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Políticas de educação par a a criança

hospitalizada : desafios e perspectivas

Rosilene Ferreira Gonçalves Silva


CIEC, Universidade do Minho & UEPA, Universidade do Estado do Pará.
rosilenefgs@gmail.com

Cristina Araújo Martins


CIEC, Universidade do Minho
cmartins@ese.uminho.pt

Graça Simões de Carvalho


CIEC, Universidade do Minho.
graca@ie.uminho.pt

R esumo

A educação é um direito universal que deve ser garantido a todas as


crianças, independentemente do seu estado de saúde. O processo de adoeci-
mento e hospitalização não interfere nas capacidades cognitivas e de aprendi-
zagem da criança; muito pelo contrário, o acesso a ações educativas previne
o insucesso escolar, estimula a adesão ao tratamento e uma reação positiva
de procura de saúde.
Este trabalho ref lete sobre as políticas de educação escolar dirigidas às
crianças hospitalizadas e impedidas de frequentar a escola regular por motivos
de saúde. Examina as principais políticas educacionais brasileiras e internacionais
que visam garantir o direito à educação da criança hospitalizada e as conceções
e desafios inerentes à sua garantia.

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O trabalho foi desenvolvido por meio da análise das principais legislações


brasileiras e internacionais que defendem o direito à educação da criança hospi-
talizada, bem como de artigos que investigam a implementação das classes hospi-
talares nas bases de dados Scientific Electronic Library Online – Scielo e B-On.
Os resultados demonstram que, pese embora haja fundamentos legais para
a garantia da escolarização em contexto hospitalar e esta oferta de atendimen-
to já exista em diversos países, ainda não é uma realidade para a maioria das
crianças internadas em unidades pediátricas e/ou em tratamento domiciliário.
Assim, discutir a importância da garantia desse direito à criança hospitalizada
é fundamental, pois as atividades pedagógico-educacionais em contexto hospitalar
favorecem a continuidade da escolarização, contribuem para a autoestima da
criança, promovem a interação social e fortalecem a humanização dos cuidados.

Palavras-Chave: Direito à Educação, Classe Hospitalar, Criança Hospitalizada,


Educação e Saúde.

1. I ntrodução

Ao longo dos tempos, a Educação e a Saúde têm enfrentado diversas mu-


danças paradigmáticas relacionadas com as suas próprias conceções e o papel
que cada uma deve assumir no sistema social e na vida das pessoas (Rolim, 2015;
Zombini, Bogus, Pereira, & Pelicioni, 2012). Atualmente, as discussões numa e
noutra área partilham ideários comuns de que a criança hospitalizada tem direito
à continuidade do desenvolvimento em todas as suas dimensões, sejam elas bio-
lógicas, físicas, afetivas, sociais e cognitivas, e que o incremento e a implemen-
tação de espaços promotores de educação são fundamentais, não apenas para o
desenvolvimento integral da criança, mas também para a melhoria da sua saúde
e qualidade de vida (Ortiz & Freitas, 2014; Hostert, Motta, & Enumo, 2015).
No debate sobre a questão dos direitos humanos, educação e saúde
dialogam com princípios de igualdade, universalidade e equidade, aceites
universalmente pela nossa sociedade como direitos fundamentais de todo ser
humano, indistintamente.
O direito à educação da criança hospitalizada caminha lado a lado com o
direito à saúde e no cerne destes dois direitos surge a Classe Hospitalar, que objetiva
garantir o direito à educação das crianças que estão em tratamento de saúde e
impossibilitadas de frequentar a escola por motivos de internamento hospitalar ou
tratamento domiciliário. Ao oferecer educação em contexto de saúde, entrecruza
as duas áreas na busca da promoção do desenvolvimento integral da criança e da

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humanização dos cuidados (Ferreira, Gomes, Figueiredo, Queiroz, & Pennafort,


2015; Rolim, 2015; Rosselló, De La Iglesia, Paz-Lourido, & Verge, 2015).
O hospital que, além de garantir a saúde, oferece continuidade educacional
por meio da Classe Hospitalar, perspetiva a criança muito além de um corpo
doente. Olha e cuida da criança de forma holística, como um ser com corpo e
mente, que precisa de estímulo, desenvolvimento e interação social.
Este trabalho pretende analisar as principais políticas educacionais brasileiras
e internacionais que visam garantir o direito à educação da criança hospitalizada
e as conceções e desafios inerentes à sua garantia.

