a associação da formação com
a pressão competitiva pode de-
rivar de outros factores de
mudança que esta pressão
determina, se bem que a
questão do efeito indirec-
to da competição na for-
mação ainda não seja Bibliografia
Bassi, L. e McMurrer, D., Training Investment can
consensual, dado que Mean Financial Performance, Alexandria, Virginia,
alguns autores não con- American Society for Training e Development, 2001.
seguiram estabelecer re-
lações significativas em Figueiredo, M., «A Formação e o Desempenho Em-
estudos realizados com este presarial», Tese de Doutoramento - Área Científica -
Gestão - Especialidade: Gestão Global, Estratégia e
Desenvolvimento Empresarial, ISCTE, Lisboa, Portu-
gal, 2006.
42
ACTUAIS
INSTRUMENTOS
› Ruben Eiras
Investigador universitário em Capital Intelectual, Gestão do
Conhecimento e Sustentabilidade no Centro de Administração
e Políticas Públicas, do Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas; autor do blogue http://capitalintelectual.tv
› Vanda Vieira
Técnica de formação, Inovação e Desenvolvimento, CECOA
43
REVISTA FORMAR N.º 65 INSTRUMENTOS DE FORMAÇÃO
Como medir o ROI da formação gócio e, mais importante, um retorno ade- Os benefícios totais incluem o dinheiro pou-
passo-a-passo quado. pado pela organização, o dinheiro realizado
Num processo de avaliação do retorno da A medição dos níveis 3 e 4 pode ser realiza- e elementos que tenham acrescentado va-
formação em condições normais, a avalia- da através da aplicação de um inquérito ou lor, directa ou indirectamente, à empresa.
ção deverá ocorrer em todos os cinco níveis da recolha de dados de desempenho organi- Os custos totais incluem o óbvio (montante
de medição do retorno (ver Figura 1). zacional (vendas, número de reclamações, do investimento realizado, por exemplo) e o
nível de satisfação do cliente) após a reali- «não tão óbvio», como os custos de desen-
zação da formação. Mas é no nível 5 onde volvimento do produto e o material logístico
OS 5 NÍVEIS DE MEDIÇÃO DO RETORNO DA FORMAÇÃO
este desempenho é traduzido em dinheiro. utilizado, a título exemplificativo.
Nível 1 Medida do grau de satisfação A diferença entre o RCB e o ROI reside fun-
– Reacção face a um programa
O que medir com o nível de medição damentalmente na fórmula de cálculo. Em
Nível 2 Medida de mudança de atitudes
– Aprendizagem e aquisição de conhecimentos do retorno 5 (ROI) termos matemáticos, a diferença reside na
Nível 3 Medida das «modificações Para medir o Retorno do Investimento (ROI) escolha do numerador: enquanto o ROI uti-
– Comportamento comportamentais no da Formação primeiro há que compreender liza os resultados líquidos da formação, a
desempenho da função»
o Rácio de Custos-Benefícios (RCB). Estas análise custo-benefício recorre aos resul-
Nível 4 Medida do impacto da formação
– Resultados nos objectivos da organização metodologias têm sido muito desenvolvi- tados brutos. Considera quer resultados de
Nível 5 Medida do retorno do das por Jack Philips (1990; 1995; 2001). natureza tangível (aumento de produtivida-
– ROI investimento em formação Nas actividades de medição do retorno da de, aumento da carteira de clientes), quer
Adaptado de Kirkpatrick e Philips formação recomenda-se a utilização do intangível (elevação do grau de motivação
Figura 1 RCB em unidades e ROI em percentagem. do ex-formando, elevação do grau de satis-
A análise RCB quantifica e compara o valor fação dos clientes).
