Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RIMA/C - 2
PROTOCOLO DO DOCUMENTO
A. SITUAÇÃO DE LICENCIAMENTO
A) N° DE PROCESSO CPRH 7742/2010
B) ETAPA DE LICENCIAMENTO Solicitação de Licença de Instalação (LI)
B. DOCUMENTO
Estudo de Impacto Ambiental Complementar – EIAC
A) TÍTULO
do Estaleiro PROMAR S.A
B) ESTRUTURA DO ESTUDO Volume 1 – Volume 2 do EIA + RIMA
C) VERSÃO FINAL
D) DATA 19 de novembro de 2010
C. EMPREENDEDOR
A) RAZÃO SOCIAL EMPRESA PROMAR S.A
D. COORDENAÇÃO DO ESTUDO
MORAES & ALBUQUERQUE ADVOGADOS E
A) RAZÃO SOCIAL
CONSULTORES
Consultoria especializada nas áreas jurídica e
B) ATIVIDADE
ambiental
C) TELEFONE (81) 3222-2802
D) CNPJ / M.F 05.942.843/0001-20
RIMA/C - 3
EQUIPE TÉCNICA
RIMA/C - 4
1. ENTENDENDO O
EMPREENDIMENTO............................06
3. CONHECENDO
A ÁREA DE
IMPLANTAÇÃO....................................25
4. AVALIAÇÃO DE
IMPACTO AMBIENTAL .......................54
6 CONCLUSÕES DO
ESTUDO ............................................73
RIMA/C - 5
1 - ENTENDENDO O EMPREENDIMENTO
O Empreendimento analisado e que pretende ser implantado no Porto de
SUAPE, consiste de um estaleiro para fabricação de navios voltados para o
apoio offshore de plataformas petroleiras principalmente.
BOX 1.1
Um estaleiro é o local onde se constroem, reparam e/ou reformam embarcações de
diversas finalidades como cruzeiros para turistas, barcos pesqueiros, barcos militares,
barcos de transporte de carga e barcos de apoio como os que se pretende construir no
estaleiro PROMAR.
Os estaleiros têm que ter saída para o mar obrigatoriamente, por isso são construídos
comumente anexos a portos como neste caso. Estas fábricas de barcos consistem
basicamente de uma grande área plana aterrada, na qual se desenvolvem as
atividades básicas de corte, dobragem e solda de aço, pintura, montagem de grandes
blocos através de guindastes de grande porte e atividades complementares como
montagem de motores, máquinas e toda a infraestrutura interna de um navio.
Algumas atividades, como os cortes de aço e a pintura, são realizadas dentro de
enormes galpões que são construídos na área. Outras atividades são realizadas a céu
aberto como a montagem de blocos que em conjunto vão formando o casco e a
estrutura do navio.
Na industria naval, todas as atividades que se desenvolvem em terra firme se
denominam como onshore e as que se desenvolvem na água, se denominam como
offshore. No estaleiro igualmente, uma parte das atividades será realizada offshore,
pois durante a construção e quando o navio estiver em condições de se sustentar na
água, será lançado para o mar, onde será realizada grande parte do acoplamento de
blocos e acabamentos.
RIMA/C - 6
A área que ficará sob a responsabilidade da empresa PROMAR S.A será de
97,40 hectares conforme se mostra na Figura 1, a seguir, salientando que 17
hectares serão dragados para conformação do canal de navegação, restando
então 80,0 hectares onshore para construção das facilidades do Estaleiro.
Durante a primeira etapa de implantação do empreendimento serão afetados os
45 hectares de terreno localizados mais para o lado sul e oeste do terreno, não
sendo requerido afetar áreas de manguezais, mas somente algumas áreas com
vegetação de restinga.
RIMA/C - 7
QUE TIPO DE BARCOS SERÃO CONSTRUÍDOS NO ESTALEIRO ?
O Estaleiro PROMAR S.A terá como ponto de partida a construção de 8 navios
gaseiros, sendo 4 do tipo LPG 7000 m³ , 2 do tipo LPG 4000 m³ e 2 do tipo LPG
12000 m³. Com essa demanda, o Estaleiro Promar S.A. terá sua carteira inicial
de encomendas ocupada até meados de 2015. Além dos navios gaseiros, o
Estaleiro Promar manterá o seu foco no segmento de construção de navios
especiais para o mercado de Apoio Offshore, como navios Supridores, de
Manuseio de Âncoras, de Monitoramento por ROV, de Construções
Subaquáticas, de Estimulação de Poços, entre outros.
Com essas necessidades, o Empreendimento foi concebido para ser implantado
gradativamente, conforme sua necessidade. Na 1ª etapa da implantação serão
ocupados em torno de 45 hectares do setor oeste da área de implantação,
incluindo o setor offshore que como já dito ocupa em torno de 17 hectares, nos
quais foram lançadas as instalações básicas mínimas para poder executar o
escopo do primeiro contrato, já assinado, de oito (8) navios gaseiros, como já
mencionado.
BOX 1.2
Os navios especiais de Apoio offshore cuja construção será o foco de ação do
Estaleiro PROMAR S.A, desempenam uma função relevante na indústria do petróleo,
pois são estas as que se aproximam dos locais de produção em mar aberto para
atendimento de diferentes situações como carga, descarga, emergências dentre
outras.
As embarcações empregadas no Apoio Marítimo (offshore) devem possuir uma alta
tecnologia e uma capacidade de manobra aprimorada para seu posicionamento
próximo às unidades a serem atendidas. Este atendimento consiste no recebimento e
fornecimento de granéis líquidos e sólidos (água, óleo, diesel, cimento, baritina,
bentonita), operações de carga no convés, além das operações de manuseio de
âncoras, reboque e S.O.S.
RIMA/C - 8
Exemplos de navios de apóio marítimo a serem construídos no
Figura 2 –
Estaleiro
RIMA/C - 9
Fabricação de estruturas metálicas em ambientes protegidos;
Sistemas de acondicionamento, tratamento e descarte de efluentes
líquidos e sólidos de acordo com os padrões requeridos pelos órgãos
ambientais.
RIMA/C - 10
aproximadamente. O arranjo geral do Empreendimento mostrado na Figura 3
acima, foi concebido estrategicamente para facilitar o fluxo de materiais,
equipamentos, peças e matérias primas dentro da área, otimizando o percurso
entre estas e minimizando as interferências com áreas de circulação. O lado
norte, onde ficará localizado o acesso terrestre do local, será delimitado pela
infraestrutura rodoferroviária prevista por SUAPE.
O quadro de áreas com a discriminação das unidades a serem implantadas
pode ser conferido a seguir:
ALTURA /
N° DE DIMENSÕES ÁREA
DESCRIÇÃO PÉ DIREITO
UNIDADES (m) (m²)
(m)
ÁREAS DE APOIO, ADMINISTRAÇÃO E
LOGÍSTICA
EDIFICAÇÕES
Prédio Administrativo 3 4,00 83,00 x 10,00 830,00
Portaria Principal 1 4,00 25,00 x 15,00 375,00
Vestiário 1 4,50 50,00 x 37,00 1.850,00
Refeitório 1 4,50 55,00 x 33,00 1.815,00
Escritório de Produção 1 4,50 50,00 x 25,00 1.250,00
Posto Médico 1 4,50 10,00 x 25,00 250,00
ÁREAS DE APOIO E ESTOCAGEM
Estacionamento de veículos 2 - 250,00 x 30,00 7.500,00
Estacionamento de equipamentos 1 - 250,00 x 30,00 7.500,00
Pátio de estocagem de aço 1 - 130,00 x 20,00 2.600,00
Pátio de estocagem de tubos 1 - 15,00 x 15,00 225,00
Pátio de andaimes 1 - 30,00 x 50,00 1.500,00
Pátio de sucatas 1 - 30,00 x 50,00 1.500,00
ÁREAS DE INFRA-ESTRUTURA DE
SERVIÇOS
Subestações 9 5,00 10,00 x 7,50 75,00
Central de ar comprimido 3 5,00 10,00 x 7,50 75,00
Central de Gases Industriais 1 - 20,00 x 7,50 150,00
Castelo d’água 1 20,00 7,50 x 7,50 56,25
Reservatório 1 3,00 20,00 x 10,00 200,00
Central de estocagem de Resíduos Sólidos 1 - 20,00 x 10,00 200,00
Estação de Tratamento de Efluentes líquidos 1 - 20,00 x 10,00 200,00
Sistema Viário Interno 1 - 2063,00 15,00 30.945,00
ÁREAS DE PRODUÇÃO
ALMOXARIFADOS
Almoxarifado de Equipamentos 1 10,00 55,00 x 20,00 1.100,00
Almoxarifado de Acabamentos 1 10,00 50,00 x 25,00 1.250,00
OFICINAS
Oficina de Processamento 1 10,00 130,00 x 25,00 3.250,00
Oficina Estrutural I 1 15,00 130,00 x 25,00 3.250,00
Oficina Estrutural II 1 15,00 100,00 x 20,00 2.000,00
Oficina Estrutural III 1 20,00 165,00 x 45,00 7.425,00
Oficina de Submontagem 1 10,00 165,00 x 15,00 2.475,00
RIMA/C - 11
Quadro 1 – Relação de unidades áreas previstas no Layout do Empreendimento
Oficina Estrutural III 1 20,00 165,00 x 45,00 7.425,00
Oficina de Submontagem 1 10,00 165,00 x 15,00 2.475,00
Oficina de Tubulação 1 10,00 55,00 x 15,00 825,00
Oficina de Módulos 1 10,00 25,00 x 15,00 375,00
Oficina de Acessórios de Aço 1 10,00 55,00 x 15,00 825,00
Oficina Mecânica 1 10,00 25,00 x 10,00 250,00
Oficina de Decapagem 1 10,00 15,00 x 15,00 225,00
Oficina de Acab. Avançado 1 15,00 25,00 x 14,00 350,00
Oficina de Carpintaria 1 10,00 25,00 x 10,00 250,00
Oficina de Elétrica 1 10,00 25,00 x 10,00 250,00
Cabines de Pintura 3 15,00 27,00 x 15,00 405,00
ÁREA DE MONTAGEM
Área de edificação 1 - 80,00 x 300,00 24.000,00
Cais de acabamento 1 - 520,00 x 20,00 10.400,00
Dique Flutuante 1 - 150,00 x 40,00 6.000,00
BOX 1.3
As obras de implantação do Estaleiro não diferem em nada das obras portuárias
convencionais, envolvendo inicialmente a limpeza do terreno incluindo com supressão
de vegetação das áreas a serem ocupadas, aterramento da área para elevar o nível do
terreno até uma cota acima dos níveis de maré alta, sendo que este aterramento pode
ser feito com material proveniente da dragagem do canal, ou com material proveniente
de jazidas externas.