2. M etodologia

Para a concretização deste trabalho, foram consultados os principais


documentos legislativos, brasileiros e internacionais, que defendem o direito
à educação da criança hospitalizada, bem como artigos que investigam a im-
plementação das classes hospitalares nas bases de dados Scientific Electronic
Library Online – Scielo e B-On.
Na seleção dos artigos, foram utilizados os descritores/expressões “classe
hospitalar”, “pedagogia hospitalar”, “saúde infantil’ and ‘educação” e “criança
hospitalizada’ and ‘educação”. A pesquisa nas bases de dados limitou-se aos
anos de 2012 a 2017, nos idiomas português, inglês e espanhol. Na seleção da
legislação, não foram impostas restrições de data ou de idioma.
Foram encontrados 71 artigos, dos quais se excluíram os duplicados e os cuja
leitura dos títulos e/ou resumos permitiu concluir que não respondiam ao obje-
tivo do estudo. Foram selecionados 17 artigos para leitura completa, mas apenas
incluídos 11 neste estudo, correspondendo aos que se reportavam ao campo do
atendimento educacional hospitalar, com foco na implantação e implementação
das classes hospitalares, antecedentes históricos e políticas de atenção educacional
à criança hospitalizada e conceções e desafios inerentes ao processo.

3. A educação da criança hospitalizada

Durante muito tempo, o atendimento à criança hospitalizada teve como


ênfase exclusiva o cuidado aos aspetos físicos e biológicos, ocupando a medicina
o papel central no tratamento e recuperação da saúde. Embora essa centralidade
biomédica se mantenha, a inf luência das ciências sociais e humanas instigou
o reconhecimento da importância da intervenção noutros aspetos do paciente,

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nomeadamente de natureza psicológica, social e educacional, uma vez que po-


tencializam a recuperação da saúde e bem-estar do ser humano.
A criança doente e hospitalizada vive a sua infância marcada por senti-
mentos de tristeza e angústia e intenso sofrimento físico e psicológico. Vê o seu
quotidiano fortemente transfigurado e instruído por protocolos hospitalares e
encara o afastamento da escola de forma muito negativa. Sente-se excluída e
afastada do padrão considerado normal, ao ser impedida de frequentar as ati-
vidades escolares regulares (Ferreira et al., 2015).
Torna-se, assim, necessário garantir que, mesmo doente, a criança con-
tinue estudando, se desenvolvendo e tendo experiências de aprendizagem. Na
perspetiva de Rolim (2015), escolas e hospitais devem fazer um esforço conjunto
para garantir o desenvolvimento das crianças hospitalizadas, combatendo o iso-
lamento do grupo social e a falta de estimulação educacional, enquanto agentes
de segregação que podem conduzir as crianças à exclusão e ao conformismo.
O atendimento educacional hospitalar surge como uma oportunidade da
criança manter o vínculo escolar e continuar estudando durante o tratamento de
saúde. Permite que as suas necessidades de desenvolvimento cognitivo, psíquico
e social sejam trabalhadas pedagogicamente, com a partilha de conhecimentos
e experiências entre o aluno enfermo, a família e as equipas de educação e de
saúde. Além disso, a participação em ações educativas formais, denominadas
de Classe Hospitalar no Brasil, previnem o insucesso escolar, uma vez que ga-
rantem aos educandos enfermos a continuidade dos estudos e a reinserção na
escola regular, aquando da sua alta hospitalar.
Zombini et al. (2012) destacam que a Classe Hospitalar se apoia em pro-
postas educativo-escolares que se diferenciam dos objetivos das propostas de
atividades lúdicas e de recreação que possam existir no hospital, sendo mais
específicas, individualizadas e embasadas numa regularidade, com responsabi-
lidades pela aprendizagem formal da criança.
As práticas educativas implementadas em espaços hospitalares não devem
diferir, em seus objetivos, das realizadas na escola regular. A diferença estará
na seleção curricular e no tempo pedagógico dedicado às crianças, de acordo
com as suas necessidades educacionais e condições de saúde.
A integração, tão rápido quanto possível, da criança no seu novo modo de
vida é fundamental. Esta é favorecida por um ambiente acolhedor e humanizado,
privilegiando as suas relações sociais, afetivas e cognitivas.
O professor desempenha um papel essencial neste âmbito, tornando-se
um mediador do processo educativo e das interações sociais que ocorrem no
hospital, sendo um parceiro na relação entre a criança e o ambiente hospitalar
e entre a criança e a família, assim como na interação de ambas com o hospital.