O que medir com os níveis de medição monetário gerado pelos benefícios da for- De acordo com Philips (1990), o ROI é sem-
do retorno 1 e 2 mação com os seus custos. Engloba toda pre inferior ao RCB, como pode ser verifica-
Os formandos têm que percepcionar va- e qualquer actividade, empreendida numa do com o seguinte exemplo:
lor na participação no programa de forma- base contínua, com um objectivo que vise
ção e utilidade para o desenvolvimento das melhorar conhecimentos, aptidões e compe- Benefícios do programa de formação A =
suas competências e conhecimentos. Nes- tências. É calculado pela seguinte fórmula: 1000 €
te respeito, os níveis 1 e 2 providenciam in-
formação para julgar o grau de satisfação e RCB = Benefícios da formação Custos do programa de formação A =
a aquisição de competências por parte do Custos da formação 450 €
grupo de clientes com o programa formati-
vo, que se efectua através da aplicação de Por sua vez, o Retorno do Investimento RCB = 1000 = 2.22 €
um inquérito. (ROI) é uma medida financeira tradicional 450
baseada em dados históricos, relativos aos
O que medir com os níveis de medição custos e benefícios (ver Figura 2). O ROI é RCB (%) = 1000 x 100 = 222.22%
do retorno 3 e 4 calculado pela seguinte fórmula: 450
Os dados recolhidos nos níveis 3 e 4 provi-
denciam grande parte da informação dese- (Benefícios totais – Custos totais) X 100 = ROI ROI (%) = 1000 – 450 x 100 = 122.22%
jada pela equipa de gestão no processo de Custos totais 450
decisão de continuar ou justificar futuros
programas de desenvolvimento de recur- CUSTOS BENEFÍCIOS
sos humanos – dois dos propósitos mais Custos directos: Aumento da produtividade
importantes para realizar a avaliação. › custos com os formadores; › ganhos de produtividade ao nível individual, do grupo de trabalho e da
› custos com o local de trabalho, organização que podem ser directamente mensuráveis ou não.
Sejam chefias intermédias, gestores ou equipamento, energia;
executivos de topo, todos estão preocupa- › outros custos – material de Reputação, screeming e avaliação
formação, custos externos. › formação como instrumentos de selecção e avaliação dos trabalhadores,
dos com o valor da formação. Desejam ob- ganhos de imagem da empresa, identificação dos trabalhadores com a
Custos indirectos: empresa.
servar mudanças de comportamento a par › horas não trabalhadas;
da aplicação de novos conhecimentos por › horas de lazer sacrificadas; Trabalho produtivo dos aprendizes para a empresa
› esforço pessoal de investimento › Medida como custo de trabalho necessário para um recrutamento
parte dos colaboradores. Almejam que o nas aprendizagens. alternativo de trabalhadores não qualificados ou semiqualificados no
seu investimento na formação e desenvol- mercado de trabalho.
vimento possa gerar um impacto mensurá- Fonte: Estudo sobre o retorno da formação profissional, GEP – MTSS, 2007
vel no desempenho dos indicadores de ne- Figura 2 – Custos e benefícios da formação
44
INSTRUMENTOS DE FORMAÇÃO
45
REVISTA FORMAR N.º 65 INSTRUMENTOS DE FORMAÇÃO
46
INSTRUMENTOS DE FORMAÇÃO
Cálculo de Custos
47
DOSSIER
CONHECER
REVISTA FORMAR N.º 65
A EUROPA
› FRANÇA
FRANÇA
› Nome Oficial › Língua Oficial › Capital
França Francês Paris
› Nome Comum Local › Situação Geográfica › Fronteiras
France Europa Espanha, Bélgica, Alemanha,
Suíça e Itália
› Sistema Político › Superfície Total
República 550 km2 › Clima
› Entrada na União Europeia › População Mediterrânico
Membro fundador 59,6 milhões de habitantes › Moeda
(25 de Março de 1957) Euro
› Densidade Populacional
114 hab./km2
História As conquistas de Carlos Magno (rei dos os princípios da monarquia do clero e da no-
Em meados do século iv, época em que o Francos de 771 a 814) e a definição do Im- breza, motivando assim o movimento que
Império Romano estava a entrar em de- pério Franco permitiram a existência da deu origem à Revolução Francesa, cuja in-
cadência, o imperador Juliano, com a in- França como um território separado. fluência do iluminismo e do movimento de
tenção de pacificar as tribos, cedeu aos Os sucessores de Carlos Magno dirigiram a independência americana deram origem, a
Francos (povo de origem germânica cuja França até 3 de Julho de 987, quando Hugo 14 de Julho de 1789, à Tomada da Bastilha e
designação significava «homens livres») a Capeto, duque de França e conde de Paris, à declaração e implantação da República.