Nesta etapa o maior desafio é a de garantir uma fundação adequada para as
estruturas, especialmente para os guindastes, dimensionados para levantar um grande
número de toneladas durante as manobras de montagem do navio. Esta fundação é
construída normalmente com estacas, tendo em vista que o solo na área do porto não
apresenta uma boa capacidade de suporte.
RIMA/C - 12
Estando a área terraplenada, seguem-se mais duas etapas da implantação: a
primeira se refere à obra civil convencional com a construção de sistema viário
galpões, prédios, pátios, etc e a segunda que se refere à montagem eletromecânica
de equipamentos como guindastes e gruas.
Observe-se do cronograma de implantação abaixo, que a fabricação de navios
começará antes mesmo da finalização total das obras, contudo, após que todas as
unidades de controle à poluição estejam finalizadas.
t
Figura 4 – Cronograma de implantação do Empreendimento
CRONOGRAMA DE CONSTRUÇÃO DO
ESTALEIRO PROMAR
2011 2012
Meses e Anos
Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Atividades
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
RIMA/C - 13
A PROMAR S.A, baseada na experiência em projetos similares, estima que no
pico da obra serão gerados em torno de 1.000 empregos diretos atrelados à
construção civil e montagem mecânica de equipamentos, envolvendo desde
cargos de gerência, até operários de baixa qualificação. Nesse sentido, estima-
se que durante a obra será verificada uma distribuição da seguinte forma:
RIMA/C - 14
de compra de insumos, corte, solda, pintura, montagem de blocos para
construção do casco.
Quando o casco do navio está finalizado, promove-se seu lançamento no mar,
através da transferência da estrutura para uma plataforma submergível, sendo
que para isso se desliza sobre trilhos com ajuda de dois rebocadores. Estando
na água, realizam-se as atividades de acabamento e testes de todos os
equipamentos. As Figuras a seguir ilustram a seqüência construtiva do casco do
navio e sua transferência para o mar.
RIMA/C - 15
BOX 1.5
Observe-se na Figura acima que o sistema de transferência do navio para o mar é
diferente daquele utilizado pelo Estaleiro Atlântico Sul. Neste caso não é utilizado o
denominado “Dique Seco”, que consiste em uma enorme piscina que enche ou esvazia
com água do mar, em função das necessidades do Estaleiro. Neste caso, e conforme
se mostra na Figura, a tecnologia utilizada prevê o deslocamento do navio para uma
plataforma submersível e logo depois para o mar.
Toda esta mão de obra estará submetida ao regime de trabalho regido pela CLT,
ou seja, 44 horas de trabalho semanais, sendo que as jornadas serão de 7h às
17h com uma hora de intervalo para almoço, de segunda a quinta-feira, e de 7h
às 16h, as sextas-feiras, desta forma compensando a jornada dos sábados.
Deverá ser implementado um sistema de transporte alternativo para todos os
funcionários, devendo operar por cidades/bairros até o Estaleiro na vinda e o
retorno, vice-versa. O Estaleiro será dotado de refeitório, sendo que todos os
RIMA/C - 16
alimentos, tanto para o café da manhã como para as refeições diárias, almoço e
jantar, deverão ser fornecidos por empresa especializada e qualificada no ramo.
Em termos de FORNECIMENTO DE MATÉRIAS PRIMAS, salienta-se que o
Estaleiro será abastecido via marítima e via rodoviária e ferroviária para atender
sua capacidade anual de processamento de aço de 30.000 toneladas por ano,
conforme discriminado no quadro a seguir:
Quantidade
Descrição do Resíduo gerada por Unidade Destino
mês
Coleta 3x por semana e
Resíduos sólidos Metros
300 destino em aterro sanitário
domésticos cúbicos
licenciado.
Reciclagem externa
Lâmpadas
100 Peças realizada por empresa
Fluorescentes
especializada.
Acondicionadas em caixas
Bateria de rádios 8 Peças próprias e devolvidas ao
fabricante.
Tambores de óleo Tratado e reutilizado para
20 Peças
combustível vazios coleta de resíduos.
Água com óleo da
Retida no separador de
Central de separação - -
água e óleo.
Agua e Óleo (CSAO)
Lodo + Óleo da CSAO + Coleta realizada por
1200 Litros
Óleo Usado empresa especializada.
Fossa séptica e caixa Metros Coleta realizada por
40
de gordura cúbicos empresa especializada.
Cera utilizada no
lançamento das - - -
embarcações
Acondicionado em caixas
Resíduos Sólidos de Pequena
- próprias e retirado por
Serviços de Saúde quantidade
empresa especializada.
Tintas e solventes com
- - Retornam ao fabricante.
prazo vencido
São retirados por empresa
Trapos sujos de óleo 200 Kg
especializada.
Sucata ferrosa,
É retirada por empresa
pneumáticos, cera e 80 Toneladas
especializada.
eletrodos de solda
É neutralizado e sua coleta
Ácido utilizado da
- - é realizada por empresa
decapagem química
especializada.
Resíduos do processo 5 Toneladas Coleta realizada por
RIMA/C - 18
Quadro 5 – Previsão de geração de resíduos sólidos durante operação
Quantidade
Descrição do Resíduo gerada por Unidade Destino
mês
de jateamento empresa especializada.
RIMA/C - 19
que, no perímetro do Empreendimento, não sejam superados os 70dB, que é o
máximo estabelecido na NBR 10.151 para áreas industriais durante o período
diurno.
As fontes de EMISSÕES GASOSAS identificadas para a operação do Estaleiro
são as decorrentes da operação de motores diesel (NOx, SOx, CO e material
particulado). Contudo, esta emissão será de baixo porte, não devendo superar,
ao nível do solo, os padrões de imissão estabelecidos pela resolução do
CONAMA 003 de 1990. Já nos galpões de corte, poderá ser verificada a
geração de fumos, fuligem e vapores e VOC, no caso das cabines de pintura.
Para este caso está prevista a implantação de exaustores e filtros, minimizando
assim a exposição dos operários.
RIMA/C - 20
2 - O PORTO DE SUAPE COMO ALTERNATIVA LOCACIONAL
RIMA/C - 21
abertura de um leque de oferta de serviços voltados para o atendimento das
demandas geradas em SUAPE.
Esta oferta de serviços verifica-se igualmente no campo da capacitação de mão
de obra, onde a parceria entre empresa privada, prefeituras, SUAPE, entidades
federais de ensino superior, dentre outros, vem promovendo a abertura de
cursos técnicos voltados para a capacitação de mão de obra local, o que é
igualmente um ponto importante na análise de efeitos cumulativos do
empreendimento.
Diante do exposto, pode-se dizer que SUAPE possui atualmente a capacidade
de absorver este novo empreendimento, não significando isto que alguns
conflitos poderão ocorrer nos pontos onde os efeitos cumulativos são mais
importantes, como são a mão de obra e as condições de acesso ao local.
Contudo, considerando que as propostas globais do governo do estado de
dotação do porto de uma infraestrutura mais adequada deverão acontecer
conforme previsto, considera-se que estes eventuais atritos serão equacionados
com soluções que em curto prazo, deverão permitir a total inserção regional do
empreendimento ora proposto.
RIMA/C - 22
− Existência de boa infra-estrutura já desenvolvida na área industrial;
− Custos menores nos investimentos para implantação de um Estaleiro;
− Mão-de-obra disponível com custos inferiores aos grandes centros
urbanos;
− Logística e infra-estrutura favoráveis, tais como: aeroporto, ferrovia e porto
comercial próximo ao Estaleiro, bem como, disponibilidade de energia e
de fornecimento de água;
− A mentalidade marítima verificada na região, propiciando o melhor
desenvolvimento de atividades ligadas à navegação e ao setor náutico;
− Região favorável para o acesso de embarcações de médio e grande porte;
− Disponibilidade de Universidades, Escolas Técnicas e de formação
profissional;
− Disponibilidade de área abrigada com possibilidade de acesso marítimo
de bom calado;
− A região Nordeste do Brasil possui incentivo fiscal do Governo Federal
para investimentos através dos projetos SUDENE (benefício fiscal no
Imposto de Renda).
RIMA/C - 24
3 - CONHECENDO A ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
BOX 1.6
Quiçá no exista no Estado de Pernambuco um local mais estudado que o Porto de
SUAPE. Com efeito, desde o ano de 2000 quando foram realizados os estudos para
elaboração do EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do CIPS, onde participaram
mais de 30 consultores de diversas especialidades, vem sendo desenvolvidos ano trás
ano estudos de impacto para implantação de empreendimentos em SUAPE.
Este conhecimento prévio e amplo da área de implantação, é uma garantia adicional
que não se terá nenhum aspecto importante que não seja considerado no diagnóstico.
RIMA/C - 25
Os pontos de levantamento e amostragem utilizados estão apresentados na
Figura a seguir:
RIMA/C - 26
oceânico do CIPS, muito embora os impactos possam estar restritos à área
portuária.
A Área de Influencia Indireta (AII) físico – biótica foi definida como sendo o limite
do CIPS, enquanto que para o meio socioeconômico considerou-se que os
impactos do empreendimento positivos principalmente devem-se refletir
nos municípios do entorno, tendo sido considerados os municípios de Cabo,
Ipojuca, Escada, Jaboatão, Moreno, Sirinhaém e Rio Formoso.
BOX 1.7
As áreas de influência correspondem a aquelas que poderão ser impactadas de forma
positiva ou negativa, com a implantação ou operação do empreendimento. A área de
implantação corresponde à ÁDA (Área Diretamente Afetada), depois vem a AID (Área
de Influência Direta) na qual o diagnóstico é feito com base em estudos diretos de
campo, e finalmente, vem a Área de Influência Indireta (AII) na qual os impactos
acontecem com menor intensidade, e onde as pesquisas se desenvolvem
principalmente através da consulta de documentos existentes.