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Ao professor exige-se que conheça as necessidades de desenvolvimento e


aprendizagem dos educandos enfermos, bem como a rotina de cuidados e atenção
à saúde, as normas reguladoras da saúde e segurança no trabalho (Silva, 2015).
A dinâmica do atendimento pedagógico no hospital deve nortear-se por um
planeamento que atenda às necessidades educacionais das crianças hospitaliza-
das. O sucesso das ações pedagógicas junto ao educando enfermo depende, por
outro lado, da cooperação entre os professores, familiares e equipa multiprofis-
sional de saúde e de apoio técnico-operacional do hospital, inclusive no que diz
respeito aos ajustes necessários na rotina e/ou horários do dia a dia vivido pelo
aluno, de forma a que a proposta educativa possa ser implementada e satisfaça
as necessidades de todos os envolvidos.
A presença da escola no hospital é vital para que a criança continue a
desenvolver o gosto pela aprendizagem, pois:

Caso o educando hospitalizado não receba estímulos pedagógico-educacionais pode


perder ou diminuir o interesse pelos estudos, acarretando um prejuízo enorme na
sua vida, inclusive de natureza social, pelo fato de estar desintegrada do seu grupo
social (colegas e professores da sua sala de aula, amigos e familiares). A presença do
professor e dos recursos de ensino no hospital fazem com que se socialize e encontre a
oportunidade de resgatar a linguagem escolar no ambiente hospitalar (Silva, 2013).

As ações pedagógicas desenvolvidas no hospital favorecem o resgate do inte-


resse pelas atividades escolares no ambiente hospitalar e proporcionam à criança
hospitalizada uma recuperação mais tranquila, através de atividades de natureza
diversificada, incluindo ações pedagógicas, lúdicas e recreativas, que contribuem
para a socialização, a aprendizagem e o desenvolvimento integral da criança.

4. Políticas públicas de atendimento educaciona l à cr i a nça

hospita liz a da

4.1. Antecedentes históricos da educação em hospitais

A educação da criança em contexto hospitalar teve o seu início em solo europeu,


mais especificamente em França, por meio do educador e sociólogo francês Henri
Sellier, que inaugurou em Paris, no ano de 1935, a primeira escola para crianças
inadaptadas. Quatro anos mais tarde, foi criado, no mesmo país, o Centro Nacional
de Estudos e Formação para a Infância Inadaptada (CNEFI), de Suresnes, com o
objetivo de formar professores para atuar em institutos especiais e hospitais.