Gália (nome romano dado, na Antiguidade, é coroado rei dos Francos, tornando Paris a A Revolução Francesa proclamou os princí-
ao território ocupado pelos Celtas na Euro- principal cidade do país. pios universais de «Liberdade, Igualdade e
pa Ocidental. Refere-se ao território actual A dinastia dos Capetos dirige a França até Fraternidade». Após a proclamação da Re-
ocupado pela França, uma parte da Bélgica, 1789. Nesse mesmo ano verifica-se uma pública surgiram diversas mudanças polí-
da Alemanha e o Norte da Itália). série de revoltas contra o Antigo Regime, ticas ao longo das quais o país se deparou
48
CONHECER A EUROPA
Ensino Secundário
O ensino secundário em França integra o
Colégio e o Liceu Geral ou Tecnológico
Colégio
›› Idade: 11 aos 15 anos
›› 4 anos escolares
›› O ensino secundário colegial é dividido
em 3 ciclos pedagógicos: ciclo de ob-
Torre Eiffel
servação e adaptação, ciclo central e o
ciclo de orientação.
com alguma instabilidade, embora se te- hoje designada de União Europeia, sendo ›› O ciclo de observação e adaptação cor-
nha afirmado na Europa como um país onde membro fundador em 1957. responde ao ano de transição entre o
os princípios proclamados pela Revolução ensino primário e o secundário, cuja
Francesa são fundamentais para o cresci- O Sistema de Educação e Formação finalidade é o desenvolvimento e in-
mento de um país de direitos e oportunida- Profissional tegração dos alunos nos diferentes
des. O Sistema de Educação e Formação Profissio- métodos de ensino secundário. Este
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial nal é tutelado pelo Ministério da Educação. ano escolar designa-se por la sixième,
(1939-1945), em 1940, a Alemanha decla- 6ème, correspondendo ao sexto ano.
rou guerra à França e invadiu o país. Com a Ensino não Obrigatório ›› O ciclo central, com uma duração de
ajuda dos países aliados, a França e o res- Educação Pré-Escolar – Ecole mater- dois anos, compreende as aprendi-
to dos países europeus começaram a ser li- nelle zagens de carácter transversal e ge-
bertados da ocupação alemã a 6 de Junho ral, sendo o principal objectivo desen-
de 1944, após a Batalha da Normandia (de- ›› Idade entre 2 a 6 anos volver competências do saber-ser e
signado de Dia D). ›› Todas as crianças com idade a partir saber-fazer. Estes anos escolares de-
Em 1949, a França tornou-se membro fun- dos 3 anos são integradas na escola signam-se por la cinquième, 5ème e
dador e permanente da Nato e, juntamen- ›› Aquelas que tenham 2 anos são inte- la quatrième 4ème, correspondendo,
te com a Alemanha, foi o principal incenti- gradas de acordo com o número de va- respectivamente, ao sétimo ano e oi-
vador da criação da Comunidade Europeia, gas disponíveis tavo ano.
49
REVISTA FORMAR N.º 65 CONHECER A EUROPA
Museu do Louvre
Liceu
›› Idade: 15 aos 18 anos
›› 3 anos escolares
›› O Liceu Geral e Tecnológico está orga- Catedral de Notre-Dame
nizado em 2 ciclos: ciclo da determi-
nação, ano designado por la seconde área de estudos (geral ou tecnológica), Liceu profissional
e que corresponde ao décimo ano, e o prosseguem os estudos. No ensino ge- ›› Idade: a partir dos 15 aos 19 anos
ciclo final, cujos anos se designam por ral podem optar por três especialida- ›› 4 anos escolares
a première et la terminale, correspon- des de formação: Económico-Social, Li- ›› Estas escolas desenvolvem e aplicam
dendo ao décimo primeiro e ao décimo terária ou Científica. currículos mais técnicos, cujo objecti-
segundo anos. ›› Aos alunos que obtenham êxito esco- vo é a aprendizagem e a qualificação
›› Durante o primeiro ano – ciclo de de- lar no percurso completo é-lhes emi- profissional.
terminação –, os alunos são prepara- tido um certificado de conclusão do ›› Os dois primeiros anos visam a prepa-
dos através de currículos de nível geral ensino secundário – baccalauréat. ração dos alunos para o acesso ao di-
e tecnológico, cujo objectivo é a esco- Este exame é importante no percurso ploma “Brevet d’études professionnel-
lha da área de estudos para prossegui- escolar do aluno já que representa o les (BEP)”. Este diploma prepara os
mento na área pretendida. primeiro diploma do ensino superior, alunos para o prosseguimento de estu-
›› Os dois anos seguintes inserem o ciclo permitindo entrar na universidade sem dos no sentido de alcançarem, em dois
final, onde os alunos, após escolha da necessidade de outra prova. anos, o bacchalauréat professionnel
50
CONHECER A EUROPA
Rio Sena
(Bac Pró). Podem ainda optar por um Formação para Adultos Jardim das Tulherias
bacchalauréat technologique (via um Em França, os adultos poderão concluir a
ano de adaptação) ou integrar o mer- escolaridade pela via do ensino tradicional
cado de trabalho. e poderão, também, frequentar cursos de
formação profissional, desenvolvidos em FONTES
Ensino Superior centros de formação profissional. O objec- European Commission.