RIMA/C - 27
Porto do Recife são fornecidas pela DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação
- Marinha do Brasil).
BOX 1.8
Mesomaré – Maré que apresenta amplitude (diferença entre a maré cheia e a seca)
entre 2 e 4m.
Maré de Sizígia – Maré de grande amplitude, influenciada pelo alinhamento do sol e
a lua em relação á terra.
Maré de Quadratura - Maré de pequena amplitude, que se segue ao dia de quarto
crescente ou minguante.
RIMA/C - 28
mais superficial (primeiro metro) em resposta ao ciclo diurno de insolação e ao
grau de participação na mistura das águas da drenagem continental.
Nas sete estações amostradas, a salinidade das águas apresentou-se elevada,
com valores médios de 36,1 e variáveis de 2,0 a 39,1 (camada mais superficial)
e mais freqüentemente (abaixo de 1 m de profundidade) entre 35 e 36. Os
registros de salinidade obtidos indicam um domínio das águas marinhas na área,
que apresentam tipicamente salinidades de 35-37 e a restrição da influência da
baixa descarga fluvial do período de estiagem ao primeiro metro da coluna
d’água.
Os sensores de retroespalhamento ótico (OBS) são mini nefelometros capazes
de medir a quantidade de radiação infravermelha retroespalhada pelas
partículas presentes na coluna d’água. Sendo assim, a leitura do aparelho é um
indicativo da quantidade de partículas na água, que por sua vez se relaciona
com a turbidez.
Os valores de OBS medidos em toda a área e ao longo da coluna d’água foram
sempre extremamente reduzidos, variando de 2 a 10 unidades, valores
comparáveis aos encontrados em marinhas claras. Na camada mais superficial
(primeiros 1-2 metro), no entanto, as concentrações de partículas em suspensão
foram mais elevadas, com valores de OBS de 10-200 unidades, mas bastante
inferiores aos valores de 200-800 unidades, relatados para águas superficiais do
Rio Ipojuca (MULTICONSULTORIA, 2004).
Os baixos valores da capacidade retroespalhamento ótico encontradas nos
levantamentos realizados no período de estiagem, confirmam igualmente o
maior domínio das águas marinhas e o baixo aporte de sedimentos carreados
pelos Rios Massangana e Tatuoca naquele período. Valores relativamente
reduzidos, também próximos ao fundo, indicam baixa capacidade de
ressuspensão do material de fundo, mesmo durante os estágios de maior
dinâmica (enchente e vazante).
Em termos de parâmetros de qualidade d’água, destaca-se que nas sete
estações amostrais, os valores do pH mantiveram-se na faixa alcalina, variando
entre 7,6 e 8,0 durante a baixa-mar e entre 7,0 e 8,0, durante a preamar,
quando é maior a influência das águas marinhas. Já os teores de oxigênio
dissolvido, medidos nas estações 1 a 7, oscilaram entre 2,8 mL.L-1 e 4,3 mL.L-1,
durante a baixa-mar, e entre 4,3 e 4,9 mL.L-1, durante a preamar, indicando um
certo nível de depleção nas águas do Rio Massangana (estações 1 a 4) e
valores mais próximos aos de saturação nas estações 5 a 7 que recebem maior
influencia marinha.
Os valores da demanda bioquímica de oxigênio para a área de estudo foram
relativamente reduzidos e variaram, ao longo do ciclo das marés entre 0,2 e 1,1
mL.L-1. A concentração de coliformes totais e fecais nas águas superficiais às
estações 1 a 7, foi reduzida, com valores sempre iguais ou inferiores a 20
NMP/100mL, indicando um baixo nível de contaminação por esgoto.
RIMA/C - 29
Já em termos de correntes marinhas na área de estudo, os resultados obtidos
para as medições efetuadas nas camadas superficiais e de fundo (Figura 8), são
apresentados sob forma vetorial, onde a direção da corrente é referida ao norte
verdadeiro e a intensidade da corrente, proporcional ao comprimento das setas.
RIMA/C - 30
Representação polar da intensidade e direção das correntes à superfície e no
Figura 8 – fundo no entorno da área de instalação do Estaleiro PROMAR S.A
Sedimentologia
As características granulométricas dos sedimentos existentes no entorno da
área do empreendimento foram determinadas das amostras coletadas em quatro
(4) pontos do Estuário conforme se mostra na Figura 7.
RIMA/C - 31
Os resultados obtidos mostram que a camada mais superficial (0-15cm) dos
sedimentos ativos do estuário dos rios Massagana e Tatuoca tem predominância
de sedimentos lamasos, enquanto em que a fração areia aumento com a
profundidade, conforme se mostra no quadro a seguir:
RIMA/C - 32
através de termômetro comum com escala de -20 até 60˚C, salinidade através
de um refratômetro manual da Atago com escala de 0 a 100‰ e transparência
da água pelo uso do disco de Secchi, seguro por um cabo graduado em cm.
Os organismos do macrobentos foram identificados e devidamente registrados in
situ ao longo do percurso entre os pontos de amostragem e ainda a partir de
uma prospecção na Ilha de Cocaia e na margem esquerda do Rio Massangana
próximo à foz.
BOX 1.9
Fitoplâncton – Organismos vegetais, de vida livre, em geral microscópicos que
flutuam no corpo de águas marinhas, ou doces, sendo os grandes responsáveis
pela produção primária em ambiente marinho.
Zooplâncton - Conjunto de animais suspensos (flutuadores) ou que nadam na
coluna de água, em geral microscópicos, com pequena capacidade de locomoção.
Bentos – Conjunto de organismos microscópicos que habita nos sedimentos do
fundo marinho.
Clorofila – Grupo de pigmentos presentes nas plantas que lhes confere a cor verde.
É a molécula responsável pela conversão da energia luminosa em energia química,
dentro do processo de fotossíntese.
RIMA/C - 33
identificados considerados potenciais causadores de blooms tóxicos estão:
Tricodesmium erytraeum, T. thiebautii, Dinophysis caudata, Pseudonitzschia
pungens. A presença de euglena sp. nas amostras é um indicativo de
eutrofização, uma vez que as espécies desse gênero são encontradas em locais
onde há alta concentração de matéria orgânica.
Quantitativamente, ficou evidente o impacto que as dragagens exercem no
desenvolvimento dos produtores primários na área do ponto 2. Neste local, tanto
na baixa-mar quanto na preamar, a riqueza de espécies identificadas foi inferior
aos demais pontos (Figura 9).
34
N° de Espécies identificadas
32
30
28
26
24
22
20
18
16
14
12
P1BM P2BM P3BM P4BM P1PM P2PM P3PM P4PM
Ponto de Coleta/Maré
RIMA/C - 34
Resultado das medições de dados abióticos e clorofila a coletados na área
Quadro 7 – estuarina do Rio Massangana e entorno das Ilhas de Tatuoca e Cocaia em
abril de 2010.
Data Hora Local Prof. (m) Secchi Temp. Salin. Maré Clorofila a
-3
(m) (ºC) (‰) (mg.m )
01/04/10 09:25 P1 4,00 1,10 29,50 36,00 BM 1,77
01/04/10 10:00 P2 2,00 0,55 30,00 36,00 BM 1,28
01/04/10 10:35 P3 7,50 0,90 30,00 32,00 BM 1,74
01/04/10 11:10 P4 7,50 0,70 30,00 32,00 BM 3,40
RIMA/C - 35
Foto 3 – Algas rodofíceas (Bostrychia spp) associadas a pneumatóforos de Laguncularia
racemosa na área estuarina do Rio Massangana.
RIMA/C - 36
Os prados de angiospermas são considerados, dentre os ecossistemas
marinhos, um dos mais produtivos, beneficiando significativamente à
produtividade de áreas costeiras, tanto em águas temperadas como em
tropicais. A área da Baía de Suape é conhecida pelos vastos prados de
fanerógamas Halodule wrightii (capim agulha ou grama marinha). Tais
concentrações de H. wrightii foram observadas ao largo de toda a baía, porém
em maior concentração na área marginal da Ilha de Cocaia com mais ao norte
da região, próximo à Praia de Paraíso.
Crustáceos e moluscos
Nos quatro pontos analisados na área estuarina do CIPS percebe-se uma
diferença espacial na distribuição das espécies de crustáceos em termos
quantitativos e específicos. Nas áreas de maior influência marinha foi registrada
a presença dos siris Callinectes danae e Callinectes larvatus, e marinha farinha
(Ocypode quadrata). Nesta região também foram notados várias tocas de
decápodos. A espécie Uca leptodactyla foi registrada na areia nos lugares
ensolarados e secos. Já as espécies Uca burguesi, U. maracoani, e U. thayeri,
conhecidas como chama-maré, foram mais notadas onde o sedimento é lamoso
(Foto 6).
Nos ambientes mais internos do rio Massangana foram identificados espécies de
crustáceos de grande valor econômico, como Ucides cordatus (caranguejo-uçá),
Goniopsis cruentata (aratu-do-mangue) e Cardisoma guanhumi (guaiamum).
Algumas destas espécies preferem ambientes com condições particulares, o que
permite utilizá-las como bioindicadoras.
RIMA/C - 37
Nas raízes, caules e ramos de árvores de mangue foi possível detectar a
presença fixa de alguns cirrípedes (cracas), organismos de importância
ecológica e filtradores como o gênero Balanus spp, Chthamalus spp, Euraphia
sp.
Dentre os camarões, as espécies Macrobrachium acanthurus (pitu) M. carcinus,
Palaemon northropi, Palaemon pandaliformis, Penaeus brasiliensis (camarão-
rosa) e Penaeus schmitti são citadas em trabalhos anteriores como presentes na
área. De acordo com informações colhidas informalmente com pescadores
locais, a pesca de camarão na região é hoje bastante reduzida, apontada pelos
próprios pescadores como reflexo das alterações ambientais do Porto e
sobrepesca.
Nos ambientes com salinidade marinha e mesohalina, Baía de Suape e estuário
do Massangana, podem ser encontrados exemplares juvenis de camarões
(predominantemente Penaeus spp), indicando o uso destes locais como áreas
de berçários.