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Palomares-Ruiz, Sánchez-Navalón e Garrote-Rojas (2016) destacam,


todavia, que muito antes disso, em 1875, a Dinamarca já se preocupava com
as crianças hospitalizadas, no Coast Hospital, tendo inclusive contratado um
professor hospitalar com financiamento próprio.
A Segunda Guerra Mundial constituiu um marco decisório para a am-
pliação e fortalecimento das iniciativas educativas em hospitais, em função da
necessidade instalada pela ampliação de crianças vítimas da guerra. Estas, além
do atendimento em saúde, geraram a necessidade do atendimento educacional,
como forma de garantir a continuidade do processo de escolarização associado
à assistência. Assim, a partir da década de 1950, países como a Sérvia, Polónia,
Eslovénia, França e Inglaterra passaram a consciencializar-se da importância de
cuidar das crianças hospitalizadas, seguidas da Espanha e Alemanha, na década
de 1960, e demais países, nas décadas posteriores (Palomares-Ruiz et al., 2016).
Para estes autores, há a destacar, em especial, a Argentina e o Chile. Este
último, por ser uma referência mundial e um dos países mais avançados no que
tange à oferta da pedagogia hospitalar. Criou, em 1946, a sua primeira Classe
Hospitalar. A Argentina, por possuir uma minuciosa legislação para atender
educacionalmente as crianças hospitalizadas.
No contexto brasileiro, a primeira ação educativa com crianças hospitalizadas
data da década de 1950, no Hospital Municipal Bom Jesus, no Rio de Janeiro.
Interessa destacar que as primeiras ações educativas em ambiente hospitalar
foram desenvolvidas por profissionais da área da saúde do próprio hospital, sem
vínculo à pedagogia ou às secretarias de educação.

4.2. Direito à educação da criança hospitalizada

Falar dos direitos da criança hospitalizada remete-nos para a primeira


referência internacional, enunciada em 1924, na Assembleia da Sociedade das
Nações, por meio da “Declaração de Genebra”, que destacou a necessidade de se
proporcionar proteção especial à criança, reconhecendo que deve ser protegida
independente da raça, nacionalidade ou fé, conforme se pode ler:

1. Deve dar-se à criança a possibilidade de se desenvolver de um modo normal, tanto


material como espiritualmente.
2. A criança que tem fome deve ser alimentada, a criança que está doente deve ser
tratada, a criança com atraso deve ser estimulada, a criança desviada deve ser con-
duzida ao bom caminho, o órfão e o abandonado devem ser recolhidos e socorridos.
3. A criança deve ser a primeira a ser socorrida em tempos de calamidade.

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4. A criança deve ser posta em condições de ganhar a vida e deve ser protegida contra
toda a exploração.
5. A criança deve ser educada incutindo-lhe a ideia de que deve pôr as suas melhores
qualidades ao serviço dos seus semelhantes (Levy, 1996).

Estes direitos foram afirmados na Declaração dos Direitos da Criança, adotada


pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1959, por meio de 10 princípios
que resumem os direitos a serem garantidos para que as crianças usufruam de uma
infância protegida e feliz. Constituiu-se, contudo, apenas como um enquadramen-
to moral para os direitos da criança, pois não comportava obrigações jurídicas.
Passados 20 anos da adoção da Declaração dos Direitos das Crianças, em 1979,
foi comemorado o Ano Internacional da Criança. Vários países realizaram uma
avaliação dos princípios consagrados na Declaração, verificando pouca evolução
na implementação desses direitos. Assim, em 1989, foi aprovada, pela Assembleia
Geral das Nações Unidas, a Convenção dos Direitos da Criança (Levy, 1996).
Assinada pela maioria dos países do mundo e ratificada por Portugal e
Brasil em 1990, a Convenção sobre os Direitos da Criança consta de 54 arti-
gos redigidos no interesse da criança. Os artigos 24 e 25 versam sobre a saúde
e os artigos 28 e 29 sobre a educação, como direitos fundamentais. Todos os
estados membros que assinaram a Convenção comprometem-se a cumprir o seu
articulado e tornarem amplamente conhecidos os seus princípios e disposições.
No âmbito específico dos direitos das crianças hospitalizadas, um aspeto
importante a ser destacado prende-se com as primeiras discussões em torno da
problemática das condições de internamento das crianças, que acontecia em alas
conjuntas com adultos e nem sempre com garantia e/ou permissão da presença
de um acompanhante. O surgimento de serviços destinados exclusivamente
a crianças é relativamente recente, tendo as discussões sobre os direitos das
crianças contribuído para a estrutura de atendimento que temos na atualidade.
Detemos hospitais com unidades pediátricas, que respondem às necessidades e
especificidades desta população.
Foi neste contexto que o Parlamento Europeu aprovou, em 1986, a Carta
Europeia das Crianças Hospitalizadas, fazendo emergir a reflexão sobre os di-
reitos das crianças em situação de adoecimento e hospitalização. Vários países
procuraram, posteriormente, colocá-la em prática e, baseados no seu conteúdo,
elaborar as suas próprias cartas, destacando os pontos mais importantes que
retiraram da Carta Europeia (Levy, 1996).
Em paralelo, foram organizadas reuniões de discussão sobre os direitos das
crianças hospitalizadas em vários países, o que gerou a criação da Associação
Europeia para a Defesa das Crianças Hospitalizadas (EACH). Esta associação