›› O acesso às instituições de ensino su- «Eurybase – The Information Database on Education
tivo é obter conhecimentos técnicos para a
Systems in Europe – Organisation du Système Édu-
perior só é possível para os alunos que realização de profissões especializadas e a catif en France 2007/208».
tenham obtido o certificado de conclu- integração no mercado de trabalho de pro- Sítios:
são do ensino secundário – baccalau- fissionais com competências distintas. Um Ploteus:
réat ou o Brevet de Tecnicien Superieur trabalhador, enquanto assalariado, tem di- http//Europa.eu.int/ploteus
(que se obtêm dois anos depois do Bac reito a períodos de formação profissional.
Ministério da Educação Nacional:
Pro).
www.education.gouv.fr
›› O ensino superior pode ser desenvolvi-
do em universidades, Grandes Écoles Portal da União Europeia:
(o número vagas é inferior ao das uni- http://europa.eu/index_pt.htm
versidades e os critérios de selecção
mais rigorosos), estabelecimentos pú- Enciclopédia Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org
blicos de áreas especializadas ou esco-
las especializadas) e os institutos e es- Embaixada de França em Portugal
colas superiores privados.
51
DOSSIER
UM OLHAR
REVISTA FORMAR N.º 65
SOBRE...
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› O método Pilates
O MÉTODO PILATES
Modas relacionadas com a saúde e com o exercício físico desenvolvem-se e são abandonadas rapidamente. No
entanto, alguns dos métodos de exercício sobrevivem ao teste do tempo e conquistam adeptos leais. O Pilates,
método desenvolvido por Joseph Pilates por volta de 1920, vem ganhando terreno desde a década de 1980.
Muitas estrelas de Hollywood como Sharon Stone, Júlia Roberts, Courtney Cox e Madonna aderiram à técnica.
Como resultado o método Pilates foi-se generalizando, não sendo mais reservado a esta amostra rica e famosa,
podendo ser praticado na maioria dos ginásios e health clubs em todo o Mundo. O que é então o Pilates e o que
o torna tão popular?
› Vânia Neto
Professora de Educação
Física, personal trainer
e instrutora de Pilates
52
UM OLHAR SOBRE...
Conceito
Pilates é um método de exercício, um regi-
me de treino físico que se baseia no esta-
do mais natural do corpo humano – o mo-
vimento. É uma técnica de reeducação do
movimento, composta por exercícios profun- da forma mais perfeita possível, garantindo nos refere um praticante regular desta mo-
damente alicerçados na anatomia humana, que o corpo se move sempre com um objec- dalidade
capaz de restabelecer e aumentar a flexibili- tivo e direcção.
dade, força muscular, melhorar a respiração,
corrigir a postura e prevenir lesões. Este mé- 4. Alinhamento – Uma boa postura é vi- VÂNIA NETO
todo é uma forma de arte, no sentido em que tal. Antes de se iniciar um exercício devem INSTRUTORA DE PILATES
precisa de ser melhorado diariamente. manter-se todas as articulações numa po-
Pilates é uma técnica de tal modo precisa e sição neutra, favorecendo o alinhamento Vânia Neto – Como tomou
concentrada que os resultados ficarão con- conhecimento do método Pi-
ideal dos ossos e músculos, promovendo
lates?
sigo para sempre. o equilíbrio e a coordenação dos movimen- Praticante – Contactei com o Pila-
tos. tes através da introdução destas au-
Princípios las num health club há cerca de 8 anos
O método Pilates assenta numa série de 5. Centralização – O corpo é feito para fun- atrás.
princípios-base, a saber: cionar como uma unidade completa. Deve-
V. N. – Quais os efeitos que vem experi-
1. Respiração – Tem de se aprender a res- mos treinar para criar um centro forte, para
mentando ao longo do tempo e que o fi-
pirar correctamente de forma a tornar a que este seja a base de todos os movimen- zeram aderir a esta modalidade?