RIMA/C - 38
Foto 7 – Moluscos (Neritina virginea e Littorina angulifera) identificados na AID do empreendimento,
em abril de 2010.
Foto 8 – Ostras e cracas colonizando raízes de Rhizophora mangle na margem esquerda do Rio
Massangana, em abril de 2010.
RIMA/C - 39
pesca dedicando-se a outras atividades como agricultura e turismo. A verdade é
que a movimentação nas praias e nas águas e as informações colhidas junto
aos pescadores locais indicam que o contingente pode ser menor. Essa
possibilidade é reforçada pelo fato de que o defeso da lagosta protege apenas
14 pescadores em todo o Município do Cabo.
A produção local, como mencionado anteriormente, apóia-se nas capturas de
moluscos (ostra, sururu, mariscão e marisquinho), de crustáceos (caranguejos,
siris, aratus, guaiamu) e de peixes (tainha e agulha basicamente), sendo que as
pesquisas desenvolvidas pela equipe resultaram no seguinte perfil da pesca
local
MARISQUINHO
O catador do marisquinho opera nos bancos de areia que se põem à descoberto
nas baixa-mares (Foto 9). O esforço de captura direcionado para este e os
demais moluscos é pequeno não se conseguindo listar 15 chefes (líderes de
grupos de 3 ou quatro pessoas geralmente de uma mesma família) operando
nos bancos da área de SUAPE. Nesta faina utilizam canoa, balde, puçá e gálea.
Com base nas operações de catadores acompanhadas pela equipe do EIA, nos
meses de abril/maio, estimou-se a produtividade atual de Marisquinho com 15
pescarias/mês o que representa uma produção média de 75kg de carne do
molusco/mês.
RIMA/C - 40
MARISCÃO
O mariscão, também chamado de lambreta, é um molusco de maior valor de
venda no mercado local. Em uma jornada de trabalho pode-se obter 10 litros de
mariscão que é vendido inteiro a R$4,00 (quatro reais) e R$5,00 (cinco reais) o
litro. O litro local é a metade da cuia de queijo do reino.
SURURU
É coletado na lama na baixa-mar, no interior do mangue. A produção observada
correspondeu a uma jornada de 4 horas, das 9h às 13h, de duas pessoas e
rendeu 20kg quilos brutos que resultou em 2kg de carne que foram vendidos a
R$13,00 (treze reais) o quilo. A atividade depende dos pedidos dos clientes, pois
se não há a quem entregar imediatamente, perde-se o produto.
CARANGUEJO
Praticamente só pescam caranguejo na área de SUAPE durante as “andadas”
do crustáceo. São muito poucas as pessoas que penetram o mangue para tirar
caranguejos nos buracos onde se abrigam. Em áreas isoladas da região
encontram-se pessoas dedicadas a esse affair. É o caso de Tiriri de Dentro,
comunidade ao lado do “Mangue da Diamar” no qual algumas pessoas dedicam-
se à tira não apenas de caranguejos, mas também de guaiamuns, siris, sururus.
Pesca-se também com “laço” que é um saco desfiado que emaranha o
caranguejo ao sair do buraco. Antigo pescador descreve que antigamente se
pescava caranguejos onde agora está o Porto de SUAPE e em Cocaia.
Hoje a pesca é praticamente só no Tiriri, na Ilha Mercês ao lado do porto. A
jornada de pesca vai da quarta até sexta-feira ou sábado, quando levam as
“cordas” para a feira do Cabo no mercado público. A produção nas segundas e
terças-feiras não consegue compradores correndo o risco de ser perdida. Neste
ano já ocorreram três andadas de caranguejos. Na primeira andada o
entrevistado capturou 110 caranguejos em jornada de seis horas, na segunda
andada, 90-100 caranguejos sempre no Mangue da Diamar. O mangue do Rio
Massangana possibilita a pesca de mariscão, caranguejo, aratu, siri e
guaiamum.
SIRIS
O siri é capturado na maré vazante com gancho que é uma forquilha obtida de
galhos de embiriba ou de mangue canoé. Também se usam covos iscados com
tripa de peixe ou com caranguejo morto. Às vezes o pescador percorre três
manguezais para conseguir uma baixa captura representada por 3-5
exemplares. Quando a produção é boa, consegue-se 30 siris e nesta época vêm
pessoas do Cabo pescar siri e caranguejo, levando na volta até dois sacos dos
crustáceos no quadro das bicicletas.
RIMA/C - 41
GUAIAMUNS
Abrigam-se em buracos cavados na parte alta do mangue, no limite com a terra
firme. São capturados com armadilhas denominadas “ratoeiras” em vista da
semelhança do funcionamento com as verdadeiras ratoeiras. Preferem a Ilha de
Cocaia para captura de guaiamuns quando uma pessoa conduz 20-30 ratoeiras
pegando 20-30 guaiamuns.
OSTRAS
Os ostreiros trabalham no mangue. Aí as partes inferiores dos caules das
árvores emergem nas baixa-mares permitindo o descolamento das ostras com
auxilio de facões (Foto 10).
PEIXES
As principais espécies variam segundo o local de pesca e o apetrecho
empregado:
No Rio Massangana usa-se rede de emalhe, com a qual se pesca uma grande
variedade de espécies: camurim (robalo, Centropomus spp.), arraias, bagres,
carapeba (Diapterus spp.), caranha (Lutjanus griseus), carapitanga (Lutjanus
spp.), baúna (dentão jovem, Lutjanus jocu), sauna (tainha jovem, Mugil spp.),
mero (Epinephelus itaiara, é devolvido à água, está proibida sua captura por
estar em perigo).
Empregam rede de seda (gill net) com malhas de 20-30 mm, que eles mesmos
fazem a mão. São redes de 18 a 40 metros de comprimento e 2 metros de
altura, usam redes continuas alcançando até 700 metros de comprimento,
segundo o local de pesca. Pescam 8 pescadores juntos, todos vão de canoa a
remo. A pescaria dura 24 horas obtendo produções de 40-50 kg em cada saída
de espécies misturadas, sendo realizadas 3 pescarias por semana.
Também ocorre este tipo de pescaria realizada por pescadores individuais da
Ilha de Tatuoca, obtendo produções de 10-15 kg por pessoa, em 24 horas de
pesca. A produção neste caso é maior, pois os pescadores mais experientes
realizam duas coletas, uma às 10 pm e outra ao retirar o apetrecho para obter
uma melhor qualidade da carne.
A venda da produção se realiza na feira de Cabo ou Gaibu, ou no barzinho de
Tatuoca, aos trabalhadores do Estaleiro ou a turistas. Os preços variam segundo
a espécie e o tamanho, sendo as melhor pagas: camorim, R$15,00 (quinze
reais); carapeba, R$15,00 (quinze reais); tainha, R$8,00 (oito reais) e as mais
baratas: carapitanga, R$4,00 (quatro reais); baúna, R$4,00 (quatro reais);
sauna, R$4,00 (quatro reais) o quilo.
RIMA/C - 42
duas pessoas, sendo uma quem rema a jangada e outra que lança a rede à
água. O pescador lança a rede quando observa peixes passando perto da
embarcação. A pescaria dura aproximadamente 5 horas, na maré baixa-
enchente, obtendo produções de 6 kg, porém dependendo em grande medida
do vento. A captura é vendida na feira de Cabo, no mercadão, no dia sábado.
Um total de 20 kg de peixe inteiro rende R$150,00 (cento e cinqüenta reais) ao
grupo de pescadores.
Baía de SUAPE, perto do arrecife, obtêm-se tainha, carapeba, peixe gato
(família Serranidae), cambuba (Haemulon flavolineatum), carapau (garajuba,
Caranx chrysos), canguitos (gordinho, Prepilus paru), dentão, salema.
Esta pesca, como a da agulha, é feita com rede de cerco cuja operação
geralmente requer duas pessoas uma que conduz a canoa com a rede e outra
que lança a rede à água. Ao cercar o cardume, batem com varas ou remos no
centro da rede quando os peixes em fuga são emalhados no pano da rede. As
duas últimas pescarias registradas foram realizadas, respectivamente, entre 11-
16 horas e entre 8-12 horas obtendo produções de 4,0 e 4,5kg. Especificamente,
para a pesca de tainha emprega-se a rede tainheira, com malhas de 35mm e a
depender das condições dos pescadores o seu comprimento oscila em torno de
300 metros. O cerco ao cardume é feito com duas canoas. Juntamente com a
tainha, ocorrem espécies acompanhantes como sauna, camorim e serra.
Foto 10 – (a) Pesca com tarrafa em jangada no canal de navegação de Tatuoca. (b) Pesca
de tainha com covo (armadilha) na Baía de SUAPE e mar de fora. (c) Tarrafa secando-se
no porão da casa.
No mar de fora pesca-se com rede e covo. Com rede obtêm-se biquara
(Haemulon spp.), serra (Scomberomorus brasiliensis), garajuba, chicharro
RIMA/C - 43
(Trachurus lathami) e bonito (família Scombridae). Com covo pesca-se
saramunete (Pseudupeneus maculatus), xira (Haemulon spp.), ariacó (Lutjanus
synagris), biquara, macaça.
Em SUAPE, muitos pescam no “mar de fora”, principalmente, além do Recife
que limita a Baía de SUAPE, com embarcações de motor e 3-4 pessoas por
barco. Geralmente a pescaria dura 12 horas, mas às vezes podem ficar no mar
por até 3 ou 5 dias. As capturas vendem-se em barzinhos da Praia de SUAPE,
na feira de Cabo o Gaibu ou na peixaria de Neném na Praia de SUAPE. A
produção varia entre 50-200 kg/saída.
Segundo observações in situ, os peixes são geralmente de pequeno porte. Das
capturas observadas, os maiores foram as arraias, carapebas, e salemas.
Segundo os depoimentos dos pescadores, os bagres e tainhas são também os
peixes de maior tamanho obtidos.
RIMA/C - 44
Modificação da composição do sedimento, sendo cada vez mais fino, o
que prejudica os bancos de mariscos. Mariscão não é mais encontrado.
Mais pescadores que há vários anos atrás.
Desmatamento dos manguezais para construção e expansão do Estaleiro
Atlântico Sul.