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aprovou, em 1988, a Carta da Criança Hospitalizada, conhecida como a “Carta


de Leyden”, que contempla em seu articulado 10 direitos:
I. A admissão de uma criança no hospital só deve ter lugar quando os
cuidados necessários à sua doença não possam ser prestados em casa,
em consulta externa ou em hospital de dia.
II. Uma criança hospitalizada tem direito a ter os pais, ou seus substitutos,
junto dela, dia e noite, qualquer que seja a sua idade ou o seu estado.
III. Os pais devem ser encorajados a ficar junto do seu filho, devendo ser-
lhes facultadas facilidades materiais sem que isso implique qualquer
encargo financeiro ou perda de salário. Os pais devem ser informados
sobre as regras e rotinas do serviço para que participem ativamente
nos cuidados ao seu filho.
IV. As crianças e os pais têm direito a receber informação sobre a doença
e os tratamentos, adequada à sua idade e compreensão, a fim de
poderem participar nas decisões que lhes dizem respeito.
V. Deve evitar-se qualquer exame ou tratamento que não seja indispensável.
Deve tentar-se reduzir ao mínimo as agressões físicas ou emocionais
e a dor.
VI. As crianças não devem ser admitidas em serviços de adultos. Devem
ficar reunidas segundo a idade, para beneficiarem de jogos, recreios
e atividades educativas adaptadas à idade, com toda a segurança. As
visitas devem ser aceites sem limite de idade.
VII. O hospital deve fornecer às crianças um ambiente que corresponda às
suas necessidades físicas, afetivas e educativas, quer no que respeita
ao equipamento, quer ao pessoal e segurança.
VIII. A equipa de saúde deve ter formação adequada para responder às
necessidades psicológicas e emocionais das crianças e da família.
IX. A equipa de saúde deve estar organizada de modo a assegurar a
continuidade dos cuidados a prestar a cada criança.
X. A intimidade de cada criança deve ser respeitada. A criança deve ser
tratada com tato e compreensão em todas as circunstâncias.

Deste documento, importa destacar os direitos VI e VII, que enunciam


a importância das crianças beneficiarem, no hospital, de atividades educativas
adaptadas à sua idade, bem como de um ambiente que atenda às suas necessidades
físicas, afetivas e educativas. Embora não esteja explicitamente expresso o direito
à educação formal, esta Carta representa um grande avanço neste domínio, pois

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invoca que a criança hospitalizada deve ter um atendimento integral, em todas