respiração uma ferramenta eficaz para in- tos. Define-se por «centro» a parte que se P. – A minha qualidade de vida melho-
tensificar, controlar e simplificar os movi- estende das costelas e da região lombar até rou exponencialmente. Sentia dores
mentos. Usa-se a caixa torácica, inspirando ao soalho pélvico e nádegas. cervicais e grande dificuldade em mo-
pelo nariz e expirando pela boca, enquan- vimentar o pescoço, dado que tenho
hérnias nessa região. Rapidamente ga-
to se mantém uma suave contracção dos 6. Fluidez – Em Pilates os movimentos nhei mobilidade nessa zona e um bem-
músculos abdominais. devem fluir de forma lenta do início ao fim, -estar geral derivado da melhor postu-
formando uma sequência contínua. Esta é ra que adoptei no dia-a-dia.
2. Concentração – Cada exercício de Pila- uma característica que diferencia o Pilates
tes requer um processo mental de controlo de outras formas de exercício e que vai pro- V. N. – Aconselha outras pessoas a ade-
rirem ao Pilates? Porquê?
do movimento. É necessário bloquear qual- vocar uma melhoria no equilíbrio e coorde-
P. – Sim. Acho fundamental tanto para
quer tipo de pensamento fora da tarefa que nação, preparando o corpo para as exigên- quem pratica outras actividades físi-
se está a realizar, não havendo momentos cias rigorosas do dia-a-dia. cas, como para pessoas sedentárias,
de distracção ou desatenção. pois vão melhorar a sua consciência
Benefícios corporal, adoptar uma melhor postura
3. Controlo – Cada movimento executado e fortalecer a região abdominal e a co-
A prática de exercícios do método Pilates
luna, o que lhes permitirá prevenir fu-
deve ser meticulosamente calculado e pla- traduz-se em melhorias significativas no turos problemas ósseos e musculares.
neado. Os exercícios devem ser executados nosso bem-estar físico e psíquico, como
53
REVISTA FORMAR N.º 65 UM OLHAR SOBRE...
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DOSSIER
DEBAIXO
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› Aconteceu...
› Livros
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REVISTA FORMAR N.º 65 DEBAIXO D’OLHO
› ACIB – Associação Comercial e Industrial › Construtora Abrantina S.A. › OGMA – Indústria Aeronáuti-
da Bairrada › CRH, SGPS ca de Portugal, S.A.
› ACPP – Associação de Cozinheiros Profis- › Dom Pedro Investimentos Turísticos, S.A. › Riopele Têxteis, S.A.
sionais de Portugal › El Corte Inglés › Toyota Caetano Portugal, S.A.
› ANA – Aeroportos de Portugal, S.A. › Faculdade de Medicina Dentária da Univer- › SOLISFORM Formação e Serviços, Lda.
› AESBUC – Associação para a Escola Supe- sidade de Lisboa › UMP – União das Misericórdias Portugue-
rior de Biotecnologia da Universidade Ca- › FERNAVE S.A. sas
tólica › Corticeira Amorim SGPS S.A. › LITOALENTEJO Lda.
› APIRAC – Associação Portuguesa da In- › Grupo Auchan › GRUPO Nabeiro Delta Cafés – Delta Servi-
dústria da Refrigeração e Ar Condiciona- ços – Consultoria e Serviços Lda.
› Bizarro & Milho S.A. (grupo Cortefiel)
do/APIEF › Companhia Carris de Ferro de Lisboa, S.A.
› Confespanha (grupo Cortefiel)
› ARSOPI – Indústrias Metalúrgicas Arlindo › MCoutinho Automotive SGPS, S.A.
S. Pinho, S.A. › Fundação Visabeira, IPSS
› Associação para o Ensino Profissional em › VICAIMA Madeiras SGPS
› AEP – Associação Empresarial de Portugal › Modelo Continente Hipermercados, S.A.