RIMA/C - 45
Manilkara salzmannii (A.DC.) H.J.Lam (maçaranduba), com aproximadamente
9,0m de altura. A maçaranduba, pertence à família das Sapotaceae, se
apresentando como espécie abundante em alguns estudos sobre a floresta
Atlântica do Estado de Pernambuco, possuindo grande valor comercial (SILVA-
JÚNIOR et al., 2008; PESSOA et al., 2009). Nas proximidades do Bar do Biu, a
típica paisagem praieira é dominada por Annacardium occidentale (cajueiro) e
Cocus nucifera (coqueiro).
RIMA/C - 46
Figura 10 – Cobertura vegetal na área de implantação do estaleiro
RIMA/C - 47
Riqueza de espécies por hábito de crescimento nas duas áreas
Figura 11 –
pesquisadas na ADA
25
Número de espécies
20
15
10
ra
ta
o
o
va
re
ta
st
st
ífi
i
re
vo
de
er
bu
bu
ep
vo
ár
pa
ar
ar
ar
tre
b-
o/
su
st
bu
ar
Fonte: Levantamento de Campo
RIMA/C - 48
QUADRO 8 – Espécies vegetais observadas na ADA do Empreendimento
Hábito de
Família Espécie Nome vulgar Obs¹
crescimento
Lauraceae Ocotea sp. louro C árvore
Chamaecrista rotundifolia (Pers.)
R sub-arbusto
Leguminosae Greene
Caesalpinioideae Senna macranthera (DC. ex
canafistula R arbusto
Collad.) H.S. Irwin & Barneby
Leguminosae
Inga laurina (Sw.) Willd. ingá R árvore
Mimosoideae
Aeschynomene evenia C. Wright R erva
Andira nitida Mart. ex Benth. angelim C árvore
Crotalaria retusa L. R sub-arbusto
Desmodium barbatum (L.) Benth. R erva
Desmodium incanum DC. R erva
Leguminosae Dioclea sp R trepadeira
Papilionoideae Indigofera microcarpa Desv. R sub-arbusto
Indigofera spicata Forssk. R sub-arbusto
Macroptilium lathyroides (L.) Urb. R erva
Rhynchosia mínima (L.) DC. R trepadeira
Stylosanthes guianensis (Aubl.)
R sub-arbusto
Sw.
Lygodiaceae Lygodium sp R erva
Malpighiaceae Stigmaphyllon paralias A.Juss. R sub-arbusto
Malvaceae Pavonia cancellata (L.) Cav. R erva
Sida ciliaris L. R erva
Maranthaceae Calathea sp R erva
Melastomataceae Miconia albicans (Sw.) Steud. canela de velho R arbusto
Myrtaceae Myrcia bergiana O.Berg. cambuí C arbusto
Myrcia guianensis (Aubl.) DC. C arbusto
Psidium guajava L. goiaba R árvore
Nyctaginaceae Guapira sp maria-mole C arbusto
Ouratea sp1 R árvore
Ochnaceae
Ouratea sp2 R arbusto
Catasetum sp R epífita
Orchidaceae orquídea
Vanilla sp R trepadeira
baunilha
Passifloraceae Passiflora sp C trepadeira
Polygonaceae Coccoloba sp cauaçu R árvore
Avena sp R erva
Cenchrus echinatus L. R erva
Chloris barbata Sw. R erva
Poaceae
Dactyloctenium aegyptium (L.)
R erva
Beauv.
Echinochloa sp R erva
Pteridaceae Pteridium aquilinum (l.) Kuhn R erva
Sapindaceae Matayba sp. C árvore
Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J.
Sapotaceae maçaran-duba R árvore
Lam
Solanaceae Solanum paniculatum L. jurubeba R arbusto
Sterculiaceae Waltheria indica L. R sub-arbusto
Rubiaceae Chioccoca sp. C arbusto
Turneraceae Turnera subulata Sm. chanana R sub-arbusto
Verbenaceae Aegiphila sp papagaio R arbusto
Stachytarpheta elatior Schrad. ex
R sub-arbusto
Schult.
Observação 1: R= Espécie reconhecidas em campo, a partir de material botânico fértil ou não; C=
Espécie coletada e depositado no Herbário Sérgio Tavares da UFRPE (HST).
RIMA/C - 49
Na parte sudeste da Ilha, mais para o interior, foram observados, além de
Manilkara salzmannii (A.DC.) H.J.Lam, indivíduos emergentes de Tapirira
guianensis Aubl. (pau pombo), Byrsonima sericea DC (murici), Cupania
revoluta Radlk (caboatã de rego), Cocos nucifera L. (coqueiro), Schinus
terebinthifolius Raddi (aroeira da praia),
Buchenavia capitata Eichl., Cereus fernambucensis Lem., além de Vismia sp.,
Guatteria sp., Psychotria sp., várias Lauraceae (espécies predominantes) e de
Manihot sp.(maniçoba, espécie, segundo os moradores, introduzida na ilha). As
árvores apresentam altura média de 5m, observando-se um estrato herbáceo-
arbustivo aberto, presença de serrapilheira e regeneração natural. A presença
da Manihot na área e em outros pontos, segundo uma moradora, comprova a
existência de roça há algum tempo atrás. Trata-se, pois, de vegetação
secundária em estágio processo de regeneração.
Em direção à porção central da ilha, a composição florística da vegetação
mantém-se sem variações, acrescentando-se indivíduos esparsos de Cereus
fernambucensis Lem., conhecida vulgarmente como cardeiro; Anacardium
occidentale L., cajueiro; Andira nitida Mart. ex Benth., angelim; Pithecolobium
avaremotemo Mart., espécies comuns em todos os locais da ilha, além de Clusia
sp., Coccoloba sp., Cecropia sp., Tabebuia sp., e espécies das famílias
Myrtaceae e Nyctaginaceae, muito comuns em todos os ambientes visitados. O
porte das árvores é maior do que o observado nas áreas mais à praia, com
indivíduos com mais de 8m de altura, sendo observada em vários trechos a
presença de pteridófitas formando o sub-bosque herbáceo. Além disso, há um
adensamento no estrato arbustivo e aumenta a espessura de serrapilheira e a
quantidade de indivíduos jovens na regeneração natural.
Intercalando-se às formações arbóreas e arbustivas arbóreas, encontram-se
áreas com vegetação rasteira, como o situado nas proximidades da praia,
nomeada pelos moradores locais como “salinas”. As áreas de salinas são
periodicamente inundadas pelo mar e contam apenas com vegetação herbácea,
tendo sido registrada a presença de Conocarpus erectus L. (mangue de botão).
Foto 14 – Frutificação de Conocarpus erectus (mangue de botão) em área de salinas, na Ilha de Tatuoca,
Suape, Pernambuco.
RIMA/C - 50
OS PRINCIPAIS ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA AID
Foto 15 – (Esq.) Escola Municipal Santo André, na Ilha de Tatuoca. (Dir.) Casa de morador da Ilha de
Tatuoca (área próxima à Escola).
RIMA/C - 51
Atualmente, alguns moradores de Tatuoca trabalham em empresas instaladas
no CIPS, embora a absorção desses trabalhadores encontre obstáculos devido
ao baixo nível de qualificação da mão de obra. Na composição da renda dessas
famílias, vale ressaltar a importância de programas do Governo, como o Bolsa
Família.
Segundo pessoas entrevistadas na localidade, as maiores dificuldades dizem
respeito às alternativas de locomoção e ao acesso à água potável. Depois da
construção do Estaleiro Atlântico Sul, houve a interceptação de caminhos
tradicionalmente utilizados pela população, ao que se somam as restrições, por
motivo de segurança, quanto à circulação de pessoas e veículos nos espaços
utilizados pela referida Empresa. Lembrou um morador da área que havia uma
estrada, construída pela comunidade, indo das casas próximas à praia até a
Escola de Tatuoca, permitindo a fácil locomoção das pessoas dentro da ilha.
Com a interdição de alguns trechos dessa estrada, só é possível chegar às
referidas casas passando-se por dentro do terreno do Estaleiro, situação que
tem prejudicado, de acordo com entrevistados, os alunos que freqüentam a
escola.
A diversidade de tipologias de edificações existentes na Ilha de Tatuoca pode
ser visualizada na sequência de fotografias a seguir apresentadas:
RIMA/C - 52
identificados vestígios, tanto pela equipe do EIA, como por trabalhos anteriores
de SUAPE.
BOX 1.10
Nas vistorias de superfície realizadas na área de implantação do empreendimento não
foi identificado nenhum vestígio arqueológico. Contudo, deve-se ressaltar que durante
a consulta de documentos realizada pela equipe, foi identificado que dentro da AID
existe uma proposta de tombamento Federal que vem desde o ano de 1973 (Processo
N° 875-T-73) e cujo perímetro abrange parte das ilh as de Cocaia e Tatuoca, sendo
então imperioso que se tomem todos os cuidados necessários para identificação e
salvamento de eventuais vestígios existentes na área;
RIMA/C - 53
4 - AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
BOX 1.11
No Estudo de Impacto Ambiental EIA/RIMA para Ampliação e Modernização do Porto
de SUAPE realizado no Ano de 2000, foi estudado o cenário de urbanização total das
ilhas de Tatuoca e Cocaia. Na época, foram estudados os impactos desta alternativa,
vem como suas medidas mitigadoras e compensadoras, sendo os estudos
abrangentes a toda a zona portuária, incluindo os 87 hectares propostos pela
PROMAR para implantação do Estaleiro.
Nesse sentido, destaca-se que o fato de já terem sido analisados os impactos
decorrentes da urbanização da área notadamente os impactos da implantação , é
o que lhe confere a este estudo o caráter de complementar
Nesse sentido, fica claro que o PDZ de 2010 não representa uma nova proposta,
mas o detalhamento de um layout conceitual cujos impactos na implantação já
foram analisados com base na delimitação física da ocupação da área, prevendo
a máxima ocupação.