as suas dimensões, incluindo a educacional.
No Brasil, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(CONANDA) aprovou, em 1995, o texto integral emanado pela Sociedade
Brasileira de Pediatria, relativo aos Direitos da Criança e do Adolescente
Hospitalizados (Brasil, 1995). O seu articulado apresenta 20 direitos, entre os
quais se destaca o nono, com referência à educação: “Direito a desfrutar de algu-
ma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento
do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar”.
No âmbito das políticas públicas educacionais, confirma-se uma ampla legis-
lação que defende os direitos educacionais das crianças no Brasil. Legislação com
a especificidade do direito educacional das crianças em situação de internamento
hospitalar ou tratamento domiciliário é, contudo, relativamente restrita e recente.
Desde 1988 que a educação foi definida pela Constituição Federal Brasileira,
no seu artigo 6º, como um direito social. Os artigos 205º-214º traçam as orientações
e o regime jurídico da educação no país, podendo ler-se que “A educação, direito
de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a co-
laboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Artigo 205º).
Por isso, todas as demais legislações brasileiras se coadunam com os princí-
pios e diretrizes constitucionais e caminham na perspetiva de garantia do direito
à educação a todos. Destacamos alguns dos instrumentos legais mais importantes
nesta matéria: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.º 8.069/90;
Política Nacional de Educação Especial, de 1994; Declaração dos Direitos das
Crianças e Adolescentes Hospitalizados, Resolução n.º 41, de 13 de outubro
de 1995; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.° 9394/96;
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução
CNE/CEB n.º 02, de 11 de setembro de 2001; Documento Classe Hospitalar e
Atendimento Pedagógico Domiciliar: Estratégias e Orientações - MEC, 2002;
e Política Nacional de Humanização, de 2004; entre outras.
De destacar, com especial relevo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - LDB que, por meio da Lei 13.716, de 2018, passou a incluir o artigo
4º-A, onde se estabelece que “É assegurado atendimento educacional, durante o
período de internação, ao aluno da educação básica internado para tratamento de
saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, conforme dis-
puser o Poder Público em regulamento, na esfera de sua competência federativa.”
Esta alteração na lei representa uma conquista histórica, pois, pese embora
o Brasil tenha experiências de atendimento educacional formal em hospitais há
mais de 60 anos, apenas em 2002 foram traçadas as diretrizes desse atendimento

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pelo Ministério da Educação e dezesseis anos volvidos, em 2018, foi aprovado


o articulado da LDB, reconhecendo a educação como direito fundamental às
crianças hospitalizadas ou em tratamento domiciliário.
No Brasil, a maioria das Classes hospitalares são estruturadas a partir
das diretrizes emanadas do documento “Classe Hospitalar e Atendimento
Pedagógico Domiciliar: Estratégias e Orientações” (Brasil, 2002) e são também
convergentes com a Política Nacional de Humanização (PNH) do Ministério
da Saúde (Brasil, 2004), cujo objetivo principal visa fortalecer as ações em prol
da assistência integral ao enfermo e os princípios do Sistema Único de Saúde
brasileiro (SUS) no quotidiano das práticas de atenção e gestão da saúde pública
no país. Busca garantir os direitos dos usuários e familiares, estimulando para
que figurem como personagens principais do sistema de saúde.
Tanto a classe hospitalar, quanto a política de humanização procuram privilegiar
as práticas sociais, promover a autonomia, respeitar direitos e valorizar as histórias
de vida, impulsionando ações de atenção integral à saúde. Cuidar da saúde não é
apenas intervir na doença, mas criar condições para a manutenção e/ou recuperação
da saúde (Zombini et al., 2012), por isso, a prática pedagógica desenvolvida na Classe
Hospitalar é considerada uma forma de atenção integral e humanizada à criança.
Encontra-se, assim, fortalecida a importância de olhar a integralidade do
sujeito, o que significa ir além dos aspetos físicos e biológicos, dando atenção
especial ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança hospitalizada.
Nesse cenário, o desenvolvimento de ações pedagógicas e de escolarização ganha
relevo e a educação torna-se primordial para o desenvolvimento do educando
enfermo, contribuindo para a humanização da assistência hospitalar.
Não obstante, e apesar dos dispositivos legais darem conta desse direito
público subjetivo como um dever do Estado, a implantação de classes hospitalares
não é realidade para a maioria dos hospitais brasileiros. Além de dispositivos legais,
faz-se necessário a definição de recursos e mecanismos para a sua implementação.
Por outro lado, há também necessidade de articulação entre os setores da
saúde e da educação para o estabelecimento das corresponsabilidades e estraté-
gias de colaboração, com vista à garantia do atendimento educacional a todas
as crianças hospitalizadas. A este respeito, Rolim (2015) destaca que o desenvol-
vimento educacional em crianças hospitalizadas exige mudanças socioculturais
nas conceções de saúde-doença e de doente-doença, o que significa repensar as
conceções inerentes ao processo de tratamento e à forma como a criança pode
ser envolvida de forma ativa no seu processo de recuperação de saúde.
Efetivar a escola no hospital constitui-se um desafio faraônico, que su-
planta a definição de estratégias para a implementação de classes hospitalares
em todos os hospitais pediátricos. Cumprir minimamente o que garante a lei