Transportes e Logística/IPTRANS
› Associação Portuguesa de Bancos/Insti- › KEMET Electronics Portugal, S.A.
tuto de Formação Bancária › ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade
› LEGRAND Eléctrica S.A. › GALP ENERGIA
› ATEC – Associação de Formação para a In-
› Lena Engenharia e Construções S.A. › IKEA Portugal – Móveis e Decoração Lda.
dústria
› Luís Simões, Gestão Empresarial e Imobi- › ACIB Barcelos
› Associação Técnico-Profissional D. Carlos I
liária, S.A. › SOMAGUE
› Câmara de Comércio e Indústria Luso-Ale-
mã › MARTIFER Inovação e Gestão, S.A. › Mercedes – Benz Portugal
› Câmara de Comércio Luso-Sueca › Metalúrgica Progresso de Vale de Cambra, › Pestana Turismo
› CHP – Comunidade Hindu de Portugal S.A. › SWEDWOOD
› CISCO Systems Portugal › Mota-Engil Serviços Partilhados, Adminis-
trativos e de Gestão, S.A.
56
DEBAIXO D’OLHO
DEBAIXO D’OLHO
Augusto Brázio
Patrícia Almeida
Augusto Brázio
Testemunhos – Trajectos de Qualificação nal, em que fotografou actividades, lificação social e profissional de cada
trata-se de um projecto promovido pelo IEFP, pessoas, tipos de formação e am- um dos sete personagens.
I.P cujo principal objectivo, de acordo com bientes socioprofissionais, e um con- ›› Um documentário cinematográfico rea-
Francisco Madelino, Presidente do Conselho junto de sete ensaios fotográficos em lizado por Catarina Alves Costa, Na-
Directivo deste Instituto, consistiu em divul- que cada um dos autores define uma cional 206, em que procurou dar vi-
gar e valorizar a estreita relação da qualifi- narrativa sobre uma personagem. Os sibilidade a histórias de vida que se
cação com os percursos de vida e profissio- sete fotógrafos convidados foram Au- (re)construíram quando a qualificação
nais, associando testemunhos e fotografias gusto Brázio, António Júlio Duarte, se cruzou com a experiência na prepa-
que revelam histórias de vida, contextos de Sandra Rocha, André Cepeda, Pedro ração de novos futuros.
formação, perfis e actividades profissionais. Letria, Augusto Alves da Silva e João
Esta iniciativa comissariada por Sérgio Mah Serra. Sérgio Mah refere que entre imagens e pa-
teve três vertentes: ›› O lançamento de um catálogo em que a lavras se procurou chamar a atenção sobre
jornalista Katheleen Gomes, juntamen- situações paradigmáticas, revelar dinâmi-
›› Uma exposição fotográfica, com foto- te com as fotografias seleccionadas, cas individuais e correlativas atitudes so-
grafias de Patrícia Almeida feitas em traçou o percurso, trajectórias e expec- cioculturais relativamente ao fenómeno da
cinco Centros de Formação Profissio- tativas relativamente ao tema da qua- qualificação.
57
REVISTA FORMAR N.º 65 DEBAIXO D’OLHO
Encerrou no dia 13 de Dezembro aquele institutos politécnicos, escolas e institutos ro» promovida em parceria com o Progra-
que foi o maior evento nacional de Juven- superiores; a área da Formação Inicial (en- ma Operacional do Potencial Humano e a
tude, Educação, Qualificação e Emprego. A sino profissionalizante, incluindo cursos exposição de Robótica promovida pela So-
segunda edição do salão foi uma iniciativa profissionais, cursos de aprendizagem e ciedade Portuguesa de Robótica. Estes
da Associação Industrial Portuguesa/Feira cursos de educação/formação) Formação eventos contribuíram para reforçar a impor-
Internacional de Lisboa e um conjunto de Contínua; Inserção na vida Activa, Emprego tância da qualificação como base de uma
parceiros institucionais, destacando-se o e Empreendedorismo; Juventude, Serviços melhor cidadania e melhor emprego.
Instituto de Emprego e Formação Profis- e Equipamentos de apoio à Educação/For- A presença de universidades estrangeiras,
sional, I.P. (IEFP), o Ministério da Educa- mação. programas de intercâmbio e estágio no es-
ção, a Agência Nacional para a Qualifica- O grande objectivo da Futurália, designa- trangeiro resultou numa excelente platafor-
ção, o Programa Operacional do Potencial damente destacar a importância vital da ma de reforço da mobilidade e a área de In-
Humano, a Direcção-Geral do Ensino Supe- qualificação, ficou patente através da in- serção na Vida Activa constituiu uma forte
rior e a Câmara Municipal de Lisboa, entre tervenção quer dos diversos players en- ferramenta de apoio ao empreendedorismo
outros. volvidos quer dos eventos que se reali- jovem.