Os layouts conceituais geralmente apresentam a situação mais desfavorável em
termos de impacto ambiental, e no caso de SUAPE considera-se que a situação
não foi diferente. Esta observação se sustenta quando se comparam as duas
propostas, a conceitual do ano 2000 e a real do PDZ, e se observa que, em
termos de supressão de vegetação as duas propostas são quase equivalentes,
uma vez que o PDZ ocupa mais áreas ao oeste do Riacho da Cana, mas em
compensação o layout conceitual prevê a travessia dessas áreas com sistema
ferroviário e rodoviário, o que resultará no aterramento de áreas e na
fragmentação dos remanescentes vegetais de mangue e restinga. Contudo, a
1
EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE (2000).
RIMA/C - 54
principal mudança introduzida no PDZ e que minimiza em grande medida o
conjunto de impactos ambientais, refere-se notadamente à possibilidade de
restringir todas as obras sobre a bacia do Rio Tatuoca 2 , livrando o Rio
Massangana de alguns impactos muito severos, como a dragagem, a alteração
das margens e a navegação permanente de navios de grande porte na sua
calha.
Com efeito, a nova proposta deixa de lado o conceito de anel de navegação em
torno dos Rios Tatuoca, Massangana e da Cana, para uma proposta em tripé,
baseada em canais de navegação paralelos, todos restritos à bacia do Rio
Tatuoca. Esta nova formação permite atender uma das principais
recomendações do EIA, no sentido de preservar uma faixa de mangue de 100m
na margem do Massangana, o que seria impossível de se ter mantido o arranjo
original.
Na nova proposta, continua sendo muito válida a evocação do princípio da
“precaução”, que ficava clara no EIA de 2000 e que, de certa forma, foi atendida
por SUAPE, uma vez que de 2000 para cá não houve nenhum antecedente de
desmatamento no CIPS para efeitos de urbanização da ZIP.
0 1km 2km
A revisão efetuada sobre o EIA/RIMA de 2000 deixa claro que, na época, foram
analisados basicamente os impactos decorrentes da implantação das obras
2
O que de certa forma representa o atendimento, em caráter permanente, da recomendação do EIA de
2000, que se referia a um traçado alternativo, mesmo que considerado na época como uma etapa
intermediária previa à ocupação total.
RIMA/C - 55
macro, sendo que no conjunto global se insere também a área de 97,0 hectares
destinada ao Estaleiro PROMAR S.A.
Essa previsão de impactos continua sendo válida, ao igual que as medidas
compensatórias que foram definidas na época, uma vez que a responsabilidade
pela geração dos referidos impactos continua sendo do Porto de SUAPE. Sendo
assim, a identificação dos impactos para o projeto em análise estará restrita a
aqueles de abrangência local, referentes especificamente às obras de
construção civil propriamente ditas, que em conjunto, resultam ser pouco
expressivos quando comparados com aqueles resultantes das ações de
supressão de vegetação, dragagem e aterramento da área, podendo incluir
inclusive o remanejamento de população.
Já na análise de Fase de Operação, a situação é um pouco diferente, uma vez
que o EIA de 2000 esteve restrito quase que completamente à fase de
implantação das obras de ampliação e de modernização, sem se aprofundar na
fase posterior de operação. Isto porque na época não se conhecia a vocação
industrial que resultaria da ocupação do porto, o que já hoje é conhecido.
Por outro lado, a avaliação ambiental do Empreendimento deve ser inserida
dentro do contexto que se vivencia atualmente no Porto de SUAPE, e nos
próximos 5 anos como mínimo, com previsão de grandes investimentos e
profunda transformações ambientais, começando pela expectativa de
implantação de um cluster naval na Ilha de Tatuoca, a implantação da Refinaria
Abreu e Lima e ampliação da capacidade de recebimento de contêineres do
porto.
RIMA/C - 56
Figura 13 – Superposição de obras durante o período 2011 – 2013 na ZIP de SUAPE.
Nota: A figura acima foi construída pela equipe do EIA, com base no nível de avanço dos
licenciamentos e processos licitatórios dos diversos empreendimentos, mas não necessariamente
corresponde ao planejamento de SUAPE para implantação das obras que, outrossim, não estava
definido à data de encerramento deste estudo, conforme informações da Empresa SUAPE.
RIMA/C - 57
COMO FORAM IDENTIFICADOS OS IMPACTOS MAIS RELEVANTES DO
EMPREENDIMENTO ?
RIMA/C - 58
QUAIS FORAM OS RESULTADOS OBTIDOS ? QUAIS OS PRINCIPAIS
IMPACTOS AMBIENTAIS ?
BOX 1.12
É importante destacar um aspecto fundamental para o bom entendimento do processo.
O balanço algébrico entre impactos Positivos e Negativos não determina por si só a
conveniência ou não de implantar um determinado projeto, nem sequer é um bom
indicador na hora de basear uma decisão.
O ditame final é um processo complexo de ponderação, onde devem ser analisados
globalmente todos os documentos do processo, incluindo o projeto e o EIA, com a
intervenção do Órgão Fiscalizador, a Equipe do EIA, o Empreendedor e a População
Civil, entre outras ferramentas dos estudos de EIA/RIMA.
Essa troca só será justa se a equação de fato for uma igualdade, ou seja, não é
suficiente gerar benefícios sociais, tem que ser simultaneamente atendidas as
medidas de compensação e mitigação propostas, o que infelizmente não vem
acontecendo em SUAPE, e em geral no Brasil e no mundo.
A Figura 14, a seguir, ilustra graficamente a distribuição de impactos na escala
de importância definida para o estudo. Observa-se que três (3) dos 33 impactos
(9,0%) foram considerados como de importância MUITO ALTA, e seis deles de
importância ALTA (18,18%). A grande maioria (23 impactos) foram considerados
com importância MODERADA (39,39%) a BAIXA (30,30%), enquanto que só um
impacto, correspondente ao Risco de Favelização do entorno da área foi
considerado como de importância MUITO BAIXA, em função da sua
RIMA/C - 59
probabilidade remota de acontecer, tendo em vista a valorização das áreas do
entorno.
12
13
Quantidade de Impactos
10 10
Negativos
6 6
4
3
2
1
0
MUITO BAIXA BAIXA MODER. ALTA MUITO ALTA
Um aspecto muito importante de ser destacado é que a totalidade dos três (3)
impactos que foram classificados como de importância MUITO ALTA, está
associada a ações da fase de implantação sob a responsabilidade de SUAPE e
que por conseguinte, já foram contemplados no EIA/RIMA de 2000. Estes
impactos são referentes à dragagem do canal de acesso e ao remanejamento
involuntário de população da comunidade que habita a Ilha de Tatuoca, com
todas suas implicações culturais e econômicas.
Observe-se como este último impacto adquire uma relevância maior no contexto
da equação utilizada acima para exemplificar o cenário de implantação do
Empreendimento, e onde não parece justo que em se tratando de uma troca de
ativos ecológicos por benefícios sociais, a população que se usufrui atualmente
do referido ativo resulte prejudicada na sua qualidade de vida, que, igualmente,
já é precária.
O primeiro impacto ambiental considerado como de importância Muito Alta
refere-se à Dragagem do Canal de acesso. Com efeito, Para implantação do
estaleiro PROMAR será necessária uma movimentação de terra expressiva em
torno de 2.8 milhões de metros cúbicos de material dragado e 550.000m3 de
aterro para que a área do empreendimento atinja a cota +4,6m. Estes valores
porem, são substancialmente inferiores aos previstos para o cluster naval como
um todo e estimados em 35.000.000 m³.
Boa parte do material a ser escavado/dragado está constituído por areia e será
utilizado no aterro hidráulico do próprio terreno e de áreas adjacentes, enquanto
que o material mais fino e argiloso, será descartado em bota-fora oceânico.
Atividades de aterro hidráulico podem impactar o entorno aquático, resultando
em aumento da turbidez e propiciando transferência de contaminantes e
RIMA/C - 60
particulados para a coluna d’água pela suspensão e deposição de material para
o entorno estuarino, via atmosfera e/ou diretamente por escorregamento dos
taludes. Atividades de dragagem são altamente impactantes aos ambientes
estuarinos e costeiros conquanto alteram as características hidrológicas e
hidrodinâmicas e danificam a biota do meio aquático. Impactos potenciais para
o meio físico-oceanográfico estuarino marinho estão normalmente relacionados
ao aumento da turbidez, reduzindo a penetração de luz e a liberação de
materiais tóxicos, por ventura presente nos sedimentos, para a coluna d’água
pelo revolvimento do material de fundo. O descarte de material dragado no meio
aquático é com freqüência, danoso ao ambiente.
O segundo impacto ambiental considerado como de importância Muito Alta
refere-se ao Remanejamento Involuntário de população, especificamente a
transferência da colônia de pescadores que habita hoje a Ilha de Tatuoca, para o
habitacional Nova Tatuoca, localizado no vizinho município do Cabo, ainda
dentro do território de Suape. Com efeito, dados do Banco Mundial indicam que
uma média de dez milhões de pessoas são deslocadas de suas casas,
comunidades e terras involuntariamente todos os anos para dar lugar à infra-
estrutura pública. O deslocamento de pessoas é extremamente perturbador para
as comunidades, tendo-se verificado em muitos casos, o empobrecimento de
contingentes populacionais anos após seu remanejamento.
Neste caso, embora se considere que estas pessoas serão remanejadas para
um local mais adequado de moradia e com cobertura de serviços públicos,
estarão submetidas a uma grande perturbação e estresse, o que justifica a
valorização deste impacto ao nível máximo de importância do estudo,
justamente para garantir, que o processo de transferência seja feito de acordo a
um planejamento previamente definido e aprovado pelas próprias comunidades.
O terceiro impacto ambiental considerado como de importância Muito Alta, é na
verdade uma derivação do anterior. Considerou-se que a possibilidade de perda
de renda da população remanejada é um aspecto delicado a ser analisado.
Conforme as pesquisas efetuadas com alguns moradores, a comunidade
sobrevive basicamente da pesca artesanal garantida pela sua proximidade com
o mar, algumas pessoas informaram ainda trabalhar em empresas de Suape,
contudo, o perfil geral é de uma comunidade de pescadores. Assim, a
transferência desta comunidade para um outro município, com alguma restrição
de acesso ao mar, em face da distancia do conjunto Nova Tatuoca, e a
competição com os pescadores da Praia do Paiva e Gaibu, pode refletir em uma
perda considerável de renda por parte desta comunidade.