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exige pensar-se na qualidade do atendimento a oferecer e desafia à realização de


múltiplos estudos e de momentos e espaços amplos de reflexão e debate sobre:
Quem são as crianças hospitalizadas? Como se repercute o processo de interna-
mento no desenvolvimento da criança? Como se pode adaptar o currículo escolar
à realidade específica das crianças que se encontram em condições especiais
e diferenciadas de saúde? Como preparar os professores para o atendimento
específico do aluno enfermo?
A hospitalização não deve ser vista como um rompimento do vínculo
entre a criança e a escola, nem como uma perda do direito a estudar. A Classe
Hospitalar constitui-se uma oportunidade para a criança continuar a vivenciar as
experiências pedagógicas, interligando a assistência em saúde com a educacional
(Zombini el al., 2012). A reponsabilidade de oferta da educação para a criança
hospitalizada deve ser compartilhada pelos Ministérios da Saúde e da Educação,
com políticas integradas para o atendimento dessa demanda.

5. C onclusão

O atendimento educacional em contexto hospitalar é um direito da criança


em situação de enfermidade. A salvaguarda desse direito envolve as áreas da
saúde e da educação que, no decorrer da história, nem sempre apresentaram
posicionamentos concertados.
O direito à educação está presente nos diversos dispositivos legais, nacionais
e internacionais, como um direito subjetivo de todo ser humano. A oferta de
educação formal para a criança hospitalizada é, todavia, uma realidade limitada,
não abrangendo a maioria das crianças em tratamento de saúde. Ainda assim,
esse atendimento tem-se disseminado pela Europa e Brasil, muitos anos antes
de acontecer o processo de regulamentação das práticas educativas em hospitais.
Como se trata de um direito que deve ser garantido por duas áreas dis-
tintas, é necessário uma aproximação que amplie o diálogo entre si, de forma
a estabelecer diretrizes e estratégias de parceria efetiva, com discussão sobre
aspetos de financiamento, infraestrutura, corpo docente e proposta pedagógica
para a implementação de classes hospitalares.
Aos Ministérios da Saúde e da Educação cabe debaterem situação atual
das classes hospitalares no Brasil e elaborarem estratégias pedagógico-educa-
cionais que possibilitem o acompanhamento curricular do aluno hospitalizado,
garantindo a manutenção do vínculo escolar e a continuidade do processo de
desenvolvimento e construção do conhecimento no âmbito da educação básica,
que favorece o seu (re) ingresso ao ensino regular.

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A criança hospitalizada enfrenta diversas apreensões em relação ao seu quadro


clínico de saúde, pelo que a preocupação com o acompanhamento escolar pode
ficar renegado para segundo plano. Equacionar uma atenção biopsicossocial e
pedagógica abrangente no sistema de saúde significa retirar à criança o peso
de desistir dos seus sonhos futuros e abrir novos caminhos de crescimento e
aprendizagem, que transcende o processo de adoecimento.
Garantir atendimento educacional à criança hospitalizada é valorizar a
vida humana em todas as suas dimensões, concebendo a criança como sujeito
de direitos e de potencialidades, que precisam ser trabalhadas e estimuladas
em todos os ambientes, especialmente no hospitalar, onde a criança se encontra
fragilizada. A escola apresenta-se como uma nova configuração à experiencia de
hospitalização, permitindo atuar para além da doença e do tratamento.