Milhares de visitantes, desde alunos do en- zaram ao longo dos seus quatro dias de A Futurália encerra a sua edição em
sino secundário a partir do 9.º ano de esco- duração e aos quais assistiram centenas 2008, tendo-se consolidado como evento
laridade ao ensino pós-graduado, passan- de visitantes. Destacam-se as Conferên- de referência na área do desenvolvimen-
do pelo ensino profissional e universitário, cias Internacionais promovidas pelo Mi- to humano em Portugal. De acordo com
passaram pelas várias áreas do certame: nistério da Educação e pelo IEFP, I.P. e o a Dra. Lídia Serras, gestora da Futurália,
Formação Avançada, onde puderam reco- Seminário promovido pelo Expresso Em- «a Futurália contribuiu de forma marcan-
lher informações sobre MBA, pós-gradua- prego intitulado «Profissionais Empreen- te para apoiar, inspirar e incentivar todos
ções, mestrados, doutoramentos e forma- dedores: novas competências e desa- aqueles que nos visitaram a reforçarem
ção especializada para quadros superiores; fios na gestão de pessoas», entre outros as suas qualificações e desenvolverem
a área do ensino superior onde estiveram eventos de relevo como a sessão de en- acções que optimizem a sua empregabi-
representadas as principais universidades, trega dos prémios «Dar a Volta ao Futu- lidade».
58
DOSSIER
DEBAIXO D’OLHO
› Aconteceu...
59
REVISTA FORMAR N.º 65 DEBAIXO D’OLHO
60
DOSSIER
DIVULGAÇÃO
skillsPortugal
– Campeonato das profissões
› Marta fagulha
Técnica Superior
Assessora no Gabinete de
Comunicação do IEFP, I.P.
Sob o lema Skills for a Strong Europe decor- mum para demonstrar, testar, comparar constituiu um instrumento para a promo-
reu, de 18 a 20 de Setembro, em Roterdão, e aperfeiçoar o nível de competências ge- ção da excelência e para o reconhecimento
Holanda, o primeiro EuroSkills – Campeo- rais da futura força de trabalho. No âmbito das competências e talento dos melhores
nato Europeu das Profissões. Neste cam- das competições promovidas, o EuroSkills formadores e formandos da Europa.
peonato, 434 jovens entre os 17-25 anos,
de 29 países europeus, puseram à prova
as suas competências profissionais em 49
profissões. Portugal esteve presente com
8 concorrentes às profissões de Electro-
mecânica de Frio, Carpintaria de Limpos,
Vitrinismo, Mecatrónica Auto, Electrónica
Industrial e Electricidade de Instalações.
Esta equipa ganhou, nada mais nada me-
nos, do que 3 medalhas de ouro e 4 meda-
lhas de bronze!
Contando com cerca de 40 000 visitantes
vindos de toda a Europa, o EuroSkills teve
como objectivo fundamental projectar uma
imagem de qualidade dos diversos siste-
mas de formação profissional e suscitar o
interesse dos jovens por esta via alterna-
tiva ao percurso escolar tradicional. Com
essa finalidade, criou uma plataforma co- Concorrentes nacionais
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REVISTA FORMAR N.º 65 DIVULGAÇÃO
A recém-criada European Skills Promotion O que diferenciou o EuroSkills lhas de bronze, em Electricidade de Insta-
Organization (ESPO) é a organização promo- do WorldSkills? lações, Mecatrónica Auto, Frio e Climatiza-
tora destes Campeonatos Europeus, que al- Em primeiro lugar, a relação de medalhas ção – Equipa e Electricidade de Instalações
ternam com os Campeonatos Mundiais das por concorrente foi a melhor, desde há mui- – Equipa.
Profissões – WorldSkills – a realizar nos to, em Campeonatos Internacionais. Ganhá- António Nabais viu reconhecidas as suas
anos ímpares. Esta primeira edição do Eu- mos 7 medalhas: 3 medalhas de ouro in- competências pessoais e profissionais –
roSkills resulta do empenho da União Euro- dividuais, nas saídas profissionais de Frio recebeu um prémio «The best of de best»
peia através do comissário para a Educação, e Climatização, Carpintaria de Limpos e Vi-
Formação, Cultura e Juventude, Ján Figel. sual Merchandising/Vitrinismo, e 4 meda-
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