Em termos de impactos ambientais classificados como de importância ALTA,
destaca-se a supressão de vegetação de restinga como o mais importante
deles. Dentro da área destinada para o Estaleiro PROMAR, foi identificado que
31 hectares (32%) da área apresenta uma cobertura vegetal de restinga, ora
arbórea densa, ora arbustiva esparsa.
RIMA/C - 61
O lay-out do empreendimento prevê que 18 hectares (58%) dessa formação,
terá que ser suprimida na primeira etapa para dar passo à infraestrutura do
estaleiro. Destaca-se que este impacto ambiental já foi computado no EIA/RIMA
do Porto de SUAPE de 2000 e faz parte do Projeto de Lei 1496/2010 que prevê
a supressão de 691 hectares de vegetação de mangue, mata atlântica e restinga
até o ano de 2020.
O impacto foi considerado só como de importância ALTA, pois se reservou a
máxima qualificação aos processos de supressão de mangue (que não
acontecerão neste empreendimento), que rebaterão diretamente na cadeia
alimentar do estuário, o que não acontece com a supressão de restinga.
Outro impacto considerado como de importância ALTA refere-se ao aumento da
pressão sobre a infraestrutura de transportes em decorrência das mais de 2000
pessoas que trabalharão diretamente no Estaleiro diariamente, que se somarão
a visitantes e veículos de logística de abastecimento de matérias primas. Da
mesma forma, considerou-se como de importância muito alta a alteração nas
condições de comunicação hídrica entre os rios Tatuoca e Massangana, isto
porque a abertura do canal de acesso introduz uma nova condição de correntes
no estuário, que pode levar a acelerar os processos de erosão que com grande
intensidade se verificam na praia de SUAPE.
Como complementação destas informações apresenta-se na integra a matriz de
impacto do estudo.
RIMA/C - 62
QUADRO 10 - Matriz de Impacto Ambiental
RIMA/C - 63
QUADRO 10 - Matriz de Impacto Ambiental
RIMA/C - 65
QUADRO 10 - Matriz de Impacto Ambiental
RIMA/C - 66
QUADRO 10 - Matriz de Impacto Ambiental
RIMA/C - 67
QUADRO 10 - Matriz de Impacto Ambiental
RIMA/C - 68
CASO O EMPREENDIMENTO NÃO SEJA IMPLANTADO, COMO SERIA A
QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA ?
RIMA/C - 69
biótica entra com um peso mais relevante que a variável socioeconômica. No
evento de não implantação do Empreendimento, não implantação do cluster
naval e considerando que nenhum outro fato extraordinário acontecerá na área,
pode-se afirmar que esta continuará transformando-se lentamente, de forma
quase imperceptível para curtos períodos de tempo. A área de influência
prosseguiria em suas atuais tendências e, devido à estabilidade no ambiente,
ocorreria naturalmente a recomposição da vegetação de manguezal,
principalmente, nas áreas mais marginais da Ilha de Cocaia, refletindo
positivamente no aumento da produtividade primária local, no estoque pesqueiro
da área estuarina e marinha, aumentando a disponibilidade de organismos como
ostras, sururu, caranguejos, aratús e espécies de peixes que são ligados ao
estuário e ao manguezal.
Em termos de qualidade da água, a preservação do manguezal também atuará
positivamente na ciclagem de nutrientes transformando em matéria orgânica
vegetal compostos que estariam concentrados na água (nitrito, nitrato, silicato,
fostato, etc.). A não dragagem dos cursos d’água importará na preservação do
sistema fital composto por capim-agulha e macroalgas (garantindo a
continuidade do ciclo de vida de muitas outras espécies que vivem em
interdependência desses ecossistemas). A manutenção do manguezal na área
também pode representar um fator importante na retenção dos sedimentos
atuando na diminuição da turbidez da água e prevenindo a erosão costeira.
Já o cenário de Implantação do Empreendimento nos moldes previstos no
projeto e com a implantação simultânea de outras infraestruturas em um período
relativamente curto de três anos (2011 - 2013), representa a introdução de uma
perturbação no ambiente que causará inevitavelmente uma diminuição severa
da Qualidade ambiental da AID, uma vez que prevê uma transformação drástica
na paisagem com supressão de grande parcela da vegetação de mangue e
restinga do estuário dos Rios Massangana e Tatuoca.
Com a realização do Empreendimento, a supressão da vegetação e as ações de
aterro e terraplenagem eliminarão parte da vegetação de restinga da ilha de
Tatuoca, o que acarretará, por conseguinte, a eliminação de espécies da fauna
associada a esses ambientes. O aumento do material em suspensão em virtude
da movimentação de terras poderá causar o assoreamento de uma das áreas
mais produtivas do sistema lagunar da baía que são os prados de fanerógamas
marinhas. O aumento da turbidez da água poderá ainda interferir na
produtividade primária com conseqüências diretas no ciclo de nutrientes.
Uma vez as obras do PDZ sejam finalizadas e os planos ambientais, medidas
mitigadoras e compensações comecem a ser implementados, a AID começará
um processo de resilência e de aceitação da nova paisagem, aumentando
progressivamente sua Qualidade Ambiental. A partir daí e com o inicío da
operação do Estaleiro, começarão a ser verificados progressivamente todos
aqueles impactos positivos que em conjunto justificam o empreendimento.
Nesse caso, o indicador de Qualidade Ambiental vir-se-ia reformulando,
RIMA/C - 70
acompanhando a evolução dos parâmetros socioeconômicos se tornando cada
vez mais importantes em detrimento dos fatores físico–bióticos da AII cuja
relevância, no contexto geral, deverá decrescer na medida em que a área
adquire com maior celeridade uma característica de ambiente construído com
vocação industrial, o que já está determinado desde a desapropriação das terras
pela Empresa SUAPE.
Aqui mais uma vez fica claro o conceito da troca que está sendo concebido pelo
governo do Estado, no sentido de perder um ativo ecológico importante como é
uma área estuarina, por benefícios sócias e compensação ambiental, que em
teoria, devem beneficiar não só a população dos municípios abrangidos na AII,
mas todo o Estado de Pernambuco.
A figura a representa um dos cenários possíveis de qualidade ambiental da área,
onde inicialmente se produz uma diminuição brusca desta qualidade em
decorrência da supressão de mangue e restinga para implantação do cluster
naval, a qual, posteriormente, começa um processo de recuperação promovido
pelo crescimento da dimensão socioeconômica e da variável biótica em
decorrência das atividades de compensação. Conforme se observa na figura, a
dimensão biótica deve se recuperar, mas nunca chegar a retornar à situação
atual, daí a necessidade de compensação ambiental.
RIMA/C - 71
5 - O QUE FAZER PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS
IDENTIFICADOS ?
BOX 1.13
Dentre os impactos ambientais avaliados em cada empreendimento, sempre existem
os que podem ser evitados ou pelos menos minimizados, através de cuidados e ações
direcionadas para evitar sua ocorrência ou então seu efeito adverso no meio ambiente.
É o caso da geração de efluentes, por exemplo. A geração é inevitável, mas seu
despejo in natura em um curso d’água é completamente evitável através da construção
de um sistema de tratamento de efluentes. Esse tipo de impactos são denominados
como Mitigáveis e cabe ao EIA a proposição de medidas de controle, sendo inclusive
permissível a solicitação de alterações no projeto de engenharia.
Outro tipo de impactos não podem ser evitados, como por exemplo a limpeza da área
com supressão de vegetação. Nesse caso, o empreendedor deve compensar os danos
ambientais ocasionados, com o plantio de vegetação similar em outra área, por
exemplo.
Um outro grupo de impactos, notadamente os positivos, os que traem benefícios
diretos para o meio ambiente, devem ser maximizados e potencializados. É o caso da
geração de emprego no Estaleiro. Esses empregos estão disponíveis mas exigem uma
qualificação mínima por parte dos operários. Nesse caso, a maximização dos
benefícios consistiria na abertura de cursos de capacitação da mão de obra local, para
garantir que os empregos gerados sejam ocupados pela população que habita a região
do empreendimento.
RIMA/C - 72
VAMOS MITIGAR O QUE SEJA POSSIVEL !!!
RIMA/C - 73
possibilidade, o interessado seria capacitado na sua própria região, deslocando-
se só para o inicio das atividades no estaleiro.
Um segundo aspecto que poderia ser implementado como medida mitigadora
para combater ou minimizar efeitos cumulativos, refere-se à otimização do
recurso água. Os dados levantados não apontam para que este aspecto
represente um gargalho no funcionamento simultâneo de novos
empreendimentos em SUAPE, contudo, em se tratando da possibilidade de
racionalizar este valioso recurso, seria pertinente cogitar no projeto executivo do
Estaleiro, a implantação do sistema de captação de água de telhados para
atendimento da demanda de banheiros, lavagens, irrigação de áreas verdes, etc.
A região de SUAPE apresenta uma pluviometria anual próxima dos 2000 mm e,
por sua vez, o Estaleiro propõe a implantação DE enormes galpões com uma
área coberta muito expressiva de entorno de 100.000 m². Nessas condições,
observa-se que se teria uma potencialidade de captação muito significativa.
RIMA/C - 74
A relação entre os afetados e o Empreendedor deve ser a mais
transparente possível, de forma que a troca de informações além de
esclarecer as duas partes, possa também fundamentar as soluções a
serem adotadas e levar a um resultado positivo dessa ação conjunta;
Nesse sentido, é necessário que se identifique as lideranças e
organizações locais bem como seus posicionamentos e modo de vida, e
que através dessas lideranças e organizações se estabeleça um canal de
comunicação com os afetados, respeitando sempre a cultura local. Esse
contato pode se dar por meio de reuniões, palestras, questionários,
quando houver comunidade alfabetizada, e outros instrumentos que
possam propiciar o melhor contato entre o Empreendedor e a população
afetada.
Metodologia de Cálculo
O grau de impacto ambiental para efeitos de compensação ambiental será
calculado da seguinte forma:
GI = ISB + CAP + IUC (0 - 0,50%)
onde:
RIMA/C - 75
O grau de impacto ambiental do Empreendimento calculado em conformidade
com o Decreto nº 6.848, de 14 de maio de 2009, para efeitos da fixação da
compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985, de 2000, é de
0,50% do valor do Empreendimento.