R eferências Bibliogr áficas

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Educação, culturas e cidadania das crianças:
Livro de Atas do IV Seminário Luso-Brasileiro de Educação de Infância
& I Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Infâncias e Educação

António Neto-Mendes e Gabriela Portugal (orgs.)


Educação, culturas
e cidadania das crianças:
Livro de Atas do IV Seminário Luso-Brasileiro de Educação de Infância
& I Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Infâncias e Educação

António Neto-Mendes e Gabriela Portugal (orgs.)


Título:
Educação, Cultura e Cidadania das Crianças:
Livro de Atas do IV Seminário Luso-Brasileiro de Educação de Infância & I Congresso
Luso-Afro-Brasileiro de Infâncias e Educação

Organização: António Neto-Mendes e Gabriela Portugal

Autores:
Adriane Soares dos Santos, Alberto Sánchez Rojo, Alexandre Furtado, Aline Sommerhalder,
Ana Lúcia Goulart de Faria, Ana Paula Abrahamian de Souza, Ana Paula Cajado dos Santos,
Ana Paula de Freitas, Ana Paula Penner, Anabel Medeiros Azerêdo de Paula, Anabela Cruz-Santos,
Andressa de Oliveira Martins,Andressa Rodrigues Sabino Ricardo Moraes, Andrezza Cardoso
de Freitas, António Neto-Mendes, Ariana Fonseca, Áurea Raquel Fernandes Maia dos Santos,
Bianca Rafaela Mattos Teixeira, Bruna Alves da Silva, Carla de Oliveira Ferroni, Catarina Delgado,
Catarina Serra, Cleomar Ferreira Gomes, Cristiane Pereira De Souza Francisco, Cristina Araújo
Martins, Daniela Oliveira Guimarães, Deise Aparecida Silva Malta, Eduardo O. Ravagni Nicolini,
Elisa Maria Dalla-Bona, Elisabete Alves, Fátima Aparecida Dias Gomes Marin, Fernanda Georgia
Rengel Perly, Fernando Donizate Alves, Flávia Lamounier Gontijo, Flávio Santiago, Francislene
Cerqueira Alves, Gabriela Portugal, Graça Simões de Carvalho, Guida Mendes, Helena Maria
da Silva Santana, Heliny de Carvalho Maximo, Idnelma Lima da Rocha, Inés María Monreal
Guerrero, Isabel Mª Tomázio Correia, Janaina Nogueira Maia Carvalho, Luana Zanotto, Luciana
Esmeralda Ostetto, Luciana Silvia Evangelista, Lucicleide Santiago Couto de Almeida, Lucimary
Bernabé P. de Andrade, Maria Bernadete Silva de Holanda Gomes, Maria da Luz Vale Dias, Maria
de Fátima Carvalho, Maria do Rosário da Silva Santana, Maria José Guerra, Mariana Parro Lima,
Marlene Barra, Marlene da Rocha Migueis, Marta Mendes, Marta Parra, Marta Regina Brotoslin,
Meiriane Ferreira Bezerra Santos, Milena França da Silva Peclat, Mônica Caldas Ehrenberg,
Natália Albino Pires, Natália Teixeira Ananias Freitas, Olalla Cortizas Varela, Pascale Engel de
Abreu, Paulo Varela, Pedro Cardoso da Silva, Pedro Palhares, Pedro Silva, Rafaela Araújo Reis,
Renata Aparecida Carbone Mizusaki, Renata Junqueira de Souza, Renata Pavesi Cocito, Rosa
Madeira, Rosa Maria Faneca, Rosemeri Henn, Rosilene Ferreira Gonçalves Silva, Sandra Freitas de
Souza, Sara Pereira Sapage, Solange Aquino, Susana Jorge-Ferreira, Teresa Sarmento, Theresinha
Guimarães Miranda, Tiago Muongo, Wolney Gomes Almeida

Design: Joana Pereira

Edição:
UA Editora
Universidade de Aveiro
Serviços de Documentação, Informação Documental e Museologia

1ª edição - dezembro de 2019

ISBN: 978-972-789-622-6

Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT - Fundação para a
Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto UID/CED/00194/2019.

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