A seguir, são relacionados os PBA’s que foram identificados pela equipe técnica
como necessários para mitigação dos impactos ambientais, tendo sido
discriminados os que estariam sob a responsabilidade da Empresa SUAPE e os
que estariam sob a responsabilidade da Empresa PROMAR S.A. Salienta-se
que foram considerados todos os Programas relacionados na LP do
Empreendimento, bem como aqueles citados no TR da CPRH.
BOX 1.14
Os denominados PBA’s (Programas ou planos Básicos Ambientais) correspondem a
documentos de controle ambiental que incorporam uma ou várias das medidas
mitigadoras propostas no EIA, através de metodologias específicas de trabalho de
maior complexidade.
Os PBA’s são propostos no EIA/RIMA através de diretrizes básicas de execução. Já
em uma segunda etapa, estes são desenvolvidos pelo empreendedor através de uma
empresa consultora, deixando-os em nível executivo que permita executá-los, ora
durante a implantação do empreendimento, ora durante a operação do mesmo.
Os PBA’s ficam sob responsabilidade do empreendedor, que está na obrigação de
implantá-los de acordo ao escopo detalhado, de forma oportuna e durante o período
requerido por cada documento. Neste caso específico, verifica-se que parte das ações
de implantação estará sob a responsabilidade da empresa SUAPE, notadamente as
concernentes à supressão de vegetação e dragagem do canal, e parte estará sob a
responsabilidade da PROMAR S.A, notadamente a obra civil e a montagem Mecânica
de equipamentos. Nesse sentido, uma parte dos PBA’s está direcionada para ser
implantada por SUAPE, e outra parte pela empresa PROMAR.
RIMA/C - 76
totalmente entrosadas e focadas na mitigação conjunta dos impactos ambientais
identificados neste Estudo.
RIMA/C - 77
6 - CONCLUSÕES DO ESTUDO
RIMA/C - 78
DA BASE DE ANÁLISE FORNECIDA PELO EIA DE 2000
3
Documento elaborado em atendimento à resolução do CONAMA 001/86 e que consubstanciou a
obtenção da Licença de Instalação (LI), de todas as obras de ampliação e modernização previstas por
SUAPE Relacionadas no capítulo de Descrição do Empreendimento do referido EIA, e nas quais se
incluía a urbanização total da Ilha de Tatuoca.
4
EIA/RIMA de Ampliação e Modernização do Porto de SUAPE, 2000.
RIMA/C - 79
DA SINERGIA DO EMPREENDIMENTO E SUA INSERÇÃO NO CLUSTER
NAVAL
O projeto da PROMAR S.A faz parte do cluster naval previsto por SUAPE para
implantação na Ilha de Tatuoca, no qual se inserem mais 5 empreendimentos
navais que orbitam em torno do Estaleiro Atlântico Sul, aos quais se juntam um
terminal de minério de ferro e a ampliação do terminal de contêineres (TECON).
Esta junção de empreendimentos foi analisada no EIAC em termos das suas
principais relações de efeito cumulativo. Os resultados apresentados no Capítulo
2 mostram que SUAPE ainda apresenta uma capacidade remanescente ampla
de recepção simultânea de indústria, em termos de fornecimento de água,
energia elétrica, vias de acesso e, principalmente, garantia de área. Os dados
analisados não mostram que o efeito cumulativo da implantação simultânea de
vários empreendimentos de grande porte, incluindo a Refinaria Abreu e Lima,
cause um déficit no fornecimento destes serviços.
Um outro aspecto analisado no estudo, refere-se à disponibilidade de aço no
mercado diante da demanda crescente decorrente da implantação de Estaleiros,
contudo, os dados analisados mostram que esse aspecto também não será um
empecilho para implantação do Empreendimento. Com efeito, o Instituto
Brasileiro de Siderurgia, IBS, afirma que o parque nacional de produção de aço
está preparado para atender a demanda interna até 2015, uma vez que o Brasil
passará de 41 milhões de toneladas/ano de capacidade produtiva, até o final de
2007, para 63 milhões de toneladas/ano, projetada para 2015. A capacidade de
processamento de aço em SUAPE, considerando os 6 estaleiros implantados
trabalhando a capacidade plena, deverá orbitar em torno das 500.000 toneladas
por ano, o que corresponde a 1,21% da produção de aço em 2007.
Finalmente foi analisada a variável cumulativa da demanda de mão de obra
capacitada requerida para atender a demanda do Estaleiro PROMAR S.A dentro
do cenário de implantação do cluster naval. Os dados socioeconômicos
levantados mostram que a região vem se estruturando em termos de
oferecimento de cursos técnicos e profissionais para as exigências da indústria
naval. Verificam-se programas promovidos pelo governo Federal
(www.prominp.com.br), promovidos por SUAPE, pela Prefeitura de Ipojuca, o
EAS, a UFPE, dentre outros.
Contudo, nos dados disponíveis não é possível estimar a velocidade com que
estes cursos conseguirão formar o contingente necessário para atender os
vários estaleiros que se instalarão de forma quase simultânea, mais ainda,
considerando que se observa na estrutura do plano de capacitação uma
centralização destes cursos em torno de SUAPE.
Nesse sentido, considera-se que no curto prazo a variável de disponibilidade de
mão de obra capacitada e local, constitua-se no principal desafio a ser superado
RIMA/C - 80
para implantação do Empreendimento, mais ainda no cenário de implantação
simultânea de vários empreendimentos. Não significa isto o comprometimento
da implantação do projeto, mas a necessidade de mobilização de um conjunto
de ações integradas e parcerias, que permitam o preenchimento progressivo das
vagas com mão de obra local, garantindo assim que os benefícios sociais do
cluster naval priorizem o Estado de Pernambuco.
Entretanto, deve-se ressaltar que pelo observado em SUAPE durante estes
meses de elaboração do EIA/RIMA Complementar, a idéia de um cluster naval
com mais de dois (2) estaleiros implantando-se de forma simultânea, ainda se
encontra em uma etapa embrionária, dominada pelas incertezas em relação ao
número real de empresas da indústria naval que poderão se instalar na zona
portuária no curto prazo, as quais, por sua vez, terminam entrando no campo da
especulação, diante da necessidade de equacionar os requerimentos de
participação nos leilões da TRANSPETRO com os prazos de licenciamento
oferecidos por cada Estado da união interessado em sediar este tipo de
empreendimentos.
À data de encerramento deste estudo, verificava-se que só a PROMAR S.A e
CONSTRUCAP estavam com seu processo de licenciamento ambiental em
andamento. Nesse cenário mais realista, o potencial conflito pela disputa de mão
de obra, torna-se menos relevante.
Um aspecto muito importante de ser destacado é que a totalidade dos cinco (5)
impactos que foram classificados como de importância muito alta, estão
associadas a ações da fase de implantação sob a responsabilidade de SUAPE e
que, por conseguinte, já foram contemplados no EIA/RIMA de 2000. Estes
RIMA/C - 81
impactos são referentes à abertura do canal de navegação até o
empreendimento e inclusive o aterramento da área, a supressão de vegetação
nativa, principalmente mangue, pela sua repercussão na cadeia alimentar da
fauna marinha do estuário do Rio Massangana e finalmente o remanejamento
involuntário de população da comunidade que habita a Ilha de Tatuoca, com
todas suas implicações culturais e econômicas.
Observa-se como este último impacto adquire uma relevância maior no contexto
da equação utilizada acima para exemplificar o cenário de implantação do
Empreendimento e onde não parece justo que em se tratando de uma troca de
ativos ecológicos por benefícios sociais, a população que se usufrui atualmente
do referido ativo resulte prejudicada na sua qualidade de vida que, outrossim, já
é precária.
Em se tratando de prognóstico ambiental e analisando o empreendimento dentro
do contexto do cluster naval, ressalta-se e redunda-se novamente sobre o fato
das informações existentes à data de encerramento deste estudo, não indicarem
a necessidade, no curto prazo, de preparação integral da área proposta para 6
estaleiros. O que hoje se teria como certo para ser considerado como a primeira
etapa do Cluster Naval, seria o arranjo mostrado na Figura 13 deste RIMA.
Diante dessa possibilidade de se ter uma primeira etapa do cluster com duração
indeterminada, adquire ainda maior relevância a evocação do princípio da
“precaução” por parte de SUAPE, tão referenciado no EIA/RIMA de 2000 e que,
quando aplicado à mitigação de impactos relacionados com supressão de
vegetação para o cluster naval, diz respeito à não supressão de áreas de
mangue e restinga até não se ter a garantia total de que as empresas para as
quais se está preparando o terreno, realmente se instalarão em terras do CIPS.
DA ANÁLISE JURÍDICA
RIMA/C - 82
se computada dentro dos referidos diplomas legais, assim sendo e
conforme consta no texto da Resolução, a supressão da referida vegetação,
bem como a implantação do empreendimento, ficarão condicionados ao
atendimento por parte de SUAPE das condicionantes e exigências previstas
na Resolução do CONSEMA 03 de 2010, dentre as quais se destaca a co-
responsabilidade do empreendedor na referida supressão e
conseqüentemente nas ações de compensação;
Que na AID foi identificado um processo de tombamento Federal que vem
desde o ano de 1973 (N° 875-T-73), sendo então impe rioso que se tomem
todos os cuidados necessários para identificação e salvamento de
potenciais vestígios existentes na área;
Que especificamente na atividade de dragagem a Resolução CONAMA
344/08 deverá ser observada;
Que o empreendedor deverá elaborar manual de procedimento interno para
o gerenciamento dos riscos de poluição, bem como para a gestão dos
diversos resíduos gerados ou provenientes das atividades de
movimentação e armazenamento de óleo e substâncias nocivas ou
perigosas, o qual deverá ser aprovado pelo órgão ambiental competente,
em conformidade com a legislação, normas e diretrizes técnicas vigentes;
Que deverá ser elaborado um Plano de Emergência Individual obedecendo
à Resolução nº 398/08;
Que o empreendimento, sendo licenciado pela CPRH, deverá seguir
estritamente as resoluções do CONAMA, normas da ABNT e demais
legislações pertinentes, citadas ou não no corpo deste parecer.
RIMA/C - 83